Stelio Ramos Nu Bai Rap Negro Em Lisboa

  • July 2020
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PROCESSOS IDENTITARIOS EM MOÇAMBIQUE

Docente: Elísio Jossias Discente: Stélio Victor Ramos Filme Assistido: RAPOSO, Octávio (2006). NU-BAI: Rap Negro Em Lisboa. Duração 60 min. Resumo do Filme O presente trabalho vai ser construído em torno do documentário de Octávio Raposo intitulado Nu-Bai: Rap negro em Lisboa. Quanto a estrutura será feita uma apresentação do resumo sobre o documentário e segunda parte vai compreender a parte da apreciação crítica sobre o trabalho. Raposo no documentário procura debater sobre a reivindicação anti-racistas de caboverdianos vivendo em Lisboa. O autor pega o movimento cultural hip-hop para demonstrar como se processa as reivindicações, a partir da apresentação de conversas, musicas, filmagens do modo de vida dos intervenientes presentes no documentário. O filme foi filmado num período compreendido de 3 anos nomeadamente de 2003 a 2006, e o lugar privilegiado foi os bairros sociais de Lisboa a mencionar, Arrentela, Porto Salvo entre outros. De uma maneira geral o documentário retrata sobre questões ligadas a segregações que na opinião dos entrevistados constitui um problema estrutural que leva serem vedados a frequentar em alguns espaços de sociabilidade, criando um clima de pobreza e desemprego. Mas antes de entrarem na própria questão que é a reivindicação da situação social, começam por discutir sobre identidade do próprio rap. Pelo facto de o mesmo estar a ser branqueado1 e esta perder a sua essência que é retratar questões de problemas ou diferenças sociais. Os protagonistas referem que a sua fonte de inspiração está muito ligado a negros norte americanos intelectuais e grupos musicais que de uma forma directa ou indirecta

1

Rap cantado por Brancos, mas que não retratam questões ligadas a desigualdades sociais, mas sim tratam de falar de festas, roupas de marca, mulheres.

discutiram questões ligadas a discriminação racial, tais como Martin Luther King, Malcolm X, Huey Newton (líder dos Black Panther) Vanilla Ice, Public Enemy. Os Rappers no presente documentários usam jogos de linguagem como forma de exaltação de identidade musical2 mas como também questões ligadas a terra de origem neste caso Cabo Verde3, e advogam que eles vivem em tensão devido a um choque de lógicas (as Ruas4 e o Estado). Perante ao choque das lógicas os protagonistas do filme referem que quando o Estado os violenta eles também respondem também violentando e é por isso que numa das passagens do filme um dos protagonistas refere que “ quando o sistema5 nos fode, nus ta manda fode sistema”. Os rappers advogam que tanto os negros, brancos, mulatos, são todos iguais e que a discriminação criado pelo Estado que se operacionaliza através de instituições como a Policia e os Serviços de migração, não faz sentido, pois isto acaba reproduzindo desigualdades sociais. Perante ao clima social de Portugal os rappers de origem cabo-verdiano pretendem que seus direito sejam reconhecidos entanto que cidadãos Portugueses e se não forem reconhecidos sempre irão reivindicar e o rap será a arma usada. No concernente a choques de lógica Escola e as ruas, o que acontece é que os estudantes vêem que devido ao sistema educativo eles dificilmente se enquadram dificilmente na escola, dai que surge uma necessidade reformar o sistema educativo. Finalmente, um dos Protagonistas perante ao choque de lógicas sente que a sua cultura está sendo roubada, por isso é que eles resistem usando o crioulo nas suas conversas e cantam o Rap como forma de resgatar os seus valores.

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Uso dos ditos palavrões na linguagem corrente, tais como puta, merda, é fudido. Letras da música Rap escritas em Crioulo. Para eles o Rap em crioulo acciona a identidade negra e os faz pensar que tem uma raiz que os sustenta que é a África no geral e Cabo-Verde em particular. 4 Rua não no sentido literal do termo, mas sim como um espaço de sociabilidade onde há troca de valores, símbolos entre indivíduos, e possui códigos interpretativos de como olhar o mundo e que no presente documentário diferencia-se com o plasmado pelo Estado. 5 Sistema neste contexto é compreendido como o Estado com os seus instrumentos de repressão como a Policia. 3

Análise Critica ao documentário. Neste capitulo pretendemos demonstrar o que com o texto pudemos captar entanto que pessoas e dai com um olhar de estudante de antropologia fazer uma analise a luz de teorias que discutem sobre identidades. O trabalho de Raposo é passível de ser interpretado a luz de várias perspectivas em Antropologia podendo ser a visto a luz da Antropologia urbana, processos identitários, individuo e sociedade entre outros. Mas no caso presente vamos analisar na perspectiva de processos identitários e pudemos analisar a maneira como se processa o multiculturalismo num contexto de Estado-nação onde se reivindicam vários direitos, e aqui são os Cabo-Verdianos que reivindicam um conjunto de direitos pelo facto de se sentirem excluídos pelo Estado Português e eles referem que são Portugueses pois nasceram em Portugal e os seus Pais é cabo-verdianos. Um dos reparos que pude depreender no documentário é a visão estática que os protagonistas tem sobre o Hip-Hop pois dizem que este está perder a sua essência pelo facto de estar a ser branqueado por falar de amor e festa, mas se formos a ver Panoff (1973)6 diz que dentro dos processos de aculturação, as pessoas apropriam de diferente forma os valores de outros contextos e reproduzem consoante as suas necessidades. O próprio Hip-Hop produzido pelos rappers cabo-verdianos não é puro como tanto referem se pegarmos a história da origem nos EUA, pois eles apropriaram e reproduziram para satisfazer a suas necessidades, a título de exemplo é a incorporação do crioulo nas letras destes rappers. Pelo acima apresentado mostra a ambiguidade e fugacidade da identidade que tanto refere Pina Cabral (2003)7 em que não podemos encontrar identidades fixas com características imutáveis, e a pessoa não possui uma só identidade e ela acciona várias identidades consoante o contexto de interacção social. Sobre o accionamento de varias identidades o que torna a identidade algo fugidio, temos os casos recorrentes no próprio documentário em que a dado momento referiam que 6

PANOFF, Michel (1973). Dicionário de etnologia. Lisboa: Edições 70. PINA CABRAL, João (2003). Identidades inseridas: algumas divagações sobre identidade, emoção e ética. Lisboa: ICS 7

eram cidadãos Português e tinham os mesmos direito que os brancos, e que eram caboverdianos quando advogavam que tinham raízes africanas. Na mesma linha de pensamento Bauman (2001)8, refere que na modernidade onde quase que tudo é transitório é difícil de falar de identidades fixas e bem definida e o que acontece é que as identidades são adoptadas e descartadas como uma troca de roupa. Na minha opinião o documentário apresenta uma limitação que provavelmente pode não alargar o horizonte analítico sobre a situação dos imigrantes em Portugal, que é a questão da maneira como os imigrantes são identificados pelos nativos de Portugal e se o autor fez não vem apresentado claramente no documentário. Quanto a reforma do sistema educativo não estou de acordo pelo facto de no contexto Português ser um estado nação composto por um conjunto de normas e também por possuir uma diversidade cultural que cujo privilegio de uns grupos poderia criar um clima de tensão e a própria reforma poderia fazer a mesma perder a sua essência e passando a se chamar de outro termo e não de escola. Quanto ao roubo ou não roubo da cultura não sou apologista pelo facto de nos processos de contactos ou empréstimos culturais haver a perda de valores, mas sim há um processo de transformações socais pela dinâmica social que constitui um processo inerente a própria cultura. Finalmente pormenor é que ele homogeneizou os negros em Portugal é como se todos fossem similares perante o Estado e acredito que Lisboa entanto que um campo social possui graus de diferenciação mesmo entre indivíduos de mesma pigmentação, ou seja o autor não falou dos negros que viviam fora dos bairros sociais.

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BAUMAN, Zygmunt. (2001). Modernidade Liquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.

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