apolo, deus grego das artes, era também invocado por aqueles que buscavam a cura de uma doença. significativa coincidência: existe, sim, uma relação entre medicina e arte, particularmente a arte da literatura. em ambos os casos, a palavra desempenha um papel fundamental. É através da palavra que o paciente dá conta de seus sofrimentos; é através da palavra que o médico lhe explica a doença. mais: na psicoterapia a palavra desempenha um papel fundamental: ela é aí um instrumento de ajuda psicológica. na literatura, a palavra é predominantemente o veículo da criação estética, mas muitas vezes ajuda, conforta, ilumina a existência. isto é particularmente verdadeiro no caso da poesia. ricardo shoiti komatsu é médico e é também poeta. pertence, portanto, à linhagem daqueles que, dentro de uma tradição humanística, superam o fosso entre as duas culturas da qual falava c.p.snow, a cultura científica e a cultura literária. e o faz através de uma poesia simples, direta, pura, autêntica, uma poesia que nos fala de coisas como a maternidade e o envelhecimento (onde aparece sua experiência como geriatra). para ricardo, a poesia é um caminho novo, que ele agora começa a trilhar. este livro é um convite para que o acompanhemos. um convite gentil, emocionado. portanto, um convite irrecusável.