A FILOSOFIA DA CARIDADE
Há uma filosofia por trás da caridade como há uma filosofia por trás de tudo o mais na vida. É esta filosofia em relação às tendências no serviço social moderno que este capítulo busca descobrir e analisar a luz da filosofia católica. A primeira tendência na caridade moderna, se nós estamos observando corretamente o movimento contemporâneo A segunda tendência na caridade moderna é se dirigir a uma deificação da sociedade
A EDUCAÇÃO E A DIVINDADE CEGA
A vida é uma questão de adaptação ao ambiente. As coisas sem vida, tal como um cristal da Silicia, que se dissolveu e redissolveu milhares de vezes, vai assumir forma alguma além da hexagonal. A planta, pelo contrário, possuindo vida, tem um certo dom natural para a plasticidade; embora, deite raízes no solo ela pode se ajustar a bênção das chuvas, ao calor do brilho do sol, e as intempéries das várias estações do ano. O animal ainda tem maior possibilidades de adaptação. Ele pode mover-se do sol para a sombra, de campo para campo, vagar pela floresta na busca de sua presa, e em virtude de seu senso-conhecimento adaptar-se a um mundo que é conhecido pelo tato e o paladar, pela vista e o olfato e pelo ouvido. Mas quando nós alcançamos o homem, nós encontramos uma criatura que tem uma plasticidade infinita; nós tocamos alguém que tem uma capacidade para adaptar-se não só ao trabalho e ao descanso, não só aos fatos brutos, mas as causas, não só às ciências e às artes, mas também à revelação, não só dos homens, mas a de Deus. O homem, em outras palavras, tem uma capacidade infinita para a vida, para a verdade, amor, e beleza; ele sozinho, entre todas as criaturas nesta terra, tem as possibilidades de sintonizar-se com o infinito. Desde que ele anseia pelo que é perfeito e deseja estar em sintonia com o mais elevado,
se supõe que só um Deus infinito pode satisfazê-lo. O homem, acima de todas as outras criaturas, foi feita para conquistar novos mundos. Em outras palavras, só o homem tem uma alma a ser convertida – convertida a Deus e seus santos propósitos. A Educação não pode ser entendida separada da natureza plástica do homem. Tomando o devido conhecimento dele, alguém pode dizer que o propósito de toda a educação é estabelecer contato com a totalidade de nosso ambiente com vistas a compreender o pleno significado e propósito da vida. Talvez eu possa tornar esta definição clara através de uma ilustração da astronomia. Nosso sistema solar compõe-se de oito, ou talvez, nove planetas, com o sol ao centro. Esta família dos planetas do sistema solar dividem-se em dois distintos grupos. No primeiro grupo, revolvendo em torno do sol são encontrados Mercúrio, Vênus, a nossa Terra, e finalmente, Marte, cada um deles é menor do que nossa terra em tamanho. Além destes quatro planetas menores extendo aos quatro maiores: Júpiter, Saturno, Urano, e Netuno, os quais, todos são maiores do que a terra. Quatrocentos corpos do tamanho da terra, por exemplo, poderiam ser agrupados dentro de Júpiter. A educação torna-se um tipo de viagem a outros mundos -- uma viagem inspirada pelo ímpeto de maravilha que Aristóteles chamou a inspiração de toda a filosofia. Como outro Alexandres, n O ponto em que eu estou tentando chegar é que eles não contaram, e daí a própria definição para muitos que uma universidade moderna é “um lugar onde 500 estudantes estão procurando uma religião e algo para satisfazer seus corações, e não sabem onde encontrar”.
UM APELO À [POR, PELA] INTOLERÂNCIA
A América, é dito, está sofrendo com a intolerância. Não está! Está sofrendo com a tolerância: tolerância do certo e do errado, do erro e da verdade, da virtude e do mal, de Cristo e o caos. Nosso país não está tão próximo de ser dominado pelos fanáticos como está pelas mentes abertas. O homem que consegue colocar sua mente em ordem, da mesma forma que consegue arrumar sua cama, é chamado de
intolerante; mas um homem que não consegue colocar sua mente em ordem, mais do que consegue ordenar seu tempo, é chamado de tolerante e mente aberta. Um homem intolerante é aquele que se recusa aceitar uma razão para tudo; um homem de mente aberta é aquele que aceitará qualquer coisa por uma razão – contanto que não seja uma boa razão. É verdade que há uma demanda pela precisão, exatidão, e definição , mas é apenas para precisão na balança científica, não na lógica. O colapso que produziu este “tolerancismo” antinatural é mental, não moral. A evidência para esta afirmação é tríplice: a tendência de resolver questões não por argumentos, mas por palavras; a disposição incondicional para aceitar a autoridade de qualquer pessoa sobre o assunto da religião; e, por fim, o amor pela novidade. A religião não é uma pergunta aberta, como a Sociedade das Nações, enquanto a ciência é uma pergunta fechada, como a tabuada. A religião tem seus princípios, naturais e revelados, que são mais exigentes em sua lógica do que a matemática. Mas a falsa noção de tolerância obscureceu este fato aos olhos de muitos que são tão intolerantes com os menores detalhes da vida quanto são indulgentes em suas relações com Deus. Nos assuntos comuns da vida, estas mesmas pessoas jamais chamariam um prático da Ciência Cristã para consertar uma vidraça quebrada; nunca ligariam para um oftalmologista porque quebraram o olho de uma agulha; nunca consultariam um florista porque machucaram a palma da mão, nem iriam a um carpinteiro para cuidar de suas unhas. Elas nunca chamariam um auditor fiscal para extrair a moeda engolida pelo bebê. Recusariam ouvir um assistente social discutir a autenticidade de uma pintura, ou um arborista discutir uma controvérsia jurídica. No entanto, para o assunto importantíssimo da religião, onde se articulam nossos destinos eternos, para a questão importantíssima das relações do homem com seu ambiente e com seu Deus, elas estão dispostas a ouvir qualquer um que se intitule profeta. E assim nossas revistas estão cheias de artigos escritos para essas pessoas de “mente aberta”, onde todos, de Jack Dempsey ao cozinheiro do Ritz Carlton, discorrem sobre sua ideia de Deus e sua visão sobre religião. Estes mesmos indivíduos, que ficariam exasperados se seus filhos brincassem com um pirulito da cor errada, não ficariam nem um pouco preocupados se a criança crescesse sem jamais ter ouvido o nome de Deus… A natureza de certas coisas é fixa, e nenhuma mais que a natureza da verdade. A verdade pode ter sido contrariada mil vezes, mas isto só prova que ela é forte o suficiente para sobreviver a mil ataques. Não obstante, para qualquer pessoa, dizer “Uns dizem isto, outros dizem aquilo, logo, não existe verdade” é quase tão lógico quanto seria para Colombo, que ouviu alguns dizerem “A terra é redonda” e outros “a terra é plana”, concluir que “Logo, não existe terra”.
O excitante prazer da novidade, a inquietude sentimental de uma mente desequilibrada e o medo antinatural de uma boa dose de pensamentos complexos, todo um conjunto para produzir um grupo de latitudinaristasadolescentes que pensam não haver diferença entre Deus como Causa e Deus como uma “projeção mental”; que comparam Cristo a Buda, São Paulo a John Dewey, e então dilatam sua vasta mente em uma síntese generalizante que afirma não apenas que uma seita cristã é tão boa quanto as outras, mas que aquela religião mundial é tão boa quanto a outra. O grande deus “Progresso” é então entronado nos altares da moda, e quando os adoradores extasiados são questionados “Progresso em direção a quê?”, a resposta tolerante ressona: “Mais progresso”. Todos os homens sensatos estão se perguntando como pode haver progresso sem direção e como pode haver direção sem um ponto fixo. E porque falam de um “ponto fixo”, são chamados de atrasados no tempo, quando, na verdade, estão além de seu tempo, mental e espiritualmente. Em face desta falsa mentalidade aberta, o que o mundo precisa é de intolerância. A massa faz distinções precisas e imediatas entre dólares e centavos, navios de guerra e cruzeiros, “você me deve” e “eu te devo”, mas parece ter perdido completamente a faculdade de distinguir entre bom e mau, certo e errado. O melhor sinal deste fato é o frequente mau uso dos termos “tolerância” e “intolerância”. Algumas mentes acreditam que a intolerância é sempre errada, porque fazem “intolerância” significar ódio, discriminação e fanatismo. Estas mesmas mentes acreditam que a tolerância é sempre correta porque, para elas, significa caridade, mente aberta, bom caráter. O que é tolerância? A tolerância é uma atitude de paciência racional para com o mal e uma indulgência que nos impede de demonstrar raiva ou infligir punição. Porém, mais importante que sua definição é o campo de sua aplicação. O grande ponto aqui é este: a tolerância se aplica sempre às pessoas, mas nunca à verdade. A intolerância se aplica sempre à verdade, mas nunca às pessoas. Tolerância se aplica ao errar; intolerância ao erro. A tolerância não se aplica à verdade ou a princípios. Sobre estas coisas devemos ser intolerantes e, para este tipo de intolerância, tão necessária para nos despertar do jorro sentimental, faço um apelo. Este tipo de intolerância é o fundamento de toda estabilidade. O governo deve ser intolerante com a propaganda maliciosa e, durante a Primeira Guerra Mundial, estabeleceu um índice de livros proibidos para defender a estabilidade nacional, assim como a Igreja, que está em constante guerra com o erro, fez seu índex de livros proibidos para defender a permanência da vida de Cristo nas almas dos homens. O governo, durante a guerra, foi intolerante com os hereges nacionais que se recusavam a aceitar seus princípios sobre a necessidade de instituições democráticas, utilizando-se de meios físicos para impor tais princípios. Os soldados que foram à guerra eram intolerantes em relação aos princípios pelos quais lutavam, da mesma forma que um jardineiro deve ser intolerante com as ervas daninhas que crescem em seu jardim. A Suprema Corte dos Estados Unidos é intolerante com qualquer interpretação privada do primeiro princípio da Constituição de que todo homem tem direito à vida, à liberdade e à busca da felicidade, e qualquer cidadão em particular que interprete a liberdade de
maneira muito estreita, como o privilégio de “ultrapassar” um sinal vermelho, logo se encontraria em uma cela sem nenhuma luz, nem mesmo a amarela – a cor das almas tímidas que não sabem quando devem parar ou seguir em frente. Os arquitetos são tão intolerantes com a areia para fundamentar arranha-céus como os médicos são intolerantes com germes em seus laboratórios, e como todos nós somos intolerantes com um vendedor particularmente tolerante e simpático que, ao fechar nossa conta, acrescenta sete e dez para fazer vinte. Ora, se é certo – e é certo – que os governos sejam intolerantes quanto aos princípios do governo, que o construtor da ponte seja intolerante quanto às leis do estresse e da tensão, e que o físico seja intolerante quanto aos princípios da gravitação, por que não deveria ser a lei de Cristo, a lei de Sua Igreja e a lei dos homens sensatos intolerantes em relação às verdades de Cristo, às doutrinas da Igreja e aos princípios da razão? Podem as verdades de Deus ser menos exigentes que as verdades da matemática? Podem as leis da mente ser menos vinculantes que as leis da ciência, que são conhecidas apenas pelas leis da mente? Deveria o homem, dotado da verdade natural, que se recusa a ser igualmente tolerante com o matemático que diz “dois e dois fazem cinco” e o que diz “dois e dois fazem quatro”, ser chamado de homem sábio, e Deus, que se recusa a ser igualmente tolerante com todas as religiões, ter negado o nome da “Sabedoria” e ser chamado de um Deus “intolerante”? Por que, então, zombar dos dogmas por serem intolerantes? Por todos os lados, ouvimos dizer “O mundo moderno deseja uma religião sem dogmas”, o que revela o quão néscio é este rótulo, pois quem diz que deseja uma religião sem dogmas está afirmando um dogma, e um dogma mais difícil de justificar que muitos dogmas da fé. Um dogma é um pensamento verdadeiro, e uma religião sem dogmas é uma religião sem pensamento, ou uma religião sem espinha dorsal. Todas as ciências têm dogmas. “Washington é a capital dos Estados Unidos” é um dogma da geografia. “A água é composta de dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio” é um dogma da química. Deveríamos ser “mente aberta” e dizer que Washington é um mar na Suíça? Deveríamos ser mente aberta e dizer que H2O é a fórmula do ácido sulfúrico? Mas é tudo, menos progresso, para agirem como ratos e devorarem o fundamento de todo o teto sobre nossas cabeças. A intolerância quanto aos princípios é a base do crescimento, e o matemático que zomba um quadrado por ter sempre quatro lados e, em nome do progresso, descarta apenas um dos lados, logo descobrirá que perdeu todo o quadrado. O mesmo vale para os dogmas da Igreja, da ciência e da razão; eles são como tijolos, bases sólidas sobre as quais um homem pode construir, não como a palha, que é a “experiência religiosa”, a qual serve apenas para queimar. Um dogma, então, é a consequência necessária da intolerância quantos aos princípios fundamentais, e aquela ciência ou aquela igreja que tem a maior quantidade de dogmas é a ciência ou a igreja que construiu o maior pensamento. A Igreja Católica, o mestre-escola há vinte séculos, construiu uma tremenda quantidade de pensamentos sólidos e consistentes e, portanto, construiu dogmas, assim como um homem deve construir uma casa de
alvenaria, mas fundada em uma rocha. Ela viu os séculos de entusiasmos passageiros e lealdades momentâneas passarem diante dela, cometendo os mesmos erros, cultivando as mesmas poses, caindo nas mesmas armadilhas mentais, de modo a tornar-se muito paciente e gentil com os alunos errantes, e bastante intolerante e severa com os erros. Ela tem sido e sempre será intolerante, na medida em que a lei de Deus é intolerante com heresias, erros, inverdades, implicando não em assuntos pessoais onde ela possa agradar, mas em um Direito Divino onde não há concessões. Mansa ela é para com os que erram, mas violenta para com o erro. A verdade é divina; o herege é humano. Feita a devida reparação, ela admitirá o herege de volta ao tesouro de suas almas, mas nunca a heresia ao tesouro de sua sabedoria. O certo é certo, ainda que ninguém esteja certo, e o errado é errado, ainda que todos estejam errados. E nestes tempos precisamos, como o Sr. [G. K.] Chesterton nos diz: “não de uma Igreja que esteja certa quando o mundo estiver certo, mas de uma Igreja que esteja certa quando o mundo estiver errado”. A atitude da Igreja em relação ao mundo moderno sobre esta importante questão pode ser compreendida na história das duas mulheres no tribunal de Salomão [ver III Reis 3: 16-28]. Ambas reivindicavam um bebê. A mãe legítima insistiu em ter o filho inteiro ou nada, pois uma criança é como a verdade – não pode ser dividida sem ruína. A mãe ilegítima, em contrapartida, assentiu. Ela estava disposta a dividir o bebê, e o bebê teria morrido de “tolerancismo”. Fulton J. Sheen, Old Errors and New Labels. New York, NY: The Century Company, 1931.
Um homem intolerante é aquele que se recusa a aceitar uma razão para qualquer coisa; um homem tolerante é aquele que aceita qualquer coisa por uma razão É verdade que existe uma exigência para a precisão, exatidão, e definição
Certas palavras como “reacionária” e “medieval” são usadas para rotular a Igreja Católica e utilizadas com aquele mesmo desrespeito com que um homem usa para zombar da idade de uma dama. Mães não deixam de ser mães porque seus filhos cresceram, e a mãe Igreja do mundo cristão, que começou não em Boston mas em Jerusalém,
Broad-minded – Tolerante
A CNBB em um gesto vão, tenta influir nos rumos da política. Mas essa tentativa é sempre fr