QUEST�O VIII � DA EXIST�NCIA DE DEUS NAS COISAS
Parecendo, pois, convir ao infinito estar em toda parte e em todos os seres, devemos examinar se isso realmente � assim. E nesta quest�o discutem-se quatro artigos:
1. Se Deus est� em todas as coisas; 2. Se Deus est� em toda parte; 3. Se Deus est� em toda parte pela sua ess�ncia, pelo seu poder e pela sua presen�a; 4. Se estar em toda parte � pr�prio de Deus.
ART. I � SE DEUS EST� EM TODAS AS COISAS.
(I Sent., dist. XXXVII, q. 1, a. 1; III Cont. Gent., cap. LXVII)
O primeiro discute-se assim. � Parece que Deus n�o est� em todas as coisas.
1. � Pois, o que � superior a tudo, n�o est� em tudo. Ora, Deus � superior a tudo, conforme a Escritura (Sl 112, 4): Excelso � o Senhor sobre todas as gentes, etc. Logo, Deus n�o est� em todas as coisas.
2. Demais. � O que est� em outra coisa, por esta � contido. Ora, Deus n�o est� contido nas coisas, mas antes, as cont�m. Logo, n�o est� nelas, mas elas � que est�o nele. Por isso diz Agostinho: Todas as coisas est�o, antes, nele, que ele, em qualquer delas.
3. Demais. � Quanto mais intensa � a virtude de um agente, a tanto mais longe se estende. Ora, Deus � agente de m�xima virtude. Logo, a sua a��o pode estender-se a tudo o que dele dista, sem ser necess�rio estar em todas as coisas.
4. Demais. � Os dem�nios tamb�m s�o seres e, contudo, Deus n�o est� neles, pois como diz a Escritura (2 Cor 6, 14), n�o h� com�rcio entre a luz e as trevas. Logo, Deus n�o est� em todas as coisas.
Mas, em contr�rio. � Um ser est� onde age. Ora, Deus age em todas as coisas, segundo a Escritura (Is 26, 12): Senhor, tu �s o que fizeste em n�s todas as nossas obras. Logo, Deus est� em todas as coisas.
SOLU��O. � Deus est� em todas as coisas, n�o, por certo, como parte da ess�ncia ou como acidente de cada uma delas, mas como o agente est� presente ao que aciona. Pois, � necess�rio que todo agente esteja em conjun��o com o ser sobre o qual age imediatamente, e o atinja pela sua virtude; e assim Arist�teles prova que m�vel e motor devem existir simultaneamente. Ora, tendo Deus a exist�ncia id�ntica � ess�ncia, o ser criado h� de necessariamente ser efeito pr�prio seu, assim como queimar � efeito pr�prio do fogo. Ora, tal efeito Deus causa nas coisas, n�o somente quando come�am a existir, mas enquanto subsistem; assim como a luz � causada no ar pelo sol, durante todo o tempo em que permanece iluminado. Logo, enquanto subsistir uma coisa, � necess�rio que Deus lhe esteja presente, conforme o modo de exist�ncia pr�prio dela. Ora, o ser � o que de mais �ntimo tem uma coisa e o que de mais profundo existe em todas as coisas; pois, comporta-se como forma em rela��o a tudo o que na coisa existe, conforme no sobredito se colhe (q. 4, a. 1, ad 3). Logo, � necess�rio que Deus esteja, e intimamente, em todas as coisas.
DONDE A RESPOSTA � PRIMEIRA OBJE��O. � Deus � superior a todos os seres pela excel�ncia da sua natureza; e contudo est� em todas as coisas e lhes � causa do ser, como antes se disse.
RESPOSTA � SEGUNDA. � Embora se diga que uma coisa corp�rea esteja em outra, quando nesta est� contida, contudo, os seres espirituais cont�m aquilo em que est�o; assim, a alma cont�m o
corpo. Por isso Deus est� nas coisas por as conter. Todavia, por semelhan�a com as coisas corp�reas, dizemos que todas est�o em Deus, porque as cont�m.
RESPOSTA � TERCEIRA. � A a��o de nenhum agente, por maior virtude que tenha este, atinge o distante, sen�o por interm�dio de um meio. Ora, � pela sua virtude m�xima que Deus age imediatamente sobre todas as coisas. Por isso nada h� t�o distante que Deus, por assim dizer, n�o contenha em si. Dizemos por�m, que as coisas distam de Deus, por dissemelhan�a de natureza ou de gra�a, assim como dizemos que ele � superior a todas pela excel�ncia da sua natureza.
RESPOSTA � QUARTA. � Os dem�nios t�m, de Deus, a natureza, n�o, por�m, a deformidade da culpa. Por onde, n�o se pode conceder, de modo absoluto, que Deus esteja neles, sen�o acrescentando-se: enquanto seres. Devemos por�m dizer, absolutamente, que Deus est� nas coisas cujos nomes designam uma natureza n�o deformada.
ART. II � SE DEUS EST� EM TODA PARTE.
(Infra., q. 16, a. 7, ad 2; q. 52, a. 2; I Sent., dist. XXXVII, q. 2, a.1; III Cont. Gent., cap. LXVIII; Quodl. XI, a. 1).
O segundo discute-se assim. � Parece que Deus n�o est� em toda parte.
1. � Pois, estar em toda parte significa estar em todos os lugares. Ora, isto n�o conv�m a Deus, que n�o est� em nenhum lugar, como se d� com todos os seres incorp�reos, conforme Bo�cio. Logo, Deus n�o est� em toda parte.
2. Demais. � O tempo est� para o sucessivo, como o lugar para o permanente. Ora, o indivis�vel no g�nero da a��o ou do movimento n�o pode estar em diversos tempos. Logo, nem o indivis�vel no g�nero das coisas permanentes pode estar em todos os lugares. E n�o sendo o ser divino sucessivo, mas permanente, Deus n�o pode estar em v�rios lugares e, portanto, n�o est� em toda parte.
3. Demais. � O que est� totalmente em algum lugar nada tem fora desse lugar. Ora, se Deus est� em algum lugar, h� de s�-lo totalmente, pois n�o tem partes. Logo, nada tem desse lugar e, portanto, n�o est� em toda parte.
Mas, em contr�rio, diz a Escritura (Jr 23, 24): Encho eu o c�u e a terra.
SOLU��O. � Sendo o lugar uma realidade, de dois modos podemos entender a express�o � estar num lugar: como as outras coisas, quando dizemos que uma est� em outras, de qualquer modo � assim, os acidentes do lugar nele est�o; ou de um modo pr�prio ao lugar � assim, as coisas est�o colocadas num lugar. Ora, de ambos esses modos, Deus est�, de certa maneira, em todos os lugares, o que � estar em toda parte. Do primeiro modo, assim como est� em todas as coisas, a que d� virtude e opera��o, assim, est� em todos os lugares, dando-lhes o ser e a virtude locativa. Demais, as coisas est�o colocadas em lugares, porque os enchem. Ora, Deus enche todos os lugares, n�o como um corpo, do qual se diz que enche um lugar porque dele exclui qualquer outro corpo; pois Deus, embora estando em todos os lugares, deles n�o exclui os outros seres, antes, os enche a todos porque d� o ser �s coisas que os ocupam.
DONDE A RESPOSTA � PRIMEIRA OBJE��O. � Os seres incorp�reos n�o ocupam lugar pelo contato da unidade dimensiva, como os corpos, mas pelo contato da virtude.
RESPOSTA � SEGUNDA. � H� duas esp�cies de indivis�vel. Um � termo do cont�nuo, como o ponto, nas coisas permanentes, e o momento, nas sucessivas. Ora, o indivis�vel permanente, tendo situa��o determinada, n�o pode estar nas v�rias partes do lugar ou em v�rios lugares. Semelhantemente, o indivis�vel da a��o ou do movimento, tendo neste ou naquela uma ordem determinada, n�o pode estar em muitas partes do tempo. O outro indivis�vel � o que est� fora de todo g�nero do cont�nuo e, deste modo, chamam-se indivis�veis as subst�ncias incorp�reas, como Deus, o anjo e a alma. Ora, tal indivis�vel n�o se aplica ao cont�nuo como parte dele, mas enquanto o atinge pela sua virtude. Por onde, conforme essa virtude pode se estender a uma ou muitas coisas, grandes ou pequenas, estar� em um ou muitos lugares, em lugar grande ou pequeno.
RESPOSTA � TERCEIRA. � O todo � assim denominado em rela��o �s partes. Ora, h� duas esp�cies de partes. A das partes da ess�ncia e, assim, a forma e a mat�ria consideram-se partes do composto, o g�nero e a diferen�a, partes da esp�cie. E a das partes da quantidade, nas quais qualquer quantidade se resolve. Ora, o que est� totalmente num lugar, pela totalidade quantitativa, n�o pode estar fora desse lugar, pois, a quantidade do que ocupa um lugar � comensurada pela quantidade deste e, portanto, n�o h� totalidade quantitativa se n�o houver totalidade local. A totalidade da ess�ncia, por�m, n�o � comensurada pela totalidade do lugar; e por isso o que est� todo, por totalidade de ess�ncia, em algum lugar, n�o est� impedido, de nenhum modo, de estar fora desse lugar. E isto se v� tamb�m nas formas acidentais que t�m quantidade acidental. Assim, a brancura, pela totalidade essencial est� em toda e qualquer parte de uma superf�cie, porque em qualquer apresenta a ess�ncia perfeita da sua esp�cie. Se lhe considerarmos, por�m, a totalidade, quanto � sua quantidade acidental, n�o est� toda em cada parte da superf�cie. Nas subst�ncias incorp�reas, por�m, n�o h� totalidade essencial nem acidental, sen�o a que � realizada pela plenitude da ess�ncia. Logo, assim como a alma est� toda em cada parte do corpo, assim Deus est� todo em todos os seres e em cada um em particular.
ART. III � SE EST�O BEM ASSINALADOS OS MODOS POR QUE DEUS EXISTE EM TODAS AS COISAS, DIZENDO-SE QUE EXISTE POR ESS�NCIA, PODER E PRESEN�A
(I Sent., dist, XXXVII, q. 1, a. 2; et in expos. lit.).
O terceiro discute-se assim. � Parece que est�o mal assinalados os modos por que Deus existe em todas as coisas, dizendo-se que existe por ess�ncia, poder e presen�a.
1. � Pois, estar por ess�ncia em alguma coisa � estar essencialmente. Ora, Deus, n�o sendo da ess�ncia de nenhuma coisa, em nenhuma est� essencialmente. Logo, n�o se deve dizer que nelas est� por ess�ncia, presen�a e poder.
2. Demais. � Estar presente a uma coisa � n�o lhe faltar. Ora estar Deus por ess�ncia nas coisas � n�o lhes faltar. Logo, o mesmo � estar em todas por ess�ncia e por presen�a e, portanto, � sup�rfluo dizer que Deus est� nas coisas por ess�ncia, presen�a e poder.
3. Demais. � Assim como Deus � o princ�pio de todas as coisas pelo seu poder, assim, tamb�m o � pela ci�ncia e pela vontade. Ora, n�o se diz que est� nas coisas por esta e por aquela. Logo, nem pela pot�ncia.
4. Demais. � Como a gra�a, h� muitas outras perfei��es acrescentadas � subst�ncia de um ser. Se, pois, dizemos que Deus est� em certos seres, de modo especial, pela gra�a, devemos admitir um modo especial pelo qual est� nas coisas, segundo uma determinada perfei��o.
Mas, em contr�rio, diz Greg�rio: Deus, de modo comum est� em todas as coisas pela presen�a, poder e subst�ncia; contudo, de modo familiar, diz-se que est� em certos seres pela gra�a.
SOLU��O. � De dois modos se pode dizer que Deus est� numa coisa: como causa agente e, assim, est� em todas as que criou: e como o objeto da a��o est� no agente, o que � pr�prio das opera��es da alma, pois assim � que est� o objeto conhecido no ser que conhece e o desejado, no que deseja. � Ora, deste segundo modo, Deus est� especialmente na criatura racional, que o conhece e o ama atual ou habitualmente. E como isto a criatura o tem da gra�a, como a seguir se ver�, dizemos que Deus est� nos santos pela gra�a. � Para compreendermos, por�m, como � que ele est� nos demais seres, que criou, devemos examinar o que se d� com as coisas humanas. Ora, dizemos que um rei est�, pelo poder, em todo reino, embora ele n�o esteja presente em todo. Por outro lado, dizemos que algu�m est� presente a todas as coisas que abrange com o seu olhar; e que todas as coisas, situadas numa parte da casa, est�o presentes a algu�m que, contudo n�o est�, pela sua subst�ncia, em todas as partes da mesma. Por fim, dizemos que um ser est�, pela sua subst�ncia ou ess�ncia, no lugar pela subst�ncia ocupado. � Alguns, por�m, como os Maniqueus, disseram que ao divino poder est�o sujeitas as criaturas espirituais e incorp�reas; mas, que as vis�veis e corp�reas est�o sujeitas ao poder do princ�pio oposto. Ora, contra estes devemos dizer que Deus est� em todos os seres pelo seu poder. � Outros, ainda, embora acreditassem que todas as coisas est�o sujeitas ao divino poder, n�o admitiam contudo que a provid�ncia divina estendesse at� �s inferiores realidades corp�reas. E esses poderiam se servir das palavras de J� (J� 22, 14): Nas nuvens est� escondido, nem tem cuidado das nossas coisas. Ora, contra estes, tivemos que estabelecer que Deus est� em todas as coisas pela sua presen�a. � Outros, por fim, embora admitindo que todas as coisas dependem da provid�ncia divina, ensinavam contudo, que nem todas foram criadas imediatamente por Deus, mas s� as primeiras criaturas, que, por sua vez, criaram as outras. Ora, contra estes, h� de dizer-se, que ele est� em todas pela ess�ncia. � Assim, pois, Deus est� em todas as coisas pelo poder, porque todas lhe est�o sujeitas; pela presen�a, porque tudo lhe est� descoberto e como a n�
diante dos olhos; e pela ess�ncia, porque a todas est� presente como causa de serem, conforme se disse.
DONDE A RESPOSTA � PRIMEIRA OBJE��O. � Dizemos que Deus est� em todas as coisas, n�o pela ess�ncia delas, como se delas fizesse parte, mas, pela sua, porque a sua subst�ncia est� presente a todas como causa de serem, conforme j� se disse.
RESPOSTA � SEGUNDA. � Um ser pode estar presente a outro, que o v�, embora dele diste pela subst�ncia, como dissemos; e por isso, distinguimos dois modos � por ess�ncia e por presen�a.
RESPOSTA � TERCEIRA. � � da natureza da ci�ncia e da vontade, que a coisa conhecida esteja em quem conhece, e a querida, em quem quer. Por onde, pela ci�ncia e pela vontade, as coisas est�o, antes em Deus, que Deus nelas. Mas, � da ess�ncia do poder ser princ�pio de a��o sobre outrem. Por onde, quanto ao poder, o agente se relaciona com a coisa exterior e a ela se aplica; e, assim, podemos dizer que, desse modo, o agente est� em outro ser.
RESPOSTA � QUARTA. � Nenhuma outra perfei��o acrescentada � subst�ncia, a n�o ser a gra�a, faz com que Deus esteja em algum ser, como objeto conhecido e amado. Por onde, s� a gra�a constitui um modo particular de existir Deus, nas coisas. H�, por�m, outro modo singular de Deus existir no homem, que � a uni�o, do qual em seu lugar se tratar� (III, q. 3).
ART. IV � SE ESTAR EM TODA PARTE � PR�PRIO DE DEUS.
(Infra, q. 52, a. 2; 112, a. 1; I Sent., dist. XXXVII, q. 2, a. 2; q. 3, a. 2; IV Cont. Gent., cap. XVII; Quodl., XI, a. 1; De Div. Nom., cap. III, lect. I).
O quarto discute-se assim. � Parece que estar em toda parte n�o � pr�prio de Deus.
1. � Pois, o universal, segundo o Fil�sofo, existe em toda parte e sempre; e a mat�ria prima, existindo em todos os corpos, est� em toda parte. Ora, nem esta � Deus, nem aquele, como do sobredito resulta (q. 3, a. 5, 8). Logo, estar em toda parte n�o � pr�prio de Deus.
2. Demais. � O n�mero est� nas coisas numeradas. Ora, todo o universo foi constitu�do com n�mero, como se v� na Escritura (Sb 2, 21). Logo, h� um n�mero que est� em todo universo e, portanto, em toda parte.
3. Demais. � Todo o universo � no seu conjunto uma esp�cie de corpo perfeito, como diz Arist�teles. Ora, o universo est� em toda parte, porque fora dele n�o h� nenhum lugar. Logo, nem s� Deus est� em toda parte.
4. Demais. � Se houvesse um corpo infinito, nenhum lugar existiria, fora dele. Logo, estaria em toda parte, e, portanto, esse modo de existir n�o � pr�prio de Deus.
5. Demais. � A alma, como diz Agostinho, est� toda em todo corpo e em cada uma das partes dele. Se, portanto, no mundo n�o existisse sen�o um s� animal, a alma do mesmo estaria em toda parte. Logo, estar em toda parte, n�o � pr�prio de Deus.
6. Demais. � Como diz Agostinho, a alma onde v�, a� sente; e onde sente, a� vive; e onde vive, a� est�. Ora, a alma v� quase em toda parte, porque v�, sucessivamente, mesmo todo c�u. Logo, ela est� em toda parte.
Mas, em contr�rio, diz Ambr�sio: Quem ousar� considerar como criatura o Esp�rito Santo, que est� em todas as coisas, e em toda parte e sempre, o que, certo, � pr�prio da divindade?
SOLU��O. � Estar em toda parte, primariamente e por si, � pr�prio de Deus. Quando digo estar em toda parte primariamente, entendo estar desse modo por si, totalmente. Pois, n�o estaria primariamente em toda parte o ser que tivesse partes diversas em lugares diversos, porquanto, o que conv�m a um ser, em raz�o de uma parte, n�o lhe conv�m primariamente; assim a brancura do dente de um homem conv�m primariamente, n�o ao homem, mas ao dente. Em seguida, quando digo � por si � refiro-me �quilo a que n�o conv�m estar em toda parte por acidente, em virtude de alguma condi��o restritiva, como seria o caso de um gr�o de milho, que existiria em toda parte, dado que, nenhum outro corpo existisse. Logo, conv�m o existir em toda parte, por si, ao ser que desse modo existe, qualquer que seja a hip�tese. Ora, isto conv�m propriamente a Deus; pois, sejam quantos forem os lugares supostos, mesmo que sejam infinitos mais que os existentes, em todos eles estar� necessariamente, porque nada pode existir sem ser por ele. Por onde, existir em toda parte, primariamente e por si, conv�m a Deus, e lhe � pr�prio; pois, por mais lugares que se suponham, Deus existe necessariamente em cada um deles, n�o por partes, mas por si mesmo.
DONDE A RESPOSTA � PRIMEIRA OBJE��O. � O universal e a mat�ria prima existem, certo, em toda parte, mas n�o com identidade de ser.
RESPOSTA � SEGUNDA. � O n�mero, sendo acidente, est� num lugar, n�o por si, mas acidentalmente; nem est� todo, mas por partes, em cada uma das coisas numeradas. Donde, pois, n�o se segue que esteja em toda parte, primariamente e por si.
RESPOSTA � TERCEIRA. � O corpo total do universo est� em toda parte, mas n�o primariamente, porque n�o est� todo em qualquer lugar, mas por partes. Demais, nem por si, porque se supusessem outros lugares neles n�o estaria.
RESPOSTA � QUARTA. � Se existisse um corpo infinito estaria em toda parte, parcialmente.
RESPOSTA � QUINTA. � Se existisse um s� animal, a sua alma estaria em toda parte, primariamente, por certo, mas por acidente.
RESPOSTA � SEXTA. � A express�o � onde v� � pode-se entender em duplo sentido. Ou o adv�rbio onde determina o ato de ver, considerado em rela��o ao objeto e, ent�o, � verdade que, vendo o c�u, no c�u v� e, pela mesma raz�o, sente no c�u; mas, da� n�o se segue que viva, ou esteja no c�u, porque viver e existir n�o implicam nenhum ato transitivo para um objeto exterior. Ou, pode-se tomar o adv�rbio como determinando o ato de ver, que emana do sujeito que v�, e, ent�o, � verdade que a alma, onde sente e v�, a� est� e vive, conforme este modo de falar; mas daqui n�o se segue que ela esteja em toda parte.