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ESCOLA BÁSICA 2,3 DE AZEITÃO CURSO DE EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE ADULTOS – EFA NS
Sociedade, Tecnologia e Ciência (STC) Unidade de Formação de Curta Duração (UFCD) - 3: SAÚDE - Comportamentos e instituições. instituições
TEXTO DE APOIO 9 SIDA1 A infecção VIH/sida tem uma história relativamente recente, mas já dramática à escala mundial. O número de doentes continua a aumentar, apesar de todos os esforços promovidos pelos Governos e diferentes organismos ligados à saúde e à educação a nível mundial. mundial Presentemente, a infecção VIH/sida não tem cura. A prevenção é a única medida eficaz.
O que é a sida? A sida (Síndroma da Imunodeficiência Adquirida) é uma doença não hereditária causada pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH ou HIV - na língua inglesa) lesa) que enfraquece o sistema imunitário do nosso organismo, destruindo a nossa capacidade de defesa em relação a muitas doenças.
O doente infectado pelo HIV vai ficando progressivamente fragilizado e pode contrair várias doenças que o podem conduzir à morte. Estas doenças são designadas por “oportunistas”, uma vez que, por norma, não atacam as pessoas com um sistema imunitário saudável.
O que é o VIH? O VIH (Vírus da Imunodeficiência Humana) é o agente causador da sida. Este agente pode ficar incubado no corpo humano por tempo indeterminado, sem que o infectado manifeste os sintomas da sida. Quando uma pessoa está infectada com o VIH diz-se diz se que é seropositiva. seropo Uma pessoa seropositiva pode não ter quaisquer sinais da doença, aparentando mesmo um estado saudável durante um longo período, mas tem o vírus presente no seu organismo e, por isso mesmo, pode transmiti-lo lo a outra pessoa.
O que é o sistema imunitário? nitário?
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In www.portaldasaude.pt
O sistema imunitário é uma rede complexa de várias células e moléculas. Um dos grupos de células do sistema imunitário é constituído por glóbulos brancos e, dentro desta classe, há um tipo de células designadas linfócitos.
Dos vários tipos de linfócitos, os linfócitos B são responsáveis pela produção de anticorpos, importantíssimos para o sucesso da maior parte das vacinas. Outro tipo de linfócitos são os linfócitos T. Dentro destes, distinguem-se dois grupos: os CD4+ e os CD8+. Os CD4+ comandam o sistema imunitário, para que a resposta aos agentes estranhos ao organismo seja efectuada rapidamente, de forma eficaz e sequencialmente correcta. Se este tipo de linfócitos deixar de funcionar correctamente, ou se forem destruídos, o sistema imunitário deixa de ser eficaz e a pessoa adoece gravemente.
O VIH infecta e destrói sobretudo os linfócitos CD4+, o que significa que a pessoa vai progressivamente perdendo células coordenadoras do sistema imunitário, até que este deixa de funcionar e instalam-se as denominadas doenças oportunistas.
Como retardar o aparecimento da sida em seropositivos? A duração do período entre a entrada do vírus no organismo e o diagnóstico da sida depende, significativamente, dos cuidados que a pessoa tem, nomeadamente em ter uma vida com comportamentos considerados saudáveis: boa higiene pessoal, boa nutrição, não fumar e praticar desporto. Especificamente, o aparecimento da sida pode ainda ser retardado medicamente pela correcta utilização dos medicamentos que retardam a multiplicação do vírus e dos medicamentos que previnem as doenças oportunistas. As pessoas seropositivas devem, também, beneficiar do apoio incondicional da família e dos amigos para continuarem a sentir-se amadas e fortalecidas psicologicamente. Só deste modo poderão retardar o aparecimento da sida por mais anos.
Quais são as formas de transmissão do VIH? A transmissão sexual é a principal forma de transmissão em todo o mundo. As secreções sexuais de uma pessoa infectada podem, com grande probabilidade, transmitir o VIH sempre que exista uma relação sexual com penetração – anal, vaginal ou oral – sem preservativo. O risco associado ao sexo oral aumenta quando se verificam algumas infecções, nomeadamente úlceras bocais, gengivas inflamadas, garganta irritada ou gengivas a sangrar após escovagem ou utilização do fio dentário.
A partilha de seringas, agulhas, escova de dentes, lâminas de barbear e/ou material cortante com a pessoa infectada pelo VIH constitui, igualmente, causa de transmissão. Os utensílios e objectos mencionados, depois de utilizados, devem ser colocados em contentores rígidos com abertura e tampa (pode obtê-los nos centros de saúde) ou, então, em garrafas de água ou sumo vazias, de material rígido e grosso, que também são excelentes para este fim. Embora
represente um risco menor, não devem ser partilhados objectos cortantes onde exista sangue de uma pessoa infectada. É o caso, por exemplo, dos piercings, instrumentos de tatuagem e de furar as orelhas e alguns utensílios de manicura.
Da mãe para o filho durante a gravidez, parto e/ou amamentação. Se a mãe estiver infectada pode transmitir a infecção ao bebé durante a gravidez, através do seu próprio sangue, ou durante o parto, através do sangue ou secreções vaginais. Há ainda o risco de contágio durante o período de aleitamento. Sempre que haja alternativas à amamentação, esta deve ser evitada. Da saúde da futura mãe dependerá a saúde da criança. Assim, é muito importante que, antes e durante a gravidez, a mulher seja acompanhada regularmente pelo seu médico assistente. Todas as mulheres grávidas têm direito a usufruir do Serviço Nacional de Saúde, onde os serviços de vigilância materna são prestados gratuitamente. Quando a mãe é seropositiva, as terapêuticas anti-retrovíricas, ministradas durante a gravidez, permitem a redução para menos de dois por cento do risco do seu bebé nascer infectado.
Como não se transmite o VIH? •
Através do ar, alimentos, água, picadas de insectos e outros animais, louça, talheres, sanitas ou qualquer outro meio que não envolva sangue, esperma, fluidos vaginais ou leite materno.
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Através da urina, suor, lágrimas, fezes, saliva, secreções nasais ou vómitos, desde que estes não tenham sangue misturado;
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Através de contactos sociais, como o beijo na face, um abraço ou um aperto de mão.
Quais são as pessoas potencialmente mais vulneráveis? •
As pessoas sexualmente activas que têm relações sexuais não protegidas.Os jovens, por terem relações espontâneas e apreciarem as frequentes mudanças de parceiros, são o grupo mais vulnerável, excepto se procurarem manter relações sexuais protegidas (preservativo) desde o início da relação. As drogas injectáveis são utilizadas sobretudo por esta faixa etária e, no trocar de seringas e agulhas, pode estar também o perigo de contaminação. De acordo com dados recentes, a comunidade de homens que têm sexo com homens passou de grupo mais afectado no início da epidemia (década de 80) à terceira categoria de transmissão, em Portugal. No entanto, dados internacionais revelam um aumento da infecção junto desta comunidade, pela diminuição das adopção de práticas sexuais seguras.
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A propagação do VIH junto das pessoas que se prostituem e indivíduos que recorrem ao sexo pago também é preocupante. Trata-se de uma população com grande mobilidade, sobretudo imigrante e, muitas vezes, em situação irregular no país. A presença de problemas de toxicodependência também é comum. Há ainda a considerar o receio da discriminação por parte dos profissionais de saúde que, com frequência, não estão preparados para lidar com populações com estilos de vida
considerados socialmente desajustados, dificultando assim, o acesso das prostitutas e prostitutos aos centros de saúde. •
As populações móveis, por exemplo, camionistas de longo curso, trabalhadores sazonais, operários da construção civil e militares, podem adoptar comportamentos de risco, fruto da vulnerabilidade psíquica e económica provocada por prolongadas e frequentes ausências do seu meio.
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Os utilizadores de drogas injectáveis. Contudo, apesar da situação ser ainda preocupante, os indicadores parecem apontar para a inversão da tendência crescente que se verificou até 1999.
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A população prisional também está amplamente infectada. De acordo com um relatório do Provedor da Justiça sobre o Sistema Prisional, de 2003, e especificamente no que concerne ao VIH, cerca de 14 por cento da população reclusa está infectada.
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Minorias e migrantes.
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A epidemia da sida já mostrou que todos têm de se prevenir: homens, mulheres, casados ou solteiros, jovens e idosos, todos, independentemente da cor, raça, situação económica ou orientação sexual.
Quem deve fazer o teste diagnóstico do VIH? Todos devem fazer o teste. É importante fazer o teste de diagnóstico sempre que se tem dúvidas sobre a possibilidade de estar infectado pelo VIH ou se pensa engravidar e se: Manteve relações sexuais sem preservativo; Houve partilha de seringas, agulhas ou outro material na injecção de drogas; Fez uma tatuagem ou um piercing e o material não estava devidamente desinfectado; Teve contacto directo com o sangue de outra pessoa; Pensa engravidar ou se está grávida.
Porquê fazer o teste? Se o resultado for positivo, pode ter acesso aos cuidados de saúde apropriados e iniciar o tratamento o mais cedo possível. Deste modo, a evolução da doença é retardada. Por outro lado, saber que está infectado é razão para evitar contaminar outras pessoas, adoptando comportamentos preventivos. Protege-se a si próprio, de forma mais eficaz, das chamadas doenças oportunistas. Em caso de gravidez, pode-se diminuir muitíssimo o risco de transmissão do vírus da mãe para o filho.
Onde pode fazer o teste do VIH? Para fazer o teste do VIH poderá consultar o seu médico de família ou outro igualmente da sua confiança. Caso prefira fazê-lo de uma forma anónima, confidencial e gratuita, poderá dirigirse aos Centros de Aconselhamento e Detecção Precoce VIH (CAD). Desde 1980, data em que foi inaugurado o primeiro centro de detecção em Lisboa (Centro de Rastreio Anónimo da Lapa), à criação da Rede dos CAD com início em 2001, encontram-se já em funcionamento 22 CAD, em quase todos os distritos do país: Aveiro, Beja, Braga, Bragança, Castelo Branco, Coimbra, Évora, Faro (CAD de Faro e CAD Móvel), Guarda, Leiria, Lisboa (CAD da Lapa, CAD da Fundação Nossa Senhora do Bom Sucesso e CAD Móvel), Portalegre, Porto, Santarém, Setúbal (CAD de Almada, CAD do Barreiro e CAD de Setúbal), Viana do Castelo e Vila Real.
Como funciona o CAD? Antes da realização do teste, o utente tem a possibilidade de falar com um profissional de saúde sobre eventuais dúvidas e os motivos que o conduziram ao CAD. Ultrapassada esta fase, faz-se então o teste ao VIH, através de uma pequena colheita de sangue, que depois será analisada em laboratório. Em caso de dúvida, o laboratório pode pedir uma segunda colheita de sangue.
Os resultados do teste serão transmitidos pessoalmente por um psicólogo, em total confidencialidade, e o utente terá a oportunidade de conversar sobre o resultado, esclarecer dúvidas e receber todo o apoio que necessite. Se o resultado for positivo, os profissionais do CAD estão habilitados a aconselharem-no sobre o que deve fazer e encaminham-no para os serviços médicos adequados.
O que significa um resultado negativo? Que o sangue da pessoa testada não apresenta anticorpos anti-VIH, pelo que não deverá estar infectada pelo vírus. Mas, atenção, pois o organismo leva algum tempo a produzir anticorpos que possam ser detectados.
O que significa um resultado positivo? Que se detectou a presença de anticorpos anti-VIH no sangue da pessoa testada, o que permite concluir ter existido contaminação pelo vírus. De acordo com as informações disponíveis actualmente, ficará contaminado para toda a vida e pode transmitir o vírus, porque o sangue e o esperma ou as secreções vaginais contêm o VIH e/ou linfócitos infectados.
Como se trata a SIDA? Em Portugal, e desde 1987, a terapêutica anti-retrovírica é gratuita e de distribuição hospitalar.
Como ter acesso ao tratamento? Qualquer pessoa à qual tenha sido diagnosticada a sua seropositividade pelo VIH/SIDA deve ser referenciada aos serviços hospitalares competentes. Deve ser agendada uma consulta de imediato. Os doentes em medicação anti-retrovírica necessitam de apoio especial antes e durante o tratamento. O acompanhamento médico deve ser constante, pois é um período em que os doentes irão sofrer as principais mudanças no organismo e podem ocorrer dificuldades na adesão. Contudo, lembre-se sempre que a eficácia do tratamento depende de si. É fundamental que tome correctamente e continuamente os anti-retrovíricos para que tudo dê certo. O seu médico tem de vigiá-lo constantemente para saber se o tratamento está ou não a fazer o efeito pretendido ou se é necessário mudar o esquema terapêutico. E isto só é possível através da realização de exames específicos, como a células CD4+ (determina o nível de células de defesa no organismo); carga vírica ou viral (determina a quantidade de vírus no sangue); genotipagem do vírus (detecta as mutações no vírus que potencialmente causam falência terapêutica - resistências), entre outros.
Quais são as doenças mais frequentes num doente com sida? A tuberculose é uma das doenças infecciosas mais frequentes em Portugal e, em muitos casos, afecta a pessoa infectada com VIH. É uma doença contagiosa, pode infectar outras pessoas, mas existe tratamento. É um tratamento longo, mas os medicamentos são gratuitos e distribuídos no Centro de Doenças Pneumológicas da sua área de residência. Dado que a bactéria da tuberculose pode desenvolver resistência aos medicamentos e estes deixarem de fazer efeito, é importante que não falhe nem interrompa o tratamento.
A sida tem cura? A sida caracteriza-se por uma quebra do sistema imunitário do organismo e, por este motivo, as infecções de ordem geral não podem ser combatidas eficazmente. Actualmente, a cura não é possível. A única medida eficaz para combatê-la, presentemente, é a prevenção.