Vidas Secas Graciliano Ramos
No livro Vidas Secas de Graciliano Ramos conta a história de uma família de retirantes, que estão fugindo da seca do sertão nordestino. Fabiano o pai, Sinhá Vitória a mãe, os dois filhos do casal, filho mais novo e filho mais velhos assim chamados, a cachorra baleia que é tratada como gente e um papagaio que foi morto para matar a fome da família. Essa família por sua vez sempre sofreu, passando fome, tristeza e muita necessidade. Podemos comparar essa família de retirantes com as famílias brasileiras de hoje que vivem no sertão nordestino e de forma miserável sofrendo com a seca, e muitas dessas famílias vão em busca de vida nova em outras regiões. Onde algumas conseguem trabalho e dar o necessário para a sobrevivência de sua família. Mas muitas não conseguem trabalho e assim vivem mendigando pelas ruas. Após terem caminhado muito, todos estavam muito famintos e cansados e também estavam todos magros, com ossos saltados, rachaduras nos pés, e com vários ferimentos causados pela viagem cansativa e pela seca. Resolveram parar em baixo de um juazeiro para descansar, baleia a cachorra avistou um preá que serviu para matar a fome de toda família. Chegam a uma fazenda abandonada e ali ficam. Fabiano e sua família se apossaram da casa, pois não tinham onde ficar. Com o tempo a chuva chegou e também um ar de vida nova. A pareceu também o dono na fazenda que expulsa os retirantes de lá, Fabiano sente uma grande tristeza e implora para o fazendeiro para trabalhar na fazenda, o fazendeiro aceita. Agora Fabiano é um vaqueiro. Mesmo sendo um vaqueiro, tendo casa para morar, Fabiano não estava satisfeito com sua vida, pois aquela não era sua casa, não estava trabalhando em sua terra e assim como nada é seu, como só tem a posse e não a propriedade dos meios de produção, Fabiano não se sente pertencente ao lugar onde está. Tem a consciência de que logo, logo, outro entraria em seu lugar. Certa ocasião Fabiano vai ate a cidade para compras, mas acaba jogando baralho com um soldado amarelo que o convida. O jogo acontece, Fabiano perde e sai da bodega que deixa o soldado amarelo falando sozinho, o que o deixa muito furioso. Então o soldado começa irritar Fabiano. Fabiano perde a paciência e fala mal da mãe do soldado que o leva para cadeia. Fabiano se sente muito pequeno e sem valor, pois nunca tivera conseguido
dar para sua família o necessário para viver, também tinha muita raiva do soldado por cometer injustiças com pessoas inocentes como ele. Solto Fabiano continua levando sua vida na fazenda. Esse fato nos mostra como a sociedade é injusta, como as pessoas um ‘pouco mais espertas’ recriminam o pobre, o cidadão sem estudo. Pensam que são maiores, poderosos e se aproveitam da situação, e fazem com que a pessoa se sinta mais inútil e miserável do que a própria realidade a torna. Mas essas pessoas se esquecem que estão falando com gente, e não com bichos como as tratam. O dono da fazenda aparecia poucas vezes na fazenda, mas era sempre para reclamar ou para cobrar contas. Fabiano sabia que seu patrão o roubava então mandou Sinhá Vitória fazer as contas, mas sempre as contas de Sinhá Vitória eram bem diferentes das do Patrão. Mas Fabiano ficava quieto, pois tinha medo que o patrão o mandava embora e assim as dividas se aumentavam. Fabiano admirava seu Tómas da Bolandeira, homem inteligente que falava bem, lia jornais e livros, e votava e queria entender como ele para que não fosse roubado e injustiçado por ser ‘burro’ e pobre. É Natal a família toda vai para cidade, vão à missa e depois vão festejar na praça. Sinhá Vitória andava aos tombos porque não conseguia andar muito bem com salto alto. Os meninos ficam com medo, pois nunca tinha visto tantas luzes, gente e casas. Fabiano percebendo as pessoas que estavam a sua volta se sentia inferior e começou a beber e começa a fazer provocações, mas logo deita no chão da praça e dorme. Sinhá Vitória fica muito atenta com os filhos que estão muito nervosos, pois não acham mais a cachorra baleia, mas logo ela aparece e todos voltam para fazenda. Baleia a cachorra estava muito, doente Fabiano com medo que baleia passe a doença para seus filhos resolve sacrifica-la. Fabiano com muita pena da um tiro na cachorra que a fera, mas só vem a morrer a noite quando sonhava com uma vida melhor. Certa vez Fabiano estava voltando da cidade quando se deparou com o soldado amarelo que o prendeu, Fabiano logo pensou em se vingar e matar o soldado. Mas Fabiano sentiu-se muito mal e sábia que ele não era capaz de matar e ensinou o caminho de volta para o soldado que estava perdido. Como se não bastasse, a seca atinge a fazenda e faz com que toda família se desanime, mas eles decidem fugir novamente, só que dessa vez para o sul, em busca da cidade grande. Partiram sem rumo, mas com a esperança de uma vida nova sem depender de secas para sobreviver, e também com a perspectiva que os meninos pudessem estudar e serem como Tómas da Bolandeira um homem inteligente e bem dotado.
Por mais difícil à situação econômica, o difícil acesso intelectual, a maneira de viver rústica, a maneira de ser tratado, a convivência perto de pessoas fluentes, inteligentes, que falam corretamente, fazem com que essas pessoas veem o quanto o estudo é importante para vida, muda muito a pessoa, seu jeito de ser e ver o mundo, seu jeito de falar. E isso a família de Fabiano tinha esperança de dar para seus filhos, já que nem Sinhá Vitória, nem Fabiano tiveram. Pois a vida em sociedade produziu apenas desgastes, lesões físicas e emocionais na vida de toda família, mas agora Sinhá Vitória e Fabiano querem mudar essa realidade de seus filhos.
RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. 110º ed. Rio de Janeiro: Recorde, 2009.174p.