A POESIA NOSSA DE CADA DIA SOLANO TRINDADE
Poeta, cineasta, folclorista, pintor, homem de teatro e um dos maiores animadores culturais brasileiros do seu tempo, o pernambucano Francisco Solano Trindade foi, para vários críticos, o criador da poesia "assumidamente negra" no Brasil. Tinha uma poética combativa, social e popular por excelência e por opção. Solano defendia a linguagem simples para ser compreendida e fazer-se compreendido por inteiro pelo povo. Nasceu no dia 24 de julho de 1908, no bairro de São José, no Recife. Era filho de Manuel Abílio, mestiço, sapateiro e “véio de pastoril”, e da quituteira Merença (Emerenciana). Estudou na Academia de Comércio de Recife, foi operário e funcionário público federal, no início de sua carreira (Serviço Nacional de Recrutamento). Fixou residência no Rio de Janeiro na década de 40. Como teatrólogo e dramaturgo, fundou o Teatro Experimental do Negro (1945), o Teatro Popular Brasileiro (1950) e criou o grupo Brasiliana, que teve várias apresentações no exterior. Foi também o primeiro a encenar a peça Orfeu da Conceição, de Vinícius de Moraes transformada em filme pelo francês Marcel Cammus. Publicou Poemas Negros (1936), Poemas de uma vida simples (1944), Seis tempos de poesia (1958), Cantares do meu povo (1963), entre outros. Depois de passar por um asilo e várias internações, faleceu no Rio de Janeiro em 20/02/1974. Pesquisa e texto: Raimundo de Moraes /
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SOU NEGRO Sou Negro meus avós foram queimados pelo sol da África minh'alma recebeu o batismo dos tambores atabaques, gonguês e agogôs
Contaram-me que meus avós vieram de Luanda como mercadoria de baixo preço plantaram cana pro senhor do engenho novo e fundaram o primeiro Maracatu. Depois meu avô brigou como um danado nas terras de Zumbi Era valente como quê Na capoeira ou na faca escreveu não leu o pau comeu Não foi um pai João humilde e manso Mesmo vovó não foi de brincadeira Na guerra dos Malês ela se destacou Na minh'alma ficou o samba o batuque o bamboleio e o desejo de libertação...
TEM GENTE COM FOME Trem sujo da Leopoldina correndo correndo parece dizer tem gente com fome tem gente com fome tem gente com fome Piiiiii Estação de Caxias de novo a dizer de novo a correr tem gente com fome tem gente com fome tem gente com fome Vigário Geral Lucas Cordovil Brás de Pina Penha Circular Estação da Penha Olaria
Ramos Bom Sucesso Carlos Chagas Triagem, Mauá trem sujo da Leopoldina correndo correndo parece dizer tem gente com fome tem gente com fome tem gente com fome Tantas caras tristes querendo chegar em algum destino em algum lugar Trem sujo da Leopoldina correndo correndo parece dizer tem gente com fome tem gente com fome tem gente com fome Só nas estações quando vai parando
lentamente começa a dizer se tem gente com fome dá de comer se tem gente com fome dá de comer se tem gente com fome dá de comer
Mas o freio de ar todo autoritário manda o trem calar Psiuuuuuuuuuuu
Sugestões de atividade em classe. 1 – Escute atentamente o texto, depois complete os espaços usando as vogais necessárias para cada palavra.
C__nt__r__m-m__
qu__
v__ __r__m
L__ __nd__
c__m__
d__
m__rc__d__r__a
pl__nt__r__m s__nh__r __
m__ __s
c__n__
d__
f__nd__r__m
d__
b__ __x__
pr__ç__
pr__
__ng__nh__ __
__v__s
n__v__
pr__m__ __r__
M__ r__ c__ t__
2 – No caça-palavras abaixo, encontre 10 (dez) palavras contidas no poema Sou Negro.
sirprprskxvekayqçsoevsjeptmcakdfwurkspdaszoakgdzb dnbcviewçaklhdynegrojszapoyeqkdfuejgcnxkadsiuwlja pakhdiuoekhdteuixmnckhspowhgfsdqoetrkflscresdwoui sgfdxpqnalkamkafricaeutdpoiueljsdgbxkagavqakhsotx ckhfjduepwomnbcfsgjkertuloiewjhsfuiewqomukioehgco jdjncktesaloueyrkodlksocnhxskiuwfadpoewbajhcnimzx buçnfbaibwçaklhdywakjszupayeqkdfuejgcanaulijsvslk aphosgbalkejamkafwietiuneljswdgbxkagwfeamxkhsoqau luandanskhfçuewhjiwqazumbihoxnckshgfecapoeiraskiu nhdiuewpoiucnjgfsorebloutreljsoakswourlmhcetnelav 3 – Leia o poema Tem gente com fome. Transcreva com suas palavras o que você vê no caminho de ida à escola.