Simbolismo

  • October 2019
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Simbolismo português (1890-1915 ) O Simbolismo é originário da França e se iniciou com a publicação de As Flores do Mal, de Baudelaire, em 1857. Nome inicial: Decadentismo.

Bases Filosóficas Kiekegaard – o homem passa por três estágios em sua existência – estético (presença do novo), ético (gravidade e responsabilidade da vida) e religioso (relação com Deus). Bergson – não é a inteligência que chega a compreender a vida. É a intuição. Em Portugal, o Simbolismo tem início em 1890, com o livro de poemas de Eugênio de Castro, Oaristos, e com revistas acadêmicas, Os Insubmissos e Boêmia Nova, cujos colaboradores eram Eugênio de Castro e Antônio Nobre.

Características Os autores voltam-se à realidade subjetiva, às manifestações metafísicas e espirituais, abandonadas desde o Romantismo. Buscavam a essência do ser humano, a alma; a oposição entre matéria e espírito, a purificação do espírito, a valorização do inconsciente e do subconsciente. Musicalidade: música, a mais importante de todas as artes. “A música antes de tudo.” Aliterações, assonâncias, onomatopéias, sinestesias Linguagem vaga, imprecisa, sugestiva: não mostrava as coisas, apenas as sugeria. Negação do materialismo: reação ao materialismo e ao cientificismo realistas. Retorno à mentalidade mística: comunhão com o cosmo, astros. Esoterismo. Maiúsculas alegorizantes: personificação. Mergulho no eu profundo: nefelibatas – habitantes das nuvens. Características da linguagem simbolista 1. As características da linguagem simbolista podem ser assim esquematizadas: 2. Linguagem vaga, fluida, que prefere sugerir a nomear. 3. Utilização de substantivos abstratos, efêmeros, vagos e imprecisos; 4. Presença abundante de metáforas, comparações, aliterações, assonâncias, paronomásias, sinestesias; 5. Subjetivismo e teorias que voltam-se ao mundo interior; 6. Antimaterialismo, anti-racionalismo em oposição ao positivismo; 7. Misticismo, religiosidade, valorização do espiritual para se chegar à paz interior; 8. Pessimismo, dor de existir; 9. Desejo de transcendência, de integração cósmica, deixando a matéria e libertando o espírito; 10. Interesse pelo noturno, pelo mistério e pela morte, assim como momentos de transição como o amanhecer e o crepúsculo; Interesse pela exploração das zonas desconhecidas da mente humana (o inconsciente e o subconsciente) e pela loucura. Observação: Na concepção simbolista o louco era um ser completamente livre por não obedecer às regras. Teoricamente o poeta simbolista é o ser feliz.

Resumo das características do Simbolismo Conteúdo relacionado com o espiritual, o místico e o subconsciente: idéia metafísica, crença em forças superiores e desconhecidas, predestinação, sorte, introspecção. Essa maior ênfase pelo particular e individual do que pelo geral e Universal: valorização máxima do eu interior, individualismo. Tentativa de afastamento da realidade e da sociedade contemporânea: valorização máxima do cosmos, do misticismo, negação à Terra. Os textos comumente retratam seres efêmeros (fumaça, gases, neve...). Imagens grandiosas (oceanos, cosmos...) para expressar a idéia de liberdade. Conhecimento intuitivo e não-lógico. Ênfase na imaginação e na fantasia. Desprezo à natureza: as concepções voltam-se ao místico e sobrenatural. Pouco interesse pelo enredo e ação narrativa: pouquíssimos textos em prosa. Preferência por momentos incomuns: amanhecer ou entardecer, faixas de transição entre dia e noite. Linguagem ornada, colorida, exótica, bem rebuscada e cheia de detalhes: as palavras são escolhidas pela sua sonoridade, num ritmo colorido, buscando a sugestão e não a narração.

Autores e obras Eugênio de Castro e Almeida (1869-1944): a sua obra pode ser dividida em duas fases: simbolista e neoclássica. A simboliza corresponde aos poemas escritos já no século XX. Novas rimas, novas métricas, aliterações, versos alexandrinos, vocabulário mais rico, ele expõe no prefácio – manifesto de Oaristos. Na fase neoclássica apresenta temas voltados à antigüidade clássica e ao passado português (profundamente saudosista). Antônio Nobre (1867-1900):

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Ingressou na carreira diplomática, morrendo de tuberculose aos 33 anos. Estudou em Paris. Obras: Só (Paris, 1892), Despedidas (1902), Primeiros versos (1921), Correspondência. É simbolista, mas não tem seus cacoetes. Considerado como nacionalista e romântico retardatário. Antônio Pereira Nobre exaltou a vida provinciana do norte de Portugal, por influência de Garrett e de Júlio Dinis. A sua poesia manifesta rica musicalidade rítmica e linguagem com um falar cotidiano e coloquial, além do pessimismo.

Camilo Pessanha (1867-1926): é considerado o mais simbolista dos poetas da época. Autor de apenas um livro: Clepsidra, influenciou a geração de Orpheu, que iniciou o Modernismo em Portugal.. Passou grande parte da vida em Macau (China), tornando-se tradutor da poesia chinesa para o português. Autor considerado de difícil leitura, pois trabalha bem a linguagem. No seu livro predomina o estranhamento entre o eu e o corpo; o eu e a existência e o mundo. Em sua obra, Clepsidra, Camilo Pessanha distancia-se de uma situação concreta e pessoal, e sua poesia é pura abstração. Teixeira de Pascoaes (1877-1952): é o pseudônimo de Joaquim Pereira Teixeira de Vasconcelos. Deixou obras de cunho filosófico e biografias. De seus livros de poesias citam-se Maranos, Regresso ao Paraíso, Sempre, Terra Proibida, Elegias. Florbela Espanca (1894-1930): embora não pertença propriamente ao período áureo do Simbolismo, possui idéias simbolistas. É considerada uma das mais perfeitas sonetistas da língua portuguesa. Suas obras: Juvenília, Livro de Mágoas, Livro de Sóror Saudade, Relíquias e Chameca em Flor.

Raul Brandão (1867-1930): literatura forte e dramática. A sua melhor produção está na prosa de ficção: A Morte do Palhaço e o Mistério da Árvore, A Farsa, Os Pobres, Húmus, O Pobre de Pedir. Cronologia do Simbolismo em Portugal Período: século XIX e XX Início: 1890 - Publicação de Oaristos, de Eugênio de Castro. Fim: 1915 - Surgimento da Revista Orpheu, inaugurando o Modernismo. Fato histórico importante: em 1910 o movimento republicano, apoiado pela Inglaterra, é vitorioso.

Textos http://www.secrel.com.br/jpoesia/clep.html Textos de Camilo Pessanha http://www.secrel.com.br/jpoesia/flor.html Textos de Florbela Espanca

Soneto Antônio Nobre Ó Virgens que passais, ao Sol-poente, Pelas estradas ermas, a cantar! Eu quero ouvir uma canção ardente, Que me transporte ao meu perdido Lar. Cantai, nessa voz onipotente, O Sol que tomba, aureolando o Mar, A fartura da seara reluzente, O vinho, a Graça, a formosura, o luar! Cantai! cantai as límpidas cantigas! Das ruínas do meu Lar desterrai Todas aquelas ilusões antigas Que eu vi morrer num sonho, como um ai, Ó suaves e frescas raparigas, Adormecei-me nessa voz... Cantai!

Interrogação Camilo Pessanha

Não sei se isto é amor. Procuro teu olhar, Se alguma dor me fere, em busca de um abrigo; E apesar disso, crê! nunca pensei num lar Onde fosses feliz, e eu feliz contigo. Por ti nunca chorei nenhum ideal desfeito. E nunca te escrevi nenhuns versos românticos. Nem depois de acordar te procurei no leito Como a esposa sensual do Cântico dos Cânticos. Se é amar-te não sei. Não sei se te idealizo A tua cor sadia, o teu sorriso terno... Mas sinto-me sorrir de ver esse sorriso Que me penetra bem, como este sol de Inverno. Passo contigo a tarde e sempre sem receio Da luz crespuscular, que enerva, que provoca. Eu não demoro a olhar na curva do teu seio Nem me lembrei jamais de te beijar na boca. Eu não sei se é amor. Será talvez começo... Eu não sei que mudança a minha alma pressente.... Amor não sei se o é, mas sei que te estremeço, Que adoecia talvez de te saber doente. (Clepsidra e outros poemas, Lisboa, Edições Ática, 1973.)

Ao longe os barcos de flores Camilo Pessanha Só, incessante, um som de flauta chora, Viúva, grácil, na escuridão tranqüila, - Perdida voz que de entre as mais se exila, - Festões de som dissimulando a hora. Na orgia, ao longe, que em clarões cintila E os lábios, branca, do carmim desflora.... Só, incessante, um som de flauta chora,

Viúva, grácil, na escuridão tranqüila. E a orquestra? E os beijos? Tudo a noite, fora, Cauta, detém. Só modulada trila A flauta flébil... Quem há-de remi-la? Quem sabe a dor que sem razão deplora? Só, incessante, um som de flauta chora... (Clepsidra e outros poemas. Lisboa, Edições Ática, 1973.) Vocabulário grácil: delgado, delicado, fino festão: ramalhete de flores e folhagens, grinalda; cauta: acautelada, com cautela. remir: recuperar, resgatar. Interrogação Camilo Pessanha Não sei se isto é amor. Procuro teu olhar, Se alguma dor me fere, em busca de um abrigo; E apesar disso, crê! nunca pensei num lar Onde fosses feliz, e eu feliz contigo. Por ti nunca chorei nenhum ideal desfeito. E nunca te escrevi nenhuns versos românticos. Nem depois de acordar te procurei no leito Como a esposa sensual do Cântico dos Cânticos. Se é amar-te não sei. Não sei se te idealizo A tua cor sadia, o teu sorriso terno... Mas sinto-me sorrir de ver esse sorriso Que me penetra bem, como este sol de Inverno. Passo contigo a tarde e sempre sem receio Da luz crespuscular, que enerva, que provoca. Eu não demoro a olhar na curva do teu seio Nem me lembrei jamais de te beijar na boca.

Eu não sei se é amor. Será talvez começo... Eu não sei que mudança a minha alma pressente.... Amor não sei se o é, mas sei que te estremeço, Que adoecia talvez de te saber doente. (Clepsidra e outros poemas, Lisboa, Edições Ática, 1973.)

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