1 Noções Gerais Relações Públicas

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A. NOÇÕES GERAIS I. O SEU APARECIMENTO II. NOÇÃO III. RELAÇÕES PÚBLICAS E MARKETING IV. REGULAMENTAÇÃO

I. O SEU APARECIMENTO Se considerarmos as RP como uma técnica que visa conseguir a aceitação de uma determinada organização ou personagem, podemos dizer que existem desde sempre. Para alguns autores terá sido Júlio César o pai das RP ao tomar a iniciativa de editar, diariamente, as “Acta Diurna” onde se dava conta dos sucessos ocorridos no Império Romano. Esta pode, de facto, ser considerada uma tomada de consciência, por parte do imperador, da necessidade de informação do público – pedra basilar das RP. Em Portugal, no século XVI pode ser considerado um acto de RP o capítulo 59 do Regimento das Casas da Índia e Minas onde o rei recomenda “que sejam bem tratados os mercadores”. Outros autores preconizam que terá sido Napoleão o precursor das RP ao dar grande importância à imagem junto do público. No entanto, a maioria dos autores são unânimes em afirmar que a Revolução Industrial marca o aparecimento das RP como uma técnica cujo objectivo é o de criar um clima de entendimento e empatia entre uma instituição e os seus públicos.

I. O SEU APARECIMENTO Com o advento da produção em massa, os produtos, cada vez em maior número, precisavam de ser escoados. O consumo tinha de evoluir acompanhando o ritmo vertiginoso da inovação tecnológica e do volume da produção. Para tal, o público necessitava de conhecer a diversidade de bens postos à sua disposição nos mercados, as suas características, vantagens, utilidade, etc. Por outro lado, a Revolução Industrial trouxe alguns excessos, um deles foi, sem dúvida, a ânsia de maximização do lucro por parte dos produtores o que os levou a explorar sem quaisquer escrúpulos os trabalhadores. Esta política produtiva foi criando nos consumidores, e no público em geral, uma péssima imagem da industrialização e dos seus comandantes. Daí a necessidade da criação de técnicas de informação e comunicação que conseguissem modificar essa imagem junto de um público insatisfeito. Ivy Lee foi o primeiro profissional de RP de que há memória. Por volta de 1906, a indústria de carvão, atravessava um período de duras greves, os principais representantes do patronato delegaram no jovem todos os poderes para modificar e melhorar as relações entre o patronato, as suas empresas e o público em geral. Ivy Lee, através de uma política de informação objectiva e verdadeira, criou um ambiente mais saudável entre patrões e empregados. No mesmo ano, o jovem RP revolucionou as relações das empresas com a imprensa ao facilitar de todas as formas o acesso à informação pelos jornalistas a todos os factos, positivos e negativos, que ocorriam no seio das empresas.

I. O SEU APARECIMENTO Na continuidade das acções de Ivy Lee, as Relações Públicas evoluíram. No início do século XXI, abarcam áreas tão diversificadas como Os public affairs, a comunicação insti­tucional, de produto, financeira, de crise e, mais actualmente, a comunicação na Internet. O desenvolvimento do marketing e das marcas provocou, também, um redobrado interesse pelas Relações Públicas, já que o valor da marca vai muito para além da venda no curto prazo ­ e as Relações Públicas podem ser um instrumento fortíssimo para criar, reforçar e proteger as marcas. As Relações Públicas aparecem em Portugal em 1960, quase somente nas sociedades multinacionais. Em 1964, foi criado o Instituto de Novas Profissões com os cursos de Relações Públicas e de Turismo. Em 1968 foi fundada em Lisboa a SOPREP ­ Sociedade Portuguesa de Relações Públicas e na década de setenta foi criada a Escola Superior de Meios de Comunicação.

I. O SEU APARECIMENTO Seguiu­se um período de certo modo promissor, embora até 1974 esta actividade estivesse ligada às agências de publicidade. Porém, muitos dos que exerciam tal actividade estavam mal preparados, faltando­­lhes a qualificação profissional necessária: isso provocou algum descrédito e suspeição sobre esta actividade. Após o 25 de Abril, surgiu uma curta época de grande crise neste sector. Porém, o recomeço dá­se logo nos anos imediatos, primeiro em departamentos da Administração Pública e depois nas empresas privadas, mantendo­se em crescendo constante, embora lento. A 16 de Abril de 1978, em assembleia geral da Confédération Européen des Relations Publiques que teve lugar em Lisboa, foi aprovado o Código Europeu de Conduta Profissional de Relações Públicas ­ o Código de Lisboa, ainda vigente. Aquando da integração de Portugal na Comunidade Económica Europeia apenas existiam três agências de Relações Públicas em Portugal. Poucos anos depois esse numero era já de trinta e cinco, embora algumas delas não se dedicassem em exclusivo à comunicação relacional. Com vista ao reforço do prestígio desta actividade foi criada em Setembro de 1989 a APECOM ­Associação Portuguesa das Empresas de Conselho em Comunicação e Relações Públicas.

II. NOÇÃO “As RP são o esforço deliberado, planeado e contínuo para estabelecer o entendimento mútuo entre uma organização e os seus públicos.” Instituto Britânico de RP “Há inúmeras definições de RP, muitas das quais tão gerais e vagas que pouco significam para o leitor que procura uma definição específica e descritiva da matéria. A seguinte é uma típica definição geral: «RP são uma filosofia de administração que coloca os interesses do público em 1º lugar, em qualquer atitude ou decisão. Expressa­se em políticas que se levam ao público, para assegurar a compreensão e obter boa vontade.»” Bertrand Canfield

II. NOÇÃO “RP são o processo contínuo pelo qual a administração procura obter a boa vontade e a compreensão dos seus fregueses, empregados e público em geral; internamente, por meio de auto­análise e correcção, e externamente por todos os meios de expressão.” J.C. Seidel “As RP são o esforço deliberado, planeado e contínuo para estabelecer e manter entendimento mútuo entre uma organização e os seus públicos.” Edward L. Bernays “ Uma atitude fundamental do espírito – uma filosofia de administração que, deliberadamente, coloca ao mais elevado grau o interesse do cliente em cada decisão que afecta a realização de um negócio.” Paul W. Garret

II. NOÇÃO “...as RP nasceram, precisamente, desta necessidade, que todos sentem confusamente, de repensar os problemas económicos no plano humano. É porque as RP podem satisfazer essa necessidade que todo o Homem sente de conhecer e compreender. É porque a constante obrigação de fornecer informações honestas e verdadeiras, que as RP criam, suscita comportamentos justos.” Lucien Matrat e Alec Carin “As RP são uma técnica de comunicação bilateral que visa, através dos vários media e da comunicação pessoal, transmitir uma mensagem objectiva subordinada a uma política de verdade com fim informativo.” J. Martins Lampreia

II. NOÇÃO "não significam apenas dizer aquilo que o público deseja ouvir; consistem em fazer o que o público sabe que é certo" Director de RP da General Motors “É uma função que subjaz em todos os sectores desde que lograda a compreensão nos intervenientes, qualquer que seja a sua importância ou o seu cargo na instituição e que os leva, a cada um, a participar, como agentes conscientes, na promoção, manutenção e aperfeiçoamento da imagem da Organização a que pertencem. A força motivadora das políticas das empresas encontra, na sua base, a filosofia comunicacional das Relações Públicas a qual se baseia no esforço contínuo das organizações em utilizar competentemente a comunicação, de modo a conquistar a aceitação, o respeito e a fidelização do Público ­ razão da sua existência. ” Abílio da Fonseca

II. NOÇÃO “As Relações Públicas, como técnica de comunicação, imaginam, organizam, promovem e avaliam diversas acções, após adequada investigação e cuidadoso planeamento, que servem para informar convenientemente os Públicos-alvo e deles colher, em retroacção, as indicações necessárias à administração para a elaboração e o controlo das suas políticas. Por outro lado, quanto maiores e diversificadas forem as organizações, mais necessárias se tornam a abertura e a manutenção de canais comuni­cativos entre todos os que nela trabalham e mesmo destes para o exterior; essa tarefa pode ser realizada de forma competente e eficaz pelos relacionadores de público como gestores de Comunicação. A isto acrescente­se ainda o contributo destes especialistas no aconselhamento, à administração, da melhor comunicação a utilizar para com as pessoas do interior e do exterior das organizações.” Abílio da Fonseca

II. NOÇÃO técnica de comunicação bidireccional: a sua acção coloca em contacto directo o público e um determinado organismo, favorecendo um intercâmbio de informações entre eles. O organismo transmite informações aos seus públicos tentando influenciá­los. Ao fazê­lo está a receber igualmente informações daqueles, nomeadamente a imagem que o público tem do organismo. Esses dados poderão ajudar a modificar e melhorar a sua actuação de modo a servir melhor os seus públicos. colocam sempre em primeiro lugar os interesses dos seus públicos: as RP existem pelo e para o público, só assim fazem sentido. devem ter uma acção contínua: não se pode pensar em exercer com êxito RP por meio de campanhas descontínuas e esporádicas. São uma política de empresa que só funciona a médio e a longo prazo, por isso não faz sentido serem praticadas de forma descontínua.

II. NOÇÃO

Resumindo, RP podem ser consideradas como uma técnica de comunicação bidireccional que tem como principal objectivo a criação de um clima favorável de entendimento mútuo entre uma organização e os seus públicos através de uma política de informação e de verdade.

III. RELAÇÕES PÚBLICAS E MARKETING As Relações Públicas podem ser uma verdadeira ajuda para o marketing. Ambos têm um objectivo comum: aumentar a prosperidade da organização através da melhoria da sua reputação.

Ambos se tornam mais eficazes quando integrados. As Relações Públicas, no entanto, têm geralmente uma visão mais ampla quanto ao lugar da organização na comunidade. A principal operação em relação ao cliente é fazer com que os produtos ou serviços requeridos estejam no lugar certo, à hora certa e pelo preço justo. As Relações Públicas ajudam a criar o ambiente mais favorável em que o produto possa ser vendido ou o serviço prestado.

IV. REGULAMENTAÇÃO DAS RELAÇÕES PÚBLICAS As Relações Públicas regem­se por códigos deontológicos muito específicos que consubstanciam a seriedade e rectidão desta actividade Código Europeu de Conduta profissional de Relações Públicas (Código de Lisboa) Código de Ética Internacional das Relações Públicas (Código de Atenas)

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