Obra de Paulo Freire 1 - GERMINAÇÃO DO PENSAMENTO DE PAULO FREIRE - Paulo Rosas foi consultor na UEPB para a implantação de Curso de Mestrado em Educação. Ex-professor da Escola de Serviço Social de Pernambuco e da UFPE . Colaborou com Paulo Freire no SESI e no MCP. 2 - O TEMPO EM QUE A OBRA DE FREIRE NASCEU - Sonia Alem Marrach é professora de História da Educação Brasileira na Universidade Estadual Paulista (UNESP) no campus de Marília (SP). 3- UM LIVRO PERTURBADOR A RESPEITO DA EDUCAÇÃO - Ira Shor, Professor do College of Staten Island, City University of New York. Autor do livro Medo e ousadia: o cotidiano do professor, em parceria com Paulo Freire. 4 - PEDAGOGIA DO OPRIMIDO - Revolução pedagógica da segunda metade do século - Carlos Alberto Torres, diretor do Latin American Center da Universidade da Califórnia, Los Angeles e um dos principais estudiosos de Paulo Freire. Autor de numerosos livros e artigos sobre Paulo Freire, destacandose o último: Estudios freireanos. 5 - UM LIVRO PARA OS QUE CRUZAM FRONTEIRAS - Henry A. Giroux, professor na Universidade da Pensilvânia, um dos mais importantes educadores norte-americanos. Autor de Teoria crítica e resistência em educação. 6 - PEDAGOGIA DA LIBERTAÇÃO - Dalmo de Abreu Dallari, advogado e professor, foi diretor da Faculdade de Direito da USP e Secretário de Negócios Jurídicos da Prefeitura de São Paulo durante a gestão de Luíza Erundina. 7 - O CORTE EPISTEMOLÓGICO DE PAULO FREIRE - Jacinto Ordóñez Peñalonzo, é professor de filosofia na Universidade Nacional da Costa Rica e na Universidade da Costa Rica. Sua tese de doutorado foi sobre A Concepção de liberdade em Paulo Freire, defendida na Loyola University of Chicago, USA, 198l. 8 - EDUCAÇÃO E MUDANÇA - Jorge Werthein é representante das Nações Unidas, Diretor Oficial da UNESCO em Nova York e Washington, D.C. 9 - ENTRE O GREGO E O SEMITA - Benedito Eliseu Cintra é professor de filosofia na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e autor de: O sentido do outro em Paulo Freire (Dissertação de Mestrado) e Paulo Freire entre o grego e o semita - Educação: filosofia e comunhão (Tese de Doutoramento). 10 - ILLICH E FREIRE, A opressão da pedagogia e a pedagogia dos oprimidos - Rosiska Darcy de Oliveira, advogada e jornalista, foi fundadora, em Genebra, do IDAC (Instituto de Ação Cultural). Assessorou vários órgãos das Nações Unidas. É atualmente professora da PUC-Rio. Autora, ente outros livros de Elogio da diferença: o feminino emergente. Pierre Dominice é professor da Universidade de Genebra. In: Bartolomeo Bellanova, Paulo Freire: Educazione Problematizzante e Prassi Sociale Per La Liberazione, pp. 206-207. 11 - EDUCAÇÃO CONTRA A LOUCURA - Alfredo Moffat é psicólogo social e Diretor do Hospital de Vida em Buenos Aires. É autor do livro Terapia do oprimido. 12 - PAULO FREIRE E A FORMAÇÃO DA EDUCADORA - Marcia Moraes é doutora em educação pela Miami University (Ohio, USA.) e Professor Adjunto da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. 13 - PAULO FREIRE E O PRIMEIRO MUNDO - Peter McLaren é professor da Universidade da Califórnia, Los Angeles e autor de numerosas obras.
14 - O OTIMISMO DE PAULO FREIRE - Denis Collins é diretor de educação do Província da Califórnia da Congregação religiosa dos jesuítas. Realizou pesquisas sobre Paulo Freire na Ohio State University e na Universidade Autônoma do México para escrever a primeira biografia conhecida de Paulo Freire: Paulo Freire: his life, works and thought, publicada em 1977, pela Paulist Press de Nova Iorque. 15 - O SIGNIFICADO DA LIBERTAÇÃO NA PRÁTICA - Fausto Telleri, formado em Teologia, Filosofia e Pedagogia é professor da Universidade de Bologna. Traduziu e editou em parceira com Bartolomeo Bellanova: Leggendo Paulo Freire de Moacir Gadotti e deste em co-autoria com Paulo Freire e Sérgio Guimarães, Pedagogia: dialogo e conflitto. 16 - PAULO FREIRE E CARL ROGERS - Maureen O’Hara é professora e pesquisadora do Centro de Estudos da Pessoa em La Jolla, California. 17 - PAULO FREIRE E AS RELAÇÕES SOCIAIS DE GÊNERO - Moema L. Viezzer, socióloga, escritora, educadora, é presidente fundadora da Rede Mulher de Educação com sede em São Paulo. Internacionalmente conhecida por sua atuação no movimento de mulheres, tem se dedicado ao aprofundamento de uma metodologia de educação popular feminista, que inclui a conexão existente entre novas relações de gênero e novas relações da humanidade com a natureza. Na Rio-92 coordenou a Jornada Internacional de Educação Ambiental e foi facilitadora do Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global. 18 - EDUCAR PARA DESENVOLVER E CONSCIENTIZAR - João Viegas Fernandes, é Professor Coordenador na área de Sociologia da Educação, na Escola Superior de Educação da Universidade do Algarve. 19 - DIÁLOGO E PRÁXIS - Reinaldo Matias Fleuri é professor Titular no Centro de Educação da Universidade Federal de Santa Catarina. 20 - EDUCAÇÃO-UTOPIA EM PAULO FREIRE, O verdadeiro realismo do devir humano - Bartolomeu Bellanova, é professor associado da Universidade de Bologna onde ensina Pedagogia Social. É diretor da revista Problemi d’oggi. Autor de Paulo Freire: educazione problematizzante e prassi social per la liberazione. Traduziu e editou em parceira com Fausto Telleri: Leggendo Paulo Freire de Moacir Gadotti e deste em co-autoria com Paulo Freire e Sérgio Guimarães, Pedagogia: dialogo e conflitto. 21 - PAULO FREIRE E RUDOLF STEINER - Rosely A. R. Assumpção é bacharel em comunicação social pela Escola de Comunicação e Artes da USP e mestranda da Faculdade de Educação da USP. 22 - PAULO FREIRE E A EDUCAÇÃO RELIGIOSA - John L. Elias é professor no Trenton State College, New Jersey, EUA. In: Revista Religious Education, Vol. LXXXI, nº 1., Jan/Fev. de 1976, p. 40-56). 23 - CARTAS A CRISTINA - Marcos Reigota é doutor em Pedagogia da biologia pela Universidade Católica de Louvain, “Postdoctoral fellow ” (CNPQ) no Laboratório de Didática e Epistemologia das Ciências da Universidade de Genebra e assistente em educação na Academia Internacional do Meio Ambiente (Genebra). 24 - POR QUE AS REFORMAS NÃO REFORMAM? - Herbert Kohl, editor da revista Hungry Mind Review - a midwestern book review. In: Hungry Mind Review, nº 13, março de 1990, pp. 24-25). 25 - PAULO FREIRE E A EDUCAÇÃO MULTICULTURAL - José Maria Coutinho, Dr. em Educação Comparada pela Universidade da Califórnia, Los Angeles (UCLA), é Professor Titular da Escola de Educação, Centro de Ciências Humanas da Universidade do Rio de Janeiro. 26 - PAULO FREIRE E A ESCOLA DE HORÁRIO INTEGRAL - Adilson Florentino da Silva e Lígia Martha Coimbra da Costa Coelho são professores do Núcleo de Estudos “Escola Pública de Horário Integral” (NEEPHI) da Universidade do Rio de Janeiro.
27 - PAULO FREIRE E SUA APLICAÇÃO AO TEATRO - Ermínio G. Neglia é professor da Universidade de Toronto. In: Revista canadiense de Estudios hispánicos, vol. V, nº 2, Inverno de 1981, p. 158-159; 164165). 28 - PAULO FREIRE E AS TEORIAS DA COMUNICAÇÃO - Carlos Crespo Burgos, educador equatoriano. 29 - PAULO FREIRE E A EDUCAÇÃO MUNICIPAL - José Eustáquio Romão, historiador e cientista político, é diretor do Instituto Paulo Freire e autor, entre outras obras, de Poder local e educação (Cortez, 1992) e Dívida externa e educação para todos (Papirus, 1995). 30 - PAULO FREIRE E A MERENDA ESCOLAR - João Pedro da Fonseca, é professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. 31 - PSICANÁLISE E PAULO FREIRE - Cecília Montag Hirchzon e Melany Copit são professoras da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. 32 - PAULO FREIRE NAS MINHAS AULAS - Seth Chaiklin é professor do Instituto de Psicologia da Universidade de Aarhus, Risskov, Dinamarca. 33 - PAULO FREIRE E A COOPERAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO - Nel Verbee, membro da equipe da Paulo Freire Stichting, Doetinchem, Holanda. 34 - VOLTA AO SER HUMANO COMPLETO - Ladislau Dowbor, é doutor em Ciências Econômicas pela Universidade de Varsóvia, professor titular da PUC de São Paulo e do Instituto Metodista de Ensino Superior, autor, entre outros livros, de O que é poder local. 35 - PAULO FREIRE E A ARTE-EDUCAÇÃO - Ana Mae Barbosa é professora da Universidade de São Paulo e autora de várias obras. Entre elas: Teoria e prática na educação artística (São Paulo, Cultrix, 1980) e Arte-educação no Brasil (Rio de Janeiro, Perspectiva, 1982). 36 - PAULO FREIRE E OS FÍSICOS - Luiz Carlos de Menezes, professsor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo, um dos fundadores e diretor da Fundação Wilson Pinheiro do Partido dos Trabalhadores é coordenador da Coordenadoria Executiva de Cooperação Universitária e de Atividades Especiais (CECAE) da Universidade de São Paulo. 37 - PAULO FREIRE E A PEDAGOGIA CRÍTICA - Kyu Hwan Lee é Professor Emérito no Departamento de Educação na Ewha Womans University, Seul e diretor do Instituto de Pesquisa em Educação na Coréia. 38 - REPERCUSSÕES DA OBRA DE FREIRE - Jaume Trilla i Bernet, Barcelona (Espanha). 39 - SIMPLIFICAÇÕES DA OBRA DE PAULO FREIRE - José Carlos Barreto, educador popular, participou desde as primeiras experiências com o Paulo Freire em diferentes Estados brasileiros. É hoje direitor do VEREDA - Centro de Estudos em Educação (São Paulo). 40 - O DIÁLOGO: UM ITINERÁRIO COMUM - Marcos Edgar Bassi, Eliseu Muniz dos Santos e João Raimundo Alves dos Santos, são mestrandos em educação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e membros do Núcleo de Engenharia da Formação do Instituto Paulo Freire. 41 - PENSAMENTO DE PAULO FREIRE, Uma inspiração para o trabalho pedagógico - Adriano Nogueira e outros, participaram como expositores no Simpósio do Pensamento Paulo Freire, os seguintes professores: Adriano Nogueira, Ana Maria Araújo Freire, Ana Maria Saul, Carlos A.Arguello, Carlos Alberto Torres, César A. Nunes, Corinta G.Geraldi, Eduardo Sebastiani Ferreira, Joana Lopes, João Wanderley Geraldi, José Carlos Barreto, Leila Myrtes M. Pinto, Luiz Soares Dulci, Moacir Gadotti, Paulo Freire, Rosa Maria Bryan, Suely de Castro Pereira e Vera Queiroga Barreto.
42 - POR QUE UMA RELEITURA DE FREIRE? - Rosa Maria Torres, equatoriana, pedagoga e linguista, diretora do Instituto Fronesis, assessora organismos e programas educativos em diversos países. Atualmente trabalha como consultora da UNICEF (New York). Autora de diversos livros, entre os quais: Educación popular: un encuentro con Paulo Freire. 43 - O POVO COMO PERSONAGEM - Cristovam Buarque, economista, ex-reitor da Universidade de Brasília e atual governador do Distrito Federal. 44 - DAS CRIANÇAS PARA LÁ DAS SETE MONTANHAS E MARES - Jürgen Zimmer é professor do Instituto de Educação Intercultural da Universidade Livre de Berlim e membro do Comitê Executivo da ICEA (Associação Internacional de Educação Comunitária). 45 - ORGANIZANDO A BIBLIOGRAFIA DE PAULO FREIRE - Paulo Roberto Padilha, professor da Universidade Camilo Castelo Branco, São Paulo, Mestrando da USP e membro do Núcleo de Educação para a Cidadania do IPF. 46 - A ESPERANÇA COMO IMPERATIVO EXISTENCIAL E HISTÓRICO - Moacir Gadotti é professor na Universidade de São Paulo e diretor do Instituto Paulo Freire.
Vida de Paulo Freire inicio 1 - A EXPERIÊNCIA DE BRASÍLIA - Célia Barbosa e outros, texto escrito no quadro de uma pesquisa realizada no Mestrado em Educação da Universidade de Brasília no segundo semestre de 1980 por um grupo de estudos composto pelos seguintes alunos: Célia Barbosa, Lúcia Maria de Franca Rocha, Maria Ângela Teixeira, Maria de Souza Duarte, Núbia Gripp Vianna e Ricardo Ferreira da Silva) 2 - O SR. SABE O QUE ESTÁ FALANDO? - Paulo de Tarso Santos, advogado, foi Ministro da Educação de João Goulart e Secretário de Educação do Estado de São Paulo no Governo de Franco Montoro. 3 - DESAFIOS NOS TRÓPICOS - Pierre Furter é professor da Universidade de Genebra. 4 - O MÉTODO PAULO FREIRE - Celso de Rui Beisiegel, sociólogo e educador, é professor da Universidade de São Paulo. Autor, entre outros livros de: Estado e educação: um estudo sobre a educação de adultos (São Paulo, Pioneira, 1974) e Política e Educação popular: a teoria e a prática de Paulo Freire no Brasil (São Paulo, Ática, 1982). 5 - PAULO FREIRE: 1964-1969 - Sua passagem pelo Chile e o Chile pelo qual passou -Guillermo Willianson C., educador chileno, trabalhou no Ministério da Educação do Chile na coordenação da recente experiência chamada de “Programa das 900 escolas”. 6 - CAMINHANTE DA OBVIEDADE - Francisco Gutiérrez é diretor do Instituto Paulo Freire, fundador do ILPEC (Instituto Latino-americano de Pedagogia da Comunicação), com sede na Costa Rica, e diretor regional da ICEA (Associação Internacional de Educação Comunitária). Autor de numerosas obras, entre elas: El Lenguage Total (Bogotá, 1972) e Pedagogia de la Comunicación (Buenos Aires, Humanitas, 1975). 7- PAULO FREIRE E O CONSELHO MUNDIAL DAS IGREJA - Antonio Faundez, chileno, é filósofo e ex-professor da Universidade de Concepción, no Chile, exilado, é atualmente diretor do IDEA - Institut de Dévelopment et d'Éducation d'Adultes, em Genera, e autor, juntamente com Paulo Freire, de Por uma pedagogia da pergunta.
8 - BOAS-VINDAS AO BRASIL - Almino Affonso, é advogado, ex-deputado federal, exministro do Trabalho e da Previdência Social do Governo João Goulart, ex-professor da Universidade Católica do Chile, ex-vice Governador do Estado de São Paulo. Atualmente é deputado federal. 9 - PAULO FREIRE EM SANTA CATARINA - Antonio João Mânfio, é professor do Estado do Paraná. Foi Superintendente da Secretaria Estadual de Educação de 1991 a 1994. 10 - UM TELEFONEMA - Tânia Maria Cardoso de Oliveira é professora no Ciclo Básico de Ciências Humanas da Universidade do Amazonas. Manaus, 14 de abril de 1986. 11 - UMA MENTE PENETRANTE E INQUIETA - Donaldo Macedo, professor da University of Massachusetts, Boston, é um dos principais intérpretes de Paulo Freire nos Estados Unidos. Publicou em parceria com Paulo Freire o livro Alfabetização: leitura do mundo, leitura da palavra. 12 - AMOR E PERDA EM TEMPOS DE VIDA - Em dois momentos entrelaçados - Mere Abramowicz é Professora Associada do Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação Supervisão e Currículo da PUC-SP. 13 - TANGO E PAULO FREIRE - Carta a Moacir Gadotti, Carlos Alberto Torres, um dos maiores estudiosos de Paulo Freire, é diretor do Latin American Center da Universidade da Califórnia, Los Angeles, e diretor do Instituto Paulo Freire. 14 - SER SECRETÁRIA DE PAULO FREIRE, Dagmar M. L. Zibas é hoje pesquisadora da Fundação Carlos Chagas (São Paulo). 15 - CONCURSOS PÚBLICOS E PLURALISMO DEMOCRÁTICO, Eunice Ribeiro Durham é professora titular de antropologia e coordenadora do Núcleo de Pesquisas sobre Ensino Superior (Nupes) da USP. 16 - DEZ ANOS DE CONVERSAS, Claudius Ceccon foi um dos fundadores do IDAC (Instituto de Ação Cultural). É Secretário executivo, no Rio de Janeiro, do Centro de Criação de Imagem Popular. In: Jornal do Brasil, Caderno "Idéias: livros & ensaios", Rio de Janeiro, 2 de Janeiro de 1992 - nº 327, p. 8). 17 - O PASSO SEGUINTE DO NOSSO DESAFIO, Miguel Darcy de Oliveira, fundador, em Genebra, do IDAC - Insituto de Ação Cultural - é atualmente co-diretor do Comitê Executivo de Civicus (Aliança Mundial para a Participação dos Cidadãos), com sede no Rio de Janeiro. In: Proceso Educativo Segun Paulo Freire Y Enrique Pichon-Rivière, seminario com Paulo Freire e Ana Quiroga, pp.51-52). 18 - MEUS ENCONTROS COM PAULO FREIRE, Alípio Casali é coordenador do Programa de Pós-Graduação em Educação (Supervisão e Currículo) da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. 19 - EDUCADOR DE UM NOVO SÉCULO, Ivani Catarina Arantes Fazenda é professora do Curso de Pós-graduação em Educação (Supervisão e Currículo) da PUC-SP. 20 - O HOMEM E O MITO - Um encontro em três momentos, Jair Militão da Silva é professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. 21 - PAULO FREIRE NO URUGUAI , C.I.D.C.- Centro de Investigaciones y Desarrolo Cultural, Montevideu. 22 - CONVIVENDO COM PAULO FREIRE - Uma experiência inusitada, Ana Maria Saul é professora do Curso de Pós-graduação em Educação (Supervisão e Currículo) da PUC-SP. Foi
diretora do Departamento de Orientação Técnica na Secretaria Municipal de Educação de São Paulo durante a gestão de Paulo Freire. 23 - MOMENTOS QUE NÃO DÁ PARA ESQUECER, Maria Stela Santos Graciani, professora e coordenadora do Núlceo de Trabalhos Comunitários da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e autora do livro Pedagogia do educador social de rua. É Presidente do Conselho Municipal de Direitos da Criança e Adolescente do Município de São Paulo. 24 - PAULO FREIRE, A AMAZÔNIA E O BOTO, Alberto Damasceno é Mestre em Educação Escolar Brasileira e professor do Departamento de Fundamentos da Educação da Universidade Federal do Pará. Foi assessor de Paulo Freire quando de sua gestão na Secretaria Municipal de Educação de São Paulo. 25 - PERMEANDO MUITOS PROJETOS, Azril Bacal, professor na Universidade de Uppsala, Suécia. Foi professor visitante do Otterbein College, Ohio, no outono de 1995. 26 - SOBRE A GESTÃO PAULO FREIRE - Uma carta, Ângela Antunes é professora do Município de São Paulo e mestranda em educação da Universidade de São Paulo e membro do Núcleo de Educação para a Cidadania do Instituto Paulo Freire. 27 - UM HOMEM DOTADO DE UMA GRANDE HUMANIDADE, Ettore Gelpi, professor, conferencista e pesquisador, foi durante muitos anos, consultor da UNESCO em Paris. Autor de Conscience terrienne (1992). 28 - PAULO FREIRE, MESTRE E AMIGO, Denis Fortin, professor da Escola de Trabalho Social da Universidade de Laval, Quebec e autor de Riches contre Pauvres: Deux poids, deux mesures. 29 - UMA GERAÇÃO QUE GRAÇAS A VOCÊ APRENDEU A SONHAR, Isabel Hernández, pesquisadora da equipe de apoio da FNUAP, órgão da Nações Unidas no Escritório de Santigo de Chile. Autora de Educação e sociedade indígena: uma aplicação bilíngüe do Método Paulo Freire e em co-autoria com Paulo Freire, Moacir Gadotti e Sérgio Guimarães a edição argentina de Pedagogia: diálogo e conflito. 30 - UM MESTRE DA SIMPLICIDADE, Carlos Alberto Emediato, sociólogo, Doutor em educação pela Universidade de Stanford é Diretor do Instituto de Estudos do Futuro. 31 - ETERNA DEMANDA DO REENCONTRO, José Eustáquio Romão, historiador e cientista político, é diretor do Instituto Paulo Freire e autor, entre outras obras, de Poder local e educação e Dívida externa e educação para todos. 32 - EM PROL DO NOBEL DA PAZ, Carta de Lançamento da Campanha, Moacir Gadotti, Carlos Alberto Torres, Francisco Gutiérrez, San José.
1 - A EXPERIÊNCIA DE BRASÍLIA Célia Barbosa e outros A experiência do método Paulo Freire em Brasília teve início quando Paulo de Tarso, Ministro de Educação e Cultura, instituiu junto ao seu gabinete a Comissão Nacional de Cultura Popular com o objetivo de “implantar em âmbito nacional novos sistemas educacionais de cunho eminentemente popular, de modo a abranger áreas não atingidas pelos benefícios da educação” (Portaria Ministerial nº 195, de 8/7/63). Essa comissão, presidida por Paulo Freire, seria o passo inicial dado pelo MEC para a implantação do Plano Nacional de Alfabetização.
Dias depois, outro ato legal - a Portaria Ministerial nº235, de 29/07/63 - cria a Comissão Regional de Cultura Popular do Distrito Federal, com o propósito de desenvolver e avaliar experiências de alfabetização em Brasília pelo método Paulo Freire, cujos resultados determinariam a conveniência de adoção do método em nível nacional, através do Plano Nacional de Alfabetização. A experiência, que se estendeu até 31 de março de 1964, foi desenvolvida nas cidadessatélites do Gama, Sobradinho, Candangolândia, Núcleo Bandeirante, Setor de Límpeza Pública, entre outros, onde eram instalados os Círculos de Cultura em pequenas igrejas, galpões ou escolas, com auxílio do próprio grupo interessado, funcionando muitos à luz de lampiões e com mobiliário improvisado com recursos da própria comunidade. O recrutamento dos analfabetos era feito através de serviços de alto-falantes instalados em veículos que percorriam as cidades-satélites, transmitindo mensagens como: “Povo analfabeto é povo escravo. Matricule-se no Círculo de Cultura mais próximo e aprenda a ler e a escrever!” Segundo informação do próprio Paulo Freire, em Sobradinho foi realizado um comício com o objetivo de divulgar a campanha de alfabetização desenvolvida pelo Ministério da Educação e Cultura como uma nova forma de aprender a ler e a escrever. Para tanto, foi feita uma demonstração do método, na qual o Presidente da Comissão explicava o funcionamento do Círculo de Cultura, enquanto o animador projetava slides com ilustração de situações existenciais características das pessoas presentes a fim de obter a participação dessas pessoas na discussão, motivando-as a se matricularem nos cursos. A preparação dos animadores dos Círculos da Cultura esteve a cargo do MEC, que promovia a seleção, a inscrição e os cursos de treinamento (Correio Braziliense, 19/07/63). Para esse treinamento, dado por técnicos vindos de Recife e pertencentes à equipe de Paulo Freire, o pré-requisito de escolaridade exigido era o de 2º Ciclo. Um fato curioso que se pode relatar é que a escassez de pessoas com nível de instrução de 2º Ciclo - à época, Brasília contava com raríssimos estabelecimentos desse nível de ensino - levou o grupo executor da experiência a recrutar para função de coordenador pessoas já alfabetizadas pelo método, montando-se assim um esquema de participação em que os próprios concluintes do curso ou da escola primária regular se alistavam para os postos de coordenação. As palavras utilizadas na alfabetização foram escolhidas a partir do levantamento do universo vocabular da população-alvo. Para tanto, foi realizada uma pesquisa nos locais onde poderiam ser encontrados analfabetos, como canteiros de obras. Hospital Distrital, Rodoviária, acampamentos, entre outros. A partir de questões sobre o dia-a-dia de cada um. foram selecionadas, entre as palavras de maior incidência, 14 que continham os fonemas e as sílabas adequadas à seqüência de aprendizagem, na seguinte ordem: tijolo, voto, farinha, máquina, chão, barraco, açougue, negócio, Sobradinho, passagem, pobreza, Planalto, eixo, Brasília. Uma vez apresentada a palavra, a essa era associada uma situação que originava uma discussão ente o grupo. Assim, à palavra tijolo correspondia como situação um grupo de pedreirosnuma construção de Brasília, levantando uma parede. Estudados os fonemas consonânticos correspondentes às letras t, j e l, acompanhados das vogais i e o, esses eram associados às vogais a, e e u, levando o alfabetizando a formar novas sílabras. Num Círculo de Cultura de Sobradinho, um dos alfabetizandos, na decomposição fonêmica da palavra tijolo, demonstrou ter aprendido o mecanismo da leitura ao juntar as sílabas e formar a frase: “tu ja le “(que, no Português gramaticalmente aceito, seria “tu já lês”). Esse momento, testemunhado por autoridades do MEC que visitavam o círculo, foi registrado em seqüência fotográfica pelo fotógrafo que acompanhava o ministro Paulo de Tarso. Essa circunstância, segundo alguns depoimentos, de tal forma impressionou o ministro que o levou a considerar como válida a experiência, cujos resultados ele próprio tivera a oportunidade de avaliar pessoalmente. O resultado prático da visita foi a instituição do método Paulo Freire em nível nacional, através do Plano Nacional de Alfabetização de Adultos, pelo Decreto nº 53.465, de 21 de janeiro de 1964.
Outro exemplo que se pode acrescentar como significativo na experiência de Brasília é o que diz respeito à palavra Sobradinho. Esta palavra pretendia introduzir os fonemas consonânticos correspondentes às letras s, br, d e nh, apresentando como situação a ser discutida uma ilustração representada por um ônibus com a placa “Sobradinho”, que é uma cidade-satélite de Brasíla. Durante a discussão que se seguiu, sobre a palavra e sobre a cidade de Sobradinho e sua função no contexto de Brasília, um dos participantes sentenciou: “nós também somos satélite”. Início
2- O SR. SABE O QUE ESTÁ FALANDO? Paulo de Tarso Santos - Perdão Ministro, mas o Sr. sabe o que está falando? Foi esta a resposta que me deu Paulo Freire quando eu, Ministro da Educação do Governo Goulart, o convidei a vir para Brasília, com o fim de coordenar, em nível nacional, seu programa de educação popular. Tal programa se tornara conhecido no nordeste, a partir do Projeto Angicos, no Rio Grande do Norte. Convém salientar que, embora tímido em relação ao pensamento posterior de Paulo Freire, esse primeiro projeto foi tratado pelo jornal “O Globo”, em matéria assinada pelo jornalista Carlos Swann, como um “programa intensivo de comunização do nordeste”. Nessa época, quem defendeu Paulo Freire foi nada menos que o Diretor Interino da da USAID (United States Agency for International Development), James W. Howe. Este diplomata afirmou, na ocasião, que “o Projeto Angicos, no Rio Grande do Norte, estava longe de ser uma campanha maciça de alfabetização... já que atingia apenas cerca de 300 adultos”. Mas na verdade o que eu propus a Paulo Freire, como Ministro da Educação, foi realmente uma ampliação, em nível nacional, da experiência de Angicos. O objetivo era a multiplicação, por todo o país, dos chamados “Centros de Cultura”, a partir de uma experiência piloto que deveria abranger toda a população analfabeta de Brasília. De início, criou-se uma “Comissão Nacional de Cultura Popular” (Portaria 195, de 08/07/63), com a incumbência de formular um “Plano Nacional de Alfabetização”. E para desenvolver experiências coordenadas de alfabetização, na capital da República, foi criada uma “Comissão Regional de Cultura Popular do Distrito Federal” (Portaria 235, de 29/07/63). Mas convém voltar à carta do Sr. Howe para localizar indicações que assinalam a evolução de Paulo Freire, de Angicos até a sistemática formulação da Pedagogia do oprimido. Vejamos dois tópicos do texto dirigido ao jornalista Swann, que era, naquela ocasião, membro da Embaixada dos Estados Unidos: “Sua coluna pode levar alguém à conclusão de que ensinar pessoas a ler é ruim porque as leva à doutrinação... Em realidade, o método Paulo Freire, como qualquer outra técnica de ensino não política, prepararia o indivíduo para ser influenciado por qualquer escola de pensamento político”. Aqui, as afirmações do funcionário norte-americano sobre a experiência embrionária freireana viriam chocar-se frontalmente com a evolução posterior por que passou essa pedagogia. São muitas evidências dessa transformação que deu ênfase a aspectos já implícitos nos primeiros projetos. Por exemplo, Paulo Freire sempre insistiu em que não existe “técnica de ensino não política”. E isso porque as técnicas assim rotuladas, na verdade correspondem a manifestações
“conservadoras”, que indicam a solidariedade da escola com as demais instituições, em suas respectivas sociedades. Além disso, Paulo Freire caminhou não para uma pedagogia dos homens em geral, fora de qualquer contexto social. Sua meta sempre foi a de formular uma pedagogia do oprimido, num contexto de convivência em sociedade. Mas meus encontros com Paulo, no exílio chileno, no Brasil post-exílio, ou na Europa, levam a outras perspectivas de análise de seu pensamento educacional que eu pude acompanhar de perto, em múltiplas experiências. Em Brasília vivemos juntos a emoção de participar dos primeiros Círculos de Cultura, realizados nas cidades satélites como o Gama e Sobradinho. Lembro-me bem da seleção das palavras que continham fonemas e sílabas relacionadas com as condições de vida do grupo. Assistimos, Paulo Freire e eu, acompanhados de uma equipe do Ministério, a uma discussão sobre a palavra Tijolo apresentada aos participantes por um quadro representativo do trabalho de pedreiro. Vivemos uma impressão, ainda hoje muito presente em minha memória, quando um candango, observando o quadro e a palavra - chave Tijolo foi capaz de compor uma nova junção de sílabas, concatenando a frase “Tu-Ja-Le”. No Chile, estive com Paulo Freire no ICIRA (Instituto de Capacitação e Investigação em Reforma Agrária). Ambos éramos técnicos da FAO e trabalhávamos com “contra-partes” chilenos, no processo de reforma agrária que o Presidente Eduardo Frei havia programado para seu país. Inúmeros documentos foram escritos então por nós que trabalhávamos no ICIRA, procurando definir os contornos de um processo educacional novo, inspirados - muitos deles no pensamento de Paulo Freire. Cito trecho de um de meus estudos, publicados nessa época: ”Neste sentido a capacitação, entendida como comunicação social de cultura, surge claramente como um processo ‘ideológico’... Busca-se, desta forma, uma ‘ideologia’, a partir do que é, ou uma ciência do que deve ser... Assim, ao propor uma ideologia, como via melhor de humanização, o educador deve ter claro uma visão da nova sociedade, não para doá-la ao camponês, e sim para desafiá-lo em sua criatividade cultural própria”. Atuávamos, nessa época, em “círculos de cultura”, com trabalhadores do campo. Chegou a nosso conhecimento a observação de um dos participantes desses círculos. Chamados a responder, pela coordenadora, o que era, no quadro em discussão, “mundo” e o que era “cultura” um camponês manifestou, com segurança, as distinções entre o que era no quadro expressão das duas categorias. - “E se não existisse o homem”? indagou a coordenadora. “Tampouco existiria o mundo” porque faltaria quem dissesse “isso é o mundo” disse o camponês. Paulo Freire, entusiasmado, identificou na resposta “a consciência do mundo”. Mas não terminaram aí meus vínculos educacionais com Paulo Freire. Dele recebi, de presente, o livro de Guimarães Rosa “Grande Sertão Veredas”, cuja leitura, atenta e renovada, tanto me impressiou que cheguei a escrever um livro sobre o “Grande Sertão”, fiz questão de afirmar na introdução: “devo a sugestão da primeira leitura ( do “Grande Sertão”) ao prof. Paulo Freire”. Detalhe significativo: o exemplar que me fora dado havia sido por ele lido na prisão e no exílio e trazia duas inscrições: “Olinda. Prisão e Saudade. Desespero Não. Setembro de 1964”. E a outra: “La Paz. Exílio e Saudade. Desespero não. Outubro de 64”.
O livro, que guardo como relíquia, traz a assinatura de mais de 50 exilados, alguns dos quais foram seus companheiros de prisão. Devo mencionar que essa minha leitura inicial do livro de Guimarães Rosa foi feita à luz de algumas categorias teóricas de Paulo Freire. Cito um trecho de “O diálogo no Grande Sertão Veredas”: “Assim, minha primeira atitude, frente ao Grande Sertão, foi a de quem havia encontrado um imenso filão para o estudo da cultura de uma parcela da populaçãp brasileira. E Rosa surgia, aí, como uma espécie de pesquisador, genial e metódico, que teria baseado sua obra em prévio e amplo estudo empírico”. Posteriormente, fui levado a matizar essas afirmações: “Contatos posteriores com amigos de Guimarães Rosa e estudiosos de sua obra reduziram essa primeira impressão a proporções mais realistas: no Grande Sertão há mais do poder criador de Rosa, que de investigação científica”. Mas, tocado, cada vez mais, pela leitura do Grande Sertão, passei a fichar o livro de acordo com aquelas categorias que discutira com Paulo Freire, no Chile: a consciência de si, do outro e do mundo, em Riobaldo e mais a utopia e a contra-utopia, no Grande Sertão. Como está dito no livro que venho citando: “a ‘ficha da descoberta’, que longamente comentada com Paulo Freire, deu motivo a este trabalho, é a que transcreveu o que diz Riobaldo, à pagina 96 do Grande Sertão” (3a ed. Liv.José Olimpio Editora, 1963). Na verdade, essa “ficha da descoberta”, elogiada por Paulo Freire, constitue um dos textos lapidares de Rosa que, descodificado, permite encontrar todas as características essenciais do diálogo: “o senhor me ouve, pensa e repensa, e rediz e então me ajuda”. O mecanismo e o objetivo do diálogo estão magistralmente contidos nesse texto. Se o amor é, em suma, uma emigração de si em favor de outro, pode-se dizer que ele está presente nas expressões transcritas, apresentando o diálogo como uma vitória contra o egoísmo, ou como interesse de ajudar o outro - “e então me ajuda”. Por outro lado, o “ouvir”supõe a humildade de reconhecer que o outro pode estar dizendo coisas importantes, mesmo que não sejam eruditas. Já o “pensar e repensar” é uma reflexão sobre a palavra do outro, à luz da cultura do interlocutor. E quando o interlocutor “rediz” isso já implica numa síntese das culturas dos dois sujeitos do diálogo. Felizmente, meus encontros com Paulo Freire foram sempre dialógicos e neles eu sempre estive mais preocupado em ouvir, pensar e repensar. E quando pude “redizer” eu o fiz na esperança de contribuir, nos meus limites, para o desdobrar das concepções novas do magistral criador da “Educação como Prática da Liberdade”. Início
3 - DESAFIOS NOS TRÓPICOS Pierre Furter No entardecer do primeiro dia na minha primeira chegada ao Nordeste - devia ser em 1962, acho eu - já estava em frente do Mestre deitado na sua rede. Diziam o Costa Lima e o Uchoa Leite que era um pedagogo famoso no Recife progressista destes tempos do Arraes, ainda que totalmente desconhecido para mim. Ouvindo durante toda esta noite inesperada a sua fala que parecia nunca mais acabar, tive a revelação que, depois de estudar tantas teorias pedagógicas, tinha enfim encontrado uma educação que se fazia e se vivia cada dia; que nascia de uma consciência crítica dum presente problemático mas prenhe de um futuro prérevolucionário que se abria sobre uma utopia concreta.
Seduzido pelo projeto do Serviço de Extensão Cultural (SEC) da Reitoria da Universidade Federal de Pernambuco - dentro do qual o Paulo animava um grupo de jovens intelectuais e artistas no contexto fascinante dum Recife em movimento - larguei tudo e no primeiro de janeiro de 1964, estava alí para apanhar estes militantes de uma democratização de verdade de Pernambuco, do Nordeste - e por quê não? - do Brasil inteiro. Uma outra noite com outras circunstâncias: Arraes era agora candidato à Presidência; Paulo Freire tinha chegado a Aracaju para dinamizar mais uma vez a Campanha Nacional de Alfabetização. No batepapo noturno geral, os seus assessores comentavam não sei que fofocas com o MEB dos bispos ou o MCP dos camaradas... Pouco a pouco pareceu claramente que a Campanha tinha um apoio oficial porque se pensava que uma rápida alfabetização podia modificar radicalmente a composição do corpo eleitoral num país em que os analfabetos eram marginalizados por lei de qualquer processo de eleição. Ainda que hoje ache eu que este desafío estava certo, no entanto esta noite, na minha ingenuidade helvética, discordei violentamente desta opção política: parecia-me contraditória com um projeto de uma conscientização popular para uma democratização autêntica. O embate entre uma visão radicalmente utópica e uma exigência imediata para a tomada do poder terminou mal: as tensões foram tão fortes que cada um se fechou na sua frustração solitária. Duas semanas depois, os militares e os seus cúmplices - que se “conscientizaram” mais rápida e mais radicalmente que todo o “povo” e possivelmente que todos os militantes que queriam salvá-lo - nos puseram todos de acordo numa comum exclusão. A pujança da mais brilhante imaginação utópica como a mais sutil estratégia para a conquista do poder, ambas foram vencidas pela violência dos fatos. Neste mundo de caminhantes, as veredas precárias do exílio cruzam muitas vezes os atalhos de uma reflexão peregrina. Mas a vadiagem dos vencidos não acaba necessariamente com a sua esperança que pode ser transmutada pelo ácido do desespero encontrando novas dimensões dentro de contextos até agora desconhecidos. Assim se passou da sedução da fala ao trabalho árduo da escrita. É verdade que o núcleo gerador foi muitas vezes reinterpretado através de inúmeras traduções nem sempre fiéis - mas tão pouco os filhos são totalmente parecidos aos pais - felizmente! Nesta ampliação e multiplicação de uns poucos princípios nos quais fundimo-nos num Recife, hoje tão remoto para cada um de nós, na malha frouxa, mas real dos nossos intercâmbios pouco freqüentes mas ainda intensos, continuamos a caminhar para aprender que a nossa condição nos impõe de se sacrificar para seguir esperando juntos. Início
4 - O MÉTODO PAULO FREIRE Celso de Rui Beisiegel Meu interesse pelo Método Paulo Freire de alfabetização de adultos data dos meados de 1963. Já um pouco antes ficara sabendo, pelos noticiários da imprensa, primeiro, que havia um método, recém-elaborado, que alfabetizava em cerca de 40 horas e, segundo, que esta eficiência possibilitava verdadeira revolução no curso da velha batalha nacional contra o analfabetismo. No momento dei pouca importância às informações: mais um "milagre", pensei, e destinado à vala comum das panacéias vez por outra anunciadas para os problemas de educação popular. Logo percebi que estava enganado. O método de Paulo Freire era coisa realmente séria. Meus primeiros contatos com a prática do método ocorreram por força de atribuições docentes, no antigo CRPE (Centro Regional de Pesquisas Educacionais) Professor Queiroz Filho. Na época, alguns jovens pernambucanos, ex-alunos de Paulo Freire e meus orientandos no Seminário de Treinamento de Pessoal em Pesquisas Educacionais, ao selecionarem o objeto de sua "pesquisa de treinamento", optaram pelo estudo de uma experiência de alfabetização de adultos que estava para ser iniciada em Vila Helena Maria, no município
paulista de Osasco. Era a "experiência piloto" de alfabetização de adultos da União Estadual de Estudantes e seria realizada mediante o emprego do método de Paulo Freire. A escolha do tema não fora aleatória. Era natural que jovens formados no Recife procurassem acompanhar o desenvolvimento dos trabalhos realizados sob a orientação do método elaborado por um exprofessor. E, por outro lado, um desses bolsistas, funcionário da Secretaria da Educação do Estado do Rio Grande do Norte, atuara no Programa de Alfabetização promovido pelo Governo Aluízio Alves e, aqui em São Paulo, vincula-se ao movimento de alfabetização então iniciado pela União Estadual de Estudantes. Acolhi a decisão do grupo e, enquanto orientador da "pesquisa de treinamento", fui levado a acompanhar de perto os preparativos da experiência e o desenvolvimento dos trabalhos de alfabetização. Em julho desse mesmo ano, o professor Laerte Ramos de Carvalho, diretor do CRPE, incentivou-me a viajar para o Estado do Rio Grande do Norte, em companhia de alguns outros colegas da instituição, a fim de obtermos informações sobre a campanha de alfabetização que aí se desenvolvia sob a supervisão direta de Paulo Freire. Favoravelmente impressionado pelo que já pudera conhecer sobre as idéias e as atividades do educador pernambucano, o professor Laerte acreditava que o método talvez viesse a contribuir para a superação das "bobagens" que então dominavam a prática da educação de adultos analfabetos no país. Atendendo às sugestões do professor Laerte e ao interesse já despertado pelos contatos iniciais com a prática do método, estive em Angicos, local da primeira e mais importante dentre as experiências de alfabetização realizadas pelo Governo do Estado do Rio Grande do Norte. Observei o funcionamento de "círculos de cultura" no bairro das Quintas, em Natal. Conversei com funcionários e estudantes responsáveis pela condução dos trabalhos. Depois, já em São Paulo, tive a oportunidade de entrevistar o próprio Paulo Freire, numa de suas passagens por esta Capital. No segundo semestre, acompanhei o desenvolvimento das atividades em Vila Helena Maria. Em 1964, coordenei os trabalhos de uma equipe de pesquisadores incumbidos, pela direção do CRPE, de avaliar os resultados de uma experiência de alfabetização realizada no município de Ubatuba, onde também se empregou o método de Paulo Freire. Entre 1965 e 1967, acompanhei os universitários da "Operação Ubatuba" na organização e nas atividades do MOVE (Movimento de Educação). Repetindo o que já afirmei no livro Estado e educação popular, durante todo esse período acumulei documentos, amizades, experiências, algumas frustrações e uma extensa relação de perguntas. Na época, cheguei a publicar alguns trabalhos sobre a alfabetização e o "ensino supletivo" de adultos. Mas, novas e urgentes solicitações da atividade docente e de pesquisa, na Faculdade de Educação e no CRPE, com muita freqüencia me afastavam de um estudo sistemático sobre o que viera observando no campo da educação popular.
A partir dos meados de 1970 pude finalmente dedicar-me à redação do estudo que apresentei como tese de doutoramento, em 1972. Deveria ter sido um estudo sobre o método de Paulo Freire. Era este, aliás, o projeto inicial. Contrariando estas intenções, entre as muitas perguntas que viera formulando nos anos anteriores, algumas, mais gerais e não elucidadas na precária
bibliografia então disponível, impuseram-se à minha atenção e de certo modo forçaram a alteração do projeto. Estas perguntas giravam em torno de questões tais como: as conexões entre a educação popular e o processo de desenvolvimento; os fundamentos da crença generalizada nas virtualidades desenvolvimentistas da educação popular; as origens dos movimentos de educação em massa; as razões do descrédito que envolvia o "ensino supletivo" realizado no âmbito do sistema escolar estadual; as causas do "processo de ritualização" do "ensino supletivo"; por que o método de Paulo Freire era diferente e o que explicava sua inegável capacidade de arregimentação dos universitários para o trabalho educativo, etc. Como não poderia deixar de acontecer, tendo em conta a variedade das questões aí envolvidas e a escassez de trabalhos a propósito do assunto, impunha-se de início uma investigação geral e preliminar, destinada mais ao levantamento de problemas para futuras pesquisas do que à discussão, em profundidade, de uma ou outra dentre as muitas indagações relevantes no estudo da educação popular. Era necessário situar as origens e as vicissitudes das idéias, da legislação e das práticas da educação de adultos no âmbito de outros processos ideológicos e jurídico-políticos mais abrangentes. Sob o meu ponto de vista, o que estava investigando era apenas uma introdução ao estudo que pretendia realizar. Tudo tem seu tempo. O estudo sobre o método de Paulo Freire foi sendo adiado para outras oportunidades. Os anos foram passando e somente agora creio estar atendendo aos compromissos então assumidos com o saudoso mestre e amigo Laerte Ramos de Carvalho e com os companheiros de aventuras na prática da educação popular.
CANÇÃO ÓBVIA
“Escolhi a sombra de uma árvore para meditar no muito que podia fazer enquanto te esperava quem espera na pura esperança vive um tempo de espera qualquer.
Por isso enquanto te espero trabalharei nos campos e dialogarei com homens, mulheres e crianças minhas mãos ficarão calosas meus pés aprenderão os mistérios dos caminhos meu corpo será queimado pelo sol meus olhos verão o que nunca tinham visto meus ouvidos escutarão ruídos antes despercebidos na difusa sonoridade de cada dia.
Desconfiarei daqueles que venham me dizer à sombra daquela árvore, prevenidos que é perigoso esperar da forma que espero que é perigoso caminhar que é perigoso falar... porque eles rechaçam a alegria de tua chegada.
Desconfiarei também daqueles que venham me dizer à sombra desta árvore, que tu já chegaste porque estes que te anunciam ingenuamente
antes de denunciavam.
Esperarei por ti como o jardineiro que prepara o jardim para a rosa que se abrirá na primavera”
Paulo Freire
PAULO FREIRE