Paro

  • November 2019
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  • Words: 860
  • Pages: 4
Paro Descubro de novo um nome. Como o direi? Prendo os dias diante desta escrita, À espera de ver o mundo a acontecer. Não tenho mais nada a não ser uma fugidia vaidade De ver as coisas em ordem. No seu lugar. Dei uns passos atrás para os que tivessem sido em frente fossem verdade. Dei passos em frente para que os sacrifícios não tivessem valido a pena. Ouço o tempo, não o alcanço, nem por perto, Se quem o ouve não sou eu. Recolho o que colho, na minha preguiça Colho o que tenho. E de mais nada poderei Estar à espera. Muitas vezes escondi, Chamei-lhes desaparecimentos. Mas isso Acontecia por só em mim estar inscrito O eu nome – e noutros livros. Noutros de que já ninguém se lembra. Ainda agora lembro tanta da miséria do mundo. A miséria em que me converti Na minha passagem por um tempo Que de facto não queria ver, nem dele precisava, Apenas julguei poder evolver mundo ao mundo. Se o aceitei E já não posso guardá-lo mais em mim. Se já nada em mim tem do que caiba Onde possa inscrever essa parte de vida que nunca tive. E de maneira alguma escolhi. Agora tudo se me empurra. Tudo vem facilmente, Como se já não precisasse Mas acaba a entrada e a chave mestra Com que se deixava entrar. Talvez a porta ainda se franqueie, Na paz e na segurança Do senhor Na calma na sua bondade Onde eu preciso estar

Tomara que me tivesse enganado E em algumas procurei engano Deliberadamente Para um dia me poder precaver do mal. Como num medo de morrer. Mas mesmo aí Só, quis poder avisar aqueles que de uma maneira ou de outra Ainda se tornassem incautos. Perdi parte da minha vida Se alguma vez a tive – a tocar nos outros. Isto apenas por hábito e educação. Perdi parte da minha vida sem esperança de ter um pouco. Para mim, um conforto, Ou alguma continuidade. Como direi que perdi? A quem poderei entregar a armadura que me entregaram para uma luta onde não havia inimigo verdadeiro? Agora já não há mais nada Aqui e traça niilismo Tudo o que há ainda está dentro de mim Como se insistisse em içar guardado. Como se fossem segredos Que teimasse em sugerir Como se me quisesse fazer interessante Ou interessado. Não posso acreditar naquilo em que acredito Talvez a vontade E a necessidade me ajudassem Alguma vez a acreditar. Mesmo nos dias em que me parece que tudo E mantém E uma valente reza se interpõe Entre mim e as claras manhãs, Parece que uma alegria difícil de esquecer Teima m e perseguir, falando-me Esquecer a reza – a verdadeira - e a luz – A verdadeira. Isso acontece em tempos mortos Onde e quando já tudo acaba Isso acontece nos dias E pelos dias

Em que quis ser vaidoso E não pude despojar-me da minha Vontade de querer pertencer ao mundo Precisamente porque não lhe pertencia. E o que era isso do mundo? Seno a maneira como idealizei um tempo. Aquilo que mitos e mistérios envoltos quiseram que eu acreditasse, aquilo que eu não pude segurar, não por confusão, mas ainda para que na esperana de ver vencido O mal pudesse nascer com a tranquilidade Da certeza que me fez hesitar, e de alguma maneira esperar, Sei que vivo demasiado dentro das cogitações. Talvez seja uma maneira de procurar ajuda, Para um problema que não tenho identificado E se não tenho identificado, é um problema’ Ei que não sou perfeito. Sei que tenho problemas Sei qe teri de os resolver, sei que assim que etejam resolvddos Poderei cantar e agradecer. Agora e por muito mais tempo Retomo a minha vontade, o meu medo. Lembro da minha infância e pensar que poderia fazer outra coisa Que não deveria estar aqui Que não deveria escrever tanto, Que me poderia esconder no mundo, No meio dos outros, Que a escrita era uma forma de a mim mesmo Dificultar a vida. Fiquei retardado Com tanta necessidade de me envolver no mundo. Fiquei Paralisado Com a maneira como o mundo me tratou. O que quer que seja isso do mundo. Mas a maior parte do tempo a vida a vida que tive Não foi a minha mas uma outra pré-concebida e pré estruturada. A maior parte do tempo esqueci-me de mim, no meu cálice. Julgando que poderá passar em vão. A maior parte do tempo a vida não foi minha nem ninguém a encontrou. A maior parte do tempo não foi meu Apenas o dei por imaginação. De quem é a culpa? De quem é a culpa? Muitas vezes perguntei. De quem é a culpa. A culpa não senti a só minha

A culpa seria do tempo e das circunstâncias, de tudo o que me rodeia, Da circularidade da polaridade E de outros fenómenos da ampulheta Mas de quem é a culpa senão minha? Julguei até que pudesse haver reflexos para uma loucura que eu não podia mais suportar. Uma loucura do hábito. De fazer e de pertencer sempre no mesmo lugar. Fico espantado com o ódio do mundo. 13.12.1999

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