Telmo Renato Antunes Morais
Dossier: Relações interpessoais 12-
Atracção interpessoal Agressão
Atracção interpessoal
Viver em sociedade significa não viver só, o que implica, por isso mesmo, conviver e interagir com o nosso semelhante. Ou seja, viver em sociedade gere as chamadas relações interpessoais, estas emergentes da atracção, positiva ou negativa, que um sujeito sente por outro. Atracção positiva quando queremos ou desejamos o bem-estar do outro. Atracção negativa quando queremos ou desejamos o mal-estar do outro. Os relacionamentos entre os sujeitos visam, sobretudo, o bem-estar pessoal e o dos outros. Mas para que os relacionamentos sejam salutares e equilibrados, há que primeiro conhecermo-nos a nós próprios. Lugar comum ou não, é um facto de que quanto melhor nos conhecermos, melhor lidaremos com os outros, pois que assim evitaremos, certamente, não fazer aos outros aquilo que não gostamos que nos façam a nós (Confúcio).
Atracção Os teóricos explicam a atracção interpessoal sob duas perspectivas: a comportamental (concreta) e a emocional (abstracta).
−
A atracção enquanto comportamento revela-se através das
acções físicas que um sujeito tem para com o outro que pretende atrair, como por exemplo: estar presente nos mesmos espaços geográficos que o sujeito alvo se encontra. −
A atracção enquanto emoção revela-se pelo conjunto de
sentimentos positivos e/ou negativos que um sujeito experimenta ao interagir com o outro, como por exemplo: a sensação de bem-estar, de conforto, admiração, quando junto do sujeito alvo, e/ou, no sentido inverso, de mal-estar, de incomodo.
Os comportamentos variam consoante as normas sociais e culturais de cada comunidade humana. Concordando com os teóricos, acrescento ainda que
a
atracção
comportamental
e
emocional
também
depende
da
personalidade e do carácter de cada sujeito. Isto, porque pessoalmente diferencio ambos os conceitos. Considero o carácter como sendo o “genes” (a essência) com o qual nascemos e a personalidade a moldagem desses genes. Posto de outra forma, o carácter é mutável sem nunca deixar de ser aquilo que é, de facto. Metaforicamente falando, poderei dizer que o carácter é o diamante bruto e a personalidade o diamante polido. Factores de atracção interpessoal Não obstante as diferenças existentes nas formas de nos relacionarmos uns com os outros: −
Relação entre pais e filhos;
−
Relação entre amantes;
−
Relação entre colegas de trabalho;
−
Relação entre amigos, etc.
existe, contudo, um conjunto de factores comuns que nos levam a aproximarmo-nos deste ou daquele sujeito ou grupo, sendo eles: −
Proximidade física;
−
Afiliação;
−
Beleza;
−
Semelhanças interpessoais;
−
Reciprocidade.
Proximidade física/geográfica – quanto maior for a proximidade espacial entre os sujeitos, maior serão os laços de amizade, simpatia, intimidade que se estabelecem entre eles. Contudo, e porque para tudo há um oposto, poderá acontecer o inverso, ou seja, o contacto frequente poderá originar saturação, enfado e subsequentemente
conflitos,
inimizades
e,
portanto,
a
busca
do
afastamento do sujeito que nos incomoda. Um dos exemplos mais comuns é a saturação que surge entre os casais há muito (ou não) casados.
Afiliação – o sujeito procura a afiliação (integração numa qualquer comunidade de vivências comuns), porque deseja ou necessita de partilhar sentimentos, ideias, experiências, etc., com o outro, ou ainda por medos ou receios incontroláveis, como o medo da solidão ou da rejeição. Beleza – a atracção interpessoal é medida pela beleza exterior e não tanto pela beleza interior. Segundo os teóricos, esta atracção pelo aspecto físico, ou pela boa aparência exterior, como sinal do que “é belo é bom”, exalta-se na camada social mais jovem. Eu acrescento que esta realidade – ser e parecer – cada vez mais se estende a todas as camadas etárias e sociais, o materialismo. Similaridades
interpessoais –
é
mais
fácil
estabelecer-se
relações
interpessoais com sujeitos com os quais tenhamos opiniões, crenças, valores, ideologias e pontos de vista comuns. Por exemplo, um benfiquista tende a procurar outro que partilhe do mesmo clubismo e não um opositor ao seu clube. Reciprocidade – “gostar de quem gosta de nós”. O sujeito procura afecto, conforto, alento, etc., no outro, para satisfazer, sobretudo, as suas carências emocionais.
Agressão
A agressividade é a forma mais comum que o sujeito tem de reagir, não só perante as suas frustrações, os seus complexos, impotências físicas e emocionais, mas também quando agredido física, emocional e psicologicamente por outrem. A agressividade faz parte do mundo animal racional e irracional, sendo que no animal irracional este comportamento deriva do instinto natural pela sobrevivência, enquanto que no Homem, que também reage naturalmente por instinto, muitas das vezes agride premeditadamente.
As formas mais usuais de agressão física são: o bater, o lutar, o homicídio, etc., e as verbais que podem ser, por vezes, muito mais agressivas do que as físicas, como, por exemplo, o insulto, a ofensa, o praguejar, maledicência, etc..
Formas de agressão
Segundo os teoristas, a agressão pode ser sistematizada em função de dois critérios:
−
o do objecto a que se dirige (alvo)
−
e o da forma como se expressa (“ferramenta”)
Alvo ou objecto a que se dirige
É do conhecimento geral que nem sempre o agressor liberta a sua ira directamente contra a fonte/causa da sua ira ou frustração. Com base neste princípio, tomemos como exemplo a criança que destrói os seus brinquedos ou outros objectos “à mão de semear”, após a mãe a ter proibido de fazer algo que ela queria fazer,
ou ainda,
o empregado incompatibilizado com o patrão, que não podendo reagir franca e abertamente, sob pena de poder vir a perder o emprego, manifesta-se mais tarde junto da família e/ou companheiros. Nestes casos o agressor transfere a sua ira ou frustração junto daqueles que à partida não lhe retribuirão na mesma moeda.
Quanto ao alvo existem três tipos de agressividade:
−
Directa
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Indirecta ou deslocada
−
Auto-agressão
Agressão directa – dirigida contra a fonte de frustração, i.e., aquela em que o sujeito agride directamente o alvo causador da sua ira ou frustração.
Agressão indirecta ou deslocada – dirigida contra um alvo alheio à frustração, i.e., aquela em que o sujeito agride indirectamente o alvo causador da sua ira ou frustração, transferindo-a/deslocando-a para as pessoas que lhe são mais íntimas.
Auto-agressão – dirigida contra si próprio, quando em casos extremos, a agressão deslocada passa a auto-agressão, Ou seja, quando o sujeito é simultaneamente o agressor e o agredido, manifestando-se através de comportamentos variados, como por exemplo: sentimentos de culpa e remorsos, automutilação e suicídio.
PowerPoint sobre o assunto tratado http://d.pdfcoke.com/docs/k15hxs8qq2mg3oq7fea.pdf