Françoise Dolto - 1

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FRANÇOISE DOLTO (1908-1988) Françoise Dolto nasceu em 1908, filha de uma família tradicional Parisiense. Dolto se rebelou contra as ideias conservadoras de sua época, tornando-se médica e psicanalista. Fazia parte do círculo de analistas de Jacques Lacan, onde compartilhavam talento, carisma e um desgosto pelas instituições de rigidez teóricas. Desde 1953, Dolto e Lacan trabalharam conjuntamente, num movimento psicanalítico francês, pelo estabelecimento psicanalítico "internacional". Dolto teve maior influência e interesse junto às crianças e a educação delas de um modo geral e especialmente a escolar formal oficial. Desenvolveu um aspecto da psicanálise com enfoque psicopedagógico e de educação popular. Estava interessada em utilizar a Psicanálise para melhorar a vida diária de pais e crianças. Algo do tipo: Ideias psicanalíticas para a vida cotidiana. A combinação de espiritualidade, empatia, e um talento para conversas diretas junto ao público, fez-lhe muito popular dentro da cultura psicanalítica francesa. Dolto faleceu em 1988, deixando trabalhos de dimensões internacionais, com mais de dois milhões de cópias de livros vendidos. Em um estudo realizado por Éric Binet (2004) - psicólogo clínico em um Programa Social da Infância da região de Hauts-de-Seine – em sua tese de doutorado acerca de Dolto diz que ela é uma pedagoga fora de série, excepcional na sua presença no mundo da Psicologia e da Psicanálise. Assim, nesse contexto de excepcionalidades, Dolto passa a ser referência na UNESCO, acerca da sua produção acerca de como a criança conhece. Isso ocorre após 10 anos de sua morte – em 1998. Pediatra de formação, “(...) sua invenção da Casa Verde como lugar de acolhida ou sua colaboração com a Escola de Neuville foram suas mais brilhantes experiências, ainda que sua grande popularidade se deva principalmente às intervençõoes radiofônicas que manteve durante vários anos. No entanto, ao reler sua biografía, se ve que seu projeto de ser “médica da educação” aparece muito pronto, com a idade de oito anos. Algunos acontecimentos influíram nela, suscitando este desejo de salvar os pais ensinando-lhes a educar a seus filhos. Assim, sua orientação até a medicina e a psicanálise não foi fruto do azar, senão a liberação de um sofrimento acumulado ao largo de sua infância e de sua adolescência. Porém, se Françoise Dolto segue sendo famosa por suas qualidades tanto clínicas como por suas idéias teóricas, especialmente a imagem inconsciente do corpo, a condição ontológica de sua ética é menos conhecida. Com efeito, ela analisou os Evangelhos à luz da psicanálise, ao mesmo tempo que estudou a psicanálise e a educação seguindo as exigências evangélicas” (Binet, 2004). Famosa popularmente, Dolto circula pelo cristianismo, marcada por ele, como uma resiliente cuja vida vivida não foi das mais fáceis, teve muito que impor-se, para mostrar a que veio, e a que veio uma mulher no mundo.

FRANÇOISE DOLTO Françoise Dolto (1908-1988) foi médica pediatra e psicanalista francesa famosa por suas descobertas em psicanálise da infância. Participou com Jacques Lacan da criação da Escola Freudiana de Paris.

Interessa-se essencialmente pela psicanálise da infância. Para ela, a criança pode ser analisada muito cedo como indivíduo. A infância tem assim um papel fundamental para o seu desenvolvimento como indivíduo. Considera que antes mesmo que a criança possua uma verdadeira "linguagem", o ser humano é por essência comunicante, ele comunica já à sua maneira pelo corpo. Aprender a andar ou mesmo se deslocar com 4 pés, por exemplo, é começar a querer se livrar dos pais e exprimir um inicial desejo de independência. Analisa igualmente a relação crianças/pais, e nomeadamente a origem do complexo Édipo e a importância do papel do pai a partir dos primeiros dias. Através do pai, a criança compreende que não é muito para a sua mãe, o que provoca um caso de frustração. A sua análise doravante passou a direcionar-se aos costumes. Algumas das suas propostas podem parecer estranhas, como a explicação a dar de acordo com ela, à uma criança que pergunta como nasceu: "porque quiseste nascer" (A dificuldade para viver). Françoise Dolto é também a mãe do cantor Carlos e irmã de Jacques Marette, ministro de postos de 1962 para 1967. Era a esposa Boris Dolto que foi um dos pioneiros da fisioterapia na França. Françoise Dolto marcou este século ao mesmo tempo pela sua personalidade, seu potente interesse pela infância e a sua decisão de trabalhar de qualquer modo seu impacto à Causa das Crianças. Fá-lo-á em nome da psicanálise. Sobre este tema do sofrimento na infância, ela encontra o reconhecimento do grande público, a quem longamente dirigiu-se diretamente pelo rádio. As razões do seu sucesso valem ser localizadas. Com efeito, a sua vocação primeiro: a de tornar-se, diz ela, "médica da educação" - dois termos aparentemente paradoxais - faz dela uma inovadora, pondo que a partir do seu nascimento o bebê é um assunto. E um assunto inteiramente mergulhado no mundo da palavra. Certamente o bebê, não pode ainda falar, mas ela antecipa que ele pode ouvir, compreender e ser pacificado por uma palavra verdadeira se lhe for dirigida diretamente. Nisso ela vai fazer escola e terá numerosos alunos, porque esta posição vem romper - a partir de 1939 e mesmo depois - com a idéia muito difundida que a pequena criança não pode nem compreender, nem sofrer do que lhe chega da realidade. Mas dirige-se também às mães, aos pais em aflição, os quais testemunham os sintomas da sua criança. Dessa constatação decorre a ação preconizada por ela, a partir da intuição do que sente um bebê, do que ele prova, do que o atravessa. Evocando no fim da sua vida a história da sua própria infância, ilumina para nós a relação mãe-criança, que pôde originar o que ela chamou de a sua vocação. Nascida num meio privilegiado, a pequena Françoise será criada sob a autoridade de uma mãe gravemente marcada pelo falecimento da sua filha mais velha, de 12 anos de idade, e que lamentará que seja Françoise que vive. Em sua dor, esta louca mãe não pôde aceitar também que Françoise acedesse à verdadeiros e grandes estudos. Seu pai e os seus irmãos foram para ela um apoio, mas foi apenas ao preço de dura e longa luta que pôde empreender os estudos de medicina e de pediatria. E encontraria a psicanálise na pessoa

René Laforgue do qual reterá o conceito de "Método" para a sua teorização. Referindo-se além disso à Freud que estuda para a sua tese famosa. A ideia fundamental de F. Dolto era inicialmente prestar aos adultos, pais, pedagogos, educadores, uma ajuda iluminada para que pudessem à sua volta criar para as crianças este clima feliz do qual têm necessidade para seu desenvolvimento. Daí resulta a ideia de uma "boa maternagem" que muito naturalmente se baseia no lugar central atribuído por ela à mãe ou ao seu substituto no desenvolvimento. Escolhe o termo "gostar" (aimance) para dar conta desta idéia segundo a qual uma mãe é toda, pela sua pessoa, pela sua função, e pelo sua postura corporal ao seu bebé, um objeto do "gostar" (aimance). Graças a estes cuidados e neste clima, a criança deveria, pensa, felizmente realizar-se; a partir de um "bom" narcisismo baseado "na alegria de uma boa saúde". Contudo afirma também com força que só a felicidade corporal não poderia ser suficiente: os cuidados devem ser acompanhados, tecidos, rica e sutilmente em relação a linguagem, originada pela mãe e que se resume por esta fórmula: "Mim. Mamãe. O Mundo". O conceito de "Imagem do corpo" exprime este conjunto de cuidados e linguagem, juntos, misturados e cruzados. Do mesmo modo, F. Dolto insiste na necessidade de separação e do corte da mãe, assim como qualquer fusão com ela, a criança deve também ser cortada do seu próprio auto-erotismo. Aquilo far-se-á pelas "castrações simbolígenas", das quais uma mãe fará dom à sua criança nas diferentes etapas do seu desenvolvimento. Neste corpo, o lugar do pai não aparece muito. O predomínio materno é maciço, incluindo no fato de propiciar as castrações. Esse poder materno é, portanto, só presente, contudo, pela oblação de um dom e pela intuição magistral e generosa da qual ela procede, se bem que na realidade Françoise Dolto convoca frequentemente o pai real. Esta posição encontra o tecido cultural que é o nosso, nomeadamente no culto mariano e outras representações. Donde o eco que ela encontra junto a mamães, educadores, pedagogos, e qualquer pessoa devido ao fato de querer bem a criança; frequentemente pensada por esses como cidadã de uma maternagem bem sucedida. Em 1988, perto do fim de sua vida, F. Dolto declarou que, sem a sua fé em Deus, sem a sua crença, não teria podido ser psicanalista. Pontua desta maneira ao mesmo tempo: a sua história pessoal, o seu relatório oblativo combinado ao seu imenso trabalho terapêutico e o corpo teórico que criou. FRASES DE FRANÇOISE DOLTO "Nós podemos ser apenas de só um sexo e não podemos senão fabular os prazeres e os desejo de outro sexo. É por isso que os homens e as mulheres não compreendem-se nunca." "Deus nunca é tanto Deus que quando apenas me falta." "O único pecado é não se correr o risco de viver o seu desejo." "Jesus é ressuscitado também na animalidade do homem." "As crianças são os sintomas dos pais." “Em síntese, é a criança pequena e o adolescente que são os porta-vozes de seus pais”.

"... damos o nome de perturbações psicossomáticas a golpes funcionais no corpo que não são devidos a causas orgânicas: não há infecção, não há nem mesmo, pelo menos de início, perturbações lesivas; não há perturbações neurológicas, e, no entanto, o indivíduo tem sua saúde desregrada, ele sofre. Seu corpo está doente, mas a origem de seu desregramento funcional fisiológico é uma desordem inconscientemente psicológica”. "Sozinha, cada criança se dá a vida pelo desejo de viver." "Não é desvalorizante ter pais que não puderam fazer mais do que assumir o filho até seu nascimento e, depois, abandoná-lo". "Desde a vida fetal, o ser humano não é uma parte do corpo materno, já é único. É ele que, por intermédio do pai e da mãe, ganha vida e se faz nascer. Ele é a própria Vida. Persevera em seu desenvolvimento e em sua chegada a termo por seu desejo de nascer". "Não há simbolização sem castração do desejo imaginário". "Toda criança tem o entendimento da fala quando quem fala com ela lhe fala autenticamente, querendo comunicar alguma coisa que é verdadeira para ele". "É formidável ver um ser humano beber a força que se infiltra através das palavras portadoras de sentido". "Creio que fica-se adulto através de um objeto de amor: um ser, Deus, os outros." "A minha mãe não é boa nem má, é uma mãe para o oral, depois para o anal, para ser apanhada e rejeitada".

"A criança humana é fruto de três desejos; é preciso, pelo menos, o desejo consciente de um ato sexual completo do pai; é preciso, pelo menos, o desejo inconsciente da mãe; mas o que esquecemos é que também é preciso o desejo inconsciente de sobrevivência por parte do embrião em que se origina uma vida humana". "Nosso papel não é desejar alguma coisa por alguém, mas ser aquele graças a quem ele pode advir em seu desejo". "Para se desenvolver bem, a criança deve estar na periferia do grupo de seus pais, e não constituir seu centro". "Portanto, são necessárias três gerações para que apareça uma psicose: duas gerações de avós e pais neuróticos na genética do sujeito, para que ele seja psicotizado". "Toda a minha pesquisa concernente aos distúrbios precoces do ser humano empenha-se em decodificar as condições necessárias para que as castrações impostas à criança no curso de seu desenvolvimento lhe permitam o acesso às sublimações e à ordem simbólica da lei humana". “Nosso papel como psicanalista, não é o de desejar algo para alguém, mas ser aquele, graças a quem ele pode chegar até seu desejo”. “A adolescência é sempre difícil, mas se os pais e os filhos têm confiança na vida,. tudo sempre se resolve.” "Todo ser humano é, desde a sua origem, da sua concepção, uma fonte autônoma de desejo".

"Cada um de nós, ao nascer, é a linguagem do desejo dos pais". "As crianças civilizadas nunca ouvem da boca de seu mestre, e nunca os seus pais lhe disseram, por não sabê-la ou não julgarem bom dizê-lo, a formulação das leis naturais que regem a espécie humana". "Ninguém lhes diz os direitos e deveres que seus pais têm em relação a elas nem aqueles que elas tem em relação a si próprias e a seus pais. Se interrogarmos qualquer criança de doze anos, perceberemos que ela crê estar desprovida de direitos cívicos e a mercê de todas as chantagens de amor e de abandono, enquanto o legislador formulou não somente uma declaração dos direitos do Homem, mas também uma declaração dos Direitos da Criança". "É a prática psicanalítica das crianças e das psicoses que nos leva a perscrutar a genealogia. Nas crianças somos muitas vezes confrontados com a presença de duas ou três gerações (o filho, os pais, os avós). E a genealogia não é indiferente na gênese das psicoses. Em contrapartida, no tratamento clássico das neuroses, o parentesco alargado às vezes só muito pouco surge no discurso do paciente. É assim que a extensão das investigações e do leque terapeutico nos leva cada vez mais a examinar a complexidade das relações familiares e de parentesco. Por este caminho chegamos à convicção da sobredeterminação da situação edipiana de um indivíduo pela de seus ascendentes. Assim, o Complexo de Édipo assume novo relevo". "O que importa não são os sintomas (...), mas o que significa, para aquele que vive, exprimindo tal ou qual comportamento, o sentido fundamental da sua dinâmica assim presentificada e as possibilidades de futuro que, para esse sujeito, o presente prepara, preserva ou compromete" "Não é bom que a criança, sob o pretexto de deixá-la desenvolver-se livremente, não encontre nunca resistência; é necessário que choque com outros desejos que não os seus, correspondentes a outras idades diferentes da sua" “O clitóris e os bicos dos seios tornam-se então para a menina, os locais, de seu narcisismo sensual, enquanto o sentimento desvalorizante da ausência do pênis concorre para manter as fantasias de valor compensatório concernentes tanto às aparências especulares...de seu corpo...quanto à linguagem bem articulada...em suma, tudo aquilo que pode fazer com que ela seja falicamente apreciada, a despeito de seu infortúnio especular genital" “O coquetismo narcisizante das meninas, sua graça corporal desenvolta e seu investimento fetichista das bonecas – pequenos falos compensatórios a quem gosta de dar cuidados, roupas bonitas e observações educativas em imitação à mãe – são o sinal de uma integração bem sucedida daquilo a que os psicanalistas chamam castração primária" "Qualquer criança é obrigada em suportar o clima no qual cresce, mas também os efeitos patogênicos como seqüelas, do passado patológico da sua mãe e seu pai" "A criança é portadora desta dívida contratada em sua época de fusão pré-natal, seguidamente de dependências post-natais (dívidas) as quais o estruturaram"

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