OS NATIVOS DA AMERICA PORTUGUESA. 1º PERÍODO DE HISTÓRIA FUNEDI-UEMG
IZAAC ERDER SILVA SOARES
DIVINÓPOLIS
OS NATIVOS DA AMERICA PORTUGUESA. 1-OCUPAÇÃO PRÉ-HISTÓRICA DAS AMERICAS E A CULTURA DOS NATIVOS. A descoberta das Américas foi talvez o maior feito da humanidade em toda sua história, o advento das grandes navegações inaugurado pelos portugueses e espanhóis iniciou uma profunda transformação que modificaria por completo o mundo europeu e conseqüentemente também o novo mundo, que se descobria naquele momento. Mas o que de fato era esse novo mundo? Qual era sua origem? O que ele escondia além da visão deturpada dos colonizadores europeus? Em primeiro momento a natureza vivida, intocada, edenizada e selvagem, animais estranhos, demoníacos, homens diferentes, que estavam em contato e diretamente dependentes da natureza, numa espécie de simbiose com a floresta. Os nativos mantinham ritos, costumes, cultura e hábitos muito diferentes dos europeus que aqui chegavam, de certo ouve um choque muito grande entre essas culturas, era por completo diferente de tudo o que conheciam, tanto para nativos quanto para os europeus e com absoluta certeza, suas vidas mudariam totalmente dali em diante. Por quantos milênios esses homens habitam as terras americanas? Como puderam a seu modo se espalhar por toda as Américas, criando diferentes formas de se expressar, deferentes ritos e diferentes culturas? Como chegaram aqui? Essas questões não podem ser respondidas com certeza, primeiro porque muito pouco se sabe com certeza, se tem na verdade indícios, indícios esses que tentam, a sua maneira entender essa história das Américas que precedem em alguns milhares de anos o advento das grandes navegações e a era moderna. Muito antes das primeiras naus da coroa espanhola atracarem nas costas da América central, descobrindo o novo mundo, os nativos já viviam nessas terras há milênios. A América foi o ultimo continente a ser povoado pelo homem, acredita-se que entre 16000 a 12000 a.C. as primeiras levas migratórias tenham chegado no continente Americano, e aproximadamente a 9000 a.C. uma outra leva migratória chega a América, sendo essa de etnia mongolóide, da qual acredita-se descenderem todos os nativos das Américas.
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A teoria mais aceita propõe que esses homens tenham chegado até a América pelo estreito de bering, atravessando-o enquanto o congelamento do estreito formava uma ponte entre o continente asiático e a América do norte. Esses grupos humanos teriam feito um lento movimento migratório por toda a América do norte, onde de certo alguns se instalaram e deixaram de ser totalmente nômades, criando então raízes do que viria a ser uma cultura própria, ou melhor, varias culturas. Outros, contudo, teriam continuado esse processo migratório, que pode ter durado milhares de anos, e depois de ocupar a maior parte da extensão da América do norte, rumam para o sul, desses, alguns se estabeleceriam na região que hoje é o México, na América central, e ali desenvolveriam no decorrer de séculos civilizações muito avançadas: em principio a dos oumecas e depois a dos maias e astecas. Esse movimento migratório teria ainda continuado, um grupo teria então atravessados o istmo do panamá e chegado então a América do sul, e assim iniciado um lento movimento que ocuparia vastas regiões da América do sul, onde lançariam as bases que fundariam suas culturas, destas a mais brilhante pode-se dizer a cultura dos incas no atual Peru. Na América do sul, no tempo do advento das grandes navegações, quando os portugueses chegavam pela primeira vez no novo mundo, encontrava-se nessas terras uma grande população nativa, dividida em mais de 1500 subgrupos étnicos, acredita-se que na época da descoberta portuguesa deveriam habitar essas terras em torno de seis milhões de nativos. Os nativos numa forma geral se organizavam de modos muito semelhantes, e mesmo apesar de se notar diferenças entre os grupos étnicos, vou aqui tentar generalizar o modo de vida desses homens, observando o que se encontra comumente entre eles, contudo essas são observações dedutivas, muita das vezes apoiada na forma como as descendências desses povos vivem hoje, ou nas descrições feitas pelos colonizadores. Eles não deixaram nada escrito, nem tão pouco quaisquer monumentos registrando suas histórias. Esses grupos humanos se organizam em tribos, habitam moradias comunitárias dispostas em torno de uma clareira, sendo essa clareira o local onde realizam suas cerimônias religiosas. 3
A divisão do trabalho dos nativos é feita em geral apenas pelo sexo, as mulheres ficam a cargo do plantio, da coleta e do preparo dos alimentos, os homens caçam suas presas em meio à selva e constroem suas moradias, segundo relatos dos colonizadores, os nativos eram preguiçosos e avessos ao trabalho, contudo tem que se considerar que esses homens não mantinham nenhuma relação de trabalho além da de subsistência. A vida religiosa e cerimonial é a base fundamental da tribo, cada grupo mantém de forma oral suas histórias sobre a sua cosmogonia e a própria gêneses de seu povo, a religião nativa tenta através de lendas e histórias, sobre guerreiros e personagens explicar o mundo que os cerca, a origem dos animais e das plantas. Contudo cabe observar o que o jesuíta Manoel da Nóbrega fala sobre a religião dos nativos numa de suas cartas: “Essa gentilidade nenhuma cousa adora, nem conhece a Deus, somente aos trovões chamam tupane, que é como quem diz cousa divina. E assim nós não temos outro vocábulo mais conveniente para trazer ao conhecimento de Deus, que chamar-lhe pae tupan” (Manoel da Nóbrega, Cartas, Vol. 1.º, Pg. 99)
O pajé, uma espécie de guia espiritual da tribo, detentor de poderes ocultos, faz a ligação entre o mundo espiritual e físico, é ele encontra as respostas para as questões pertinentes, faz os ritos de cura, invoca entidades espirituais e guia as cerimônias religiosas na tribo. Sua alimentação é baseada na caça e na coleta, toda sua subsistência é derivada exclusivamente da floresta, em alguns grupos se pode notar a pratica da agricultura, em especial a da mandioca, batata, amendoim, feijão e milho. A educação das crianças se faz por todos da tribo, esses que a partir da observação começam a aprender sobre os afazeres da cultura e dos costumes, depois são iniciado e por fim quando passam pelos ritos de passagem e são considerados adultos, já estão aptos a executar suas tarefas no grupo. As famílias podem ser monogâmicas, onde o homem só tem uma mulher ou em outros casos poligâmica, onde o homem tem mais de uma mulher, em alguns casos como descreve a Laura de Mello e Souza em seu livro: “O Diabo e a Terra de Santa Cruz” essa poligamia parecia ainda mais acentuada e se não incestuosa, onde um nativo do grupo dos 4
carijós tinha muitas mulheres, incluídas nessas: sobrinhas, enteadas, netas e até a própria filha. O jesuíta Manoel da Nóbrega escreveu sobre as relações familiares dos nativos: “É costume ate agora, entre eles, não fazer caso do adultério, tomar uma mulher e deixar outra, como bem lhes parece e nunca tomando algo firme, estavam abaixo dos outros infiéis de África e de outras bandas, que tomam mulher para sempre e, se a abandonam, é mal visto; o que não se usa aqui; mas ter as mulheres simplesmente como concubinas (Cartas do Brasil, vol. 1.º pg. 93):”
Detinham uma produção cultural muito expressiva e diversa, construíam suas próprias moradias, canoas, arco e flecha, lanças, potes, redes, esteiras, colares e uma infinidades de adereços, pintam seus corpos para os rituais, criam armadilhas em meio a selva, desenvolveram um modo exclusivo de produzir seus alimentos, suas vestes, criaram uma excepcional cultura, ligada essencialmente com a floresta. A pratica da guerra entre os nativos se dava muito antes dos colonizadores chegarem às terras sul americanas, esses homens davam muita importância a esses conflitos, desenvolveram armas como tacapes e clavas, entretanto não conheciam o metal e nem tampouco a fundição do mesmo, suas armas eram de madeira, ossos e pedra. As guerras eram violentos embates de tribos rivais, eles se confrontavam em meio à floresta, essas batalhas que podem ter motivos diversos, tais como a captura de mulheres de outra tribo, a disputa de uma região ou intrigas sociais entre essas. Nessas batalhas os nativos da América portuguesa viam a fazer prisioneiros, que antes dos portugueses chegarem eram exclusivamente objetos da antropofagia, depois da chegada dos colonos, esses prisioneiros se tornariam objeto de troca, e ao colonizador serviriam como escravos. A pratica que talvez mais tenha chocado os colonizadores foi a antropofagia, ou seja, a pratica de comer seus prisioneiros de guerra, de que segundo suas crenças não só comia o corpo mais também os atributos dos prisioneiros, contudo Laura de Mello e Souza mostra em seu livro: “O Diabo e a Terra de Santa Cruz” indícios de que a pratica da antropofagia tenha sido além de algo ritualístico, religioso, uma pratica também motivada pelo gosto, por prazer e questões gastronômicas. 5
Duas importantes citações dos padres jesuítas, transcritas no livro de Washington Luís (Na capitania de São Vicente, 2.ª Edição, São Paulo, pg98 e pg99 ) ilustram esse universo por nós tão abominado: “Contando um padre da nossa companhia grande língua brasílica narra Simão de Vasconcellos nas suas crônicas, que penetrando uma vez ao sertão, em certa aldeia achou uma índia velhíssima, no ultimo dia de vida; catequizou-a naquele extremo, ensinou-lhe as coisas da fé e fez cumpridamente seu oficio (...) depois perguntou-lhe o que então desejava. Respondeu a velha já catequizada: nada mais desejo, tudo já me aborrece; só uma coisa me poderá agora o fastio; se eu tivera a mãozinha de um rapaz tapuia de pouca idade, tenrinha, e lhe chupara aqueles ossinhos, então me parece tomara algum alento; porém eu (coitada de mim) não tenho quem me vá frechar a um destes (Simão de Vasconcellos, crônicas da companhia de Jesus do estado do Brasil. 2a. ed. Livro 1.º, pg 33, n.º49).” “Também ao inimigo vencido, que iam devorar, davam a filha do principal, ou qualquer outra que mais o contentasse, (Nóbrega, Cartas, Vol. 1.°, pg. 90) para as noites que precediam a morte violenta. E, se deste ajuntamento monstruoso, por acaso nascessem filhos, eles também os devoravam e dessa comida participavam todos, avós, tios e as próprias mães (Hist. Da Prov. De Santa Cruz por Gandavo – R.I.H.G.B.vol. 21, cap. 12, pg.383 Luís Ramires, R.I.H.G.B.,vol.15, pg. 17 Hans Staden Ed. Do Centenário, pg147-8)”
Contudo, nem todos os grupos nativos da América portuguesa praticavam a antropofagia, e de certo não podemos afirmar com certeza quais desses grupos ainda hoje praticam esse tipo de rito, se é que ainda o praticam. Não podemos dizer com certeza como viviam esses homens num passado antes da colonização, no entanto podemos imaginar embasados nesses indícios como era suas culturas. 2-PRIMEIROS CONTACTOS
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O contato inicial entre esses dois povos distintos, o choque entre essas culturas com latentes diferenças, com modos e ritos profundamente diversos, e cada qual com uma maneira própria de entender o mundo a sua volta. O que pode ter perpassado pelas mentes de nativos e colonizadores quando se entreolharam pela primeira vez? Os nativos com suas vidas que, de certo não passaram por qualquer grande choque cultural em milênios de existência, os navegadores portugueses por sua vez, impregnados de uma visão fundamentalista religiosa, olhavam para o novo mundo, vendo ali o paraíso, o purgatório e também o inferno. A descoberta das Américas no fim do século XV e inicio do XVI foi algo extraordinário, segundo Warren Dean, em sua obra: “Esse evento memorável da história da humanidade – o fim de milênios de separação entre os dois maiores contingentes da população da espécie – foi também o mais trágico. As crônicas das descobertas, mais que as de qualquer outro capitulo da história escrita, são de um irrealismo assustador. Incapazes de compreender intelectualmente a magnitude de sua descoberta, os portugueses tropeçaram em um meio continente, movidos por cobiça e virtude, sem se deixarem levar por compaixão ou mesmo por curiosidade. A mata atlântica os deixava impassíveis ou atônitos. Por diversas vezes penetram-na, e traziam apenas relatos delirantes sobre esmeraldas e ouro. Produzinram tamanha devastação entre seus irmãos que, no prazo de um século, quase todos aqueles com quem haviam se deparado estavam mortos e suas sociedades em ruínas. Esse foi o começo, a fundação do povoamento da colonização e do império, de uma civilização transferida e imposta. (DEAN Warren, A ferro e fogo: a história e a devastação da mata atlântica Brasileira, São Paulo, SP. Companhia das letras, 1996. pg.59)”
O choque entre esses dois mundos transformaria a ambos, contudo, esse embate de forças entre o novo e o velho mundo, produziria algo novo, por mais que a cultura do colonizador europeu tenha prevalecido, subjugando as inúmeras culturas nativas, o colonizador não sairia ileso, e sua cultura também seria alterada. Entretanto a sofisticação do gênio colonizador português, cujos instrumentos e a avançada tecnologia disposta a seu favor, não seriam suficientes para empreender a 7
colonização, esse choque inicial entre nativos e colonos, produziria a matéria humana necessária para realizar o domínio sobre os nativos e a natureza selvagem. Como os nativos viram esses novos e diferentes homens que chegaram em grandes canoas em suas praias? Tentar recuperar a visão dos nativos sobre a chegada dos europeus na América portuguesa é uma tarefa talvez impossível, primeiro porque não dispomos de relatos dos nativos daquela época, o que nos restas é somente tentar entender suas ações, suas reações, sendo essas descritas pelos portugueses desse período. De repente, num dia como qualquer outro, surge ao longe no mar, grandes naus do império português, ostentando grandes velas brancas, com cruzes vermelhas nelas, essas naus chegam até a praia, e delas saem homens de pele branca, cobertos com vestes estranhas, alguns com reluzentes armaduras, armas nunca antes, vista pelos nativos, armas que cuspiam fogo, instrumentos estranhos, curiosos, nunca vistos. De certo esses homens estranhos e suas gigantescas canoas devem ter despertado a curiosidade dos nativos. Um fascínio arrebatador deve ter tomado conta de seus pensamentos, a beleza e diversidade desses novos homens, a cruz que primeiro foi erguida nessas terras, batizada por esses homens de terra de Vera cruz. Quem eram esses homens de pele branca? Esses homens que falavam uma língua estranha, que se comportavam tão diferentemente dos homens nativos? Por que estariam ali? Seriam eles os espíritos das antigas histórias? Talvez essas perguntas devem ter assombrado os nativos em primeiro instante, o contato inicial foi pacifico, estranho e de certo nada revelador. Os portugueses cortaram uma arvore e dela fizeram uma cruz, fincaram-na no chão e rezaram ali a primeira missa em terras da América portuguesa, os nativos imitando os portugueses se ajoelharam diante a cruz e colocaram as mãos entrepostas, assim como se rezassem, mas não sabiam o que de fato estavam a fazer. Em primeiro momento os nativos devem ter pensado que esses homens eram em verdade deuses, que viajavam pelo mar e que vieram a seu encontro. Os nativos não pouparam cordialidades, ajudaram os navegadores a reabastecer as naus, lhe ofereceram presentes, suas mulheres e depois iriam ser eles quem cortariam as arvores do pau Brasil nas costas da América portuguesa.
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Nos primeiros anos da colonização, o escambo foi uma pratica predominante entre colonos e nativos, e as relações de modo geral entre esses dois foram amistosas. Warren Dean nós conta algo sobre essas primeiras relações em sua obra: “Os tupis se prontificaram a capturar animais vivos e peles para seus hóspedes insaciáveis. Alem de madeira corante (...) É difícil imaginar o custo dessas mercadorias para os tupis. Matar uma onça era uma aventura arriscada, não só por sua grande força e ferocidade, mas também porque seu espírito era considerado especialmente vingativo (...) As espécies mais belas e raras valiam tanto para os tupis quanto dois ou três prisioneiros humanos. Considerando-se que os tupis obtinham cativos correndo risco de vida e que ao fazer negocio com ele abriam mão da glória de esmagar suas cabeças e acrescentar mais um grau honorífico a seus nomes, era um preço realmente impressionante. (DEAN Warren, A ferro e fogo: a história e a devastação da mata atlântica Brasileira, São Paulo, SP. Companhia das letras, 1996. pg.66)”
Nesses trechos Dean nos conta a forma como que os nativos inicialmente tratavam os colonos, as relações inicias entre esses dois grupos estavam baseadas no escambo, uma espécie de troca. Os portugueses num geral levavam para os nativos apenas quinquilharias, tralhas velhas que não tinham valor nenhum, e quando o tinham, no caso dos machados de metal e outras mais ferramentas, essas acabavam por beneficiar muito mais os portugueses do que propriamente os nativos. Essa relação inicial entre nativos e colonos era na verdade uma moeda de duas faces, os portugueses tinham um olhar peculiar sobre os nativos, de certo ambivalente, viam neles de uma forma geral, almas a serem catequizadas, salvas da perdição do pecado e do fogo do inferno, uma visão exclusivamente religiosa, que não era somente de membros da igreja, essa visão era também compartilhada por vários indivíduos laicos. Os portugueses acreditavam que os nativos da América eram descendentes de uma tribo perdida de Judá, e que já aviam sidos catequizados anteriormente pelo apóstolo São Tomé, que segundo acreditavam os portugueses estivera em terras brasileiras anos antes. A outra visão, por outro lado, representava o comercial, o imperialista, viam neles formas diversas de obterem lucros, seja pelo corte do pau Brasil, pela aquisição de animais 9
exóticos do novo mundo e também pela compra de prisioneiros de guerras tribais, potenciais escravos a serem vendidos em outros mercados do império. Contudo, como se pode notar, a pratica do escambo entre nativos e colonos, era muito mais do que se pensa em primeiro momento, muito além de uma simples relação de troca. Especialmente para os nativos, essa simples relação de escambo seria vista como uma relação de aliança, de união de forças, de fato tanto nativos quanto colonos se ajudavam, em conflitos belicosos, combatendo inimigos em comum. Entretanto os portugueses nunca deram real valor a essas alianças, talvez nem mesmo as compreendia de forma correta, o fato é que depois de algum tempo vivendo na colônia, os portugueses observando certas praticas desses nativos, o nudismo, a poligamia e principalmente a antropofagia, criaram uma visão antipática aos nativos, viam neles homens que viviam do pecado, que praticavam atos satânicos, e por isso iam de contra toda a crença religiosa dos colonos. Essa visão seria a responsável por um segundo momento da pratica colonizadora, um momento menos amistoso, onde o colono iria tentar impor ao nativo sua vontade, e em quase todos os casos o colono teria de usar a força e escravizar o nativo. Entretanto essas alianças e relações iniciais entre colonizadores e nativos abririam as portas do novo mundo para o império português, sem a presença dos nativos, a vida dos colonos em terras tão selvagens seria algo quase impossível. Contudo, essas relações iniciais, que perduraram pelas três primeiras décadas do século XVI, e foram relativamente amistosas encontrariam de modo geral um fim, tanto pelos nativos que se oporiam aos trabalhos em troca de quinquilharias européias, das quais eles já estavam cheios e também pelos colonos, que queriam ampliar o advento da colonização e para isso consecutivamente o mercado escravocrata, com a desculpa de serem os nativos, personificações demoníacas que recusam a catequese, assim os colonos passam a caça-los para torna-los escravos. 3-ESCRAVIDÃO E CRISTIANIZAÇÃO DOS NATIVOS As visões ambivalentes de valores, comercial e religioso, dividiam e permeavam os fundamentos bases do império português na modernidade, os portugueses viviam entre 10
suas ambições de enriquecimento na colônia e o sagrado dever a que eles mesmos se atribuíam de propagar e a palavra de Deus e salvar as almas do pecado e da perdição do inferno. A escravidão pode ser observada por diferentes ópticas, apesar de todas as suas justificativas e explicações serem exclusivamente religiosas, no entanto, a escravidão viria a se tornar à base econômica, principalmente, da América portuguesa. Avia uma explicação em particular para a escravidão dos homens da África, para isso a igreja católica buscava interpretar o mundo com observações embasadas nas sagradas escrituras. Segundo a igreja, seriam os negros da África descendentes dos povos de Sodoma e Gomorra, cidades amaldiçoadas que foram destruídas por Deus, assim como nos conta a bíblia. Seriam então esses homens, sob a visão portuguesa do século XVI, descendentes de Sodoma e Gomorra, cuja pele acusava a marca de Deus para a maldição que carregavam, pois eles eram descendentes do pecado, amaldiçoados e sem alma. Essa justificativa era essencialmente religiosa e fundamentalista, era a desculpa para a abominável pratica da escravidão, pois segundo a igreja, a escravidão era a única maneira desses homens encontrarem a salvação do pecado e do fogo inferno, a que já nasciam condenados. Contudo essa “salvação” que os portugueses se embasavam, se tornaria um dos mais lucrativos mercados da época, e sem sombra de duvidas seria um elemento essencial para o evento colonizador do novo mundo, em particular para a lucrativa atividade açucareira do nordeste e posteriormente a mineração em Minas Gerais. No entanto essa visão não seria a mesma aplicada aos nativos da América portuguesa; apesar de se notar o mesmo objetivo comercial sobre esses potenciais escravos, não podemos disser que eles eram vistos assim como os negros da África e nem que ocuparam a mesma posição destes como mercadoria, pois segundo uma linha de valores, escravos da terra eram bem piores que escravos negros, eram menos adaptáveis ao trabalho, visto que viam de uma cultura predominantemente de subsistência, eram facilmente mortos por doenças trazidas pelos próprios colonos e ainda quando houvesse oportunidade, fugiam para os sertões e não mais voltavam.
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A visão da igreja sobre esses homens autóctones seria por completo diferente da visão sobre os homens da África, a própria justificativa que se aplicaria a esses homens foi completamente diferente. Segundo a igreja, seriam eles descendentes da tribo perdida de Judá, e segundo o texto do importante concilio de Trento, teriam eles alma, e era, portanto, obrigação da cristandade salva-los. Esse olhar do português no inicio da modernidade pode ser notado na carta de Pero Vaz de Caminha, o primeiro texto português escrito em terras do novo mundo, quando esse, claramente nota a sua majestade o rei português sobre a melhor coisa a se fazer no novo mundo: “Porém o melhor fruto, que nela se pode fazer, me parece que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar.” No entanto, esse olhar predominantemente religioso não seria de todo respeitado, nem os decretos de leis publicados mais tarde pela coroa, que tentavam proibir essa pratica escravista, teriam grande efeito. De fato encontra-se outro olhar sobre o nativo, olhares que buscam lhe atribuir outras origens, origens obscuras, que explicariam seus hábitos demoníacos como a antropofagia. Laura de Mello e Souza mostra em seu livro: “O Diabo e a Terra de Santa Cruz” uma essa origem: “Como os monstros, o homem selvagem não era tema novo, tendo raízes no mundo antigo. Era antítese ao cavaleiro, e opunha, ao ideal cristão, a vida instintiva em estado puro. Na idade Média, vigorou ante ele uma atitude ambivalente de medo e inveja: ameaçava a sociedade, mas era exuberante, sexualmente ativo e levava uma existência livre nos bosques. Seus atributos espirituais eram vistos como negativos, enquanto os dotes físicos eram considerados positivos, o homem selvagem medieval emprestou muito aos homens do novo mundo (SOUZA, Laura de Mello, O Diabo e a Terra de
Santa Cruz, companhia das letras) Laura de Mello e Souza ainda nós apresenta uma outra versão de visão, no caso uma visão de D.Diogo de Avalos, que, no entanto é logo descartada, mas que vale ser notada, onde seriam os nativos os mesmos povos e Altamira, bárbaros que comiam carne
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humana, que os espanhóis combateram e mataram muitos, mas que os poucos que sobraram “embarcaram para onde a fortuna os guiasse, e assim deram consigo nas ilhas fortunadas, que agora se chamam canárias” esses bárbaros teriam seguido uma roda que acabaria na América portuguesa, e dois irmãos ocupariam diferentes lugares dessas vastas terras, “tupi povoando o Brasil” e o outro irmão, guarani “passou a Paraguai com sua gente e povoou o Peru” O período de escambo avia ficado para traz, a colonização e conseqüentemente a povoação iriam fazer com que nativos e colonos se encontrassem em contextos completamente adversos, em quase todos esses contextos, o encontro desses dois seria agressivo. Os traficantes de escravos nativos, sobretudo os da capitania de São Vicente, atual estados de São Paulo, se apoiariam principalmente na dita “guerra justa” uma espécie de brecha na legislação que permitia a captura do “negro da terra”, essa brecha dizia que se o nativo recusasse a aceitar a palavra de Deus, pregada pelos padres jesuítas em suas missões, esse poderia ser escravizado, contudo os caçadores de escravos primavam principalmente por nativos das missões jesuíticas, pois esses já aviam sido catequizados, e já assimilavam melhor a cultura do colono; isso de certo acarretou um choque entre as duas visões do império português: a religiosa e a comercial. Neste contexto podemos notar então dois lados antagônicos, os traficantes dos nativos, dos “negro da terra” e os jesuítas, padres que realizaram um intenso movimento de catequese dos nativos nas Américas, tanto portuguesa quanto espanhola, fundando missões e educando esses nativos conforme a cultura colonialista.Contudo os jesuítas utilizariam da mão de obra do nativo para servir aos seus propósitos, e mesmo sendo considerados livres, esses não podiam sair das missões, eram de uma maneira obrigados a trabalhar para os jesuítas numa espécie de escravismo que protegia o nativo A pratica de escravizar os nativos da América portuguesa teve inicio muito cedo, poucos anos depois da descoberta. Um tanto porque a própria cultura escravista já estava impregnada no pensamento português ao longo de séculos, primeiro contra os mouros nas guerras de reconquista da península ibérica, depois nas colônias da África e por ultimo aplicada aos nativos do novo mundo.
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Registros muito antigos ainda em tempos de escambo já contam a presença da pratica escravista na colônia, e mesmo que ainda em pequena escala, era um processo muito similar ao ocorrida na África, pois os nativos escravizados eram adquiridos em tribos de outros nativos, que através de guerras haviam sido feitos prisioneiros, esses prisioneiros eram usados nas trocas. O escravismo dos nativos da América portuguesa, mesmo apesar das varias proibições nunca cessou durante todo o período colonial, foi uma pratica constante, que se justificava em salvar aqueles homens, de serem devorados pelos nativos que os aprisionava, o “resgate” ou os acusando de não aceitar a catequese e por esse motivo, eram então feitos cativos com argumento da “guerra justa”. 4-CRONOLOGIA Cronologicamente podemos entender o processo de colonização da América portuguesa em distintos períodos, e nestes vamos tentar localizar o nativo em sua ocorrência histórica, a fim de entender como se desenrolou durante o período colonial a vivencia entre nativos e colonos. Em primeiro momento, quando não havia de fato um empreendimento colonizador, e sim constituía uma economia de extrativismo vegetal e animal, sendo esse o que chamamos o período de escambo, nesse tempo que durou por volta de três décadas, desde o período de descoberta, foi predominantemente utilizada a mão de obra nativa, sendo essa “paga” com trocas, ou seja, característica pela relação comercial conhecida como escambo. Num segundo momento, até fins do século XVI, quando de fato se inicia a colonização das terras da América portuguesa, acontece a escravização desses grupos nativos, sendo essa escravidão sustentada pela aquisição de prisioneiros de guerra em outras tribos e pelos “saltos” dos caçadores de escravos. Nesse período podemos observar o surgimento das missões jesuíticas, e também a disseminação de surtos de doenças do “velho mundo” nas populações de nativos, o que causou uma verdadeira mortandade desses, então várias dessas comunidades nativas rumam em fuga para os “sertões”, fugindo das ações dos colonizadores.
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Esses fatores contribuíram para o fracasso do intento de utilizar a mão de obra nativa para empreender principalmente a produção do açúcar, contudo como nós conta Ciro Flamarion em seu capitulo do livro “história geral do Brasil” (pg.103) os “negros da terra” foram largamente utilizados nos trabalhos dos engenhos por décadas. O século XVII seria caracterizado principalmente pela ascensão da região nordeste da colônia, passando a ocupar um lugar de destaque não só na América portuguesa, mas também sobre todas as regiões afro-americanas sob possessão do império português. O uso do “negro da terra” nos engenhos daria lugar aos escravos vindos da áfrica, esses mais aptos ao árduo trabalho da produção açucareira, e mais familiarizados ao escravismo do que os índios. Contudo, principalmente na capitania de São Vicente, e em toda região sudeste e sul, o uso do escravo nativo continuaria a acontecer, primeiro por serem “peças” mais baratas e, sobretudo mais fáceis de serem capturadas. O ultimo período da colônia, que tem inicio com a descoberta do ouro e posteriormente com a lenta falência da produção açucareira, culminando numa reestruturação de ordem geográfica na colônia. O sudeste brasileiro, antes menos afortunado, ganha destaque com a descoberta do ouro, conseqüentemente essa descoberta incentiva uma verdadeira corrida rumo aos sertões, e a demanda de maior número de mão de obra escrava, essa quase exclusivamente negra. O advento da descoberta do ouro criou um novo foco na colônia, as minas gerais transformaria o pobre sudeste numa área rica e densamente urbanizada, principalmente no litoral, por onde escoava o ouro. De certo nativos foram escravizados, contudo a grande massa da mão de obra da colônia era nesse momento composta por escravos negros e libertos, grande parte desses alforriados. 5- VIVENCIA ENTRE COLONO E NATIVO As relações entre colonos e nativos podem ser vistas de uma forma mais objetiva, entendendo principalmente o uso que os colonos deram as populações nativas.
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Em primeiro, os nativos foram grandes fornecedores de alianças e inclusive tecnologias, pois sem os nativos seria impossível ao contingente limitado de portugueses explorar as matas atlânticas nas costas litorâneas e posteriormente iniciar o processo colonizador, por motivos claros, o conhecimento da natureza do novo mundo, a forma de lidar com os animais e até como conhecer os frutos que podiam ser comidos. Em contraponto, os colonos contribuíram muito com a “evolução” dos nativos, inserindo em suas culturas ferramentas de metal, como o machado e o anzol, armas brancas e armas de fogo, com a construção gramatical da língua tupi-guarani feita pelos jesuítas, que segundo alguns autores muito contribuiu para a evolução da lingüística dos nativos; no entanto essas “evoluções” como já havia dito anteriormente, atendiam em muito aos enterrasses dos colonizadores. Além dos nativos serem utilizados como escravos, serem os “professores” dos colonos sobre as coisas da natureza desconhecida, além deles fornecerem as mulheres para a povoação mestiça de grande parte da colônia, eles foram utilizados de variadas outras formas, como por exemplo, na proteção das povoações coloniais, sendo suas aldeias dispostas em redor das povoações. Eram utilizados em guerras contra outros nativos, hostis ao colono, e inclusive também contra outros reinos da Europa, no caso Holanda e França. O uso do contingente indígena em questões militares é algo que muito variou, mas que tem importância impar, pois a baixa com população colonial seria quase impossível vencer frentes de batalhas nas terras do novo mundo, Luiz Felipe de Alencastro, ilustra em sua obra (O trato dos viventes, formação do Brasil colonial no atlântico sul, pg.124) a utilização do nativo como força belicosa, segundo ele, no tempo da invasão holandesa a Bahia, os nativos eram a principal força do exercito, Alencastro inclusive cita as palavras do padre Antônio Vieira “A principal parte de nosso exército, e que mais horror metia aos inimigos” e também fala outro colonizador: Gabriel Soares Sousa, defendia a utilização dos nativos para fins militares, em 1592 ele expressa essa opinião e suas crenças: “O único remédio deste estado é haver muito gentio de paz posto em aldeias ao redor dos engenhos e fazendas, porque com isso haverá quem sirva e quem resista ao inimigo, assim franceses e ingreses, como aimorés, que tanto mal têm
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feito e vão fazendo, e quem ponha freio aos negros de guíne que são muitos e de só índios temem”. (ALENCASTRO, Luiz Felipe de, O trato dos Viventes: formação do Brasil na atlântico sul,São Paulo, Companhia das letras, 2000)
Contudo, muitos nativos não aceitaram a ação colonizadora dos portugueses de forma pacifica, muitos reagiam com violência e inclusive atacando as povoações da colônia, fazendo prisioneiros e ate “comendo-os” em seus rituais. O medo pairava nas povoações mais afastadas, as diferenças populacionais entre nativos e colonos era gigantescamente diferentes, os nativos eram muito mais populosos. A violência imperava entre nativos e colonos, os nativos atacavam as fazendas com grandes números de guerreiros, e flechavam a todos indiscriminadamente, Laura de Mello e Souza nos traz a vos de Jaboatão em sua obra, sobre esses ataques. Jaboatão nos fala da violência dos nativos contra os colonos, conta entre outras a história sobre o ataque a casa de Francisco de Sá Menezes, quando seu filho e a ama foram mortos por inúmeras flechas, ou quando Francisco de Araújo de Brum foi violentamente morto por “nuvem de setas” ao tentar fugir dos nativos que realizaram um ataque contra sua propriedade. Os ataques contra as fazendas eram sempre chacinais violentas, inúmeros mortos e pessoas levadas para serem comidas, o medo e temor de ser morto pela ira e vingança dos nativos era uma constante no cotidiano colonial. No entanto os colonos dispunham de uma arma muito eficaz, que eles sequer tinham uma mínima noção, ao vir de outro continente, separados a milhares de anos da população nativa das Américas, os colonizadores portugueses e também os espanhóis realizariam um dos maiores genocídios da história que ironicamente aconteceu sem intenção. Alencastro nota possíveis motivos biológicos que poderiam ter influído nesse processo de disseminação de doenças que mataria grande parte das populações nativas não só da América portuguesa, mas de todo o continente, entre os quais podemos destacar a falta de diversidade biológica, principalmente no tipo sanguíneo, segundo ele todos os nativos, em decorrência do isolamento de milhares de anos, só possuíam o tipo sanguíneo O, isso pode ter acarretado numa reduzida resistência a bactérias e vírus contagiosos.
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Varias doenças assolaram os nativos na América portuguesa, doenças que pouco mal faziam ao colono, já adaptado a elas, eram desastrosas quando em contato com nativos, essas doenças causaram inúmeras mortes, até mesmo o valor dos escravos nativos era menor pelo fato de serem tão suscetíveis a morrer por doenças consideradas simples pelos portugueses. Ao longo de alguns anos as populações nativas estavam sendo aniquiladas, não pela guerra contra o colono, mas sim pela ação das doenças, Warren Dean nós traz alguns números: “Ao longo da costa, de São Vicente a Cabo frio, onda após onda de doenças devastaram os tupis; em 1600, estavam reduzidos a uns quatro ou 5 mil, um declínio assustador de 95% em um século.” (DEAN Warren, A ferro e fogo: a história e a devastação da mata atlântica Brasileira, São Paulo, SP. Companhia das letras, 1996. pg.79)”
Podemos através dos números de Dean, entender o impacto que as doenças do velho mundo causaram em terras da América portuguesa, essa verdadeira mortandade foi importante para que houvesse a possibilidade da colonização tão efetiva nessas terras, fato que não aconteceu tão facilmente na colônia africana. E consecutivamente podemos afirmar o declínio permanentemente dessas populações, e uma violenta redução em suas populações. 6-CONSIDERAÇÕES FINAIS Foram eles importantes instrumentos de culturação, foram eles os professores dos portugueses, pois sem sua presença, como seria a colonização? Eles foram à parcela de algo, muito além do que os consideramos, são além de nativos, ancestrais de todos nós. Os nativos tiveram suas culturas destruidas, seus custumes se chocaram defronte outros, tiveram suas ideologias e consepções quebradas, seu mundo foi despedaçado pela cultura espancionista do imperio portugues.
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Contudo, muito dos seus costumes, seu sangue, suas ideias e cultura, misturaramse ao dos portugueses, dos africanos; ambos se confrontaram, se chocaram, se uniram e se misturaram. No fim, o que restara nessas terras do novo mundo, não era mais a figura daquele indigena que vivia aqui, antes do descobrimento, nem tão pouco a figura do portugues antes de descer de sua nau ou muito menos o escravo que veio arrastado oceano afora, socado covardemente dentro de um porrão sujo e imundo; o que restara nessas terras era algo novo, único e novo, uma raça formada por tres vetores diferentes, tres mundos distintos que estavam a partir de então, fadados a serem um só. Não podemos considerar os nativos menos ou mais, pois são eles, uma das peças desse mundo multicultural, multiracial a que chamamos de brasil. Suas mulheres deram a luz aos primeiros de nós, somos seus filhos, suas decendencias, somos os fihlos da união entre a barbarie e o radicalismo religioso, temos em nós, a beleza da nudez e a vergonha do sexo, o primitivo elo com a natureza e o incontrolaveu desejo de conquistar, somos a espiritualidade da floresta e o fervorismo religioso da era moderna, somos o nativo e ao mesmo tempo portugues e negro. 7-BIBLIOGRAFIA LUÍS, Washington. Na capitania de São Vicente. 2.ª Edição, São Paulo, 1976. DEAN Warren, A ferro e fogo: a história e a devastação da mata atlântica Brasileira. São Paulo, SP. Companhia das letras, 1996. ALENCASTRO, Luiz Felipe de, O trato dos Viventes: formação do Brasil na atlântico sul. São Paulo, Companhia das letras, 2000. SOUZA, Laura de Mello e, O Diabo e a Terra de Santa Cruz: feitiçaria e religiosidade popular no Brasil colonial. Companhia das Letras, 1986, São Paulo. LINHARES, Maria Yedda, História Geral do Brasil. Elsevier, 1990, Rio de Janeiro.
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