Antropologia_escolas Antropológicas_2019-1.docx

  • Uploaded by: Luciene Da Silva Viana
  • 0
  • 0
  • May 2020
  • PDF

This document was uploaded by user and they confirmed that they have the permission to share it. If you are author or own the copyright of this book, please report to us by using this DMCA report form. Report DMCA


Overview

Download & View Antropologia_escolas Antropológicas_2019-1.docx as PDF for free.

More details

  • Words: 1,394
  • Pages: 4
CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO CAMILO ESPÍRITO SANTO Disciplina: Antropologia Cultural e Educação Professora: Luciene da Silva Viana OFICINA DE PRÁTICA ACADÊMICA As Escolas Antropológicas A Antropologia é o estudo do homem como ser biológico, social e cultural. Sendo cada uma destas dimensões por si só muito ampla, o conhecimento antropológico geralmente é organizado em áreas que indicam uma escolha prévia de certos aspectos a serem privilegiados como a “Antropologia Física ou Biológica” (aspectos genéticos e biológicos do homem), “Antropologia Social” (organização social e política, parentesco, instituições sociais), “Antropologia Cultural” (sistemas simbólicos, religião, comportamento) e “Arqueologia” (condições de existência dos grupos humanos desaparecidos). Além disso podemos utilizar termos como Antropologia, Etnologia e Etnografia para distinguir diferentes níveis de análise ou tradições acadêmicas. Para o antropólogo Claude Lévi-Strauss (1970:377) a etnografia corresponde “aos primeiros estágios da pesquisa: observação e descrição, trabalho de campo”. A etnologia, com relação à etnografia, seria “um primeiro passo em direção à síntese” e a antropologia “uma segunda e última etapa da síntese, tomando por base as conclusões da etnografia e da etnologia”. Qualquer que seja a definição adotada é possível entender a antropologia como uma forma de conhecimento sobre a diversidade cultural, isto é, a busca de respostas para entendermos o que somos a partir do espelho fornecido pelo “Outro”; uma maneira de se situar na fronteira de vários mundos sociais e culturais, abrindo janelas entre eles, através das quais podemos alargar nossas possibilidades de sentir, agir e refletir sobre o que, afinal de contas, nos torna seres singulares, humanos. Algumas informações básicas sobre os principais paradigmas e escolas de pensamento antropológico: Formação de uma literatura “etnográfica” sobre a diversidade cultural Período

Séculos XVI-XIX

Características

Relatos de viagens (Cartas, Diários, Relatórios etc.) feitos por missionários, viajantes, comerciantes, exploradores, militares, administradores coloniais etc.

Temas e Conceitos

Descrições das terras (Fauna, Flora, Topografia) e dos povos “descobertos” (Hábitos e Crenças).Primeiros relatos sobre a Alteridade

Alguns Representantes e obras de referência

Pero Vaz Caminha (“Carta do Descobrimento do Brasil” - séc. XVI). Hans Staden (“Duas Viagens ao Brasil” - séc. XVI). Jean de Léry (“Viagem a Terra do Brasil” - séc. XVI). Jean Baptiste Debret (“Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil” - séc. XIX).

Evolucionismo Social O Evolucionismo Social foi a escola do século XIX responsável pela sistematização do conhecimento acerca dos “povos primitivos”, o qual foi organizado em trabalhos de gabinete, sem a observação "in locu". De modo geral, argumentavam em favor do evolucionismo nas sociedades humanas, donde evoluiriam das “primitivas” para as “civilizadas”. Seus principais representantes foram: Herbert Spencer (“Princípios de Biologia” - 1864) e Tylor (“A Cultura Primitiva” - 1871). Escola/Paradigma

Evolucionismo Social

Período

Século XIX

Características

Sistematização do conhecimento acumulado sobre os “povos primitivos”.Predomínio do trabalho de gabinete

Temas e Conceitos

Unidade psíquica do homem.Evolução das sociedades das mais “primitivas” para as mais “civilizadas”.Busca das origens (Perspectiva diacrônica)Estudos de Parentesco /Religião /Organização Social.Substituição conceito de raça pelo de cultura.

Alguns Representantes e obras de referência

Maine (“Ancient Law” - 1861). Herbert Spencer (“Princípios de Biologia” - 1864). E. Tylor (“A Cultura Primitiva” - 1871). L. Morgan (“A Sociedade Antiga” - 1877). James Frazer (“O Ramo de Ouro” - 1890).

Escola Antropológica (ou Sociológica) Francesa Surgiu no final do século XIX e focou seus estudos nas representações coletivas e na metodologia científica. O maior escritor dessa escola foi, sem dúvidas, Émile Durkheim, o qual criou um marco metodológico com “Regras do método sociológico”- 1895. Escola/Paradigma

Escola Sociológica Francesa

Período

Século XIX Definição dos fenômenos sociais como objetos de investigação socio-antropológica.

Características Definição das regras do método sociológico.

Temas e Conceitos

Representações coletivas.Solidariedade orgânica e mecânica. Formas primitivas de classificação (totemismo) e teoria do conhecimento. Busca pelo Fato Social Total (biológico + psicológico + sociológico). A troca e a reciprocidade como fundamento da vida social (dar, receber, retribuir).

Alguns Representantes e obras de referência

Émile Durkheim:“Regras do método sociológico”- 1895; “Algumas formas primitivas de classificação” - c/ Marcel Mauss - 1901; “As formas elementares da vida religiosa” - 1912. Marcel Mauss:“Esboço de uma teoria geral da magia” - c/ Henri Hubert - 1902-1903; “Ensaio sobre a dádiva” - 1923-1924; “Uma categoria do espírito humano: a noção de pessoa, a noção de eu”- 1938).

Funcionalismo O Funcionalismo surge no início do Século XX e estabelece um modelo de etnografia com seus trabalhos de trabalho de campo (Observação participante). O principal representante foi Bronislaw Malinowski (“Argonautas do Pacífico Ocidental” -1922). Escola/Paradigma

Funcionalismo

Período

Século XX - anos 20

Características

Modelo de etnografia clássica (Monografia).Ênfase no trabalho de campo (Observação participante).Sistematização do conhecimento acumulado sobre uma cultura.

Temas e Conceitos

Cultura como totalidade.Interesse pelas Instituições e suas Funções para a manutenção da totalidade cultural.Ênfase na Sincronia x Diacronia.

Alguns Representantes e obras de referência

Bronislaw Malinowski (“Argonautas do Pacífico Ocidental” -1922). Radcliffe Brown (“Estrutura e função na sociedade primitiva” - 1952-; e “Sistemas Políticos Africanos de Parentesco e Casamento”, org. c/ Daryll Forde - 1950). Evans-Pritchard (“Bruxaria, oráculos e magia entre os Azande” - 1937; “Os Nuer” 1940). Raymond Firth (“Nós, os Tikopia” - 1936; “Elementos de organização social - 1951). Max Glukman (“Ordem e rebelião na África tribal”- 1963). Victor Turner (“Ruptura e continuidade em uma sociedade africana”-1957; “O processo ritual”- 1969). Edmund Leach - (“Sistemas políticos da Alta Birmânia” - 1954).

Culturalismo Norte-Americano

O Culturalismo Norte-americano surge na década de 1930 e estabeleceu o método comparativo e a formação de padrões culturais, a partir dos quais é possível apreender as leis no desenvolvimento das culturas. O principal representante foi Franz Boas (“Os objetivos da etnologia” - 1888; “Raça, Língua e Cultura” - 1940). Escola/Paradigma

Culturalismo Norte-Americano

Período

Séc. XX - anos 30

Características

Método comparativo. Busca de leis no desenvolvimento das culturas. Relação entre cultura e personalidade.

Temas e Conceitos

Ênfase na construção e identificação de padrões culturais (“patterns of culture”) ou estilos de cultura (“ethos”).

Alguns Representantes e obras de referência

Franz Boas (“Os objetivos da etnologia” - 1888; “Raça, Língua e Cultura” - 1940). Margaret Mead (“Sexo e temperamento em três sociedades primitivas” - 1935). Ruth Benedict (“Padrões de cultura” - 1934; “O Crisântemo e a espada” - 1946).

Estruturalismo O Estruturalismo irá florescer nos anos de 1940, ao buscar as regras estruturantes das culturas presentes na mente humana. Teve como grande representante, Claude Lévi-Strauss (“Pensamento selvagem” - 1962). Escola/Paradigma

Estruturalismo

Período

Século XX - anos 40

Características

Busca das regras estruturantes das culturas presentes na mente humana. Teoria do parentesco/Lógica do mito/Classificação primitiva. Distinção Natureza x Cultura.

Temas e Conceitos

Princípios de organização da mente humana: pares de oposição e códigos binários.Reciprocidade

Alguns Representantes e obras de referência

Claude Lévi-Strauss:“As estruturas elementares do parentesco” - 1949. “Tristes Trópicos”- 1955. “Pensamento selvagem” - 1962. “Antropologia estrutural” - 1958 “Antropologia estrutural dois” - 1973 “O cru e o cozido” - 1964 “O homem nu” - 1971

Antropologia Interpretativa A Antropologia Hermenêutica ou Interpretativa dos anos 60 irá estabelecer a cultura como uma hierarquia de significados, a partir da leitura que os “nativos” fazem de sua própria cultura. Seu maior representante é Clifford Geertz (“A interpretação das culturas” - 1973). Escola/Paradigma

Antropologia Interpretativa

Período

Século XX - anos 60

Características

Cultura como hierarquia de significados Busca da “descrição densa”. Interpretação x Leis. Inspiração Hermenêutica.

Temas e Conceitos

Interpretação antropológica: Leitura da leitura que os “nativos” fazem de sua própria cultura.

Alguns Representantes e obras de referência

Clifford Geertz: “A interpretação das culturas” - 1973. “Saber local” - 1983.

Antropologia Pós-Moderna A Antropologia Pós-Moderna ou Crítica surge nos anos de 1980 e está preocupada com a reinterpretação textual das etnografias clássicas e contemporâneas. James Clifford (“Writing culture - The poetics and politics of ethnography” - 1986) é um dos mais proeminentes escritores desta escola. Escola/Paradigma

Antropologia Pós-Moderna ou Crítica

Período e obra

Século XX - nos 80

Características

Preocupação com os recursos retóricos presentes no modelo textual das etnografias clássicas e contemporâneas. Politização da relação observadorobservado na pesquisa antropológica. Critica dos paradigmas teóricos e da “autoridade etnográfica” do antropólogo.

Temas e Conceitos

Cultura como processo polissêmico. Etnografia como representação polifônica da polissemia cultural. Antropologia como experimentação/arte da crítica cultural.

Alguns Representantes e obras de referência

James Clifford e Georges Marcus (“Writing culture - The poetics and politics of ethnography” - 1986). George Marcus e Michel Fischer (“Anthropoly as cultural critique” - 1986). Richard Price (“First time” - 1983). Michel Taussig (“Xamanismo, colonialismo e o homem selvagem”- 1987). James Clifford (“The predicament of culture” - 1988).

More Documents from "Luciene Da Silva Viana"