Revista Transe!

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  • Words: 11,390
  • Pages: 42
ANO 1 N° 02 NOV/DEZ 2009 R$ 6,90

PRELIMINARES

Quem ganha nesse jogo onde o homem não quer e a mulher quer demais?

MULHERES: Vocês podem se excitar mais rápido

HOMENS: Vocês podem gostar disso

E MAIS: - Primeira vez gay - Transar é o melhor exercício

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Sumário

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Na cama e de 4, por favor! Top 10 do melhor do sexo

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Tá esquentando Tudo o que você precisa saber sobre as preliminares

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Por que a peteca cai?

Entrevista com médico urologista ElóiGuilherme sobre disfunção erétil

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Máscara, chicote e cinta-liga O amplo mundo das fantasias sexuais

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Muito além de um jantar... Os resultados dos afrodisíacos

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Falar de sexo não tem hora Entrevista com o jornalista Paulo Tadeu sobre o livro Vamos falar de sexo?

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Velozes e gostosas A emoção da rapidinha

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Faça amor. Pela sua saúde Especialistas contam os benefícios do sexo

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Muito prazer com imaginação As novidades do sexo virtual

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Do armário para a cama A primeira vez gay

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Editorial A saga sexual continua



Olá, leitores e leitoras! A TRANSE! vem recheada (de muito sexo, claro) nessa nossa segunda edição. Pois, só aqui você caminha por assuntos tão deliciosos de serem lidos. Preparamos, então, algo especial para você: matérias sobre fetiches (incluindo glossário, não perca!), rapidinha, preliminares e os prazeres do cybersexo! Nossos repórteres capricharam para que você fique mais informado a respeito do melhor esporte já criado. E lembrando que esta não é uma publicação unilateral! Aqui, damos ouvidos tanto para as mulheres quanto para os homens. E acha que fica nisso? DesNossos repórteres sa vez o público GLS ganha seu espaço capricharam para que na nossa revista! Uma matéria sobre a você fique mais nformado primeira vez homossexual mostra que o a respeito do melhor universo gay também é recheado de conesporte já criado” fusão acerca da perda da virgindade. E mais, o tema saúde também foi abordado. Os teimosos que insistem em ignorar os benefícios do sexo ficarão de queixo caído com o bem que esse esporte faz! E que tal preparar aquele jantar pra apimentar a relação? Confira o que um alimento afrodisíaco é capaz de fazer. Tudo isso e muito mais por essas páginas. Uma boa leitura a todos e não se esqueçam que a TRANSE! está na internet. Acesse ww.twitter.com/revistatranse e o blog revistatranse.blogspot.com/ e veja vídeos exclusivos. Até a próxima. GUILHERME ZANETTE EDITOR

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Expediente Revista TRANSE! É uma publicação dos alunos da Disciplina Laboratório de Texto 6° Semestre de Jornalismo da UNISANTA.

Equipe Professores Responsáveis: Eduardo Cavalcante, Márcia Okida e Márcio Calafiori. Editor: Guilherme Zanette. Editora Multimídia: Marcela Ferraciú. Designer e Diagramadora: Tatiane Ribeiro Subeditor: Renato Figueiredo

Repórteres: Bruno Godinho, Fernanda Carreira, Halley Rodrigues, Iraê Costa, Marcela Ferraciú, Natacha Scarpa, Patrícia Diotto, Paula Furlan, Roberto Aló Filho, Sandra Netto e Thaís Rozo.

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Foto: Roberto Aló Filho

DisfunçãoErétil

Por que a peteca cai? ROBERTO ALÓ FILHO

A disfunção erétil é um problema que atinge homens de todas as idades. A dificuldade em manter a ereção do pênis dificulta a realização do ato sexual. O problema é considerado um tabu e ocorre com cerca de 40% dos homens entre 40 e 70 anos de vida. O médico urologista Elói Guilherme Provincialli Moccellin explica causas e tratamentos para a doença. TRANSE! — O que é a disfunção erétil? Elói Moccellin — É a dificuldade de manter a ereção do pênis na relação sexual, considerada uma disfunção sexual. A partir de que idade pode ocorrer? Não há uma idade exata. Pode ocorrer desde pacientes jovens de 20, 25 anos, até um de 90. Logicamente que quanto mais novo o paciente mais difícil a ocorrência dos casos.

As causas da disfunção erétil podem ser psicológicas ou orgânicas

los. Existe também injeção de prostaglandina que o paciente aplica diretamente no pênis e consegue obter uma ereção imediata e, como último recurso, a prótese peniana. Por quanto tempo o medicamento age sobre o pênis? Esses medicamentos vieram promover uma revolução no tratamento da disfunção erétil. O paciente toma uma hora antes da relação e obtém resultado eficaz. Existem drogas em que o efeito é mantido por seis até 36 horas. E há poucos casos de efeitos adversos.

Existe algum tratamento natural, com 50% dos que tem alimentação diferenmais de 70 anos ciada? possuem algum Manter o equilíbrio alimentar, praticar atividaproblema de de física para que haja Quais os tratamentos preconizados? disfunção erétil diminuição dos níveis de Atualmente, o tratamento ficou bem facilitacolesterol, de glicemia, do pela indicação de medicamentos utilizados ou seja, melhorar a quapor via oral, como o Viagra, o Levitra ou o Cialis, os mais conhecidos. São remédios que têm restri- lidade de vida do paciente. Isso porque o ato sexual ções. Não são todos os pacientes que podem tomá- é uma atividade física que exige um mínimo de condiComo ela se manifesta? Antes ou durante a relação sexual, o paciente terá uma perda da ereção peniana. As causas podem ser psicológicas ou orgânicas: pacientes obesos, diabéticos ou hipertensos.

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cionamento. Portanto, você tem como tratar o problema sem o uso de medicamentos.

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per uma veia é muito grande. Não é recomendável nenhum desses métodos de aumento peniano.

A causa também pode ser psicológica? Mas o tamanho do pênis não é uma preoSim. Todo o paciente que possui a disfunção tem cupação para homens e mulheres? um fator psicogênico associado a ela. Problemas faO pênis não precisa ser grande para proporcionar miliares, financeiros, a perda de um ente querido, uma prazer à mulher. O canal vaginal, por sua palavra mal colocada pela parceira, excesso de ex- distensibilidade, aceita membros maiores, porém a pectativa para ter a relação sexual podem desenca- sensibilidade está entre cinco e oito centímetros no dear a doença. Se uma pessoa possuía a ereção e início deste canal. Se o pênis for muito grande pode nos últimos três meaté tocar o colo do útero, causando um ses passa a não têdesconforto em vez do prazer. Pesquisa la, obviamente que ficom mulheres americanas mostram que Em uma relação aberta, cará chateado e acarelas se importam mais com a espessura a mulher pode retará no aumento do do que com o tamanho e também não há problema. tratamento que aumente a grossura do influenciar na decisão pênis. do marido Se nenhum traprocurar o médico tamento for efetiGeralmente o homem procura o vo, qual a solução? médico por conta própria ou ele é A solução definitiincentivado pela mulher? va é a cirurgia para a colocação da prótese peniana. Por ser um assunto delicado, o homem procura mais. Em uma relação aberta, onde há muita converO quanto a disfunção erétil atrapalha na sa entre o casal, a mulher pode influenciar na decisão do marido procurar o médico. hora de uma transa? Muito. Hoje a mulher cobra pelo desempenho do homem e o sexo mal realizado pode servir de motivaSem citar nomes, o senhor poderia contar ção para que haja a separação dos casais, pois o algum caso pitoresco de pacientes com esse relacionamento pode ficar fragilizado porque o sexo problema? é importante. Há também os casos que, com o trataTem um casal de 80 anos de idade... Ela vem ao mento, o médico acaba salvando casamentos. consultório com ele toda maquiada, bonita, e ela quer que eu receite Viagra de qualquer maneira. Ele fica com vergonha e ela não. É uma mulher superativa, Existe uma estatística de casos? O problema atinge 2% dos homens abaixo dos 25 com 80 anos de idade! Ele toma a medicação e eles anos; até 40 anos, 40%; entre 40 e 70 anos também têm vida sexual ativa com essa idade. chega a 40% de casos; e acima de 70 anos 50% possuem algum problema de disfunção erétil. Quais as suas recomendações para pacientes com esse problema? Vida saudável, procurar o urologista quando tiver Os tratamentos oferecidos por sites que prometem aumento peniano e prolongamento alguma dificuldade ou dúvida e ter qualidade de vida. O sexo vai bem quando tudo está bem no que tange à da ereção funcionam? O Conselho Federal de Medicina proíbe qualquer saúde física e mental. tipo de tratamento que vise aumentar o tamanho do pênis, a não ser em centros acadêmicos. Não existe no mundo um método de aumento peniano que seja realmente eficaz. Quais os riscos desses tratamentos? As consequências são bem perigosas, por exemplo as bombas de sucção vão melhorar a ereção porque melhoram o fluxo de sangue dentro do pênis, mas elas não aumentam o tamanho e o risco de rom-

FICHA TÉCNICA Elói Guilherme Provincialli Moccellin é médico urologista formado na Unilus. É assistente da equipe de Urologia da Santa Casa de Santos e professor assistente da disciplina de Urologia na Unimes.

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Fetichismo Esta é a primeira imagem criada pela cabeça de quem ouve a palavra fetiche, mas isso é só uma pequena parte do que o discreto e amplo mundo das fantasias sexuais tem a oferecer PAULA FURLAN

A

palavra fetiche vem do francês, significa originalmente “feitiço”, e se refere à devo ção, paixão e, até mesmo, obsessão por algo. Os objetos de desejo por parte do fetichista variam da mais delicada parte do corpo humano ao mais inusitado objeto ou ação do cotidiano. Os fetiches mais populares no Brasil são a podolatria (ver box), a adoração de pés, especialmente femininos, e a efebofilia — desejo por adolescentes, principalmente as chamadas ninfetas. — O mercado brasileiro ainda é conservador em relação ao fetichismo, apesar de termos uma imagem ligada à sexualidade livre — diz o responsável pelo departamento de marketing e divulgação da empresa MFX Vídeo, Rafael

Almeida. Segundo ele, apesar do conservadorismo aparente o mercado americano é muito mais ávido pelo consumo de filmes de fetiche, como escatologia e sadomasoquismo pesado, os chamados hardcore (ver glossário). Para a psicologia, o fetichismo é uma parafilia, um tipo de comportamento sexual em que a principal fonte de prazer não é resultado da cópula, mas de outra atividade — o fetiche —, diz a psicóloga e sexóloga Isabel Gonzalez. — Algumas parafilias são inofensivas, mas às vezes afetam o desejo sexual normal da pessoa e se tornam uma disfunção, que precisa ser clinicamente tratada. Isso porque o paciente não consegue sentir desejo sexual pela cópula, apenas por seu objeto de afeição, o que dificulta o relacionamento afetivo da pessoa — diz a sexóloga. Sexo oral, sexo anal e homossexualidade eram considerados desvios da sexualidade no passado. Portanto, as mudanças sociais também causam a mudança dos conceitos sexuais. O consumidor de filmes de fetiche, Miguel Angel Lopez Linar, de 35 anos, diz que assistir a seus filmes preferidos é como combustível para

Foto: Reprodução

Dominação e humilhação fazem parte do mundo dos fetiches

sua vida sexual. Casado, Linar gosta de filmes de lesbianismo e conta que adoraria ver a mulher transando com outra, mas nunca teve coragem de pedir isso a ela: — Tenho vontade de ver a minha mulher com outra, mas há muito preconceito sobre isso. Tenho medo de acabar com meu casamento por causa do meu desejo particular. Me contento então em assistir filmes e usar a imaginação. Isabel Gonzalez diz que essa atitude é comum entre os fetichistas passivos, que assistem filmes, mas não têm coragem de praticá-los: — Isso é mais comum entre os homens. Apesar de as mulheres serem mais reprimidas sexualmente, as fetichistas costumam ser mais praticantes que os homens. A ex-atriz e fetichista assumida Jade (nome fictício) também é casada. A sua vida de profissional de filmes adultos ainda é um segredo para o marido e a família. Para ela, isso não é um problema: — Eu respeito minha família e sei que o meu marido não aceitaria isso, mas isso é parte de mim — afirma ela que é casada, há sete anos, e atuou em filmes de fetiche por quatro. Três deles após o matrimônio. Parou de atuar com o

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nascimento do primeiro filho. O cipriota Hasan Harper, de 34 anos, gosta de filmes de tortura e dominação, teve de enfrentar poucas e não tão boas para receber os objetos de seu prazer — os filmes de fetiche. Harper mora na parte turca do Chipre, que sofre intervenção da parte grega, maioria no país e unanimidade no governo. — Política atrapalha até mesmo o prazer das pessoas, é incrível! Já tive muitas entregas extraviadas ou entregues em outro lugar, no correio central da cidade. O bom é que os filmes são embalados sem capas, de forma discreta, como se fossem programas de computador. Mas o pior episódio aconteceu quando entregaram meu filme a um senhor que esperava uma encomenda vinda da Inglaterra, de seu filho. Quando fui ao correio destrocar os pacotes admito ter ficado um pouco encabulado, mas acabei rindo da história, não sei se ele viu. Talvez tenha aproveitado um pouco também — lembra. Harper é solteiro e diz que, apesar de gostar de ver os filmes, jamais teria coragem de fazer as mesmas coisas com uma mulher. Mas há quem consiga ver, praticar seus fetiches e, até mesmo, ganhar dinheiro com eles. É o caso do produtor de filmes Marco Fiorito, de 41 anos. Podólatra assumido, ele muitas vezes protagoniza os filmes de sua produtora e chegou a se casar com uma de suas atrizes, com quem teve uma filha. Apesar de já divorciado, Fiorito diz que a maior parte dos seus relacionamentos acontece com meninas que atuam nos filmes: — Não adianta eu ser hipócrita, viver fingindo e arrumar uma menina que não gosta das mesmas coisas que eu. Temos de viver da melhor forma para o nosso prazer. A gente nasce para ser feliz e não para fingir. Atuar, nem nos filmes eu faço isso. Tudo o que faço é porque quero e tenho vontade. Em todo o mundo, os fetiches mais populares são os praticados com pessoas obesas, anões, lésbicas; há também a podolatria e a escatologia. A verdade, porém, é que qualquer objeto e tipo de pessoa podem despertar o fetiche alheio.

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Fetichismo

Glossário

Asslicking – O termo em inglês é autoexplicativo, nesse fetiche uma pessoa lambe o ânus da outra. Nos filmes é mais praticado por lésbicas. Podolatria – Adoração de pés. Trample – Desejo de pisar ou ser pisado por outra pessoa. Belly punching – Bater na barriga de outra pessoa ou apanhar, especialmente com socos na boca do estômago. Lesbian – Sexo lésbico. Scat ou escatologia — Atração por dejetos, como urina, fezes, vômito ou flatulência, que podem ou não ser usados no ato sexual. Facesitting – É quando uma pessoa senta no rosto da outra, ora sufocando, ora se masturbando com a face do outro. Fetiche por balões – Neste caso, a masturbação e excitação sexual acontecem com o toque em balões de látex, que principalmente servem para a masturbação de mulheres. Luta — Entre mulheres que, geralmente, estão besuntadas em óleo. Crushing – Esmagamento de frutas, objetos e até pequenos animais, como baratas, ratos e escorpiões. Zoofilia – Sexo com animais. BDSM – Sigla para bondagem, dominação e sadomasoquismo é o fetiche que “dá cara” aos fetiches, com dominação e humilhação que vão desde amarrar e algemar o dominado, até bater nele com chicote.

Tortura – O prazer consiste em torturar ou ser torturado com pontas de cigarro, espetos ou artifícios que causem dor. Ballbusting – Nesta fantasia, os testículos de um homem são espremidos, apertados, amarrados e torturados. Efebofilia – Desejo por adolescentes, síndrome de Lolita. Ninfeta – Adolescente libidinosa. Necrofilia/Clorofórmio — Desejo sexual por pessoas mortas ou desacordadas, geralmente com clorofórmio. Hardcore — Filmes pesados, geralmente com dominação forte e fetiches mais agressivos. Softcore — Filmes de fetiche com uma conotação mais romântica e fetiches mais leves. Plexo solar —Área do abdômen localizada pouco abaixo do começo do estômago. Daisy chain — Várias mulheres ligadas fazendo sexo oral umas nas outras. Chave-de-perna — “Golpe” em que uma pessoa prende a outra, geralmente seu pescoço, com as pernas, muito visto em filmes de facesitting. Tribadismo ou frottage — Posição de sexo lésbico em que as suas mulheres friccionam seus genitais. O termo frottage significa “esfregar” em francês. Voyeurismo — O tesão do voyeur é apenas ver o ato sexual de outras pessoas sem ser visto. A palavra francesa voyeur significa “aquele que vê”.

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Marquês de Sade

O homem que deu a cara a tapa “Durante 120 dias, 44 pessoas se entregarão aos mais secretos – ou nem tanto – deleites de quatro libertinos. Esqueça seus pudores, seus medos, seus questionamentos morais. Aqui não há lugar para eles.” É com essa frase que começa um dos livros mais polêmicos da história da literatura, 120 Dias de Sodoma. No livro, 48 personagens passam quatro meses enclausurados no ermo castelo Silling, e praticam as mais diversas e devassas orgias. A obra tornou populares os termos sadismo e sadomasoquismo e também aprofundou a discussão sobre a sexualidade e suas nuances. A associação ao fetichismo é imediata, mas a ori-

gem dos dois termos é do nobre francês Donatien-Alphonse-François de Sade, mais conhecido pela alcunha de Marquês de Sade. As obras pornográficas e libertinas do autor o transformaram mais tarde em gênio, considerado um homem à frente de seu tempo. Apesar disso, Sade não praticara aquilo que escreveu, mas os mitos em relação à sua vida e comportamento eram muitos, como o de que teria passado seus últimos dias encarcerado, escrevendo com sangue e com as próprias fezes para substituir a pena que havia sido tirada dele, como mostra o filme Contos Proibidos do Marquês de Sade, de 2000. O escritor morreu em um manicômio, obeso, ao lado de sua mulher, mas também de uma amante. Fonte: Revista Aventuras na História Online

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Na cama e de

, por favor!

TRANSE! ouviu os leitores para saber onde, como e com o que o sexo é melhor. Veja o resultado F ERNANDA C ARREIRA

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cana” foi o preferido entre os mais sensuais. Quanto à melhor posição, “de quatro” ganha, com 34% das preferências, seguida de “mulher por cima” e “mulher sentada por cima”, deixando o tradicional “papai e mamãe” em quarto lugar. As posições “mais diferentes” ficaram em minoria. Portanto, o Kama Sutra que me desculpe, mas as old-fashioned ainda são as queridinhas. Confira o ranking:

Foto: Reprodução

ransar “no quarto, em cima da cama”, como já dizia a música de Leandro e Leo nardo, ainda é a preferência. Em pesquisa realizada com estudantes entre 17 e 45 anos, a Revista TRANSE! descobriu que, ao menos em termos de lugar, sexo à moda antiga ainda agrada a maioria. Aliás, as músicas românticas também são as preferidas do público. E o filme “Beleza Ameri-

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P o s iç õ e s : % De quatro - 34 a - 20% m ci Mulher por por cima a Mulher sentad 16% e - 12% Papai e mamã 6% Doggy Style % De ladinho - 4 o - 2% d a ss Frango a ndo - 2% Macaco canta a pata queCavalo com brada - 2% Gangorra - 2%

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Estilo de m úsica: Românticas - 24% R&B - 20% Rock - 16% Heavy Meta l - 10% Pop - 10% MPB - 6% Música Ele trônica - 6% Soul - 4% Blues - 2% Silêncio - 2 %

Lugares:

Filmes: % ericana - 24 Beleza Am os d a h em fec De olhos b - 20% ginal - 18% Pecado Ori mith - 16% Sr. e Sra. S % Closer - 10 - 4% o in rt O Libe tenções - 2% Segundas In % lvagens - 2 Garotas Se as d yon (Rua Lauren Can - 2% Tentações) cólera - 2% e d Um copo

No quarto/ca ma - 50% No motel - 1 6% No carro - 8% No chuveiro - 8% Na praia - 6% Em lugares p roibidos - 4% Na casa dos outros - 2% Na cozinha 2% No escritório - 2% Onde der von tade - 2%

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Eles X Elas

Tá esquentand A delícias das preliminares - para ele e para

PATRÍCIA DIOTTO

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uz baixa, música suave. Induzidos por um olhar provocante, os lábios se encontram, dividindo o mesmo gole de champanhe. Aos poucos, os trajes sensuais são despidos, peça a peça, revelando uma sexy lingerie rendada. Dos beijos e carícias, inicia-se uma massagem por todo o corpo dela, que acaba lambuzado de chantili. É bem possível que a leitora tenha se empolgado com a ideia, pensando que as coisas poderiam acontecer sempre assim. Já os homens, provavelmente se entediaram antes mesmo de chegar ao final do parágrafo. Já se tornou senso comum a ideia de que preliminar é coisa de mulheres, e que os homens gostam mesmo é de ir logo ao que interessa. Mas aceitar essa diferença seria o mesmo que encarar o ato sexual como algo que, em princípio, não poderia dar certo entre pessoas do sexo

oposto — o que, não é verdade, obviamente. Mas, é fato que esse descompasso entre os parceiros existe, e os que pretendem intensificar tanto próprio prazer quanto o do outro, não devem ignorar a situação. No início de um relacionamento, os homens se mostram mais dispostos a caprichar nas preliminares, mas, em geral, eles não costumam ter paciência para tanta cerimônia. Com o passar do tempo, elas reclamam que eles são muito apressados, e eles, que as mulheres não têm mais desejo — e a briga está feita. A estudante de publicidade Jéssica Gomes Maidla, 20 anos, tem suas reclamações sobre o assunto: — Muitas vezes rola um pouco de egoísmo da parte deles, e acho que a maioria dos homens deixa muito a desejar — diz, e continua: — As preliminares são importantes porque demoramos mais pra ficar excitadas. Uma rapidinha de vez em quando, tudo bem, mas sempre, não dá!

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do! ela

Seja criativa e ele muda a opinião sobre as preliminares

Elas se empolgam mais com as preliminares

A culpa não é só deles Ao contrário do que elas dizem, não se trata simplesmente de egoísmo, como explica a psicóloga e terapeuta sexual Aparecida Favoreto: — É uma questão cultural. Fisicamente, não existe nenhuma diferença entre o corpo masculino e o feminino que seja responsável por uma diferença no tempo necessário para excitação. O que acontece é que os homens crescem com a obrigação de ser viris, e por isso, são estimulados o tempo todo, através de propagandas com mulheres seminuas ou pelos próprios amigos, que sempre tocam no assunto, mandam emails com fotos pornográficas, etc. Já as mulheres são educadas para serem reservadas, mas atrair o sexo oposto, pensando apenas no prazer dele. Segundo Aparecida, o comportamento feminino faz o papel das preliminares masculinas. — Ao usar uma roupa decotada, uma saia,

perfume e tantos outros recursos, a mulher estimula sexualmente os homens. O uso de maquiagem é um ótimo exemplo deste comportamento: quando a mulher está excitada, suas bochechas ficam rosadas, e isto é simulado com o blush. Os olhos brilham, e o rímel e as sombras fazem esse papel. Já o batom faz alusão ao próprio órgão sexual feminino, que quando se prepara para o sexo, fica volumoso e mais avermelhado. Com tantos recursos, os homens encontram a parceira já prontos para o ataque, enquanto as mulheres só vão pensar nisso na hora H. Assim, fica fácil de entender a pressa deles — e a demora delas. Mas o caso tem solução. Dicas quentes Como o problema nada tem a ver com diferenças na natureza dos corpos, a boa notícia é que eles podem, sim, gostar mais de preliminares, e elas, podem descobrir como se empolgar mais facilmente, de forma que, na hora da transa, ambos estejam mais ou menos na mesma condição. Afinal, preliminar é todo o erotismo que precede o ato sexual, e pode acontecer independente dele. E não precisa dançar can-can ou se vestir de mecânico. Práticas simples e divertidas, como as dicas a seguir, propostas pela terapeuta sexual, podem ajudar muito. Com elas, até a rapidinha vai ficar melhor! Divirtam-se!

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Eles X Elas - Cotidiano: A principal dica para as mulheres é valorizar o prazer fora da cama. Elas devem pensar mais em sexo no dia a dia, como fazem os homens. Vale ler contos eróticos no trabalho, assistir a um filme quente sozinha e, principalmente, se masturbar. O parceiro pode ajudar, mandando mensagens provocantes no meio do dia, ou deixando uma lingerie nova em lugar estratégico. - Beijo: Este é um dos maiores estimulantes femininos, e ajuda a criar intimidade entre o casal. Portanto, beijem-se muito! Não só nas preliminares, mas em qualquer hora e local. O olho no olho também é essencial. - Desligando: Quando rolar um clima de sedução, não pense em mais nada! Se surgir na cabeça alguma interferência perturbadora, como a imagem sebosa e gorda de seu chefe urrando pelo relatório atrasado, jogue-a fora imediatamente, e imagine algo excitante. Pode ser sua posição preferida, uma fantasia proibida, uma parte do corpo que ainda não está à mostra...

- Self-service: A mulher pode chegar um pouquinho mais cedo e, com a ajuda de um gel próprio, massagear o clitóris, enquanto espera o parceiro aparecer. Só não pode ser muito antes, se não, quando chegar, ele não será mais necessário! - Auxílio: Ao invés de tirar a calcinha, puxe-a para cima. A pressão do tecido sobre o clitóris pode fazer maravilhas. - Molhados: Chame seu amor para tomar banho com você. A ideia é muito sugestiva, mas a intenção é mesmo o banho: um deve ensaboar o outro, sem deixar nenhum centímetro do corpo alheio de fora. Atenção especial à parte interna da coxa, nuca e às costelas e abaixo das nádegas. O homem também pode receber uma aula prática sobre a função real do chuveirinho... - Pi nic na cama: Leve uma bandeja para o quarto com várias opções de alimentos que podem ser comidos com as mãos, como morango, cereja, chocolate, e o que mais a imaginaFoto: Reprodução

O parceiro pode deixar uma lingerie nova em lugares estratégicos

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mas quem não é? O importante é o conjunto. Se o beijo é bom, vale a pena ignorar certas coisas — diz a terapeuta, que ainda explica que isso acontece ainda hoje devido às antigas repressões do passado: — Nossa cultura ainda supervaloriza a sexualidade masculina em detrimento da feminina, e por isso, as mulheres vivem um momento de confusão. Racionalmente, elas entendem que são livres e que os preconceitos sexuais estão ultrapassados. Mas não foi isso o que elas aprenderam desde criança, com os exemplos dos contos de fadas e desenhos infantis, que exploram esse modelo do final feliz. A dica para elas é entender que não existe um homem perfeito que vá adivinhar todos os seus desenhos (inclusive sexuais), e que é preciso Eles podem gostar sim de preliminares prestar atenção nos sinais emitidos pelo próprio e elas podem se empolgar mais rápido corpo, tentando transmiti-los ao parceiro. Outra ção permitir. Um deve colocar a comida na boca dica é evitar transferir para o sexo os problemas do outro, e observar as reações do parceiro, sem de outras ordens. dizer nenhuma palavra. Neste exercício, a língua — As mulheres são muito cruéis. Se estão deve ser usada para tudo, menos para falar! bravas com o parceiro por qualquer motivo como por ele ter ido jogar futebol com os ami- Massagem reveladora: Completamente nus, gos ao invés de acompanhá-la nas compras - à se revezem em uma masnoite, elas logo inventam sagem corporal, com a que estão com dor de ajuda de um óleo bem cabeça e, como punição, No começo, eles se mostram cheiroso. As regiões transam. Mas as mais dispostos a caprichar nas não erógenas não devem ser mulheres precisam enpreliminares, mas, em geral, tocadas, mas todo o restender que sexo e amor to deve ser explorado ao são coisas diferentes, e eles não costumam ter máximo! Com certeza, os paciência para tanta cerimônia que não é assim que se homens vão perceber que resolvem os problemas o corpo feminino não se do relacionamento, e resume aos seios, nádenem o contrário. gas e vulva, e vão descobrir pontos de excitaMárcia reforça que este é um exemplo de ção no próprio corpo que nem imaginavam existir! como as mulheres têm atitudes machistas, pois presume que o sexo só é prazeroso para eles, O machismo feminino e que elas o fazem como um prêmio para o parceiro. A terapeuta sexual Márcia Atik acredita que Para os homens, a dica é compreender a dium dos grandes problemas específicos das ficuldade das mulheres em demonstrar o que mulheres é que elas costumam se decepcionar desejam, e prestar mais atenção aos sinais que por sempre criarem a expectativa do relaciona- emitem. A terapeuta acredita que os homens mento perfeito. estejam mais preparados para a liberdade sexu— Não existe sapo ou príncipe. Às vezes, o al do que as mulheres, e devem ajudá-las a homem erra mesmo, é grosso e desatencioso, “desencanar”.

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A questão biológica não é desculpa! HALLEY RODRIGUES 70 ou 700: essa proporção existe, ainda mais quando falamos de sexo oral. Quem não gosta da prática reclama do tempo que o parceiro leva para ficar excitado. Dúvidas pequenas ganham grande dimensão. Mas você sabia que o tempo para ficar aceso é uma questão física? O homem precisa de 70 ml de sangue no pênis, enquanto a mulher precisa de 10 vezes mais, 700 ml. Essa diferença pode acarretar em diversas formas de prazer. O homem, que tem paciência, pode proporcionar a sua parceira momentos incríveis. E, neste caso, tempo e estímulo são fundamentais. Os namorados Anderson e Monique acreditam que o sexo oral é um ótimo aquecimento e dizem que a preparação é fundamental para que tudo ocorra bem. — Às vezes não há tempo para o sexo oral e a

A mulher precisa de 10 vezes mais ml de sangue para ficar excitada

relação toma outro caminho, a rapidinha, menos agradável. A questão de só fazer ou receber é frequente no sexo oral. Experiências mal-sucedidas, nojo ou ainda pensamentos negativos quanto ao ato podem desenvolver o repúdio a esta prática. O vigilante Renato Gonçalves de Azevedo, de 38 anos, conta que sua primeira namorada não lhe fazia sexo oral: — Ela era cinco anos mais velha e me dizia que a sua primeira vez não foi nada boa e por isso traumatizou. O sexo oral pode ser feito de uma forma divertida e sempre diferente. Para quem está cansado da monotonia dos “finalmente”, um bom sexo oral pode ser a novidade que faltava! Foto: Reprodução

Surpreenda: o sexo oral pode ser bem melhor

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Rapidinha

Velozes e Gostosas Foto: Reprodução

Excitação, carinho, tensão, desejo. A sensação prazerosa do sexo vinculado à emoção de uma rapidinha causa atração por parte das pessoas BRUNO GODINHO

— No estacionamento de uma boate. Altas horas da madrugada e a vontade a mil. Não conseguimos esperar e transamos no meio dos carros. Assim o jornalista Pablo Fernandes conta como foi sua primeira rapidinha. Depois disso, ele diz que já teve outras experiências dentro de carros e em casas onde estavam outras pessoas, entre outros lugares. Fernandes escreve para o site “Papodehomem” (www.papodehomem.com.br) e publicou recentemente um artigo dando dicas de como se deve fazer para conseguir ter sexo gostoso numa rapidinha. De forma descontraída, ele aborda o tema e passa ao leitor o que acredita ser as dez principais dicas. — A ideia de escrever sobre este assunto surgiu em uma conversa informal com Guilherme Valadares (criador do site). Contei para ele minha vontade de abordar isto de uma forma diferente e arrojada. Ele topou na hora. No artigo, ele descreve de que forma o homem tem que tratar sua parceira para que ela também chegue ao orgasmo. — Se o homem souber fazer bem, ele vai dar mais prazer para a mulher do que a ele mesmo. É preciso que ele a deixe excitada e querendo fazer. Nós sabemos que a mulher demora mais para se excitar. A parceira precisa ser entendida nesse momento. Gestos, gemidos e movimen-

Na rapidinha, as preliminares são curtas, favorecendo a penetração

tos são formas de o homem fazer o que precisa para agradar mais. Fernandes diz que a rapidinha tem inúmeras particularidades que a diferenciam do sexo convencional. — Uma transa normal é bem diferente de uma rapidinha. As preliminares são mais longas, existe uma grande troca de beijos e carinhos. Muitos preferem locais confortáveis e espaçosos, usando todo o espaço que tem e, normalmente, não ficam numa só. No caso da rapidinha, é algo bem diferente, porque em pouco tempo consegue-se o prazer de uma transa inteira, só diminuindo o tempo de cada momento. As preliminares são bem mais curtas, favorecendo mais a penetração. E os lugares podem ser os mais loucos possíveis.

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No elevador: quanto mais ansiedade e medo, mais adrenalina

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pode ter. Muitos consideram a rapidinha algo feito por pessoas desconhecidas em época de Carnaval, micaretas, etc. Talvez a desinformação e o não-entendimento sejam os maiores tabus a serem quebrados. A vendedora F., 35 anos, solteira, fala sobre o que sente quando pratica uma rapidinha. — Geralmente isto acontece em lugares inusitados. Quando estou transando e sinto que a qualquer momento posso ser flagrada, fico ainda mais excitada. Essa tensão, transmitida pelo medo de alguém te ver, ajuda ainda mais na excitação. Parece que o corpo fica ainda mais gostoso no contato com o parceiro. Ela também revela os lugares onde se sente mais atraída para praticar uma rapidinha. — É claro que, às vezes, uma rapidinha pode ser simplesmente em casa, dentro do quarto, sem nada de diferente. Porém, para mim, o ideal é quando acontece dentro de uma piscina. A psicóloga Carolina Peixoto Borges explica o motivo pelo qual as rapidinhas transmitem sensações diferentes ao corpo. — Tudo que traz ansiedade e medo libera mais adrenalina. Com isso, o corpo fica mais excitado e a transa se torna mais gostosa. Na verdade, o ato sexual é, naturalmente, relaxante e sendo num local “proibido”, melhor ainda. É sempre importante destacar que, mesmo o ato sexual não sendo programado, no caso de uma rapidinha o uso do preservativo é indispensável. Não se pode cair no erro de deixar o prazer falar mais alto e acabar se envolvendo numa situação que possa trazer maiores consequências.

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O assunto não é muito debatido. O sexo feito de maneira rápida, embora seja tratado como uma forma muito prazerosa, também acende outras discussões. Normalmente, a rapidinha é feita em locais diferentes justamente porque não é programada. Sendo assim, em qualquer hora e lugar em que a oportunidade aparece, o ato é consumado. No entanto, nem sempre a rapidinha é feita entre duas pessoas que tenham alguma relação. Por essa razão é que, de alguma forma, ela ainda pode ser considerada um tabu. — Há muita gente que olha com outros olhos quando você fala sobre esse tema. Acredito que por não entenderem bem o sentido que isso

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A mulher demora mais para se excitar, por isso deve ser entendida numa rapidinha

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Bem-estar

O sexo transforma o desempenho físico e psíquico de seus praticantes - para melhor!

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Faça amor. Pela sua saúde

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Se você acha que esse papo todo de que sexo faz bem para a saúde é balela, confira o que dizem os especialistas ouvidos pela TRANSE! THAIS ROZO

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exo é bom e quase todo mundo gosta. Quem não gosta, deve começar a rever seus conceitos. Afinal, além do prazer, o sexo proporciona muita saúde e benefícios para o corpo e a mente. De acordo com a terapeuta sexual Marcela Lira, o sexo é uma atividade poderosíssima para recarregar as energias e deixa a pessoa cheia de disposição. — Quando é uma fonte de prazer, o sexo realmente faz bem para a saúde. Porque ele traz oxigênio ao organismo, que por sua vez vai ficar mais nutrido e se apresentar em melhores condições — diz a terapeuta. A prática sexual provoca liberação de endorfina, substância ligada à sensação de bemestar, que causa a aceleração dos sistemas respiratório e circulatório, estimulando a atividade cerebral e aumentando a auto-estima. São tantos os benefícios que, além dos psicólogos, os médicos também passaram a recomendar a prática sexual — embora as relações não sejam remédio, nem tratamento propriamente dito. — Assim, está garantido que não há contraindicações ou efeitos colaterais. Nem é preciso usar com moderação — garante Marcela. Assim como alimentação saudável e exercícios regulares, a atividade sexual regular alivia o estresse, ajuda no combate à depressão, revitaliza o corpo, estimula a mente e ainda é um excelente exercício aeróbico. Não é a toa que o sexo transforma — felizmente para melhor — o desempenho físico e psíquico de seus praticantes. Ele modifica toda a química do corpo. Entre as diversas substâncias liberadas no ato sexual, está a endorfina. Essa proteína afeta mecanismos cerebrais que controlam o humor, a resistência ao estresse e à dor e,

Assim como a alimentação saudável, o sexo revitaliza o corpo

principalmente, as sensações de prazer. A musculatura é enrijecida, devido à contração de músculos como os do abdome, nádegas e pernas. Para as mulheres, vale ressaltar mais uma vantagem: ao melhorar a circulação sanguínea, o sexo ajuda a derrotar a celulite. Mais um ponto na lista de virtudes que o sexo proporciona. Ainda não acredita? Veja mais algumas virtudes do sexo para o corpo, mente e coração:

Bem-estar – O orgasmo libera no cérebro substâncias chamadas endorfinas, que nos deixam mais calmos e afastam o estresse. Além disso, ainda liberam substâncias analgésicas na corrente sanguínea, que ajudam a aliviar dores em geral. E ainda mantém ossos e musculaturas saudáveis e deixam a auto-estima lá em cima. Coração saudável – Um estudo da Universidade de Bristol, na Grã-Bretanha, garante que manter relações sexuais duas ou mais vezes por semana diminui pela metade os riscos de ataque cardíaco fulminante em homens, comparado com aqueles que fazem sexo menos de uma vez por mês, relata o médico cardiologista, José Antonio Martins. Vida longa – O clímax também é um grande auxiliar, aumentando a circulação sanguínea e fazendo com que o organismo consiga se livrar das toxinas. Isso, além de estimular o sistema

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Bem-estar imunológico e combater doenças.

Pele de bebê – Nada como um orgasmo para deixar a pele macia, sem rugas e os cabelos muito brilhantes. O médico José Antonio Martins explica que isso acontece graças ao aumento da produção de hormônios desencadeados pelo clímax.

Menos risco para o câncer de próstata – Ejaculações freqüentes, especialmente para os homens na faixa dos 20 anos, diminuem os riscos de desenvolver câncer de próstata no futuro. O mesmo benefício é alcançado com a masturbação. Nem

é preciso usar (sexo) com moderação

Lubrificação – As mulheres Boa noite de sono – A oxitocina, que passam hormônio liberado durante o orgaspela menopausa Nas mulheres, mo, ajuda a melhorar o sono. Além e mantêm reladisso, quem dorme melhor conseções sexuais ajuda a derrotar a celulite gue manter o peso e a pressão apresentam mesanguínea. nor atrofia do órgão genital. Sexo=Academia – Durante uma relação se- Em contrapartida, as mulheres que evitam o xual, todos os músculos do corpo são coloca- sexo sofrem mais com o incômodo da falta dos para trabalhar. Quem se esforça bastante de lubrificação e sentem mais dores durante a penetração. pode queimar até 300 calorias por hora.

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No sexo, podemos perder até 300 calorias!

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Afrodisíaco

Consumir ess

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ses alimentos com segundas intenções faz toda a diferença

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Muito além de um jantar... Alguns pratos prometem muito mais que uma noite romântica. E é aí que a transa acontece da melhor forma MARCELA F ERRACIÚ

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ara apimentar a relação e fazer as pa zes após uma discussão com o mari do, Cintia Pereira resolveu preparar uma noite especial. A secretária, de 33 anos, fez um jantar especial para ele e serviu em meio a um clima sensual, com iluminação à luz de velas e pétalas de rosa pelo chão. No cardápio, vinho e paella. Para a sobremesa, morango com chantilly. O termo afrodisíaco refere-se a Afrodite, deusa grega da beleza e do amor. E há quem diga que os eles só funcionam na mente dos apaixonados. É claro que consumir esses alimentos com segundas intenções faz a diferença, mas a nutricionista e blogueira, Jane Corona garante que as substâncias contidas em alguns alimentos realmente estimulam o corpo humano. No caso de Cintia, seja pelo efeito psicológico ou físico dos elementos que compunham o cardápio, o resultado correspondeu ao esperado. Cesar, seu marido, adorou a surpresa e os dois aproveitaram o clima e os alimentos especialmente preparados para garantir desempenho máximo na relação. Diversos alimentos são considerados afrodisíacos e a medicina comprova a eficá

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Afrodisíaco cia de alguns deles. Outros fazem parte apenas da cultura popular, mas isso não significa que eles não funcionem. Pelo lado científico, Jane explica que, assim como todos os metabolismos, o sexual também é influenciado pela alimentação. Além disso, muitos alimentos são responsáveis por estimular o desempenho físico e isso, é claro, influi na hora H. — Mais zinco, mais sexo — recomenda a nutricionista. Ela afirma que esta substância, encontrada nos frutos do mar, faz com que o iodo se eleve no sangue e o coração bata mais forte. No imaginário popular, um dos mais conhecidos alimentos afrodisíacos é o ovo de codorna. Isso, porque a codorna é um animal que copula diversas vezes em um curto espaço de tempo e a crença diz que o seu ovo pode transmitir o mesmo vigor sexual. Jane confirma que esse alimento é rico em proteínas e aminoácidos e, assim como o amendoim e os óleos contidos no salmão, no atum e nas anchovas, melhora a circulação nos órgãos sexuais. A pimenta, a noz-moscada e o gengibre também entram na lista. Seus compostos são Foto: Reprodução

Um jantar especial pode salvar uma relação e tirá-la da monotonia

Alimentos como a banana não funcionam fisiologicamente, mas se encaixam em fantasias

responsáveis por dilatar as artérias. E, é claro, não poderia faltar o desejado chocolate. Ele contém fenietilamina, que aumenta os níveis de dopamina, o hormônio do prazer. O mesmo processo acontece no corpo dos apaixonados. No quesito bebida, a catuaba e o guaraná estão no topo da lista. A explicação é o efeito energético desses líquidos. E mais energia melhora o desempenho de qualquer um. No final das contas, esses alimentos conhecidos como afrodisíacos realmente melhoram o desempenho físico, mas o efeito no desempenho sexual só acontece quando de fato há uma intenção. Existe uma lista enorme de afrodisíacos. Todos estimulam a liberação de substâncias neurotransmissoras e desencadeiam, assim, a produção de hormônios que causam reações no corpo humano. Alguns são mais exóticos, como o jambu, uma planta comum no Pará. Entretanto, a maioria pode ser encontrada em qualquer supermercado ou feira livre. Confira o vídeo no blog. Além disso, a criatividade do povo não deixa passar aqueles alimentos em relação aos quais, qualquer semelhança com a “coisa real” deixa de ser mera coincidência. Alimentos sugestivos, como o pepino, o aspargo e a banana; ou o figo e o morango (partidos) e as ostras não passam despercebidos pelos mais libidinosos. Nenhum deles funciona fisiologicamente, mas todos se encaixam em fantasias individuais.

www.revistatranse.blogspot.com

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Livro

O livro de Paulo Tadeu traz 100 questões sobre sexo que ajudam a estimular a relação SANDRA NETTO

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Falar de sexo não tem hora A

utor de 40 livros, o jornalista Paulo Ta deu, de 45 anos, não é propriamente um escritor conhecido. Mas seus livros em forma de caixinha, com perguntas, incluem alguns sucessos, como O que você faria?, Conversation Starter (com perguntas em inglês) e A Caixa Mágica de Perguntas para Crianças”. Desta vez, o tema é sexo. Por meio de sua editora, a Matrix, o paulistano Paulo Tadeu lançou em outubro Vamos falar de sexo? 100 perguntas para iniciar conversas picantes. A obra traz 100 questões que ajudam a estimular a relação. “Sexo é um assunto repleto de dúvidas e curiosidades”, afirma. “Muitas delas podem ser fonte de um melhor conhecimento e prazer entre os parceiros”. Entre as 100 perguntas, ele destaca “Qual é a celebridade com quem você faria sexo sem pensar duas vezes?”, “Alguém já lhe propôs pagamento para ter sexo com você?”, “Você já se machucou fazendo sexo?”. Por e-mail, Paulo Tadeu concedeu a seguinte entrevista para a TRANSE!

“Você alcança o orgasmo com sexo oral?”

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Porque você escolheu o sexo como tema do livro? É um tema que sempre gera muitos livros, além de filhos, claro.

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Livro

Você tem dúvidas sobre esse assunto? Olha, a minha dúvida é saber se certas mulheres estão realmente tendo orgasmos de verdade. Mas acho que a minha experiência está ajudando a reconhecer os alarmes falsos. Como elas aparecem para você? Falando sério, acho que as dúvidas que vão pintando na cabeça das pessoas vão sendo tiradas muito mais facilmente hoje. O ser humano nunca teve tanto acesso a informações sobre sexo, mas, por outro lado, nunca vivenciou o sexo de maneira tão supérflua. Não estou falando de maneira moralista. Só estou dizendo que ao mesmo tempo em que se pode saber mais sobre sexo, muita gente se preocupa com coisas às vezes banais, como performance na cama. Fora que muita gente acha que transar é o passo seguinte para encher a cara na balada. Parece que sem balada e sem álcool ou outro tipo de droga, transar não seria possível. Quando tem dúvidas, como faz para tirálas? Tirei dúvidas muitas vezes com amigos, com livros, na TV, enfim, onde a informação estivesse disponível. Fez análise? Análise é um ótimo lugar para a gente se conhecer. Quem se conhece melhor, sabe aproveitar mais o sexo. De forma geral, quais as maiores dúvidas que o senso comum tem sobre sexo? Acho que questões relativas ao desempenho na cama e tamanho do membro masculino ainda assustam os homens. No que consiste seu livro, quando diz que ele tem forma de caixinha? O livro vem com 100 cartas na caixinha. Em

cada carta existe uma pergunta, para a pessoa conversar com o parceiro. Ou então juntar uma roda de amigos e discutir o tema sexo. Acho que as folhas soltas — no caso, em formas de carta — facilitam a interação entre as pessoas, criam um clima mais solto, que o livro em seu formato tradicional não permite. No formato tradicional, parece que o livro é de uma pessoa só. Tem menos interatividade.

Qual tema, ou segmento, mereceu mais cartas? Acho que procurei explorar as diversas temáticas. Portanto, os assuntos são bem variados: posições prediletas, voyeurismo, idade dos parceiros, fetiches, qualidade, quantidade etc. Quando preparou as cartas como pensou o diálogo? Fiquei me imaginando ao lado de outras pessoas, pensando como seria a reação delas ao escutar determinada pergunta. É um bom exercício pensar em como os outros vão reagir. Quem pergunta para quem? Não existem regras. O homem pergunta para a mulher, ou o contrário. Se for um grupo, a pergunta pode ser para todos, inclusive quem pergunta pode responder. O objetivo é gerar con

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versa. Tanto é que as pessoas podem se dar o direito de não responder algo. Afinal, sexo também é respeito.

Qual a origem das cartas? Bom, tudo é invenção minha. Na verdade, já tenho outros livros nesse formato e também com perguntas, mas versando sobre outros assuntos. O tema sexo foi consequência do sucesso dos trabalhos anteriores. As cartas então são todas de sua autoria? Sim, todas as perguntas. Você consultou alguém sexólogo, por exemplo? Não, consultei apenas o meu bom senso e a minha experiência como autor. Alguém o auxiliou nesse trabalho? Eu, eu mesmo e eu. Fiquei dois dias pensando em vários assuntos relacionados ao sexo, como posições, tabus, preferências etc. Aí criava as perguntas.

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muitas discussões. Você se excita com filmes eróticos? A partir dela as pessoas podem até discutir que tipo de filme excita, qual cena, que ator ou atriz, e por aí vai.

A mais idiota? Não acho que tenha perguntas idiotas. Há alguma outra pergunta que você considera a “mais alguma coisa”? Esta pode provocar discussões acaloradas: “Você usaria um vibrador no seu parceiro, ou parceira?”.

Qual o público do livro? É para gente a partir dos 18 anos. Acho que, como falei, é para casais, mas pode ser também uma bela diversão para um grupo de amigos que se reúne num sábado para comer pizza, ou está na mesa de um bar. Falar de sexo não tem hora nem lugar. Siga o Paulo Tadeu no twitter em twitter.com/paulotadeu

Mais ninguém? Tive uma conversa com minha namorada e mais duas amigas dela, quando o texto estava pronto. A conversa foi bem legal e divertida. Consegui perceber que a ideia era boa e podia ser bem vendável.

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Qual pergunta você considera mais picante? Acho que várias perguntas são picantes, poderia destacar uma. “Você alcança orgasmo com sexo oral?”. A mais absurda? Não acho que tenha nada absurdo. Fiz um trabalho inteligente, com bom senso. Talvez alguma pergunta soe absurda para algumas pessoas. Mas, com certeza, seria gente que não compraria o livro. A mais inocente? É uma bem simples, mas que dá margem a

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“Sexo é um assunto repleto de dúvidas e curiosidades”

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Libere a imaginação e veja como o sexo virtual pode ser prazeroso

Cybersexo

Muito prazer com imaginação Sexo virtual pode ser muito mais que uma simples ilusão. E você pode gostar disso! NATACHA SCARPA

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abe aquele — ou aquela — modelo superatraente que você vê nas revistas? Que tal transar com ele numa praia deserta, ao entardecer, com um reggae de trilha sonora e sentindo a brisa do mar? Já imaginou um ménage com duas pessoas muito gostosas e que estão doidinhas por você? Ou então aquela ator ou atriz de filme pornô que tanto te excita? Agora, todas elas podem ser “devoradas” com apenas umas tecladas. O cyber sexo — o sexo virtual — é facilmente encontrado na Internet e facilitado por qualquer

programa que possibilite uma conversa em tempo real. No mundo virtual, o internauta pode realizar todas as suas fantasias, fazer tudo aquilo com o qual sonha, sem que haja vergonha, medo ou distância. A imaginação torna tudo possível. Douglas, de 24 anos, diz que no momento está solteiro. Para ele, o sexo virtual é prazeroso, pois nele é possível se entregar totalmente e passar horas e horas fazendo sem cansar e muito menos enjoar. — Você tem de colocar a imaginação para fluir. Eu curto uma webcam, mas só para mostrar o

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nossos personagens faziam sexo. Eu chegava a picos extraordinários de orgasmos. T., 30 anos, está namorando e também joga o Popmundo. Para ela, o mais interessante, além do jogo e do sexo virtual, é que lá não há preconceitos em relação à homossexualidade: — Sou lésbica assumida no jogo e nem por isso tive problemas com outros amigos. O pessoal te trata superbem e eu acabei encontrando outras meninas que também passaram a ser lésbicas ou bi. Para você ter uma ideia, comecei a namorar com uma menina daqui na vida real. As duas fizeram sexo muitas vezes pelo computador e agora podem fazer pessoalmente, também. Foto: Reprodução

meu pênis duro. O rosto eu não mostro. Tenho medo de que acabe caindo na Internet e meus familiares descubram — diz. O sexo virtual é um universo totalmente liberal. Você pode fazer com três, quatro, cinco... com quantos quiser. Só que é preciso ser esperto, para não acabar transmitindo informações pessoais que acabem sendo descobertas mais tarde. — Eu mesmo tenho namorado e, mesmo assim, não largo o cyber sexo — confessa Carla, de 20 anos. — Comecei a me interessar por sexo virtual quando uma amiga e eu começamos a dançar no estilo RPG (role playing game). Você fala o que vai fazer de acordo com o que a outra pessoa faz — explica J., 22 anos, solteiro. Ele diz gostar muito de fazer dessa maneira, porque imagina cada cena que a outra pessoa descreve, o que faz ficar tudo mais interessante. — Se não, fica uma coisa mecânica e perde o sentido. Segundo J., a imaginação é o ingrediente principal do sexo virtual, o que excita e apimenta o momento. — A gente pode fazer qualquer coisa. Com imaginação se vai longe — diz. No sexo virtual, J. considera as preliminares imprescindíveis. — Tem que ser uma coisa bem feita, gostosa, que te deixe muito excitado. Sexo oral é perfeito, você imaginando a garota fazer isso com você. Tem isso, a riqueza de detalhes. Depois, vem a hora do vamos ver. J. admite que já teve casos de “sexo selvagem, fazendo feito louco até chegar ao orgasmo”. — Também é bom abusar das posições e dos tipos. Imaginar um lugar também é legal, para fugir do quarto e da cama. Pâmela, de 27 anos, está noiva e começou a praticar o sexo virtual quando entrou para o mundo dos jogos online. — O jogo que me despertou esse lado foi o Popmundo, onde você tem uma banda e pode ter família. A partir daí, criei uma conta fake no Orkut e no MSN. Conheci muitas pessoas que usam fotos de famosos muito atraentes. Nós fazíamos festas em tópicos de comunidades ou em conversas de MSN. Aí sempre acabava indo para o matinho, o motel, a casa, o carro, e os

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Sexo pela internet deixou de ser coisa de nerd

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GLS

Do armário para a cama Confissões deles, que também tem uma primeira vez confusa... IRAÊ C OSTA

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primeiro beijo e a primeira transa nin guém esquece. É toda aquela expectati va para saber se será bom ou não. Ao mesmo tempo em que tudo parece excitante, as dúvidas surgem. E isso não se passa apenas com os heteros. O começo da sexualidade para jovens gays também é uma mistura de emoções confusas. Ainda mais para aqueles que são formados por uma família heteronormativa, que tem por regra respeitar os valores convencionais, prezando o papel do homem e da mulher na sociedade. Muitos adolescentes, apesar disso, estão quebrando a barreira interior e assumindo que sim, o sexo sempre faz toda a diferença no caminho da aceitação da sexualidade. A estudante de moda Aline Souza, de 21 anos, perdeu sua virgindade com uma amiga e conta que, para ela, foram “duas primeiras vezes”, já que fez como passiva e como ativa. Como ativa, foi com 16 anos, com uma mulher de 23. — Todos os dias ela ia buscar a irmã, minha amiga Luiza, no colégio. Sempre rolava aquela troca de olhares, mas eu fui mais ingênua, até um dia que ela deu carona para a irmã e para mim e deixou a Luiza antes, em casa e depois foi me deixar. Acabou que rolou aquele clima no carro e eu fui para o apartamento dela. Mas não foi nada além disso. Depois conversamos, pois ficou um clima chato, já que eu era amiga da irmã.

Como passiva, foi no ano passado, no Rio de Janeiro, com a minha ex-namorada Tifany, no quarto de um hotel em que estávamos. Foi muito mais do que eu esperava, porque era uma pessoa com quem eu estava, em quem eu tinha confiança, amor e tudo mais. Segundo Aline, a amizade das duas continua até hoje, tanto com a amiga como com a exnamorada. Ela conta que, apesar de ter perdido a virgindade com uma menina, já namorou meninos. — Já fiquei e namorei, sim, com garotos. Mas nunca tive coragem nem vontade de ir além de

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A primeira vez deles também não é nada fácil

beijos. Sempre curti gurias, tanto que a primeira eu beijei quando tinha de 12 para 13 anos. Já para a publicitária e designer freelancer Cristine Fontanarin, de 28 anos, dona do site feminino Lesbo World, a primeira vez foi tensa. Ela conta que as duas estavam nervosas e não tinham muita experiência. — De tão nervosas, nem sequer conversamos antes. Fomos direto para a cama. Não foi muito bom, mas também não foi ruim, se não eu não estaria com ela até hoje. Com o tempo, fomos conversando mais sobre sexo, sobre o que gostávamos e trocamos experiências. Agora, nos-

sa vida sexual é muito boa. A amizade entre duas amigas também pode levar ao sexo. Foi o que aconteceu com Beatriz Dias, 20 anos, e estudante de Comunicação. — A minha primeira vez aconteceu este mês, no feriado de Finados. Eu e a Angélica somos muito amigas, e eu realmente não pensei que fosse acontecer com ela. Até porque, com um ano e meio de amizade, já rolaram algumas trocas de olhares e indiretas, da minha parte, mas ela namora uma menina há dois anos! — diz Beatriz. Ela conta que todos os dias as duas se encontravam, pois eram vizinhas, mas desde

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GLS que se mudou em agosto, não via mais a outra menina. — Neste feriado de Finados resolvi ligar para ela e combinamos de dar uma volta na praia antes do almoço. Resolvi tocar neste assunto, que para mim estava superchato, pois eu não sabia o que ela sentia por mim. Ela confessou que sentia algo, mas que não podia fazer nada, pois namora. Resolvemos almoçar, cada uma foi para sua respectiva casa. Tomei banho e, quando estava terminando de almoçar, ela me liga dizendo que precisava falar comigo. Disse para ela vir em casa, já que minha mãe havia saído. Finalmente nós ficamos e perdi minha virgindade com ela. Para Beatriz, foi mais do que o esperado. — Eu já sentia amor por ela fazia um bom tempo. Em relação à amizade/amor que ela sente, não sei, pois desde então ela disse que precisava pensar e não nos encontramos desde então — explica. — Tudo começou com uma brincadeira entre a gente. Nicolas e eu estudamos no mesmo colégio e eu sempre desconfiei dele, apesar de ele sempre jurar de pés juntos que gostava de uma amiga nossa de classe. Ele sentia curiosidade pelas meninas e eu por ele, mas nunca contei nada — conta André Gonçalves, técnico em computação, de 25 anos. Um dia, ele foi fazer um trabalho de colégio na casa do amigo e os dois decidiram ver fotos de mulheres e homens nus. — Até aí, nada demais. Com 16 anos, que outra diversão se tem, já que você não namora ninguém? Mas vi que ele começou a se excitar vendo os homens, e resolvi jogar um desafio: ‘duvido que um dia você fique com algum homem’. Estava apostando todas as minhas esperanças naquele dia, mas não aconteceu nada — diz. Apenas no ano seguinte, no terceiro colegial, André beijou e transou com o amigo. — Minha primeira vez passivo não foi muito boa, apesar de ter sido com o melhor cara. Foi muito bom como comecei minha vida sexual. Depois daquele último ano de colégio, perdemos contato e nunca mais falei com ele. Até hoje não sou assumido e nem todos os meus amigos sabem de mim. Alguns deles vivem fazendo piadinhas sobre viado, bicha e não sei qual seria a reação deles se sou-

bessem. Por isso, prefiro manter as minhas amizades a contar para eles. — Minha primeira vez foi ótima — confessa Julliana Sant’Anna, formada em Educação Física. — Eu estava apenas ficando com a Soraya, que é cinco anos mais velha que eu. Antes, não tínhamos tanta afinidade assim, começamos a confiar uma na outra depois que ficamos mais íntimas. Com um mês de encontro, ela me pediu em namoro e namoramos por cinco meses. Julliana passou por tempos ruins ao assumir o relacionamento. — Resolvi assumir para minha família e ela começou a freqüentar minha casa. As primeiras vezes ainda eram difíceis, pois eu tinha muita vergonha de me entregar para alguém. Cheguei até a ficar com alguns meninos, e quando eu falava que não queria nada muito sério, a maioria deles se afastava de mim, pois só estavam interessados em sexo, é claro. Mas com a Soraya foi diferente, até porque mulher entende mulher. Julliana e Soraya começaram a se ver diariamente, mas o relacionamento se desgastou. — Ela terminou comigo há seis meses e hoje estou conhecendo uma pessoa totalmente diferente dela, mas a primeira a gente nunca esquece. Mesmo com outra pessoa, ainda estou transformando esse amor em amizade. Não é apenas entre as mulheres que acontece essa sucessão de ideias incertas. Cada um tem o seu tempo e, no caso da descoberta, cada pessoa experimenta de um modo diferente. O

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sempre calhava dele descer para o litoral. Foi numa dessas viagens que aconteceu minha primeira vez com um homem. Já havia namorado duas mulheres, mas não havia transado com elas ainda. Contei que nunca havia me relacionado com ninguém e ele foi muito compreensivo. Até aí não comentei nada com meus amigos, nem com a minha família, que soube há pouco tempo. — Hoje, Cristiano e Thiago Ribeiro, de 26 anos, namoram há dois anos e afirmam que, além de terem encontrado o amor, estão com alguém em quem podem confiar sempre. Amizade entre duas amigas Quando Carolina, 24 anos, gerente de uma também pode levar ao sexo loja de roupas em Santos conheceu Camila, 24 anos, há quatro anos, ficaram amigas logo de estudante de Comunicação Cristiano Almeida, cara. — Ela sempre foi a mais saidinha da turma. de 25 anos, diz que esperou 23 anos para se Em uma das noites que saímos para uma balarelacionar com alguém. — Até pensava que havia algo errado comigo, da, dormi na casa dela. Eu já me atraia por mepassava ano entrava ano e eu não arranjava ne- ninas, mas nunca havia comentado com ninnhuma namorada. Sempre era alvo de brinca- guém. Não por vergonha, mas por sofrer predeiras na adolescência, pois meus amigos ar- conceito de colegas, mesmo. Carolina conta que era verão. Naquela noite, ranjavam namoradas, e eu não. Para espaireos pais de Camila não cer, comecei a sair para estavam em casa. Tibarzinhos e baladas com nham viajado para amigos e alguns deles são “Tudo começou com uma Atibaia, para a casa de gays. Resolvemos ir a São uns tios. Ela resolveu fiPaulo, numa danceteria brincadeira entre a gente. car, já que eles estarichamada The Week. NunNicolas e eu estudamos no am fora só por dois ca havia entrado em uma mesmo colégio e eu sempre dias. balada GLS. desconfiei dele...” — Camila e eu comeQuando entrou na dançamos a conversar e ceteria, Cristiano conta que ela contou que já havia ficou de canto, olhando as ficado com uma menina em uma balada, mas pessoas à sua volta. — Peguei uma bebida e não havia desconfia- só porque estava bêbada. Minha expectativa foi do que um homem mediano, moreno, de sorri- lá embaixo. Mesmo assim, eu era a ansiedade so grande estava me olhando. Na hora, senti um em pessoa para ficar com ela. O papo ia e voltaarrepio, e até pensei que estava no lugar errado. va e eu não contei nada de mim. Depois de asMas ele, Thiago, veio até a mim superconfiante sistirmos a um filme, vi que ela pegou no sono e e ficamos conversando no bar, com todos os fui dormir também. Na manhã seguinte, ela me acordou dizendo que havia sonhado que eu e meus amigos, aproveitando a noite. Cristiano diz que no início ficou confuso, pois ela ficamos. Eu gelei na hora. Carolina conta que pensava constantemente não sabia se era isso mesmo que queria. — Fui criado por uma família muito católica e se devia ou não contar a ela que queria, por medo meus pais nunca haviam tocado nesse assunto de a amiga se afastar. — Finalmente tomei coragem e perguntei se comigo. Resolvemos trocar telefone e e-mail e

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GLS ela ficaria comigo e ela disse que sim, se eu prometesse não contar a ninguém. Ficamos e acabamos transando, também. Foi a primeira vez para nós duas. Depois desse dia, as amigas continuaram a amizade normalmente, mas quando estavam sozinhas, se beijavam. — Resolvi contar aos meus pais e claro que logo de primeira não aceitaram, mas o tempo ajudou. Os pais de Camila são católicos e sempre deixaram claro para ela de que duas pessoas do mesmo sexo estarem juntas é coisa mundana. Carolina e Camila fizeram um ano e oito meses de namoro e Camila se mudou para São Paulo com a família, mas todo final de semana elas combinam de se ver. — Caso uma ou outra não possa descer ou subir, nos vemos de quinze em quinze dias. Hoje ela aceita mais nosso relacionamento e eu aprendi a controlar minha ansiedade. Afinal, tudo tem seu tempo. Primeira vez Aqui vão algumas dicas para você não fazer feio na sua primeira transa.

1 - Antes de sequer imaginar fazer sexo com alguém, é importantíssimo que você se conheça. Descubra o seu corpo, os locais que gosta de ser tocado(a), o que o(a) excita; a masturbação é um grande passo para o sucesso de uma relação íntima com outra pessoa. Toque-se e descubra o que o (a) faz sentir bem. Desta forma, também irá descobrir onde deverá tocar na outra pessoa para sentir prazer. 2 – A bebida pode até diminuir as inibições, é verdade, mas também pode reduzir as sensações e pode tornar os momentos intensos em banais. Por isso, manere na dose. 3 – Pratique o sexo seguro. O HIV também é transmitido através de relações gays. Por isso, nunca é demais se informar sobre o assunto. 4 - Seduza e fantasie. A fantasia é fundamen-

O ideal é se conhecer antes de pensar em fazer sexo com alguém

tal para a felicidade humana e para o sexo também. Se vai dormir com um homem ou mulher, a verdade é que já fantasiou com isso, portanto recorde-se e viva esse momento como a sua fantasia.

5 - Não exagere. Se pensa em usar brinquedos sexuais deixe-os para as próximas vezes; na primeira vez é importante conhecer os corpos tocar e sentir; existirão muitas outras oportunidades para experimentar brinquedos. Na primeira vez, delicie-se com o contato. Géis e lubrificantes sempre são bem aceitos. 6 – Relaxe. Demore o seu tempo, toque todo o corpo do seu parceiro (da sua parceira). Tocar e sentir são muito importantes e claro, um ótimo método de sedução. 7 – Comunique. Não tenha pudor em perguntar o que o parceiro (parceira) gosta, e o que o (a) faz sentir excitado (a). Diga-lhe o que gostava que ele (ela) lhe fizesse. Por vezes não tem de falar, pode-se simplesmente conduzir as mãos. A comunicação é o princípio fundamental numa relação sexual de sucesso. 8 - Não tenha expectativas não realistas. A sua primeira vez com alguém deve ser usada para experimentar e para conhecer o corpo da outra pessoa, e vice-versa. Às vezes, quando se está aprendendo, a química pode diminuir e o orgasmo não acontecer na primeira vez, mas é perfeitamente natural que isso aconteça. Toque, experimente e seja sincera ao comunicar o que deseja. www.lesboworld.com.br

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