PraçaVerde
QUARTA-FEIRA, 11 DE ABRIL DE 2007
Ambiente Imagens Dispersas
2007
Fotografia João Cosme
catástrofe
concurso p a l e s t r a Visões Criativas da Natureza
Biblioteca Municipal de Ovar
entrega de trabalhos até 23 de Março
Sexta / 13 de Abril / 21.30 h
nomeação dos vencedores durante a palestra
flora
exposição workshop Biblioteca Municipal de Ovar Museu de Ovar Junta de Freguesia de Ovar
Fotografia Introdução à narrativa/ambiente 29 de Abril, 5 e 6 de Maio
FOTOGRAFIA
paisagem
fauna
de 13 de Abril a 12 de Maio
Organização:
amigos docaster - www.amigosdocaster.blogspot.com
Apoios:
- 964205415
Designjet Z3100
Referências
Grafismo Duarte Regalado
Desde o princípio existiram referências, mas estas acumulam-se de ano para ano. Muitas referências tendem quase sempre para o espectro mundial, desde a imagem de Nick Ut que precipitou o fim da guerra do Vietname, passando pela imagem de W. Eugene Smith que se sentiu comprometido com o mal que atingia os animais e a população de Minamata, servindo-se da sua habilidade para mostrar ao mundo as sequelas que a fábrica de químicos CHISSO tinha imposto à pequena habitante Tomoko Uemura, encontrando assim um rosto para poluição industrial. Ainda existem outras referências que rapidamente associamos ao cariz da nossa associação, é o caso do fotógrafo de natureza e vida selvagem Art Wolfe que escreve «O ambiente é o centro do trabalho de um fotógrafo de natureza. Quer retrate a beleza natural, quer mostre a degradação da natureza provocada pelo Homem, as fotografias da natureza são, essencialmente documentos políticos. Estas fotografias são poderosas, muitas vezes de forma pouco clara, […]. Como qualquer outro meio, as fotografias têm a capacidade de acordar e agitar o público.» Pois é através destas referências que a Associação Amigos do Cáster capta energia para construir o encontro de fotografia “AMBIENTE IMAGENS DISPERSAS 2007”. Mudar o mundo será uma meta que não está ao nosso alcance, contudo melhorar a nossa região é um enquadramento que nos assenta bem, e esta iniciativa é o testemunho disso mesmo, mostrando imagens da natureza às pessoas que visitam as nossas exposições, que de outra maneira não veriam, demonstrando que através delas é possível estudar, e até salvar espécies e o seu habitat. Ainda será interessante sublinhar que, as personalidades que enriquecem esta actividade, não têm alcance mundial, são gente da nossa terra, são pessoas de Portugal. “Gratidão” é a única palavra de apreço que encontro momentaneamente, para todos aqueles que estiveram ao nosso lado na produção deste evento. Agora para si: seguindo a expressão de José Carlos Malato no seu programa “Um Contra Todos”, assista e componha esta iniciativa da A.J. Amigos do Cáster, “porque sem si isto não tem piada nenhuma”.
[email protected]
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Quarta-feira, 11 de Abril de 2007
praçapública
Concurso de Fotografia Ambiente Imagens Dispersas
2007
Fotografia João Cosme
Grafismo Duarte Regalado
catástrofe
concurso p a l e s t r a Visões Criativas da Natureza
Biblioteca Municipal de Ovar
entrega de trabalhos até 23 de Março
Sexta / 13 de Abril / 21.30 h
nomeação dos vencedores durante a palestra
flora
exposição workshop Biblioteca Municipal de Ovar Museu de Ovar Junta de Freguesia de Ovar
Fotografia Introdução à narrativa/ambiente 29 de Abril, 5 e 6 de Maio
fauna
OS PRÉMIOS
paisagem
FOTOGRAFIA
O Tema do concurso foi VISÕES CRIATIVAS DA NATUREZA. Este concurso foi dirigido a todos os destinatários excepto aos membros da organização do evento.
de 13 de Abril a 12 de Maio
Organização:
amigos docaster - www.amigosdocaster.blogspot.com
Apoios:
- 964205415
Designjet Z3100
1.º Classificado: 1 Expedição fotográfica do Fotoadrenalina Marrocos + 1 Curso de Fotografia Digital ministrado pelo IPF (Instituto Português de Fotografia); 2.º Classificado: 1 Expedição fotográfica do Fotoadrenalina Picos da Europa + 1 Workshop de Técnica Fotográfica ministrado pelo IPF (Instituto Português de Fotografia); 3.º Classificado: 1 FOTOGAME Fotoadrenalina (participão gratuita num jogo fotográfico entre equipas para 2 pessoas). As fotografias do concurso, patenteadas nas salas do evento Ambiente Imagens Dispersas, integrarão o portfólio publicado na revista FOTOdigital referente a Maio de 2007.
O Júri O que dizem sobre a associação, fotografia e concurso
CARLOS DIAS | DESIGNER E FOTÓGRAFO DE NATUREZA E VIDA SELVAGEM
«Há uma dedicação e empenho muito grande nas pessoas que fazem a associação Amigos do Cáster evoluir e crescer, sobretudo na área da protecção do Ambiente. São jovens cheios de vontade de fazer mais e melhor e o evento Ambiente Imagens Dispersas é prova inequívoca do seu esforço e crescente aperfeiçoamento». Sobre a Fotografia… «Quando estou a fotografar, procuro interpretar e modificar a realidade que está à minha volta de modo a conferir-lhe um toque pessoal. A fotografia é, portanto, uma Arte interpretativa da realidade, sob o posto de vista do fotógrafo que manipula e interpreta enquadramentos, cores e luz para transmitir sensações e ideias. Para além de tecnicamente boa, uma imagem deve transmitir sensações, mensagens, ideias e impressionar quem a vê. Deve tocar o espectador e ser muito mais do que um mero documento fotográfico - mesmo que tecnicamente “perfeita”. Não é por acaso que as melhores imagens que vemos são as que ficam retidas na nossa memória durante muito tempo… por vezes anos.»
JOSÉ MANUEL BACELAR | FOTOJORNALISTA
DUARTE REGALADO | FOTÓGRAFO, ELEMENTO DA ASSOCIAÇÃO E DA ORGANIZAÇÃO DO
«Não existem regras rígidas para explicar a vitória ou a derrota de um fotógrafo num concurso, contudo existe um elemento chave: originalidade. Quando analiso centenas de fotografias, aguardo por uma que me faça parar e suster a respiração».
AMBID2007
“A duplicação do número de participantes é a recompensa pelo nosso esforço, mas também o aumento da responsabilidade na escolha das melhores fotografias. Procurar “a imagem” que melhor se adequa ao tema, conseguindo, ao mesmo tempo, conciliar técnica e composição adequadas, é uma tarefa delicada mas entusiasmante”. Hélder Almeida
CONCEIÇÃO VASCONCELOS | VEREADORA DA CULTURA DA CÂMARA MUNICIPAL DE OVAR
“Os Amigos do Cáster são um grupo muito jovem e desde a sua existência, habituaram-nos a um dinamismo peculiar, a uma criatividade diferenciada e a uma irreverência construtiva. É um grupo atento aos problemas ambientais deste século, organizando a sua actividade em torno da formação cívica, despertando nos outros formas de estar e agir entre outras. Relativamente a este evento, tem tudo a ver com um dos objectivos desta associação, o sensibilizar para as questões ambientais e neste caso pelo respeito e conservação da Natureza. “Ambiente, Imagens Dispersas” é já uma referência. O que valoriza numa fotografia? «De forma genérica valorizo a cor, o posicionamento do objecto fotografado (existe quase sempre um instante decisivo), a qualidade de luz e o meu próprio gosto».
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Quarta-feira, 11 de Abril de 2007
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Palestra “Lobos em Portugal” Os autores da publicação “LOBOS em Portugal” são Paulo Caetano, jornalista, Joaquim Pedro Ferreira, fotógrafo e biólogo, finalmente Jorge Mateus, ilustrador. Joaquim Pedro Ferreira e Paulo Caetano e vão-nos honrar com a sua presença na palestra, agendada para dia 13 de Abril às 21h30 na Biblioteca Municipal de Ovar. Vão contar-nos como é o quotidiano desta espécie em Portugal, quem são os agentes que se relacionam com o lobo, e em que medida
eles contribuem para desenvolvimento ou constrangimento da espécie no território nacional. Como é o diaa-dia de uma investigação deste género, desde o planeamento à recolha de dados e imagens no campo, a concretização das respostas e as perguntas que persistem, as novas perguntas que surgem, fruto deste trabalho. Que papel tem a fotografia nesta vivência? Esta palestra tem a pretensão de dar um pequeno contributo para a divulgação da causa do Paulo, do Joa-
quim Pedro e do Jorge: salvar o lobo da extinção em Portugal. SOBRE A OBRA: “Escreve-se neste livro sobre o lobo em todas as suas perspectivas: arqueologia, história, etnografia, morfologia, biologia, comportamento e conservação. (...) É a bíblia do Lobo dizem alguns biólogos e arqueólogos” - Teresa Firmino, in “Mil Folhas do Público”. Ou ainda: “Imagine-se sentado diante do fogo comunal ou do lar a escutar uma história antiga.
Exposições de Fotografia Junta de Freguesia de Ovar - De 14 de Abril a 10 de Maio - Os trabalhos que vão compor as exposições são, “Incêndios” do Sérgio Azenha, o qual compila uma série de fotografias recolhidas em diversos cenários de catástrofe ecológica e ao longo de diversos anos. Este trabalho ilustra drama de quem combate os incêndios e das suas vítimas, além disso transmite um profundo sentido estético e revela composições fantásticas. Uma palavra para a definir: Soberbo!
Sérgio Azenha, Fotojornalista a viver em Coimbra. Licenciou-se em Jornalismo pela Universidade de Coimbra e iniciou a actividade profissional no “Jornal de Notícias”. Depois de alguns anos a trabalhar no jornal “Público”, tornou-se freelancer, tendo as suas fotografias sido publicadas em vários jornais, entre os quais o “Diário de Notícias”, “Público”, “Jornal de Notícias”, “Correio da Manhã”, “Le Figaro” e “Toronto Star”, bem como nas revistas “Sábado e Visão”. Colabora também com as agências noticiosas “Associated Press” (AP) e “LUSA”. Tem portfolio em http://www.sergioazenha.com” Cada despertar matinal é diferente, e não sabe se existirão sujeitos a capturar pela sua enorme colecção de câmaras fotográficas. Se existirem serão
sempre diferentes e o seu trabalho é reflexo disso mesmo: versatilidade. Da moda, ao desporto, passando pela actividade política, e claro, por aquilo que o une ao encontro de fotografia “Ambiente Imagens Dispersas”, o flagelo dos incêndios.
Biblioteca Municipal de Ovar - De 13 de Abril a 12 de Maio - A segunda exposição é a do jornalista José Antunes o qual desenvolve a sua actividade profissional na revista “FOTOdigital” e é primeiro fotógrafo que num trabalho consegue transitar do deslumbre para aspectos menos positivos que atentam contra a natureza – a Exposição chama-se “4 Olhares”. O primeiro “olhar” representa o prejuízo que uma estrada pode causar quando atravessa o habitat de inúmeras espécies, ou seja o mal que a intervenção do homem pode causar. O segundo “olhar” paradoxal face ao primeiro, uma vez que a natureza “em cativeiro” garante a integridade de milhares de seres humanos nos aeroportos. O terceiro “olhar” entra no momento do fascínio ao completar-se com retratos faunísticos, e finalmente o quarto “olhar” mantém-se na linha do anterior mas desta vez
direcciona-se para a paisagem. Segundo José Antunes «É bom encontrar uma associação ambiental que sabe explorar a fotografia como uma arma para chamar a atenção para a sua actividade e também para, através dessa mesma fotografia, dinamizar a filosofia que prega: a defesa do ambiente. É saudável que assim suceda e que o exemplo venha de alguém fora dos grandes centros. A Associação Amigos do Cáster, cuja actividade se estendeu para lá do rio que lhe dá nome, está, de novo de parabéns». O convite para participar na exposição de fotografia de 2007 deixou-o surpreendido. Afinal, o seu trabalho na área da fotografia é uma extensão da sua actividade jornalística, encetada no final dos anos 70. A escrita sobre o património, arqueologia e percursos na Natureza, para publicações desde o “Diário de Notícias Magazine” à “Capital” ou “Diário Popular”, conciliaram-se sempre com a escrita sobre fotografia técnica e, claro a sua prática, além da escrita sobre informática e multimédia. Suportes para uma carreira de freelancer entre o agreste da Natureza e o cheiro quente dos computadores. Biblioteca Municipal de Ovar - De 13 de Abril a 12 de Maio - Com o seu trabalho “Rios de Vida” demonstra diversos olhares de elementos adjacentes aos rios, assim como a sua própria composição paisagística. Um trabalho com profunda preocupação estética, com uma gama de fotografias que percorre desde imagens com linhas perfeitamente definidas até imagens que se aproximam à corrente pictórica “impressionista”.
É disso que este livro trata. A escrita, escorreita e descodificadora das dissertações científicas, aproxima o lobo do comum mortal (...). Este livro pode ser uma pedra determinante numa nova relação com o lobo. Com os lobos” - José Antunes, in “FOTOdigital”. QUEM É PAULO CAETANO? Actualmente, a exercer funções de Responsável de Comunicação no Grupo CUF. Em 2001, foi admitido nos quadros da revista “FOCUS” como Grande Repórter. Até à sua
João Cosme é fotógrafo de natureza e vida selvagem. As suas fotografias têm sido publicadas em diversas revistas nacionais e internacionais, como a National Geographic – magazine, Grande Reportagem, Focus, Factos, tribuna da Natureza, Ozono, Fotonatureza, Fotodigital, Super Foto prática, Naturaleza Salvage (Espanha), entre outras. As suas imagens também têm ilustrado livros, postais, cds, posters e alguns estudos científicos. Em Fevereiro de 2003 é inaugurada a sua primeira grande exposição no Centro de Artes e Espectáculos da Figueira da Foz, integrada na “Coimbra 2003” Capital Nacional da Cultura, intitulada “Os Bichos que andam por aí…”. Em Novembro de 2003 é lançado o seu primeiro livro sobre o património natural da Serra do Caramulo, onde se destacam surpreendentes imagens. Em Fevereiro de 2004 é lançado o seu segundo livro, Litologias, onde se retrata aspectos geológicos de Portugal. Em Março de 2005, é lançado o seu terceiro livro sobre a região de Riba-Côa, onde retrata o mundo natural daquela região. E também é co-autor do guia Roteiro do vale do Côa. Em 2006 publica a sua página pessoal, www.joaocosme.net. Actualmente está a preparar um novo livro sobre rios. Museu de Ovar - De 14 de Abril a 12 de Maio - Joaquim Pedro Ferreira expõe LOBOS em Portugal. Esta simbiose exposição/palestra é
saída, em Novembro de 2005, desempenhou os cargos de Editor de Ciência e de Sociedade e, ainda, de Chefe de Redacção. De Setembro de 1997 a Abril de 1998 foi Coordenador do Programa “FILHOS DA NAÇÃO”, na SIC. Foi pioneiro no tratamento jornalístico de temas de Ambiente, tendo publicado reportagens na revista “Expresso” e na “Pública”, no “DNA”, na “Sábado”, no “JÁ”, na “Vida Mundial”, na “Volta ao Mundo”, “Fórum Ambiente”, “Ozono” e ainda nas espanholas “Cambio 16” e “Península”.
resultado de uma outra simbiose Joaquim Pedro Ferreira/Paulo Caetano/Jorge Antunes que resulta na publicação com a mesma denominação. Este trabalho permitenos de uma forma muita directa perceber a utilidade da fotografia num dos campos da actividade ambiental: a Conservação da Natureza. Assim, através das ilustrações patenteadas pelo fotógrafo/biólogo, também poderemos perceber ao longo do tempo esta relação: Homem/Lobo/ Biótopo. Esta intervenção ainda terá uma forte vertente intimista ao conhecermos os “bastidores” deste trabalho de investigação.
Joaquim Pedro Ferreira é licenciado em biologia desde 1997 pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL) e em 2003 conclui o Mestrado em Gestão dos Recursos Biológicos pela Universidade Évora, e desde aí tem trabalhado em diversos projectos na área da conservação de mamíferos carnívoros. Neste momento é Bolseiro de Doutoramento centrado na problemática de conservação do gato-bravo europeu. Dedica-se à fotografia de Natureza (amador) desde 1998, tendo publicado alguns trabalhos em revistas como a Fórum Ambiente, Cortiçol, Tribuna da Natureza, fez uma exposição intitulada: “No silêncio da Noite” sobre o mundo dos morcegos integrada na semana europeia dos morcegos realizada em Montemoro-Novo, foi editor fotográfico e um dos fotógrafos do Livro Roteiros das aves no Alentejo editado pelo Centro Estudos da Avifauna Ibérica.
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Quarta-feira, 11 de Abril de 2007
PRAÇA VERDE
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Depoimento de Joaquim Pedro Ferreira
EDITORIAL
Ambiente, Imagens Dispersas ELIANA DUARTE
O Encontro de Fotografia Ambiente, Imagens Dispersas tomou conta desta edição do Praça Verde. Mais do que preparámos para este Encontro: o concurso, a palestra, as exposições e o workshop, queremos apresentar-lhe os autores dos trabalhos, mostrarlhe o profissionalismo, a dedicação, o prestígio e a paixão
A paixão pela Natureza é coisa antiga. Impossível de definir quando começou, pois acompanha-me desde sempre. Daí a opção pelo curso de Biologia da Faculdade de Ciências de Lisboa – foi a melhor forma de poder dar vazão a este gosto que me consumia e me realizava. A opção académica e o meu percurso de vida como investigador surgiram, assim, com toda a naturalidade: depois da licenciatura, seguiramse alguns anos como bolseiro de investigação, depois o mestrado e agora o doutoramento, ainda em curso. E ao longo destes anos, o meu
principal objecto de estudo foi tomando forma, foi-se definindo: de entre todos os animais, os carnívoros eram os que, em definitivo, mais me fascinavam. E, entre eles, o destaque vai para o gato-bravo e o lince ibérico. São estas duas espécies de felinos que, actualmente, ocupam grande parte do meu tempo: o gatobravo como objecto do doutoramento, o lince ibérico enquanto colaborador do “Programa Lince” da Liga para a Protecção da Natureza (LPN). Mas, mais do que estudar e compreender as necessidades e comportamentos destas
duas espécies raras e em perigo de extinção, o que eu pretendo é defendê-las, contribuir para a sua conservação, bater-me pela sua sobrevivência neste território que partilham – ancestralmente – com o Homem. No meio deste trabalho, conheci pessoalmente o Paulo Caetano. Já conhecia as suas reportagens de ambiente, já tinha lido as suas entrevistas e as suas crónicas. Identificavame com as suas opiniões, com a postura que assumia na sua escrita, emocionava-me com a sua prosa magistral. E tínhamos algo em comum: a fotografia de Natureza. A seu convite, fomos a Doñana, em busca de linces em liberdade. E a empatia entre nós foi imediata. Foi nessa viagem inesquecível, onde vimos linces pela primeira vez, que surgiu a ideia do livro Ibéria Selvagem. Desde então, ficou a amizade. E os projectos comuns, como o do livro recente sobre os Lobos em Portugal. E outros que, dentro em breve, daremos à estampa. E, pelo caminho, ficaram milhares de quilómetros em terra batida e dezenas de horas a palmilhar os montes ou escondidos em abrigos à espera de vislumbrar os animais mais esquivos da fauna ibérica.
de grandes Homens que nos estenderam a mão e que fizeram com que conseguíssemos cumprir com mais este sonho. Quisera e pudesse eu contar a importância e significado da aprendizagem, bem como, o crescimento pessoal e associativo que nos traz este evento, mas não me resta espaço, cumpre-me, no entanto, dizer que: Nós, Amigos do Cáster estamos gratos e de mãos dadas com estas pessoas que na sua vida lutam pela preservação de espécies e ecossistemas, juntos queremos assistir aos aplausos que preconizamos para este encontro: a sua consciência ambiental!
Depoimento de Paulo Caetano Era um jovem jornalista estagiário quando este gosto pela Natureza e o Ambiente definiu o rumo da minha vida e da minha carreira. Na época, colaborava num trabalho de investigação de faculdade sobre o comportamento dos gorilas no Jardim Zoológico de Lisboa. Comecei a entrar no mundo do comportamento animal e da conservação e, graças à participação em congressos e colóquios, conheci histórias fantásticas de investigadores portugueses que tentavam salvar espécies raras da extinção. E como não se escrevia na imprensa sobre estes temas, tentei ser pioneiro. Comecei com uma reportagem sobre os golfinhos do Sado para a revista do “Expresso”, logo se seguiu outra sobre lobos e ainda uma outra sobre aves de rapina. A partir desse longínquo ano de 1991, nunca mais deixei de escrever na imprensa ou de realizar peças na televisão sobre a vida selvagem em Portugal e Espanha. “Expresso”, “Pública”, “Notícias Magazine” e “DNA”, “Focus”, “RTP” e “SIC”, “Já”, “Volta ao Mundo”, “Vida Mundial”, “Fórum Ambiente”, “Ozono”, “Tribuna da Natureza”, “Cambio 16”, “Península”…
acabei por perder a conta aos trabalhos publicados. Mas, de todos eles, guardo memórias muito vivas das pessoas que conheci, das histórias que relatei sempre em primeira mão, dos bichos que pude apreciar a escassos metros de distância. A parceria com o Joaquim Pedro foi algo de inesperado. E de natural. Acima de tudo, partilhamos a mesma postura e o mesmo profissionalismo: evitamos colocar-nos em bicos de pés e deixamos que seja o nosso trabalho a brilhar. E, com ele, realçamos o fundamental que são os objectos da nossa escrita e das nossas fotografias: os animais e as pessoas que lutam pela conservação da Natureza. Este trabalho conjunto, de vários anos, permitiu que realizássemos obras inéditas, como o álbum Ibéria Selvagem que teve o arrojo de mostrar a diversidade biológica da Península Ibérica. Com o livro dos lobos, que se insere numa colecção também inédita em Portugal, voltámos a arriscar e com grande sucesso – como atestam todas as críticas ao livro. De todo este percurso, fica uma certeza: não nos vamos acomodar e iremos continuar a surpreender com novos projectos editoriais.
WORKSHOP
Introdução à Narrativa Fotográfica e o Ambiente HÉLDER ALMEIDA
Para a edição deste ano convidámos o fotojornalista José Manuel Bacelar, galardoado com o IV Prémio Visão de Fotojornalismo 2004, a organizar um workshop, nos dias 29 de Abril, 5 e 6 de Maio, com a temática “Introdução à Narrativa Fotográfica e o Ambiente”. Será proposto aos formandos a elaboração de um projecto que irá ser definido pelos mesmos, tendo como ponto de partida a caracterização ambiental de Ovar. As inscrições decorrem até ao dia 23 de Abril, através dos contactos:
[email protected] ou 965 614 805. Para participar os sócios pagam 80 euros e os não sócios 100 euros. Parafraseando José Manuel Bacelar: “Tragam as vossas câmaras, um portfolio de 15 a 20 imagens e a vossa curiosidade!”.