1) PRINCÍPIOS DIDÁTICOS - A PEÇA DIDÁTICA DE BADENBADEN SOBRE O ACORDO1 • O homem ajuda o homem? Mesmo com todas as descobertas e possibilidades encontradas pelo homem de proporcionar uma vida digna e justa a toda a população, isto não foi concretizado; • Avanços técnicos e descobertas científicas. Nesta peça, são mostrados fatos reais de exploração humana, sendo praticados pelo próprio homem; • Exploração e desigualdade social. A crueldade humana pode chegar a níveis extremos. Crítica à estrutura social capitalista, a qual estimula a competição em detrimento da cooperação, possibilitando a exploração e a miséria de grande parte da população para a manutenção do controle e do poder de uma minoria privilegiada; • A relação contraditória entre a ajuda e o poder, ajuda e violência para manutenção do status quo. A violência encontra-se, ao mesmo tempo, no ato de receber ajuda e na recusa dessa ajuda. E será por meio desta recusa, oriunda da classe oprimida, que poderá ocorrer a transformação; • Possibilidade de mudança e conscientização de poder que a camada oprimida possui • Transformação – seus perigos, amontoado de formas diferentes, sem significado; • Objetivo da aprendizagem é aprender a morrer. Isso é feito pelo exercício didático da renúncia, do abandono, é o estar de acordo. Esta mudança exigirá muito esforço, trabalho e perseverança, pois se constitui em um processo doloroso e contínuo, além de pressupor o abandono de certos alicerces construídos ao longo do tempo. Assim, não basta transformar a realidade social e adequar-se a ela, é preciso criar condições para continuar modificando-a sempre.
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Extraídos de GONÇALVES, Natália Kneipp Ribeiro. As peças didáticas de Bertolt Brecht e o processo de alfabetização. Dissertação. 170p. Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Estadua Paulista, Rio Claro, 2005.
2) PRINCÍPIOS DIDÁTICOS - AQUELE QUE DIZ SIM E AQUELE QUE DIZ NÃO • Interesse coletivo X interesse individual e o jogo do poder; • O comprometimento e a consciência de se estar de acordo com uma determinada situação: o importante é aprender a estar de acordo; • Capacidade de escolha. Questionar atitudes tidas como naturais simplesmente porque vão ao encontro do Grande Costume, em nome da coletividade muitas injustiças foram cometidas, como um meio de dominação do indivíduo e de controle das atitudes que cada um deve tomar, em nome de verdades imutáveis; • Transformação – estado de coisas diferentes, ainda que nada tenha saído da ordem natural (final do diz que sim, seus colegas perceberam); • Possibilidade de refletir frente a cada nova situação. É possível modificar as decisões. O importante é pensar nas atitudes individuais e coletivas de maneira consciente e justa, modificando antigos costumes e criando novos, apesar de toda a repressão que isto possa acarretar.
3) PRINCÍPIOS DIDÁTICOS – A EXCEÇÃO E A REGRA • Necessidade de estranhamento que deve possuir o homem perante as regras e perante tudo aquilo que é visto como comum e natural. Algo é retirado de seu contexto usual aparecendo como estranho e incompreensível. Torna-se, portanto, passível de ser reconhecido, através do entendimento, do olhar mais apurado; • Agindo assim, a possibilidade de mudança, que existe nas mínimas coisas do dia-a dia, será mais facilmente percebida, não existirá o imutável nas decisões e na vida dos homens; • Olhar crítico sobre todos os acontecimentos e fatos históricos, buscandose soluções para as situações aparentemente imutáveis, descobrindo-se novas possibilidades de ação e conduta frente à exploração e miséria da humanidade; • Pensamento científico e racional X idéias baseadas na tradição e no senso comum. A regra encontrar-se-ia fundamentada no bom senso, de acordo com a lógica, fundamentada em uma cultura determinada pela estrutura sócio-econômica capitalista, a vítima nunca ajudaria seu agressor; • Forma cotidiana de pensar e agir (regra) das pessoas pode ser melhor compreendida e analisada pelas regras formadoras da própria estrutura capitalista. A exceção, neste contexto, só seria possível por meio do desenvolvimento do senso crítico, do questionamento das regras e da nãoaceitação de tudo que é tido como natural, comum e esperado; • Regra e exceção em uma sociedade capitalista - formas de ser. Mais do que modificar o pensamento e as atitudes humanas, Brecht prega a transformação da própria estrutura política, econômica e social vigente. A exploração, a miséria e a injustiça não deveriam ser a regra, assim como a ajuda não deveria ser uma exceção; • Princípio de que toda regra tem uma exceção possibilita alternativas de ação e de mudança aos homens, provando-lhes que é possível concretizar o desejo de transformar a exceção em regra.