Pesquisar sobre as origens dos estudos sobre caracteriologia. Os estudos sobre caracteriologia (Charakter, em grego, marca, sinal característico), que é a ciência que estuda o carácter, são conhecidos desde antiguidade. Povos da Índia, Egito e da Mesopotâmia já a estudavam. Entre os gregos, Aristóteles se dedicou a esse estudo, em que ele disse, “O que é durável na forma expressa o que é durável na natureza do ser; o que é móvel e expressa o que nessa natureza é contingente e variável”. Já durante a idade média, houve um certo descuido dos estudos sobre caracteriologia, e foi com Lavater, Porta, Carus, Letamendi e Goethe em que houve um certo desenvolvimento nesses estudos. Já com Darwin, Duchene, Klages, Lange, Sigaud, Corman, Toulemonde, etc. a caracteriologia começou com um viés científico. Sendo assim nesse estudo vamos nos ater aos temperamentos e o carácter (ou personalidade). Dentro dos estudos sobre caracteriologia, aborda-se sobre os quatro temperamentos que são: temperamento colérico, // sanguíneo, // melancólico e // fleumático. Os temperamentos estrutura. Ou seja, é estrutura na qual se sustenta toda nossa capacidade psíquica.
Já a personalidade é simbolizada pela estrutura vegetal da atividade humana, o que quer dizer que, está plantada em um solo, e cresce, muda e se desenvolve dependendo de como for esse solo. Ou seja, percebe-se que o nosso temperamento (impressão digital) não muda, mas a nossa personalidade que pode ser conceituada como: o conjunto de coisas que acontecem em nós e articulamos dentro de nossa própria história. É estrutura ativa, querida ou articulada dentro da nossa própria biografia. Vimos que a nossa história vai se fazendo, dependendo do modo como nós nos relacionamos. “Eu sou eu enquanto minhas circunstâncias” (Ortega y Gasset) O que a substância da vida humana? R: É a narrativa, drama, da sua própria história (sustância da nossa vida) e não está dada, ele se dá e conforme nós vamos nos relacionando com as coisas, nós vamos sendo. Enfim a vida humana se apoia na história. O ser humano é forçosamente livre para contar sua própria história e decidir o que fazer O temperamento não é uma realidade psíquica, temporal e nem corporal. Ele é a marca que temos que vai sendo moldada conforme o chão o qual vamos pisando e está em toda a nossa dimensão física e é uma característica que perpassa todas as dimensões, inclusive as afetivas (sensível). É a partir do nosso temperamento que vamos fazer nossas escolhas. Os temperamentos são simbolizados pelos quatro elementos da natureza que são: ar (sanguíneo), fogo (colérico), terra (melancólico) e água (fleumático). O ar (quente / úmido), ou seja, expande e envolve, essa são suas habilidades, que são expressadas para fora, mas com a intenção de relacionamentos. Já o fogo (quente/seco), a característica quente diz da expansão e seca (separação, fixa, corte); a terra (fria/ seca), a característica fria diferente da expansão ela contrai, aprofunda e em particular a terra (impenetrável); e por última a água (fria / úmida), fria (contração/ profundidade) e úmida (envolvimento), como água aprofunda, mas sem uma formar uma estrutura afetiva. a) Temperamento sanguíneo:
- Simbolizado pelo elemento ar (quente/ úmido) - Precisa da fala (linguagem) para se ordenar no mundo - Tem grande capacidade de se expressar
Quando criança não consegue se expressar oralmente, mas sim através do corpo, e com 6 a 7 anos, já se estabiliza.
Está sempre buscando novas coisas, pois tem a capacidade de expansão e envolvimento.
No início não muito amigo das coisas intelectuais, mas, e pode demorar para ser alfabetizado
São inconstantes
Tem a concepção calma da vida
Pode não ter um senso de justiça muito claro, podendo se tornar influenciáveis
São mais sensitivos.
Quando criança o que pode o ajudar bastante é o envolvimento no universo lúdico.
É interessante que seja estimulado no domínio da expressividade através da música, poesia etc.
São mais ligados aos prazeres dos sentidos.
Dentro do temperamento sanguíneo pode haver algumas combinações (até 3) e prevalência. 1) Sanguíneo [ar] (quente/ úmido)
a) Sanguíneo (quente (-) e (+) úmido): Geralmente são sujeitos mais criativos, sociáveis. Mas que podem se tornar indecisas. b) Sanguíneo (quente (+) / (-) úmido): São sujeitos carismáticos, que tem grande busca de liberdade, tem respostas mais elaboradas e recebem bem as coisas. Quando crianças geralmente são rebeldes, pois tem uma capacidade mais expansiva (-) frívolos, fúteis e podem não aprofundar.
2) Colérico [fogo] (quente/ seco): Tendem a expandir e são líderes natos. Funcionam muito bem perante desafios.
a) Colérico (quente (-) / seco (+)) Não tem tanto a marca da expansão, do domínio e liderança de aparecer no mundo, mas são pessoas que por terem mais o aspecto seco do temperamento, marcam mais a separação, são mais explosivas, dominadoras. b) Colérico (quente (+) / seco (-)) São pessoas mais expansivas, tendem a ser lideres natos, expandem nos relacionamentos, em empresas etc. e tendem a ter mais carisma e assertividade. Tem um sentido de proteção de quem eles gostam. c) Colérico (quente (+) /seco (-) / com aporte úmido (justiça, contato)) Tem como características, a assertividade, tendem a olhar a opinião e ideias dos demais. Tendem a ser líderes mais flexíveis, são mais intelectualizadas e sensíveis ao coletivo. Tendem a ter um senso de justiça muito agudo.
3) Temperamento melancólico [terra]/ (fria / seca):
Geralmente são menos expressivos Recebem impressões do pai e da mãe e recolhem Podem guardar um universo interior sem que ninguém perceba Pode se tornar pessimista Tende a ter um amor a solidão Tem uma inclinação a profundidade e cristalização Leva em consideração todos os detalhes e recolhe os dados Tomador de decisão perfeito (ponderação) Dificilmente é imprudente Tem grande dificuldade lhe de separar as ações do mundo material, necessárias (mundo da lógica deveria ser assim e acontecem) e acidentais (, que compõe a realidade. Ele tem dificuldade de separar aquilo que é importante daquilo que não é importante.
a) Melancólico (frio (-) / (+) seco): Pessoa meticulosa, tem tendência a ver o mundo de forma mais restritiva, pessoas organizadas, eficazes, técnicas e realistas. (-) tem pouca capacidade de ousadia b) melancólico (frio (+) / seco (-)) Tem uma tendência de fazer uma retenção material das coisas, aprofunda a analise anterior, tem tendência a achar que o mundo material é o mais importante, são pessoas seguras e organizadas. (*) precisam exercitar o desapego
b) Melancólico (frio (+) / seco (-) / aporte úmido): Encontra sentido nas coisas que acumula, tem ambição de parecer com outro temperamento, tem noção de ambição. Acabam por falhar nas relações humanas, pois tentam acumular relações.
4) Temperamento fleumático [água] (frio /úmido):
(+) pessoas calmas, pacientes, estabilizador, preza pela harmonia e odeia conflito. (-) fogem do conflito, tem tendência, a minimizar os problemas
Aprofunda mais mas tende a não formar sua estrutura afetiva. Adultos fleumáticos conseguem mudar de forma rápida. Se molda com o tempo, aprofunda e se molda. É o que mais se beneficia com a passagem do tempo, pois se molda com o tempo. Está em uma situação e pega o que tem de melhor. Precisa de um tempo para absorver o que tem de melhor no ambiente e registrar na memória. Tem a característica de adaptação e absorção, e tomar um cuidado pois tende a se tornar passivo, bonzinho, compreensivo, atende aos comandos. Tende a receber bem as críticas sem resistência. Acata bem a crítica ou comando, mas não necessariamente muda para o bem, o que pode minar sua autoconfiança. É aquele que melhor se motiva quando é animado ou estimulado, tem empatia. Funciona na base do entusiasmo Pode ser muito útil na dinâmica da interação com os demais, tem uma capacidade de compreensão dos outros, de fazer com que o ambiente se torne estável.
Personalidade:
Para falar de personalidade, é necessário abordar sobre as sete importantes faculdades humanas, que são: senso comum, razão, apetite concupiscível, a vontade, o apetite irascível, intelecto ativo e intelecto paciente. A personalidade humana em nada se identifica com os temperamentos humanos, pois como abordado anteriormente, ela muda, cresce e se desenvolve e se molda de com contexto que se está inserido, ou seja, como já conceituado acima, é o conjunto de coisas que acontecem em nós e articulamos dentro de nossa própria história. Diferente da personalidade o temperamento é uma estrutura fixa e que não muda e que sustenta toda nossa capacidade psíquica. É a partir do temperamento que se vai construir a personalidade. Ao longo da vida há de se perceber um certo vazio, que pode ser uma percepção subjetiva ou algo físico, sendo assim devemos entender a vida como uma ocupação, e ocupar a vida com algo que tenho que construir pouco a pouco. Faço minha vida comigo mesmo e com as circunstancias que estão ao meu redor, por ex: língua, idioma, pessoas etc. Esse vazio é um pedido, como que uma voz que o nosso espirito evoca para que sejamos alguém. Por isso é necessário fazer na vida, ações pessoais que fazem com que nós sejamos alguém, e se nós não nos esforçamos em dar uma resposta única a essa voz, vamos sempre conviver com o vazio e angústia. Sendo assim, retomamos dizendo que personalidade é algo que só nós podemos, sem levar consideração as demandas, as vivencias sociais e pressões sociais. Essas ações de carácter absolutamente pessoal, é que fazem com que esse vazio seja preenchido de tal modo que não nos esforçamos por ser e estarmos presentes, olhando para nós mesmos e dar uma resposta pessoal única e intransferível, vamos ser afetados sempre com esse vazio e certa angustia. Essa resposta pessoal que aparece mediante um vazio existencial é o que chamamos de personalidade (pessoal, intransferível). Sendo assim, nunca existirá personalidade igual à do outro, pois as respostas que dou para o mundo que me apresenta são pessoais. Se estamos mais conscientes dos nossos desejos e vontades, então vamos tender a dar uma resposta mais pessoal para cada evento do mundo que nos afeta. É importante fazer um diário de situação, quais situações eu me encontro? Como eu fui parar onde estou? Essa é uma oportunidade para tomar posse de si, experimentar e dar respostas pessoais as situações que vão nos aparecendo. Fazendo isso o vazio existencial vai desaparecendo ou sumindo pouco a pouco. A personalidade humana se desenvolve no tempo, o que equivale dizer que eu preciso de um dia após o outro para construí-la, e não de forma instantânea. Preciso dia após dia, ver os atos que preciso dar e preencher esses atos de significados pessoais. Devemos então fugir da inconsciência e da falta de atenção que as vigências nos causam. Fazer isso de modo mais pleno e consistente possível, para isso é necessário o conhecimento de modo antropológico e de funcionamento do ser humano. Quando olhamos uma pessoa, não podemos achar que todos os seus atos saiam do mesmo lugar, se mostra importante investigar sobre o ato do sujeito, quais as suas motivações e que elas visam. 1° motivação (coesão): Ou seja, é a motivação de existir no mundo, de consistência física. 2° motivação: é desenvolvimento das características genéticas e herdadas
Obs.: é nesse momento que aparece o temperamento e não é uma construção da linguagem, afetividade e inteligência, é um dado que aparece com a pessoa. Espera-se que o bebê se desenvolva segundo seu temperamento (estrutura mineral que não muda). 3° motivação (aprendizado): Para se aprender algo é necessário o desenvolvimento da linguagem, a partir de então já começa a desenvolver a personalidade. Se faz necessário o contato com elementos culturais com conteúdo e afins. Caso a criança não tenha contato com conteúdo culturais (leitura, escrita e orais) a educação pode se tornar falha, é como se não déssemos “armas” e elementos para que ela possa preencher seu vazio existencial. É dominando as ferramentas linguísticas que se depende essa motivação de aprender, essas ferramentas a faz articular o mundo exterior (começa a aparecer a afetividade, necessidade de ser amado e querido) do mundo interior. 4° motivação (afetividade): No desenvolvimento da 3° e 4° camadas é importante que uma faculdade humana seja bem desenvolvida que é a razão (faz com que o homem articule as coisas), faz com que aprendamos a realidade em sua conexão entre as coisas e nós mesmos. A razão é uma faculdade que articula o mundo exterior com mundo interior não dão conta, o recuo da razão resulta em carência afetiva da linguagem, faz com que nossa personalidade não se desenvolva, a razão é a ponto que nos leva ao desenvolvimento da personalidade plena. A razão dá conta, pois quando olhamos a totalidade do real, vemos que existe uma razão que por mais que nossa razão humana não dê conta existe uma outra razão que dá conta, é a que se chama logos, ele dá conta de compreender a totalidade da conexão entre os mundos exterior e interior, compreende o profundo dos elementos que conectam entre si. O logos sustenta a possibilidade de existência desse mundo exterior por mais que eu não entenda e não compreenda. O modo pela qual desenvolvemos nossa razão é amando e entendendo que o Logos é a nossa razão de ser e existir. A prática da religião nos ajuda a desenvolver nossa razão. 5° motivação (mostrar a força para o mundo): A individualidade é tida no momento em que desenvolvemos essa 4° motivação, ao confrontarmos nossa força para mundo. Ex: a rebeldia (adolescentes), é desejável prol de ele colocar sua própria ideias. 6°motivação (não alcançadas pela razão): A pessoa escolhe seus desafios e conflitos, a motivação tem um sentido ou um valor. A força para mundo precisa ser direcionada a conquista de um bem verdadeiro. É o apetite concupiscível que faz com que consigamos alimentar os desejos da 5° e 6° motivação. Nessa fase precisamos evitar o medo de perder as coisas do mundo. 7°motivação (dever social): É a motivação para entender uma expectativa ou um dever social, ou seja, cumprir um dever social é necessário. 8° motivação:
É motivação onde a há o confronto do papel social e com a morte. Exige uma resposta diante da morte. O que alimenta essa motivação e a 8°é o que chamamos de apetite irascível. O apetite concupiscível é aquele que se inclina as pelas coisas fáceis, como brigar, conquistar coisas etc. Já o papel social confrontado com a morte, é só alimentando para conhece-lo. É importante já se olhando para as motivações da 9° camada que são as motivações intelectuais, que visam descobrir a verdade em cada uma das coisas, se aprofundar no mundo da literatura, mundo das artes e da alta cultura para encontrar resposta centrais, como: o que eu faço continuará valendo se eu morro? O mundo da alta cultura é o mundo onde estão contidas as grandes verdades e as mesmas estão estabilizadas, onde as grandes tendências das ações humanas (inveja, amor) estão estabilizadas Se faz necessário penetrar no logos manipulando a verdade e falsidade. 10° motivação: Dar uma resposta consciente e presente as perguntas centrais. O intelecto é uma faculdade que se torna necessária para nos orientarmos na 9° e 10° camadas. O acesso a alta cultura é a única forma de alimentarmos o intelecto ativo. É necessário nutrir na uma certa humildade para entrar na alta cultura. Se faz necessário manter uma certa abstinência em matéria de opinião. Estudar bastante até que apareça uma pergunta tão profunda e tão séria quanto a morte. Depois de percorrer a alta cultura se faz necessário agir, na 11° e 12° camadas. Que é quando começo agir de uma forma completamente moral, em que começo a ter uma vida ou uma melhor ação moral no mundo. O homem cuja suas ações são sempre direcionadas para a verdade, o mesmo passa a desempenhar um papel histórico. Tendo caminhado habitualmente pela verdade e desempenhado um papel histórico, pela primeira vez aparece um confronto com Deus, ou seja, a própria natureza divina aparece no sujeito. Ele se esvazia de uma natureza humana e é preenchido por uma natureza divina, ser alguém em Deus. O intelecto passivo já não faz mais esforço, ele contempla. O intelecto ativo analise o mundo separando o que é falso do que é verdadeiro, o intelecto passivo contempla todo o universo da criação e do criador. A vontade é aquela força que meu espirito imprime para que eu possa de fato tender ao bem, ao conhecimento das verdades únicas. O sujeito é forçado a confrontar o mundo de forma natural.
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