Quando O ‘cristianismo’ Deixa De Satisfazer A Alma

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Cartas > QUANDO

O ‘CRISTIANISMO’ DEIXA DE SATISFAZER A ALMA www.caiofabio.com.br

Marcos: Graça e Paz! Responderei suas questões no corpo de sua carta, visto que você faz perguntas longas, e que não deveriam ser repetidas por mim no ato de responde-las, para não alongar demais o próprio texto. Ao final de tudo eu volto para lhe dizer algumas coisas que, a meu ver, são bem mais importantes do que as que questões que você levantou como dúvidas. Até já! Caio

----- Original Message ----From: QUANDO O ‘CRISTIANISMO’ DEIXA DE SATISFAZER A NECESSIDADE DO CORAÇÃO To: [email protected] Sent: Friday, May 20, 2005 4:32 PM Subject: Dúvidas Bom tarde, Aos 14 anos tive uma experiência com Deus de conversão. Desde então sempre ansiei em trabalhar cada vez mais para o Senhor, para que outras vidas conhecessem também o Evangelho e pudessem ser salvas. Amo evangelismo pessoal! Por crer verdadeiramente na Palavra de Deus e não ter medo de argumentar com ninguém que a queira contrariar, sempre procurei ir mais a fundo nas doutrinas bíblicas de difíceis interpretações, na busca de descobrir a influência do Cristianismo na História, a criação do mundo, enfim. Muitos me dizem que não há necessidade de eu me preocupar com isso tudo, pois a fé é suficiente, e eu poderia acabar me desviando. Eu sei que a fé em Jesus Cristo é suficiente, mas sei também que a História é composta de fatos que não podemos ignorar. Creio em Deuteronômio 29; 29, mas creio também que a Palavra de Deus não pode se contradizer. Sei que muitas coisas que a Ciência afirma hoje como verdade absoluta, amanhã ela afirma exatamente o inverso; porém concordo com o pensamento de Albert Einstein que disse que a Ciência sem Religião é manca e que a Religião sem Ciência é cega. Afinal de contas, se a minha fé é verdadeira num Deus verdadeiro, não há porque eu temer buscar a

origem das coisas, creio que isto irá até fortalecer minha fé. Tenho conseguido através de pesquisas algumas respostas. Porém, esta carta é um pedido de ajuda para algumas perguntas que não estou conseguindo respostas. Quais são: 1) Como explicar o início do mal, seja pela rebelião de Lúcifer ou pela desobediência do homem? Em Jó 42;2 lemos: “Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser frustrado”. Caso o inicio do mal tenha sido através de Lúcifer ou do homem, seriam, por acaso, 2 planos de Deus que foram frustrados (pois Deus não criaria o homem para o sofrimento)? Em Is: 45;7 lemos que o Senhor cria também o mal; mas como explicar que o Senhor sabendo de tudo que iria acontecer de ruim com quem não O recebesse (além de passar uma eternidade no lago de fogo), mesmo assim cria o homem? Resposta: Como explicar o mal e o mau? O que Deus tem a ver com isto? Sim, o problema do mal não tem nada a ver com Deus, mas com o homem. O mesmo se pode dizer do sofrimento. Deus não tem problemas. O homem sim. E não é pela ‘solução’ desses problemas humanos que a fé cresce em ninguém. De fato, pelas suas próprias ‘pesquisas’ e sabedoria o mundo o conheceu. Toda a tentativa dos mestres e teólogos da “igreja” quanto a tentarem explicar o problema do bem e do mal, não passou de presunção da sabedoria grega batizada com o nome de teologia cristã. Não é à toa que a defesa da fé é chamada de “Apolo-jética”, e a arte de compreender é chamada de “herme-neutica”. São poderes dos deuses gregos (Apolo e Hermes), batizados pelos cristãos. O “Cristianismo” gosta mesmo é de batizar o paganismo e converte-lo, pela vaidade, em propriedade sua. Voltando à sua questão. Faz muito pouco tempo que na terra existem seres que chamam a cessação da existência física de ‘morte’; e também faz muito pouco tempo que a noção de sofrimento atingiu conscientemente alguns seres da terra: os humanos. Além disso, o simples fato de você estar me perguntando isso ‘hoje’, já altera a própria perspectiva do significado de morte e sofrimento. Isto porque a ‘morte’ hoje não significa a mesma coisa que significava há alguns milhares de anos. O mesmo se pode dizer do sofrimento. A modernidade inventou muito mais dores do que toda a humanidade havia conseguido realizar como noção e conceito antes de nós. Origem do mal e do sofrimento? Por que você também não se angustia com a origem do bem? (mas esta é outra questão) Ora, mal e sofrimento nasceram quando do surgimento de nosso atual estado de consciência. Antes aqueles que nos antecederam na escala evolucionaria, também morriam, mas não se sentiam como nós nos sentimos em relação a morte; sofriam mutilações e doenças, mas não se sentiam amaldiçoados; perdiam filhos, mas isso fazia parte do processo natural e comum a todas as criaturas; assistiam lutas e conflitos sangrentos e de morte, mas não era nada diferente de leões

disputando inocentemente um território. Adão e Eva viviam no Paraíso apenas porque o inferno da culpa que resulta da presunção do conhecimento do bem e do mal não lhes havia mudado a consciência. O que se chama de Queda foi algo que aconteceu dentro, nos ambientes da percepção, tanto externa, como também da auto-percepção; não num jardim exterior. A Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal poderia ser qualquer árvore, bastava que fosse comida com aquela expectativa de poder. Portanto, o poder da ‘árvore’ estava na expectativa e na decisão do comedor. Um comedor desavisado não teria sentido nada. Totem e Tabu! Antes disso a morte era parte da vida e a vida parte da morte. Por isso se diz no texto hebraico do Gênesis: “No dia em que dela comeres, morrendo, morreras”. Nosso atual ego é fruto dessa percepção; e é a partir desse ego-eu que todos nós sentimos hoje aquilo que chamamos de morte e de sofrimento. É também a partir dele que surge diante de nós a noção de bem e mal. Houve a Queda. Porém, nada mudou dramaticamente fora de nós, na Terra. Até a dor de Eva ao dar a luz filhos é resultado dessa sofisticação de sentir existencial. A primitividade até hoje muda as noções de sofrimento e de bem e mal. Uma mulher de classe média no Rio de Janeiro perde um bebê nos três primeiros meses da gestação e entra em depressão. As mulheres do interior do Amazonas têm 15 filhos, perdem já nascidos uns 7, antes dos 12 anos de idade; e nenhuma delas entre em depressão, porque, para elas, isso faz parte; e nenhum delas faz perguntas aos céus acerca do bem e do mal. O mesmo se pode dizer de índios. Eu disse que houve a Queda, porém que nada havia mudado dramaticamente fora de nós. Sim, antes da Queda os mares sempre foram lugares de seres engolindo seres, e, na terra, a evolução, com suas adaptações e mutações, continuava a acontecer; sendo que parte inevitável do processo era a morte. Mas ainda assim a Terra era o Paraíso. A Queda é na mente! Morte e vida são a mesma coisa. Alegria e sofrimento também. Todos procedem da mesma fonte. E Vida, com ‘v’ maiúsculo, é feita de morte e vida, com letras minúsculas. Sempre foi assim. E nada há de mal nisso; exceto para o homem. E por quê somente o homem sente assim? O homem é o ser que caiu para a dimensão da presunção do conhecimento do bem e do mal. É dessa presunção que vem nossa interpretação e nossa designação do que seja o bem e o mal. Deus é. Não está sendo. Todavia, tudo o que está sendo, está sendo em Deus; de tal modo que Deus não é o processo, mas o processo é em Deus. E o processo implica em alternâncias, em ciclos, em aparecimentos e desaparecimentos, em cessação de existências e em nascimento de novas existências. E por quê? Não sei. Mas talvez seja porque o caminho da vida seja esse mesmo. Com certeza deve ser. Deus, no entanto, é Aquele e Aquilo no que todo esse processo acontece; sendo que para aqueles que estão no processo, a viagem é linear; embora, em Deus, o Alfa e o Omega sejam a mesma coisa; assim como a luz e as trevas.

O processo acontece em Deus. Deus, porém, não é o processo. Ele o transcende, embora a viagem da vida aconteça Nele. Não existe mal? É claro que existe. Mas só existe na mente do homem. É do coração do homem que nascem todas as coisas que destroem a vida. De tal modo que a angustia do homem pela questão do bem e do mal é também fruto da produção da culpa consciente acerca do fato de que nossa intervenção na existência deixou de ser apenas instintual, e passou a ser conscientemente praticada pela presunção do saber do bem e do mal; o que é muito mal, posto que assim o homem se arroga a decidir o que é e o que não é mal; assim como as nações decidem quando uma guerra é boa e quando ela é má. Baleias não são assassinas; elas apenas matam. Homens, porém, podem ser homicidas—e potencialmente são—, mesmo quando não matam. No entanto, o conflito que você tem sobre a bondade de Deus ou sobre Sua natureza, é apenas fruto de seu auto-engano de ‘pensar Deus’ a partir de você. Eu e Deus andamos em caminhos diferentes e temos entendimentos diferentes, disse Deus por Isaías. Portanto, eu sei em parte o que é o mal e o que é o sofrimento; mas isso é apenas em parte. Na realidade, eu sofro muito mais é da presunção moral de designar o bem e o mal, do que sou capaz de ter real discernimento deles. Por que o urubu é ‘meio que do mal’ e a pombinha empiolhada é símbolo do Espírito Santo? Porventura Deus ama mais a pombas do que a urubus? Faz Deus distinção entre eles? Na verdade, Deus se utiliza de nossos códigos para se comunicar conosco. Nós, porém, não devemos pensar que Deus seja do tamanho de tais analogias ou comparações. Que dizer dos prazeres maus e dos sofrimentos bons? De fato, toda a noção do homem sobre tais coisas vem apenas de sua própria experiência de dor ou prazer; daí, na maioria das vezes, o significado do bem seja tudo aquilo que dá prazer e bem estar; e o do mal tenha a ver com tudo aquilo que é desconfortável ou trás dor. A própria discussão do tema, tendo o ‘homem’ como o centro da questão—você até falou na perdição eterna do homem criado—, já revela como todo esse tema é produzido pela nossa própria mente adoecida; posto que não se tem a mesma preocupação com o destino de todas as criaturas do planeta. Para nós não há morte quando se tira um peixe do rio e se come. Morte há quando um de nós é comido pelo peixe. Portanto, morte é algo que só existe para nós. Os de consciência mais elevada preocupam-se com a Natureza. No entanto, eles mesmos sabem que na Natureza só existe morte quando o homem faz suas intervenções; do contrário, o ciclo de morte e vida das criaturas não os escandaliza—nem a mim—, posto que aquelas mortes são apenas parte da Engrenagem da Vida. Agora, deixando um pouco isso de lado e vindo para o mal metafísico, como Lúcifer, etc...; sinceramente, não vejo na Bíblia quase nada a respeito; ficando muito mais a certeza de que conquanto o diabo exista, ele, todavia, é feito ou se alimenta apenas das criações dos corações dos humanos. O diabo que eu vejo na Bíblia é sempre

humano. Até o Rei de Tiro, de onde se tira a idéia de Lúcifer e sua queda, é uma imagem humana. Portanto, não me é possível saber como o diabo virou diabo, mas me é possível pelo menos constatar que suas diabolices, são o que é humano, virado ao avesso. Por isso, me é mais fácil discernir Lúcifer no Lucio do que num Querubim que não conheço. Jesus não deu a menor bola para essas questões, e tratou o mundo como ele era; apenas disse que os humanos o haviam corrompido pelo egoísmo. Todavia, Ele não chamou nada para a metafísica, mas sim para o coração, e, também, para a manifestação do interior humano na existência histórica. O resto eu falo respondendo as demais perguntas. 2) Pelo cálculo do tempo dos fatos citados na Bíblia desde a criação de Adão até hoje seriam de uns 7 mil (?) anos aproximadamente. E quanto aos achados arqueológicos e pesquisas científicas que nos mostram coisas de muito mais de 7 mil anos de existência? Resposta: Deixe-me ser bem simples pra ver se ninguém se equivoca em relação ao que penso. Sim, nem você e nem os que lerem no site. A narrativa do início do livro do Gênesis é claramente mítica, e é completamente verdadeira. O mito não significa mentira, engano, falsidade e fantasia. O mito é uma linguagem universal usada na perspectiva de revelar por figuras, símbolos e arquétipos, aquilo que não se viu como ocorrência, mas que se sabe corresponder à verdade do que foi gerado. Nossa tolice é tão grande que nos prende a narrativas de configuração e linguagem mítica de forma literal, como se a fé só fosse fé se todas as coisas tivessem sido literais. A Escritura tem todo tipo de linguagem. Começa com a mítica, entra na semi-histórica, adentra a histórica, se utiliza da simbólica, expressa a alegórica, a metafórica, e também a literal. Ora, se a Escritura se utiliza de todas essas linguagens, não faz sentido usar apenas a visão literal na hora de lê-la, se há outras formas de linguagem em uso no próprio texto. Cada texto tem que de ser lido e discernido conforme a sua linguagem. E a Escritura não inicia dizendo que linguagem está usando, apenas porque é obvio quando uma certa linguagem está sendo praticada. Eu creio que a Terra foi habitada, milhões de anos, por muitas criaturas, antes da criação-surgimento do homem. Creio que houve muitas eras e ciclos de vida no chão que habitamos. Creio que a narrativa do Gênesis mostra o significado divino de todas as existências, e revela o lugar especialmente importante do homem na criação. Creio que a “queda” aconteceu, e que o dialogo de Eva com a Serpente foi uma realidade, porém, a linguagem usada para nos contar algo que teve seu lugar muito mais na dimensão psicológica, é, própria e adequadamente, de natureza mítica. Creio que tudo o que ali está dito é tão mais belo e verdadeiro quanto mais se lê o texto conforme a natureza de sua linguagem. Aliás, somente desse modo o

texto deixa de parecer estória da carochinha. Lendo-o como mito ele cresce ainda mais em seu significado como representação não-jornalística da verdade, e que nem por não ser “jornalística” deixa de ser verdadeira. O Gênesis apresenta o fenômeno do que nos aconteceu como espécie, e usa a única linguagem possível, em se tratando de coisas para as quais a consciência não tinha meios de perceber se não como linguagem fenomenológica. As culturas dos povos, quase todas elas, são extremamente parecidas com a linguagem do Gênesis. O que apenas prova a realidade de que o Inconsciente Coletivo da Humanidade está saturado com a mesma verdade e com os mesmos conteúdos, variando apenas na forma do mito. O modo mítico como o Gênesis relata a criação da consciência humana é, na minha pobre maneira de ver, o mais perfeito de todos. No entanto, a linguagem é mítica; e é a mais própria de todas as linguagens míticas. Mito, portanto, não é o que não é, mas sim o que é; só que sendo contado de uma forma atemporal, não envelhecível, não necessitada de re-atualizações históricas freqüentes. Você já imaginou se há quase quatro mil anos a Escritura contasse a criação do homem do modo como ela pode ter “de fato” acontecido? Quem entenderia o quê? Desse modo, a Escritura usa uma Linguagem Perene a fim de relatar aquilo que não seria jamais compreendido sem que a linguagem fosse mítica. Para os antigos era a única linguagem possível; e continua a ser a única possível para nós também. Na realidade as pessoas não entram nesse assunto não é por medo de perderem a fé, mas por temor de serem “interpretadas” como tendo perdido a fé. Ora, o Gênesis, em seu inicio, é mítico. A ressurreição de Jesus, todavia, não é narrada com linguagem mítica, mas histórica. Assim, deve-se ler o Gênesis conforme a linguagem proposta, e os Evangelhos, conforme a linguagem histórica narrativa com a qual ele está carregado. Com isto lhe digo o seguinte: Sei que Adão caiu em pecado e transgressão, embora não saiba os detalhes históricos narrativos desse acontecimento, visto que a linguagem utilizada me permite saber o que houve, mas não me detalha como foi—exceto como narrativa de natureza mítica. Já a ressurreição de Jesus, é tanto histórica quanto também é narrada em linguagem histórica, sendo, por parte de qualquer um, uma grande violência dizer que se trata de mito, visto que, para mim, é desrespeito para com a intenção, o estilo e a objetividade narrativa da história. Ou seja: a realidade é o que interessa, não a linguagem! E qual é a realidade? Somos todos herdeiros de Adão segundo o pecado; e, em Cristo, somos agora herdeiros de toda Graça. Ora, isto sim é realidade! Quanto à arqueologia, saiba: a Terra é antiga. O mundo, porém, é novo. A Terra tem idade e a natureza existe como documento dessa idade. Mas o mundo é feito de tempo. O mundo passa...e a sua

concupiscência... Nenhum dinossauro ficou sabendo que os dinossauros existiram e nem que acabaram...nem mesmo os crocodilos e as aves ficaram sabendo. E as baratas não sabem até hoje que são indestrutíveis no caso de uma guerra nuclear e nem tampouco que podem sobreviver até uma semana separadas da própria cabeça. Os crocodilos tem idade. O tubarão é antiqüíssimo. Os escorpiões...bem, não há designação para a quase imutável idade de sua existência terrestre. Essas coisas são datáveis. Sabemos quantos sois e luas lhes serviram de dias e noites. Mas ainda assim...não estamos falando de tempo. Einstein ajuda a entender o tempo físico, e a física quântica o não-tempo. Mas ainda assim não são formulas para designar o único tempo que os humanos conhecem como experiência. As idades são medidas em tempo, mas não são feitas de tempo. O tempo como experiência é o resultado do movimento da consciência de si mesmo. O Espírito de Deus se movia sobre as águas. As águas se moviam e não sabiam que eram águas e nem tampouco que existiam como movimento. É por isto que a Bíblia é tão pouco preocupada com datações em todo o seu início. Fala-se da existência, não do tempo histórico linear e cronológico das coisas. O tempo passou a começar a ser quando os olhos de Adão se abriram. Criou Deus o homem... Criou-o à Sua própria imagem e semelhança...sendo que Deus não é imagem, e, portanto, não oferece semelhança...pois Deus contém o tempo, mas não se orienta por ele...o tempo e o espaço não lhe são semelhantes...lhe são derivados. O tempo é Nele. Ele não é no tempo. O homem, todavia, é um deus no tamanho do tempo. Ele carrega a semelhança invisível com a semelhança de Deus...e expressa de modo visível a total impossibilidade de exprimir a semelhança de Deus. Mas o tempo só passa a existir quando a consciência fica sabendo de si...pelo menos um pouco. Tudo o que houve antes foi Terra. Tudo que vem depois...é mundo. O mundo é feito de tempo e o tempo é feito de mundo. Por isso o mundo passa com o tempo e o tempo passa com o mundo. Esta, no entanto, é percepção de observadores humanos e caídos. Todos nós vemos de um dado-lugar-caído. Adão, entretanto, a primeira vez que abriu os olhos não viu o mundo. Ele começou vendo a Terra, vendo a si mesmo, sendo em Deus e iniciante no processo de ânsia por alguma coisa infinitamente de seu tamanho, que virou mulher. Aquele, todavia, ainda era o Gênesis dos céus e da terra. O mundo só começa no capítulo três de Gênesis. Antes daquele dia havia idade e uma quase consciência de tempo, pois, ainda era também uma quase plena consciência de si... Afinal, nenhuma consciência será plenamente consciente de si...se antes não descobrir que de fato que não é. O tempo é o resultado do movimento da consciência de si mesmo...e que acontece como nostalgia do tempo em que só havia idade e com a angustia de que agora só existe tempo. É disso que é feito o mundo. E esse tempo...é o tempo de nossa própria

consciência...Digo: até mesmo dessa história caída, pois, o que houve antes da Queda, aconteceu...mas não pode ser chamado ainda de História. A História é um subproduto do movimento da consciência de si... e que fez o tempo existir como experiência...e que fez a experiência se chamar História. Isto é História...o resto são apenas histórias e interpretações do tempo...e que de tempos em tempos...também mudam a sua própria versão...conforme o tempo e o mundo. Afinal, o mundo passa, e bem assim a sua concupiscência; aquele porém que faz a vontade de Deus, permanece para sempre. Em Cristo, porém, já se passou do tempo da idade e da idade do tempo...pois já se passou da morte para vida. Assim, sob nenhuma perspectiva os arqueólogos ou a arqueologia são um problema; ao contrário, são uma bênção; uma espécie de profetas da idade e do tempo. E, por último, já ia esquecendo de dizer que acerca de apanhar a genealogia de Adão e calcular a idade da criação em algo que teria acontecido cerca de sete mil anos atrás, tanto é tolice, quanto também é uma violência à idéia do Gênesis, que era fazer uma genealogia de marcos significantes, e que só vai se tornando mais imediata entre um descendente e outro depois do surgimento de Abrão. 3) Lemos em muitos materiais evangélicos uma condenação referente à origem do Natal, à origem da Mariolatria (a Pietá, a virgem com um filho salvador nos braços) que vemos hoje, enfim, e de muitas outras coisas que foram introduzidas na Igreja Cristã pelos Concílios. Porém, pesquisando estas origens, descobri que não só os costumes citados acima possuem semelhanças com outras religiões pagãs, mas também muitos outros pontos vitais do Cristianismo. Como por exemplo: - A Criação do Mundo: os egípcios criam que houve um tempo que não existia nem céu, nem terra, apenas água, e Rá, o deus sol, tendo pronunciado a Palavra, o mundo passou a existir imediatamente. - A imortalidade da alma: era crida pelos babilônios (Epopéia De Gilgamés); no Irã e no Império Persa (no culto de Mitra); no Egito (no culto a Osíris, o deus principal no mundo do além-vida); na Grécia (Pitágoras, Tales de Mileto, Sócrates, Platão); na Índia (Hinduismo, Budismo); na China, Japão, Tibet (Xintoísmo, Taoísmo, Confucionismo). - A ida dos justos para o Paraíso e a condenação dos perversos para o sofrimento eterno. - E até a vinda à Terra de um ser supremo, na condição humana, como acreditam os hindus, para “extirpar a imoralidade e estabelecer a virtude, para que a terra fique livre dos pecadores” (este, segundo Sathya Sai Baba, seria o senhor Krishna, que nascera no ano de 3.227 aC.). - No livro A Grande Lei, de Williamson, um estudo sobre as origens religiosas, lemos: “Já se fez alusão à semelhança que existe entre a história do nascimento de Krishna, o salvador hindu, e a do salvador adorado pelo Cristianismo; já se falou das analogias surpreendentes que existem entre as suas vidas respectivas”. Já na Babilônia, chora-se durante 3 dias a morte de Tamuz-

Adónis e, em seguida, há regozijo pela sua ressurreição. - No Egito, havia uma grande quantidade de deuses, mas apenas os que lidavam com o destino do homem, obtinham culto e reverência do povo. Os deuses pertencentes ao ciclo de Osíris, que constituíam a Grande Companhia de Heliópolis, eram: “Temu ou Atmu, isto é, o fechador do dia, seu culto vem da V Dinastia e é o fazedor dos deuses, criador de homens; - Xu, é o primogênito de Temu e tipifica a Luz. Ele colocava um pilar em cada ponto cardeal para sustentar o céu, os suportes de Xu são os esteios do céu; - Tefnut, era irmã gêmea de Xu e tipificava a umidade, seu irmão Xu é o olho direito, e ela é o olho esquerdo de Temu. Os deuses Temu, Xu e Tefnut formavam uma trindade e Temu na história da criação diz: “assim, sendo um deus, torneime 3”. - Além da remissão ao dilúvio no Poema de Gilgamés; do código de Hamurabi, que é anterior aos 10 Mandamentos (?), porém, cita detalhes do que teríamos nos mandamentos do Senhor a Israel. Enfim, tudo isso tem-me deixado sem respostas, pois me pergunto (o que agora estou a lhe perguntar também): Como explicar estas semelhanças do Cristianismo com o que outros povos pagãos, que não tinham contato com Israel, criam e propagavam, antes mesmo dos israelitas e dos cristãos? Resposta: Primeiro é bom dizer que Deus não é propriedade do “Cristianismo” e que Ele se revela a quem Ele bem entende. Esta é a Ordem de Melquizedeque. Além disso, é bom afirmar que o “Cristianismo” é um grande sincretismo. Que fique isto claro. Também que fique também claro que quando quero falar do que creio que é Verdade, uso a palavra Evangelho. “Cristianismo”, para mim, é apenas um fenômeno humano, de natureza econômica, política, financeira, vaidosa, e adequado a todas as formas de necessidade de permanência no poder; isso de 332 D.C. em diante. O “Cristianismo” é um híbrido feito da influência do judaísmo, do pensamento grego, e da ambição romana de catolicidade; além de milhares de pequenas outras absorções, e que foram acontecendo no curso dos séculos (quem desejar saber mais, leia o livro “Subversão do Cristianismo”, de Ellul). Portanto, o que aconteceu foi sincretismo e absorção; isso no que tange a muitas coisas dentro do “Cristianismo”. Todavia, quanto às demais semelhanças entre as histórias do Evangelho e os mitos dos povos, isso nada mais é que a manifestação de elementos arquetípicos de natureza universal. Ou seja: o inconsciente coletivo da humanidade sempre esteve preparado para receber o Deus feito homem. 4) Como não achar que a Doutrina da Trindade foi introduzida por pressão de Constantino no Concílio de Nicéia, junto com a adoção da celebração do nascimento de Jesus no dia 25 de dezembro (para abolir neste dia a maior das festividades idólatras que celebrava o “deus- sol”)?

Resposta: A chegada de Constantino e sua mãe para o meio cristão foi o grande diferencial corruptor daquilo que antes não era uma “religião”, mas apenas um simples caminho de fé no amor de Deus pelos homens, e que fora revelado em Jesus. Para os primeiros discípulos, apesar de todas as dificuldades humanas que neles se pode verificar, a fé, no entanto, era algo simples. Ora, mesmo as tentativas dos cristãos judaizantes e dos cristãos gnósticos dos dois primeiros séculos, não conseguiram corromper a fé original. Roma, todavia, mediante Constantino, criou o “Cristianismo”, deu-lhe um fundamento teórico sistemático de inspiração grega, e, por essa razão, tentou construir uma “Anatomia para o Divino”; daí o surgimento da “doutrina da trindade”, toda ela organizada em moldes filosóficos e sistemáticos originários dos gregos, especialmente de Aristóteles. Deus é. E se manifesta como quer a quem bem deseja. Na Escritura judaico-cristã Ele se revela como Pai, Filho e Espírito Santo—e também como fogo, vento, água, pão, casa, sombra, refugio, castelo forte, alta cidadela, amigo, esposo, amante traído, etc...; mas não tentou ajudar ninguém a entender isso; tendo apenas manifesto a natureza de Suas manifestações. No fim de tudo, lendo Jesus em João de 13 a 17, vê-se que Jesus não faz distinção entre o Pai, o Filho e o Espírito. Ele e o Pai são um. O Espírito vem da parte do Pai e revela o Filho. O Filho envia o Espírito como essência e continuidade da própria ação do Filho entre os homens. E o Espírito é tratado em Atos e em Paulo como “o espírito de Jesus”. O mais, meu amigo, é tentativa humana de fazer anatomia do ser de um “deus” cuja possibilidade de estudo só acontece se ele estiver morto; posto que tal “deus” só pode ser estudado se for como objeto de exumação. Daí a teologia ter sido tão bem sucedida durante tantos séculos; posto que seu “Deus” estava deitado na mesa de discussões (os Concílios), enquanto os alquimistas decidiam do que “Ele” é feito. Resumindo: Constantino construiu o Cristianismo e quase que por completo destruiu o que se pode chamar de Evangelho. 5) Como acreditar na idoneidade daqueles que separaram os livros para formar o Cânon, tendo mais de 60 evangelhos, considerados apócrifos, como os de Tomé, de Pedro, de Felipe, de Tiago, dos Hebreus, dos Nazarenos, dos Doze, dos Setenta, etc.? E como acreditar na veracidade de toda a Bíblia, se sabemos que alguns textos importantes não constam nos manuscritos antigos, como Jo: 7;59 – Jo: 8; 1 a 11- 1 Jo: 5; 7, entre outros? Resposta: Ora, sua questão é um problema para gente do “Cristianismo”. Aliás, enquanto você questiona todas essas coisas você apenas revela como você foi ‘formatado’ por todas elas... e continua. Para Paulo e os demais apóstolos esse nunca foi um problema. Eles tinham as Escrituras judaicas disponíveis, mas se aproximavam dela não para saber da Lei ou de qualquer outra coisa—e menos ainda

com a intenção de escrever doutrinas. Para eles a revelação era Cristo, e o restante da Escritura servia para dar testemunho acerca de Quem era Jesus. Quanto ao mais, o que a eles concernia não era fazer reunião de estudo bíblico, e, muito menos, encontros teológicos para descrever Deus. Para aqueles cristãos a experiência de Deus não era intelectual e nem fruto da prevalência do racionalismo sobre o obscurantismo. Eles eram chamados a provar o poder da ressurreição como fator existencial, e não como uma prova histórica apenas; nem como uma demonstração de alterofilismo divino, levantando o peso da morte, como ninguém antes havia feito. O Deus deles não era Hércules! Eles não tinham “Bíblias” e nem cânon sagrado; o que eles tinham era o testemunho do Evangelho, o poder do Deus vivo, e a Graça que os alcançara, e que também se tornara o ‘modo’ pelo qual cada discípulo deveria se conduzir no mundo: que é mediante o espírito do perdão e da misericórdia. O resto, meu amigo, foi apenas uma busca humana por fazer do Cristianismo a religião do poder, da lógica, da razão, das doutrinas, e do poder do clero. O Cânon sagrado sempre foi apenas instrumento de poder. Quanto aos demais evangelhos ‘apócrifos’, já li quase todos eles; e, sinceramente, não sinto falta deles no Novo Testamento. O que você precisa entender é que tanto faz como tanto fez, pois, de fato, a única realidade que tem valor é essa: Deus estava em Cristo reconciliando Consigo mesmo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões. Quanto ao mais, ande conforme Jesus simplificou: O você quiser que os homens façam a você, faça isto mesmo antes a eles; pois, Jesus disse que esse é o verdadeiro cânon sagrado. 6) Por Sua misericórdia, já tive experiências indescritíveis, únicas com o Senhor. Mas vejo muitos católicos aos prantos por causa de Maria, dizendo sentir sua presença, assim como pessoas de outras religiões que nos aparentam estarem tendo experiências espirituais (não incluo aqui, é claro, manifestações espíritas, porque bem sabemos o seu autor). Além disso, tendo em vista alguns pontos abordados anteriormente, pergunto: O que faz de nós cristãos diferentes das outras religiões, já que muitas coisas do que vivemos e cremos são muito semelhantes ao que vivem e crêem outras religiões e ao que viviam e criam outras culturas antiqüíssimas? Resposta: A experiência mística é algo inerente ao poder da mente humana. Portanto, arrebatamentos, transes, devoções fanatizadas, experiências extra-sensoriais, etc... são comuns a todos os povos, e Jesus nunca negou isso; aliás, Ele chegou mesmo a dizer que até em Seu nome o ‘falso’ pode realizar o benefício de um milagre. Portanto, quando você se angustia com isso, você revela que ainda crê que o Cristianismo é algo diferente e melhor que as demais religiões da Terra; e não é. Jesus disse que o que diferenciaria Seus

discípulos do resto da sociedade humana seria o amor com o qual eles deveriam se amar uns aos outros; e não mediante credos ou corpos de doutrinas. A ética da fé em Jesus é amor. A fé que é sã, do ponto de vista de Jesus, é aquele que confessa que Jesus é o Cristo de Deus para todos os povos—independentemente dos povos saberem disso ou não (aqui entre a Ordem de Melquizedeque), e que busca andar em amor prático; posto que a genuína fé “opera pelo amor”. O que passar disso, saiba: é “Cristianismo”. Enfim, perguntas que não saem da minha cabeça e que minha alma anseia compreender. Quero ressaltar que sou evangélico e a finalidade destas perguntas é minha edificação espiritual, para servir a Deus cada vez mais e melhor, para a Glória do Seu Nome. Oro para que o Senhor venha usá-lo para esclarecer-me estas dúvidas. No aguardo ansioso das suas respostas. Em Cristo, Marcos.

Continuação: Marcos, querido: Suas perguntas são as de um “cristão” estrebuchante e em agonia. Na realidade ninguém que pense pelo menos um pouquinho conseguirá se satisfazer com essas “respostinhas” que o “Cristianismo” dá à vida. Jesus nasceu filho de judeus, mas não é discípulo do judaísmo; nem tampouco é Ele um “cristão”; e Ele não é somente o salvador dos “cristãos”, ou dos que o aceitaram na “igreja”. Jesus é Deus. E isso quer as pessoas saibam ou não. Ele é o salvador de todos os homens, saibam eles ou não. Ele é o Senhor sobre todos os que vieram antes e virão depois. Ele é o Alfa e o Omega. Por isso, Jesus é o Senhor de Buda, de Confúcio, de Zoroastro, de Sócrates, de Platão, de todos os sábios da terra, e de todas as almas humanas que nos céus buscam misericórdia; não importando onde isso aconteça. O que cabe a mim é anunciar de modo simples, não como “Cristianismo” e muito menos como “religião”, é o Evangelho; e me cumpre fazê-lo como o fizeram os primeiros discípulos; ou seja: apenas anunciando o que Jesus consumou como Boa Nova para todos os homens, e, manifestando a verdade dessa fé mediante a fé que atua pelo amor a Deus, ao próximo e a si mesmo. A mensagem e a vida do povo de Jesus não tem que ter na história do “Cristianismo” a sua formatação e nem tampouco sua regra de fé e prática; mas, ao contrário disso, precisa ser apenas algo simples como o Evangelho; e próprio como Jesus o tornou em cada estação do caminho, onde parava e ensinava, pregava, curava, libertava, perdoava, reconciliava e seguia...

E a verdadeira Igreja de Deus é feita, visivelmente, apenas daqueles que vivem e anunciam o amor e a graça de Deus no mundo e ao mundo, conforme o Evangelho; e que se reúnem apenas para celebrar o que lhes é comum: a certeza da vida eterna e a alegria do testemunho do amor de Deus no mundo; e isto tudo em gratidão, amor fraterno e espírito de missão na Terra—e com adoração! Pelas suas questões também vi que você ou nunca leu o site, ou o leu muito pouco; posto que se você mergulhasse nessas águas aqui, há muito que suas questões já teriam deixado de ser estas. É claro que para um sujeito que quisesse estender esse assunto, eu mesmo poderia levantar, usando a sua própria lógica interminável, muitas outras perguntas, bem mais complexas. Isto porque, sinceramente, conheço os desdobramentos de todas essas coisas. Todavia, são pura bobagem também. Na realidade, como diz a Palavra, o que vale é ter o coração conformado em Graça. Por enquanto fico por aqui. Leia o site e você terá outros esclarecimentos. E não esqueça: nossa fé é em Jesus, conforme o Evangelho, e não conforme o “Jesus Cristão”, que nada mais é do que uma fabricação humana. Acerca do “Cristianismo” o que se tem que dizer é: Ave Constantino! Receba meu abraço e minhas orações! Nele, que não é o Maior entre os demais, mas sim o Único, e de Quem todas as demais coisas derivam, Caio LEIA: www.caiofabio.com

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