GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE RESIDÊNCIA UNIPROFISSIONAL EM ENFERMAGEM ONCOLÓGICA
ANDERSON ROBERTO DE SALES CORRÊA JULIE ANE DA SILVA FORMIGOSA
ÚLCERAS ARTERIAIS E CUIDADOS DE ENFERMAGEM
Belém 2017
INTRODUÇÃO As úlceras arteriais são feridas que surgem em decorrência da doença arterial que é responsável pela diminuição ou interrupção total do fluxo sanguíneo ocasionado principalmente pelo estreitamento ou bloqueio do lúmen do vaso por fenômenos ateroscleróticos sistêmicos. Estas feridas são geralmente muito dolorosas e se manifestam devido à redução do fornecimento de sangue arterial na região. As áreas que mais são afetadas por estas lesões são os dedos dos pés e/ou áreas que sofrem maior ponto de pressão, cujas regiões mais comuns são o calcanhar, o maléolo e o tornozelo. Está doença esta associada ao tabagismo, hipertensão, hiperlipidémia e diabetes (FURTADO, 2003; MOREIRA et al. 2016). Sinais e sintomas da doença arterial: Ocorre a perda dos pulsos periféricos – eles ficam fracos ou ausentes. O tempo de enchimento capilar é deficiente, ocorre a demora no retorno da coloração após aplicação de pressão no leito das unhas, o paciente apresenta pele fria, brilhante e com diminuição dos folículos pilosos – devido à fraca perfusão periférica. Assim como também ocorre a perda de tecido subcutâneo, devido a fraca perfusão e diminuição do exercício muscular por limitação funcional da perna. Bem como surge gangrena no pé ou dedos, muitas vezes em resposta ao traumatismo e dor – claudicação intermitente/dor em repouso (FURTADO, 2003). Características da úlcera: As úlceras arteriais surgem frequentemente em consequência de um pequeno traumatismo e ocorrem sobre as proeminências ósseas (FURTADO, 2003). Geralmente o fundo de uma ferida isquêmica não sangra, o edema local é pequeno e sua superfície tem coloração amarelada, acastanhada, cinza ou preta, muitas vezes necrótica, em geral não apresenta qualquer tecido de granulação. Sua profundidade é variável, porém
pode tomar proporções capazes de expor tendões,
músculos e até mesmo osso. Seu aspecto por vezes é seco, porque a circulação sanguínea é insuficiente para manter uma reação inflamatória. Isso pode subestimar a gravidade das infecções bacterianas. Sua cicatrização é difícil e extremamente dolorosas, com exceção os pacientes diabéticos que possuem uma percepção dolorosa prejudicada devido a neuropatia instalada (BERSUSA E LAGES, 2004; STRANDEN e SLAGSVOLD, 2005)
Quando a isquemia não é tratada, as úlceras arteriais podem levar a sérias complicações, incluindo infecção, necrose tecidual e, em casos extremos, amputação do membro afetado. Diagnóstico: é feito através da história clinica, exame físico e exames específicos, como o IBPI. A queixa do paciente mais comum é a dor nos membros inferiores, que pode ocorrer durante movimentação, como uma simples caminhada. Quando essa dor ocorre após o exercício, e cessar em repouso, é chamada de claudicação intermitente. No entanto esta queixa pode progredir até que eventualmente o paciente se queixa de dor mesmo em repouso. Pode-se verificar o tempo de enchimento capilar, coloração, temperatura e pulsos das pernas (FURTADO, 2003). Outro ponto importante é a avaliação do local, tamanho, profundidade, borda, margens, piso, base e condição da pele circundante da ulcera, pois essas informações podem sugerir a etiologia subjacente da úlcera ( DOGRAE; SARANGAL, 2014). Para confirmação de presença ou ausência de doença arterial é avaliado o índice de pressão braquial do tornozelo (ABPI), que consiste em medir e comparar a tensão sistólica braquial com a tensão sistólica do tornozelo utilizando-se de um esfigmomanômetro e um dispositivo Doppler de mão. Se houver doença arterial então o aporte sanguineo está reduzido no membro inferior. Quando o valor do ABPI for inferior a 0,8 o tratamento por compressão é desaconselhável, e esses pacientes são encaminhados a especialistas (FURTADO, 2003; FORSTER , 2015). Este teste é importante para diferenciar a úlcera arterial dos demais tipos de úlceras, pois a compressão aplicada às pernas com insuficiência arterial pode resultar em dano de pressão, isquemia dos membros e até mesmo amputação. A imagem de Doppler de fluxo de cor é bem conveniente em relação às medidas de ABPI nos casos em que feridas e úlceras impedem o uso de um manguito para realizar a medição do ABPI. Também é considerada uma investigação padrão-ouro para a avaliação do sistema venoso do membro inferior (DOGRAE; SARANGAL, 2014). Os tratamentos para esta patologia consistem em reestabelecer o fluxo sanguíneo por meio de intervenções medicamentosas, procedimentos cirúrgicos e uso de curativos apropriados (MOREIRA et al, 2016). A escolha do método de tratamento depende do estado geral do paciente e achados angiográficos. O tratamento farmacológico não é muito eficaz e inclui anti-hipertensivos, anticoagulantes, bloqueadores beta entre outros.
A angioplastia transluminal de Perkutan (PTA) é um método particularmente adequado para as artérias iliaca. Que trata de estenoses arteriais por meio de um cateter provido de um pequeno balão dilatável. A cirurgia de Carot (bypass) é a escolha para pacientes com feridas isquêmicas que requer a construção de uma circulação femoropoplítica ou femorocular. Esse tipo de cirurgia de consiste na construção de um novo caminho para o fluxo de sangue através de um enxerto, que geralmente é a própria veia safena magna ou parva do paciente. Outra alternativa é o tratamento hiperbárico de oxigênio, que tem sido utilizado em alguns estudos para acelerar o desaparecimento de feridas isquêmicas, tanto em pacientes com diabetes como sem diabetes (STRANDEN e SLAGSVOLD, 2005). Cabe ao enfermeiro avaliar os membros inferiores, com frequência, em relação a: capacidade funcional; coloração; temperatura; reperfusão capilar; sensibilidade; presença de pulso na dorsal pediosa, tibial posterior; sinais de neuropatia. • Realizar limpeza da ferida com produtos não citotóxicos; • Não desbridar tecido necrótico seco e estável sem avaliação concreta da perfusão por cirurgia vascular, não aplicando qualquer material de penso promotor de umidade; • Desbridar o tecido necrótico, mediante decisão multiprofissional, utilizando desbridamento autolítico e enzimático.
Realizar formação para doentes com controle da patologia de base, cessar tabagismo e etilismo, estimular ingestão de alimentos ricos em vitaminas B6;
Para doentes com claudicação intermitente instituir exercícios de 30 minutos três dias por semana, devendo parar e descansar em caso de dor
Referenciar para cirurgia vascular em caso de dor em repouso, infecção, ausência de pulsos pediosos e tibial (FONSECA et al, 2012).
REFERÊNCIAS BERUSA, Ana Aparecida Sanches; LAGES, Joyce Santos. Integridade da pele prejudicada: identificando e diferenciando uma úlcera arterial e uma venosa. Ciência, Cuidado e Saúde Maringá, v. 3, n. 1, p. 81-92, jan./abr. 2004. DOGRAE, S; SARANGAL, R. Summary of recommendations for leg ulcers. Indian Dermatol Online J [serial online], V.25, N.5. 2014. P. 400-7. Disponível em: http://www.idoj.in/text.asp?2014/5/3/400/137829 EINAR
STRANDEN,
CARL-ERIK
SLAGSVOLD.
Arterielle
sår
underekstremiteten. Tidsskrift for Den norske legeforening. Publisert: 7. april 2005.
i
FONSECA, César; FRANCO, Tiago; RAMOS, Ana; SILVA, Cláudia. Apessoa com úlcera de perna, intervenção, estrutura dos cuidados de enfermagem: revisão sistemática de literatura. Rev Esc Enferm USP. V.46, N.2, P.480-486. 2012 FONSECAL, César; FRANCO, Tiago; RAMOS, Ana; SILVA, Cláudia. A pessoa com úlcera de perna, intervenção estruturada dos cuidados de enfermagem: revisão sistemática da literatura. Rev Esc Enferm USP. 2012; v.46, n.2, p.480-6. Disponível em: <www.ee.usp.br/reeusp>. FORSTER, R; PAGNAMENTA, F . Adereços e agentes tópicos para úlceras nas pernas arteriais . Cochrane Database of Systematic Reviews. 2015 , edição 6 . Arte. No. CD001836. FURTADO K. A. X. Úlceras de Perna – Tratamento baseado na evidência. Instituto Português de Oncologia de Francisco Gentil de Lisboa, 2003. MOREIRA M.M. et al. Qualidade de vida e capacidade funcional em pacientes com úlcera arterial. Av Enferm. 2016;34(2):170-180.