ESPECIAL
INFORMAÇÃO
Veja como a maior revista do país sempre se confundiu, semana após semana, ao longo de sua história.
E
ste ano, a Revista Veja, da Editora Abril, completou 40 anos. Uma história marcada por sucessivas polêmicas, difíceis de ser contextualizadas. É com este objetivo que blog Calourada do Jornalismo estará se aventurando nos próximos dias. Será feita uma
pesquisa intensa, relacionando passado, presente e futuro da revista e da Abril em geral. Vamos pescar no passado fatos que esclarecem o presente e analisaremos as múltiplas denuncias de corporativismo que Veja estaria praticando. Outra coisa que será publicada neste blog é a impressão
que alunos e professores, de vários cursos de Jornalismo do país, têm da revista. A radiografia não sairá completa sem uma analise estrutural do veículo, além dos integrantes e indícios de que ela é do bem ou o contrário. Promovido pela editoria da revista, o seminário, intitulado de “O Brasil que queremos ser” aconteceu no dia do aniversário de Veja, 2 de setembro, começando pela manhã e terminando à noite. Segundo o presidente da Revista,
O OU PROPAGANDA
Roberto Civita, a revista achou melhor, fazendo diferente dos outros anos, deixar o passado de lado e pensar no futuro. Clique aqui e saiba tudo sobre o evento. Aguarde, amanhã traremos novidades!
no mundo, possui o maior índice de credibilidade e é o veículo de comunicação mais contestado do Brasil. O estilo da revista referese à mistura de informação com opinião, o que muitos alegam não ser jornalismo. Esta metódica forma de ver o mundo veio da revista americana Time (Tempo, A revista no sentido de Era – nosso tempo) e Veja foi criada em 1968, não há como negar que até mesmo pelos jornalistas Victor Civita e este blog facultativo tem certa Mino Carta. Hoje é a semanal de referência lingüística de Veja. maior circulação no país, a terceira A semanal circula no Brasil
inteiro com cerca de 150 páginas, é o veículo impresso com o maior número de empregados (em vaias áreas, como publicidade, arte e jornalismo) e maior renda publicitária. Incluem-se redações da revista em várias capitais, dentre elas Brasília e Salvador, embora a sede gire em torno do eixo Rio-São Paulo – onde funcionam edições regionais. Veja trata de assuntos que vão de política à religião, de literatura à educação, e aborda
ESPECIAL
temas diferenciados, isto é, próprios olhos. Nossa reportagem um só dia escapar sem acessar o que não são corriqueiramente analisará todos esses fatos blog que mais atira novidades, de abordados pelos veículos diários. (variáveis) a fundo. Não deixe Chapecó. A qualidade da revista é estampada nas grandes reportagens, que, também, necessitam de um alto grau de investimento. A última, por exemplo, chamou atenção dos leitores para as mudanças socioeconômicas do Brasil nos últimos anos, intitulada de “Show em se satisfazer em dos bilhões”. atacar o ideal criado por Exclusivo desta edição: Os editores da semanal Marx, Veja pretende derrubar A última investida da estão sempre atentos aos temas revista contra a esquerda mais significativos e que dependem todas as pessoas, líderes, que fizeram grandes atos foi na matéria publicada na de maior reflexão por parte dos edição pós-eleições, primeijornalistas. O veículo já provou em prol do povo e contra os ro turno, no Brasil. Nela, a diversas vezes sua independência empresários. Na lista dos alvos da revista estão Ernesto revista admite que o partido publicitária, como foi o caso em que mais cresceu no país, em que este blog publicou. Mesmo Guevara e Fidel Castro, líderes da revolução cubana; relação ao número de preassim Veja é o veículo mais odiado feitos, foi o PT, mas dedicou pela população é só pesquisar sobre dom Hélder Camara, um dos algumas páginas para explia revista no Orkut e ver com os religiosos adeptos da teologia de libertação; Leonel Brizola, car porque isso aconteceu. um dos políticos de maior Os editores de Veja honra neste país e por assim devem ter esquecido de a lista segue ao infinito. explicar porque o Democtra O “jornalismo político” tas, o PSDB e o PP - patidos de Veja é ideologicamente tradicionais da direita - decapreparado para defender íram tanto juntos. O público pessoas que contribuem é que não tem esquecido as para a humanidade, como malfeitorias da revista. Tanto Steve Jobs, dono da Apple, que o número de assinaturas seguidamente citado na despencou nos últimos dois revista. Relacionar Veja a anos. política é ficar um dia todo Os líderes da esquermal humorado lendo tanta da, por mais que assemebesteira feita por ela. lhem-se a partidos, estão aí.
A derrubada de mártires da esquerda
S
S
aiba quando, como e de onde nasceu a Revista Veja, a maior tiragem de uma semanal no país e os principais acontecimentos de sua história nada harmônica. “Veja faz um jornalismo de trás para frente”, recita Cláudio Julio Tognolli, repórter de Veja na década de 1980 e hoje professor da USP. Se você fizer uma pesquisa, no Google mesmo, sobre a revista
vai encontrar centenas de textos contrários ao “jornalismo” feito por ela. Há explicações que utilizam exemplos contextualizando toda uma relação entre Veja e partidos políticos da direita e grandes corporações capitalistas. Na universidade, a revista é tida como algo contrário ao bom jornalismo e que jamais deve servir de exemplo para estudantes de comunicação. Mas mesmo
assim a Veja tem uma tiragem mensal superior a um milhão de cópias. Há duas hipóteses para que toda essa engrenagem funcione desta maneira: a esquerda tomou posse da internet, assim como os americanos (simbolicamente) da lua, ou a população que escreve (educados) sabe do “terrorismo” da revista. Nós calouros, achamos interessante guiá-lo a uma longa
Nada a ver com um conto de fadas viagem cheia de obstáculos no caminho e difícil de ser percorrida por independência. Flagramos os fatos mais importantes e aqui estão. A reportagem sem delongas irá ao ar em duas semanas até o último capítulo. Estará cheia de pensamentos alheios e abre um espaço enorme para ser desmentida, criticada e destroçada, mas também se submete a ser lembrada e elogiada para todo e sempre, amém. Veja é da Editora Abril. Ambas foram fundadas por Roberto Civita. A Editora nasceu em 1950, 18 anos depois deu a luz a sua filha mais rica, Veja. Antigamente se chamava Veja e leia, claro “leia” era escrito menor. O importante é ver a capa e as fotos. A revista do, agora, Grupo Abril prioriza as
imagens, tanto que na última reportagem especial sobre o Brasil mandou a campo 8 repórteres e 11 fotógrafos. No início Veja era ícone de jornalismo extraordinário, mesmo sendo cortada pela Ditadura Militar. A virada veio após 1984, no desfecho da abertura política. O negócio da Veja é ir contra o governo e pronto. Alguns chamam de sensacionalismo, mas não é bem claro como todo o resto. Não há como descrever a história da Veja sem relaciona-lá aos vários momentos do país, porque ela não é uma semanal que imprime uma
linha editorial ideológica numa semana e sim em anos de atuação. Uma das apostas da revista é a “unilaterização” com que publica as histórias do cotidiano, bem expressa pelos seus próprios colaboradores. Segundo Cláudio, no jornalismo verdadeiro se estabelece uma tese e a partir dela se parte para a rua, para a apuração. Ouvir lados diferentes da história e pesquisar sobre o tema são práticas que não alteram a “pensata”, jargão para definir a tese que a matéria deve comprovar. Dentro da redação, o melhor repórter é o que traz personagens e fontes para comprovar a tese. “Assim, Veja
ESPECIAL
ensina à classe média bebedora de uísque o que pensar”, alfineta. Júlio César Barros, secretário de redação da revista, negou esse tipo de procedimento, em entrevista realizada em meados de 2003. Ele admitiu, porém, que a posição da revista é muito clara e conhecida por todos, do estagiário ao diretor. “Medidas irresponsáveis, que atentem contra as leis de mercado ou tragam prejuízos para a economia não terão apoio da revista, que prefere políticas austeras e espaço para o empresariado”, resumiu. Veja transmite confiança ao leitor e desconta sua febril raiva na esquerda. Faz com que o leitor saiba que a revista está engajada juntos ao seminário. Dentro do auditório, fizeram questão de se cumprimentar cordiamente, e também ao prefeito e candidato à reeleição, Gilberto Kassab (DEM). • O prefeito Gilberto Kassab (DEM) também esteve no seminário. Ele disse: “É uma iniciativa extraordinária. A melhor forma de VEJA comemorar seus 40 anos é pensar o futuro do país. Este evento demonstra o prestígio da revista”. • Ao se pronunciar
a lutar contra as injustiças e que também está muito indignada com o país em que vivemos. Sua diagramação, design, e a publicidade são as melhores. Fora que ela não é só o material impresso. Veja possui um amplo sistema online que inclui vídeos, imagens e testes como o dessa semana: “qual dos candidatos pensa como você”. Esse é mais um objeto de manipulação eleitoral, seja o que você responder, a tendência ao que o veículo quer é concretizada. Como ter certeza de que se pode confiar em um teste como esse? Logo como se pode ter certeza de que se pode confiar numa revista como essa. A reportagem continua nos próximos dias. considerações sobre o debate de economia que acabara de assistir. Para ele, a inflação atual é provocada em sua maior parte pelo aumento de preço das commodities, portanto é muito cedo para falar em diminuição das taxas de juros. Ao encerrar sua fala, Alencar lembrou a importância da liberdade de imprensa no Brasil. • Enquanto Aécio Neves discursava, José de Alencar entrou na sala do seminário. Ele sentou-se ao lado do presidente da editora Abril, Roberto Civita. O governador de Minas interrompeu sua fala para cumprimentá-lo.
Os principais momentos do seminário 02 de Setembro de 2008 • Os candidatos à prefeitura de São Paulo Marta Suplicy (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB) chegaram praticamente
sobre a comemoração dos 40 anos de VEJA e representar também os cumprimentos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente José Alencar aproveitou para fazer
• O governador de Minas Gerais, Aécio Neves, foi convidado para falar sobre como governar para a próxima geração. Ele baseou seu discurso na gestão de
Chega de doutrinação na escola
E
ducação para Veja é o maior entrave para o desenvolvimento do país – a corrupção vem em segundo. Há três edições atrás, a capa da revista se referia ao alto percentual de alunos, pais e professores que aceitavam a escola no Brasil como ótima. As escrituras publicadas por Veja demonstravam uma indignação do veículo sem tamanho quanto a isso. Os repórteres bancados pela Editora Abril viajaram a recantos
onde professores ensinavam que o capitalismo é que desestimula a humanidade a ter compaixão um pelo outro. Esses foram tachados de comunistas. O desfecho só veio a ser bancado na edição da semana passada (Vingança) em que o colunista Gustavo Ioschipe remete a seguinte afirmação: “enquanto prepararmos a futura geração para que escolha entre o sucesso e a felicidade, o Brasil permanecerá sem os dois.” A Editora Abril em si
aposta muito na educação, tanto que mantém uma semanal especial para tratar de tal assunto. Não só se preocupa com a dos jovens, mas também em disciplinar e lecionar para os adultos. O Curso de Jornalismo Abril é um exemplo. Funciona para recém formados de até dois anos após o término da faculdade. Com duração de quatro semanas, o curso tem uma demanda de 2,5 mil candidatos para 50 vagas, em diferentes categorias, como texto, fotografia e cinema. “Tem
a missão de e preconceitos esquerdistas”, diz atrair jovens uma das chamadas. Em parte isso talentos editoriais para trabalhar está certo, mas até que ponto? na Editora Abril.” Outro fato que eles analisaram Veja acredita que o Brasil foi de que os professores estariam deveria copiar (medir) dos países mais preocupados com a formação em que a educação dá certo, como moral do aluno e não em seu a Coréia do Sul. O interesse da aprendizado nas matérias. revista, muitas vezes, vai além de Daí vem o título do artigo procurar saídas para as escolas, do Gustavo: “Preparados para mas insistem na tecla de não perder”. A questão é, os alunos doutrinação nas instituições de estão perdendo ao conhecer e ensino públicas e particulares. discutir sobre fatos ideológicos do passado? E aprenderem a relacionar temas de cidadania a sua vida, como política? É certo que o Brasil está nos piores lugares no ranking mundial de ensino em várias matérias, como
ESPECIAL
políticas públicas. Para o governador, deve haver uma convergência entre partidos. As questões pertinentes ao país e à população devem estar à frente dos interesses dos políticos. “Caso contrário, daqui a dez anos não estaremos olhando para o futuro, mas sim no retrovisor da história”, disse.
Segundo a reportagem de Monica Weinberg e Camila Pereira (20 de agosto), os professores ensinam os alunos a serem perdedores, atraindoos a pensarem como se estivessem vivendo há duzentos anos atrás, “incutem ideologias anacrônicas
• Ao falar sobre como governar para a próxima geração, o deputado federal Ciro Gomes disse: “Precisamos construir um modelo tributário que estimule o investimento.” Para o deputado, governo e iniciativa privada, nacional e internacional, devem trabalhar juntos no sentindo de fazer o país crescer. Para ele, setor público e iniciativa privada devem pensar em estratégias a longo prazo para setores como energia e meio ambiente. Pouco antes de iniciar sua palestra, Ciro Gomes brincou com o pouco tempo que tem para falar. “Vou cumprimentar
rapidinho porque só tenho dez minutos”, disse. • Após a abertura, foi a vez do diretor de redação de VEJA, Eurípedes Alcântara, tomar a palavra. Ele esclareceu por que um seminário para comemorar os 40 anos da revista. “VEJA sempre tentou ir além das notícias e chegar ao campo das idéias”, afirmou. “Em seus melhores momentos, VEJA escreve para ser entendida, e não para convencer, porque sua mercadoria é a verdade”. • 9h45 - O jornalista William Waack deu início ao seminário O Brasil que queremos. Ao término de seu discurso de abertura, a soprano Manuela Freoa cantou, ao som de violão, o Hino Nacional. “Estamos reunidos aqui não apenas pelas 40 anos de VEJA, mas para traçar uma visão de futuro que ajude a construir um país democrático”, disse Waack. • 9hs - Acabam de ser abertas as portas do auditório onde ocorrerá o seminário O Brasil que queremos ser. Pouco antes, o mestre de cerimônias do evento, o jornalista William Waack, aproveitou para ensaiar seu texto enquanto a equipe técnica fazia os últimos ajustes de som e imagem. Preocupado com uma possível falha no equipamento que transmitirá o texto, Waack já deixou preparados seus óculos e brincou com as organizadoras do evento dizendo que, em caso de qualquer problema, diria à platéia que sua visão já não é mais a mesma.
matemática e física. Na verdade a educação deveria englobar todos esses conceitos a fundo, as escolas deveriam preparar o aluno crítico, mas, ao mesmo tempo, preparado para raciocinar logicamente sobre qualquer matéria escolar. Chegamos a um patamar histórico na educação, a maioria das crianças estão na escola (quase todos), agora é a hora de qualificar este ensino, começando com os professores. Assim pensa a Veja e eu. Veja está certa em querer acabar com uma educação pífia que não ensina a um aluno de ensino médio a interpretar um texto comum, mas erra ao criticar a análise de contextos históricos e ideológicos em sala de aula. Esses, como outros assuntos, fazem da Veja a revista em circulação mais complexa e difícil de compreender.
Bibliografia desta pesquisa de JUNO http://pt.wikipedia.org/wiki/Revista_Veja http://luis.nassif.googlepages.com/ http://veja40anos.com.br/ http://lubru.tipos.com.br/arquivo/2002/11/25/crimes-mitos-tabus-e-arevista-veja http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2005/08/328011.shtml http://www.consciencia.net/midia/revistaveja.html http://publicidade.abril.com.br/geral_circulacao_revista.php http://www.feteccn.com.br/index.php?option=com_content&task=vie w&id=2455&Itemid=78 http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?cod=26760〈=PT http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/a-historia-de-um-pai-quecancelou-a-assinatura-de-uma-revista/ http://veja.abril.com.br/30anos/p_114.html http://www.novae.inf.br/site/modules.php?name=Conteudo&pid=330 http://veja.abril.com.br/arquivo.shtml http://br.answers.yahoo.com/question/ index?qid=20080325060609AAfoJZ8 http://www.pt.org.br/sitept/index_files/noticias_int.php?codigo=3543 http://oshumanosdoorkut.blogspot.com/2007/10/veja-farsa.html
VEJA ESSA POLÍTICA
A
revista mais lida, no país governado por um presidente de esquerda, é de direita. Por muitos anos, a vontade dela prevaleceu diante dos brasileiros. Essa é uma coisa que está novamente no alvo de Veja, retomar o poder. Não é radical falar que essa revista, da editora Abril, está entremetida nos pilares da política, tanto que ela resume o rumo do país toda a semana e qualquer estrago fora de seu script é denunciado, às vezes na capa. Veja odeia o comunismo e usa de erros humanos para explicar porque o tão defendido capitalismo é a melhor saída. O problema está nesse ponto de vista que a editoria da revista tanto defende. Ela busca outros olhares, mas o distorce, como no caso de Che Guevara, que virou capa com a chamada: “a farsa do herói”. Eles deram vez a Fidel Castro falar, mas repudiaram suas idéias. Muitos acusam a revista por seguir o rabo do PSDB. Outros dizem que ela segue como porta voz de conglomerados de empresas multinacionais que aqui, no Brasil, querem se instalar. Portanto,
ela estaria com o tal denuncismo pregado as suas páginas todo momento. A preferência, é claro, é acabar com a esquerda. Segundo ela mesma, a esquerdista do país não tem ideais e sim preconceitos anacrônicos. Em sua edição especial de 40 anos (set 2008), ela deixou de lado a ditadura militar e seus comandantes, que eram de direita, e reportou os erros do movimento estudantil, que queria defender o povo. Veja agarra os pontos fracos do lado vermelho e nem sequer explora a de seus “amigos”. Em diferentes etapas da história, a revista espremeu o “bando esquerdista” e os caracterizou como terroristas e criminosos. Basta lê-la um pouco para perceber que seus objetivos estão não em convencer a população a votar em um partido ou outro e sim ao povo continuar na ordem e progresso, “pois o capitalismo é o ideal”. Em um trecho da reportagem, intitulada de “Salve a seleção” sobre a ditadura, na mesma edição, diz o seguinte: - Alegava-se que a possível vitória do time na Copa do Mundo de 1970 serviria para “alienar” ainda mais o povo dos reais
problemas do país. Longe dessas palermices, o brasileiro comum nunca se mostrou tão apaixonado
pela seleção brasileira quanto naquele tempo. Tire suas conclusões.
(des)cartadas de Veja
P
are tudo o que estiver fazendo e dedique dez minutos da sua vida para analisar um pouco da história da revista Veja através de suas capas. Todas elas estão disponíveis para a visualização alheia em seu site. Clique aqui e veja com seus próprios olhos. Isso mesmo, todas. A editora abriu mão da vergonha na cara para mostrar a história há tempos. Desde a primeira capa ofensiva ao comunismo até a de que reconhece o governo Lula como um dos melhores presidentes da história, com quem ela confrontou em todas as eleições, todas. O que importava era o controle do poder pela direita empresarial e nada mais, Roberto Civita quem diga. Chegamos ao penúltimo capítulo desta história, que deverá tomar o mesmo rumo da grande reportagem sobre a guerra de emissoras: virar revista online. A começar pela audiência, no caso, medida pelo número de assinaturas, Veja decaiu fortemente nos últimos meses. Desde a criação, em 1968, os clientes de Veja só cresceram: de 148.100 (somadas assinaturas e vendas em banca) e alcançou o marco histórico, em meados do ano 2000, de 1.148.800 (na edição “O Império Vulnerável” de 19 de setembro de 2001, sobre o ataque às torres gêmeas em Nova Iorque). Porém, hoje a revista vende em média 1.100.000 exemplares por semana. Caíram as vendas e a tendência é continuar assim. Se o bom Deus quiser. Veja tem lá suas defesas,
que como a gíria futebolística sugere, “a melhor defesa é o ataque”. Ela conquistou durante anos os clientes, digam-se leitores, mais conservadores, empresários e até jornalistas antenados, como é o meu caso. Há tremendas reviravoltas entre a editoria e os colunistas, veja só a confusão que dá: Na coluna da penúltima edição da revista o colunista Roberto Pompeu escreveu, “(...) são jovens das classes que os publicitários chamam de “C” e, principalmente,”D”(...). Veja utiliza esses termos em quase todas as edições. Esse colunista (o da última folha, que agora escreve a cada duas semanas, Deus sabe lá porque) ousou em criticar a publicidade de cerveja. Na edição seguinte era só virar a página dele, que completava o ciclo da revista, via-se estampada a propaganda de uma cervejaria. De lá custou a sair, depois de semanas a fio. Nada se falou mais nisso. Outro adverso que contempla as derrocadas de Veja são as apostas do que fazer com o dinheiro que será extraído do Pré-sal (não há espaço para explicar o que é, pesquise no Google). A revista, inicialmente, apostou em investilo em um fundo internacional para segurar a inflação, como se fossem ministros. Dias após, dois dos colunistas desceram ladeira abaixo com a aposta da revista, contestaram que a medida é ultrapassada e que a brasileira, segundo a Dinamarca, patriarca da prática apontada por Veja, era muito melhor. Novamente manteve-se
silêncio posteriormente. Putin é um dos Deuses da revista, conquistou o cargo ao dizer, “se a economia vai bem, tudo vai bem”. É para garantir a saúde do empresariado que o povo da Abril luta contra a afirmação de Lula de que o dinheiro que sair do Pré-sal será investido no povo: em saúde e na educação. Se você leu até aqui deve ser porque está discordando fielmente e está esperando até chegar ao final para criticar poderosamente a reportagem, ou esteja concordando e espera ao final decidir se vai elogia-lá. Seja o que for, você, eu e o Brasil já somos vencedores, pois é a prova de que a democracia e principalmente a internet leva informação a todos. Às vezes é mais útil ler tópicos sobre seriais de programas no Orkut do que ler as páginas sublinhadas em vermelho e escritas “Brasil” na Veja. O perfil do leitor de Veja Os dados são da edição especial de 40 anos da revista: 73% pertencem às classes A e B 30% assinam a revista há pelo menos cinco anos 55% têm entre 20 e 49 anos, 29% têm até 19 anos e 16% têm mais de 50 anos 40% são casados (isso explica o interesse da revista por sexo) 68% têm ensino superior completo, dos quais 24% são pós-graduados