O Sabado Judaico E O Domingo Cristao

  • November 2019
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O SÁBADO JUDAICO e o DOMINGO CRISTÃO

EDMAR BARCELLOS

O SÁBADO JUDAICO e o DOMINGO CRISTÃO

PROJECTO EDITORIAL

© 2002 Edmar Barcellos Todos os direitos desta edição reservados ao autor

PROJECTO EDITORIAL Projecto Editorial Ltda. Brasília Shopping – SCN – Q. 05 – Bl. A – Sl. 1.304 – Torre Sul Brasília-DF – Tel.: (0xx61) 328-3804/328-3962 – CEP 70715-900

EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Livraria Suspensa PREPARAÇÃO Vanderlei Veloso C APA Tarcisio Ferreira R EVISÃO Alda Monteiro Capistrano Luzelúcia Ribeiro da Silva EDITOR Reivaldo Vinas

BARCELLOS, Edmar. O sábado judaico e o domingo cristão. Brasília: Projecto Editorial, 2002. Ilustrada. 132p. ISBN 85-88401-04-5 1. Teologia. I. Título CDD 869.935

Para minha esposa Maria Helena (Marlene)

O sábado judaico “Estando, pois, os filhos de Israel no deserto, acharam um homem apanhando lenha no dia de sábado (...). Então toda a congregação o tirou para fora do arraial, com pedras, e o apedrejaram, e morreu, como o SENHOR ordenara a Moisés.” (Nm 15:32, 36)

O domingo cristão “A pedra que os edificadores rejeitaram tornou-se cabeça de esquina. Foi o Senhor que fez isto e é coisa maravilhosa aos nossos olhos! Este é o dia que fez o Senhor; regozijemo-nos e alegremo-nos Nele!” (Sl 118.22-24)

Agradecimentos

“Os sábios, pois, resplandecerão como o resplendor do firmamento; e os que a muitos ensinam a justiça refulgirão como as estrelas, sempre e eternamente.” (Dn 12.3) À minha querida esposa Marlene, anjo protetor, cujo amor, indulgência e equilíbrio abençoam minha vida há mais de 50 anos. Aos meus filhos, Daniel Fidelis, Apolo, Paulo Tide e André Luiz, pelo apoio e estímulo. Às minhas filhas, Ana Maria e Débora, exemplos de conduta cristã, porque me deram mais dois filhos, quando se casaram, respectivamente, com Pedro Luiz Cortezi Botelho e Bezaliel Duarte Pereira, dois abençoados servos de Deus, hoje pastores que muito me ajudam nos estudos bíblicos, com suas abalizadas críticas e com os livros que me recomendam, fazem comprar, ou presenteiam. Ao pastor Antônio Gilberto, egrégio ensinador, por seu estímulo. Ao pastor Elizeu Menezes de Oliveira, grande médico e garimpeiro espiritual, benemérito restaurador de trabalhos enfermiços e formador deObreiros. Ao pastor Sóstenes Apolos da Silva, amigo do jejum e da oração, exemplo raro de desinteresse pelos bens materiais que, tendo a idade de ser meu filho, tem sido um pai para mim. 9

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Ao dileto pastor Gedalias Neves da Costa e a seu filho Bruno, pela inestimável ajuda na composição e publicação deste trabalho. À querida irmã Áurea Lima Pereira, exemplo de coragem e liderança, cujo apoio, entusiasmo e persistência muito contribuíram para esta publicação. À culta e prendada Luzelúcia Ribeiro da Silva e à Alda Monteiro Capistrano, pela dedicação com que revisaram este livro. Ao Dr. Reivaldo Vinas que prestimosa e pacientemente tornou possível a publicação deste trabalho. E, acima de tudo e de todos, Graças a Deus por haver-me chamado para os seus caminhos e concedido a oportunidade de publicar este trabalho, que ofereço a todos os que querem crescer no conhecimento e na graça de nosso Senhor Jesus Cristo. In memoriam Ao papai e à mamãe (meus avós paternos) e às minhas queridas tias, cujo amor, exemplo e orações abençoaram minha vida desde os primeiros passos até o dia de hoje. Ao saudoso pastor Natanael Cortês e ao presbítero Érico de Paiva Mota (presbiterianos que, na minha infância, muito me influenciaram no estudo das Sagradas Letras). Ao pastor José Teixeira Rego, Patriarca, cuja sinceridade e intransigência forjaram o caráter impoluto de centenas de jovens assembleianos. Ao pastor Luiz Bezerra da Costa, pacificador emérito e amigo a toda prova, exemplo de mansidão. Edmar Cunha de Barcellos 10

Ênfase e Lógica contra as Heresias Joanyr de Oliveira Pesquisador infatigável, sempre a transitar com desenvoltura no universo da cultura religiosa, o pastor e mestre Edmar Cunha de Barcellos enriquece a literatura bíblica com este O Sábado Judaico e o Domingo Cristão. Porque habilitado a recorrer às línguas dos originais, a dirimir dúvidas à luz do grego e do hebraico, sua palavra é abalizada, absolutamente confiável. Assim, independendo da ingerência de tradutores (protegido, portanto, do lamentável traduttore, tradittori...), o escritor dispõe sua exposição, sua ênfase, sua lógica em bases muito sólidas. Nestes dias de desenfreada proliferação de heresias, é oportuníssima a edição de O Sábado Judaico e o Domingo Cristão. Os neojudaízantes, os incontáveis formuladores de heresias, ou responsáveis pela sua ressurreição defrontam-se com a consistência deste livro de afirmações incontestáveis. As doutrinas dos crentes propensos ao mediunismo – alguns desses líderes tidos como evangélicos, mas dados ao sincretismo, estão por aí, a disseminar até na TV suas venenosas sementes –, as ficções sobre vida espiritual nos planetas, passadas aos ingênuos como verdade, e outras “teses” falsas, caem como pulverizadas máscaras à leitura desta obra. Aqui, Edmar Barcellos deixa bem clara a importância (para os judeus) do Sabath, e esclarece não haver por que ter compromisso com ele. 11

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Qual a origem dessa importante instituição? Franz Delitzch, biblicista protestante, entende que o Sabath é mera adaptação do festival babilônico da lua cheia (Shabatu ou Shabatu); Apion, que viveu no séc. I, e é classificado por Nathan Ausubil (Biblioteca de Cultura Judaica) como “provocador”, vem com esta: “Tendo os judeus caminhado seis dias no deserto, ficaram com ínguas (nas virilhas), e por isso descansaram no sétimo dia... e chamaram a esse dia de Sabath, pois que aquela doença (de ínguas) nas virilhas era chamada sabatosis pelos egípcios” (BCJ, p. 661). Mas a Bíblia não deixa dúvidas a esse respeito: “É um sinal entre mim e os filhos de Israel, para sempre” (Êx 31.17). Com que objetivo? Para a memória de fatos extraordinários: “Porque te lembrarás que foste servo na terra do Egito e que o Senhor teu Deus te tirou dali com mão forte... pelo que o Senhor teu Deus te ordenou que guardasses o dia de sábado” (Dt S. 15) Portanto, o Sabath evoca um acontecimento da maior significação para os judeus, mas que para nós nada significa. Nem histórica nem espiritualmente. Nesta obra relacionam-se os livros e versículos do Novo Testamento que reiteram as determinações concernentes aos Dez Mandamentos. São vários – e nem um, sequer, referenda a guarda do quarto mandamento, do sábado. Observa o escritor, a respeito: “Sem repetição, somente censuras!” Tendo em vista o seu valor, O Sábado Judaico e o Domingo Cristão merece ser levado a todos: os que ouvem a voz de São Paulo sobre os ventos de doutrinas dos últimos tempos e aos que 12

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supervalorizam o sábado, para que se compenetrem do equívoco em que incorrem e mudem os rumos de seus passos. Joanyr de Oliveira é poeta várias vezes premiado, no Brasil e no exterior. Laureado, em 1962, (a Comissão Julgadora estava integrada por Manuel Bandeira e outros), como “Grande Poeta de Brasília”. Pastor, advogado, contista, cronista e jornalista. Foi diretor de Publicações da CPAD e fundador de revistas evangélicas. Membro de importantes entidades culturais. Autor de vários livros, principalmente de poesia, inclusive a primeira obra literária editada no DF – Poetas de Brasília, antologia, 1962. É um dos escritores evangélicos cujo nome é citado em enciclopédias como a Grande Enciclopédia Delta Larousse. (Edição de 1972, volume 11 p. 4920).

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O sábado judaico ................................................................................. O domingo cristão ............................................................................... Agradecimentos .................................................................................... Ênfase e Lógica contra as Heresias .............................................. Introdução .............................................................................................. I – Cisternas rotas ............................................................................... 1. Psicografia gospel ou espiritismo evangélico ........................... Decepcionante paradoxo ........................................................... 2. Judaizantes modernos .................................................................. II – As divisões do tempo ................................................................. O calendário ....................................................................................... III – O Sábado Judaico ..................................................................... Na escravidão, os israelitas não tinham sábado ........................... Sábado: um sinal identificador do povo de Israel ...................... Os sinais identificadores da Igreja de Cristo ................................ O sábado: um tipo de Cristo .......................................................... O árduo plano de Deus para nossa salvação .............................. O declínio do sábado judaico ......................................................... Caracteres cerimoniais do sábado .................................................. IV – Lei, Lei Moral, Lei Cerimonial, Lei de Deus e Lei de Moisés .................................................................................... 1. Lei .................................................................................................... 2. Lei Moral ........................................................................................ 3. Lei Cerimonial ............................................................................... 4. Lei de Deus, Lei de Moisés ........................................................ 5. A Lei como uma “dispensação” ................................................ A Lei .............................................................................................. 6. A Lei e a Graça ............................................................................. V – Anomia x Legalismo ................................................................... Lei da Fé, Lei de Cristo, Lei do Espírito de Vida ou Lei da Liberdade ......................................................................... VI – O domingo cristão ..................................................................... 1. O primeiro domingo da história ............................................... 15

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2. A ressurreição de Jesus Cristo e o domingo ........................... 3. A origem da palavra “Domingo” ............................................. 4. Resgatando verdades históricas .................................................. 5. Odres novos para o vinho novo ............................................... 6. O domingo foi prefigurado na Lei ........................................... 7. Domingo: dia do Nascimento da Igreja .................................. 8. Domingo, Dia de Jesus, Dia da Igreja ...................................... 9. Domingo, o principal dia da semana ........................................ VII – Breves respostas aos argumentos adventistas sobre o sétimo dia ................................................................................ 1. Devem os cristãos guardar o sábado do sétimo dia? ............ 2. Por que só os israelitas devem guardar o sábado, e não também os cristãos? ............................................................... 3. As festas judaicas (os sábados anuais) é que cessaram, mas não o sábado semanal .............................................................. 4. Por que considerar as festas judaicas e o sábado como figuras ou sombras? .............................................................. 5. O sábado está na “Lei Moral”, a lei das tábuas de pedra, e por isso deve ser guardado .......................................................... 6. Por que dizer que a guarda do sábado do sétimo dia é um mandamento cerimonial? .......................................................... 7. O sábado é tão importante que foi mencionado 60 vezes no Novo Testamento ....................................................................... 8. As mulheres repousaram no sábado, conforme o mandamento (Lc 23.56). Isso prova que o sábado era guardado nos anos 60, quando Lucas escreveu o seu Evangelho ................................................................................ 9. Jesus, sabendo que o sábado seria guardado depois da sua ressurreição, disse: ....................................................................... 10. O apóstolo Paulo pregava aos sábados nas sinagogas (Atos 13:44) ............................................................... 11. O santo sábado será observado na Nova Terra por toda a eternidade ....................................................................... 12. Por que os judeus queriam matar Jesus? ................................. VIII – Bibliografia ............................................................................... (Textos dos originais hebraicos, gregos e latinos)........................ Versões Católicas da Bíblia .............................................................. Versões Evangélicas da Bíblia .........................................................

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Introdução

“Ninguém vos prive do prêmio, afetando humildade ou culto aos anjos, baseando-se em visões, enfatuado... na sua mente carnal.” (Cl 2.18)

Embora muito já se tenha escrito sobre a guarda da lei e do sábado, julgamos oportuna uma nova análise do assunto, em vista dos muitos questionamentos que vimos recebendo de nossos alunos, de crentes e até de não-evangélicos sobre programas de televisão em que são apresentadas revelações de anjos, legalismo sabático e algumas modernices como se fossem verdades bíblicas. Queremos oferecer aqui subsídios esclarecedores, num esIntrodução tudo sincero e tão profundo quanto possível, sobre esses ensinos que não aceitamos, e sobre o que cremos e ensinamos acerca desses assuntos, como a Palavra de Deus recomenda: “Estai sempre dispostos a justificar vossa esperança perante aqueles que dela vos pedem conta. Mas fazei-o com mansidão e respeito, com uma boa consciência” (1 Pd 3.15, 6. Tradução Ecumênica da Bíblia).

Paulo nos admoesta a “não irmos além do que está escrito” (1 Co 4.6) e adverte-nos severamente contra qualquer doutrina diferente da que ele ensinou. 17

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“Estou admirado de vocês estarem abandonando, tão depressa, aquele que os chamou por meio da graça de Cristo para outro evangelho. Na realidade, porém, não existe outro evangelho. Há somente pessoas que estão semeando confusão entre vocês e querem deturpar o evangelho de Cristo. Maldito aquele que anunciar a vocês um evangelho diferente daquele que anunciamos, ainda que sejamos nós mesmos ou algum anjo do céu. Já dissemos antes e agora repetimos: maldito seja quem anunciar um evangelho diferente daquele que vocês receberam” (Gl 1.6-9. Bíblia Pastoral Católica).

Usaremos, basicamente, as versões de Almeida Revista e Corrigida (ARC) e Almeida Revista e Atualizada (ARA). Quando oportuno, citaremos qualquer outra tradução que nos parecer mais adequada ao tema estudado, cuidando de jamais ferir o sentido do texto original. As citações serão destacadas, buscando-se obter maior atenção para o texto em foco. Rogamos ao leitor que faça uma consulta cuidadosa às citações nas notas de rodapé. Elas foram, criteriosamente, extraídas de livros e de documentos cuja cópia poderemos enviar aos interessados, arcando estes com os custos correspondentes. Pedimos ao Senhor Jesus que nos inspire na exposição dos assuntos aqui apresentados e que ilumine os leitores, para que recebam a edificação e os esclarecimentos que tanto lhes desejamos. Cremos que os cristãos têm o direito de comer ou não comer o alimento que quiserem e de guardar ou de não guardar o dia que quiserem, segundo deixa bem claro a Bíblia, quando diz:

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“Acolhei o fraco na fé sem querer discutir suas opiniões. Um, acha que pode comer de tudo; outro, que é fraco, come legumes... Quem és tu que julgas o servo alheio?... Há quem faça diferença entre dia e dia e há quem ache todos os dias iguais; cada um siga sua convicção” (Rm 14.1-5, Bíblia de Jerusalém).

Quem ousaria condenar carnívoros ou vegetarianos, sabatistas ou dominguistas, depois de ler tão explícita declaração da liberdade cristã, registrada por Paulo, o maior teólogo da Bíblia? Não obstante, procuraremos refutar os argumentos da Senhora Ellen G. White,1 recentemente plagiados, repetidos e ampliados nos programas de televisão, bem como alguns outros tópicos e práticas estranhas ao Evangelho. Embora saibamos que as pessoas só crêem no que querem acreditar, esperamos que o leitor faça como os discípulos de Bereia, que “examinavam cada dia nas Escrituras para ver se tudo era exato” (At 17.11). Cremos que são maiores os motivos que nos devem unir do que os que nos separam! Repetimos, pois com Agostinho: “Nas coisas essenciais, unanimidade; nas coisas não essenciais, diversidade; e, em todas as coisas, amor!”.2 1 Ellen G. White foi profetisa, vidente e continuadora do adventismo de William Miller, depois que ele reconheceu o seu engano em ter marcado, erradamente, por três vezes seguidas, a data da segunda vinda de Cristo. 2 Agostinho, (354-430 d.C.), o maior teólogo cristão depois de Paulo, também chamado de “O santo protestante”.

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I – Cisternas rotas

“Espantai-vos disto, ó céus, e horrorizai-vos! Ficai estupefatos, diz o SENHOR. ‘O meu povo fez duas maldades: a mim me deixaram’, o manancial de águas vivas, e cavaram para si cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas” (Jr 2.12, 13).

Glorificamos a Deus pela liberdade de imprensa e de pensamento de que gozamos no Brasil. Lamentamos, porém, que alguém aproveite essa liberdade para exibir pela TV e nos púlpitos (às vezes, rebaixados à condição de palcos) grotescos espetáculos, “estudos bíblicos distorcidos, legalismo e revelações de anjos”, num sincretismo incompatível com a nobreza e a dignidade do Evangelho. Agravando essas confusões midiúnicas,3 uma telepastora, dantes querida e admirada, surpreendeu o povo evangélico abandonando a simplicidade da doutrina que pregava, introduzindo em seus programas estranhas inovações que, a nosso ver, não passam de deploráveis cisternas rotas. Citemos dois exemplos: 3 “Midiúnicas”. Propomos este neologismo porque o uso da mídia na apresentação das modernices teológicas tem apresentado estreitas semelhanças com as revelações “mediúnicas” do espiritismo.

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1.º Prestigia modernos “videntes”, chegando até a traduzir e a recomendar a leitura do livro de um certo rev. Elwood Scott (Paraíso: a cidade santa e a glória do Trono. Ed. Palavra da Fé Produções, 1992), supostamente “ditado pelo espírito de um judeu falecido na Noruega”, um tal “Sêneca Sodi”, que é um verdadeiro plágio dos livros espíritas. (Orientar-se pelas revelações de anjos ou “espíritos aureolados de luz” feitas a modernos videntes é envolver-se num misticismo danoso, estranho ao Evangelho e característico do espiritismo.) 2.° Passou a guardar o sábado e a comemorar festas judaicas, abandonou a sua Igreja de origem, criando uma nova “igreja”, baseada em suas novas e ilusórias convicções. (Pregar a guarda de dias e de festas judaicas é, a nosso ver, cair da Graça para voltar à lei.) Problema semelhante ocorreu nas igrejas da Galácia, quando Paulo escreveu: “Ninguém vos prive do prêmio afetando humildade ou culto aos anjos, baseando-se em visões, enfatuado na sua mente carnal” (Cl 2.18). “Mas agora, conhecendo a Deus, ou antes, sendo conhecidos por Deus, como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir? Guardais dias, e meses, e tempos, e anos” (Gl 4.10). “Só quero saber isto de vós: foi por obras da lei que recebestes o Espírito ou pelo ouvir com fé? Sois vós tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito, quereis agora terminar pela carne?” (Gl 3.2, 3). 22

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Esses dois erros, acima mencionados, encaixam-se no texto que encabeça este capítulo: “O meu povo fez duas maldades: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas” (Jr 2.13).

Realmente, legalismo e espiritismo são duas “cisternas rotas que não retêm as águas vivas”. Apenas acumulam águas poluídas, contaminadas, venenos mortais para quem as utiliza. 1. Psicografia gospel ou espiritismo evangélico

“A favor dos vivos interrogar-se-ão os mortos? À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, nunca verão a alva”4 (Is 8.19, 20).

Recomendar a leitura de um livro ditado pelo espírito de um morto é fazer o que Deus proibiu! Quem lê a mensagem de alguém que já morreu está consultando um morto! E o que diz a Bíblia? “À lei e o testemunho”, isto é, o que devemos consultar é a “Palavra de Deus”, onde encontramos esta grave proibição: “Entre ti se não achará (...) quem consulte um espírito adivinhante, nem mágico, nem quem consulte os mortos, pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao Senhor” (Dt. 18.11,12).

4 A “Estrela d’alva”; um dos nomes de Jesus: “Eu sou (...) a resplandecente Estrela da manhã”. (Ap 22:16).

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Afirma Scott que o livro que ele escreveu foi “ditado” e “corrigido” pelo “espírito” de um judeu, “Sêneca Sodi”, que lhe apareceu aureolado de luz e lhe fez esta proposta: “Se consentes em servir ao propósito para o qual te tenho buscado, proferirei uma favorecida bênção do santo (sic) sobre ti”.

Scott respondeu que obedeceria a qualquer pedido razoável que ele lhe fizesse: “Então escreverás uma mensagem por mim, para o povo” (p. 1 e 2).

Sêneca Sodi descreveu, a seguir, como morrera e como vira “três anjos como que embalsamando o seu corpo”, após o que ele subiu ao céu “numa carruagem de ouro cujos motoristas eram dois anjos” (p. 3, 4). Transcreveremos abaixo declarações fabulosas desse suposto “espírito desencarnado”, dos seus “anjos motoristas”, de outros “anjos” e de falecidos personagens, bíblicos ou imaginários. “Tão logo tomei assento na carruagem, descobri que podia falar com os anjos em perfeita liberdade (...). Eles, então, me garantiram que teríamos uma jornada segura ao Lar Celestial. Agora perguntei: sois realmente anjos de Deus? ‘Verdadeiramente somos’ (...). ‘Oh’, disse o condutor da carruagem, ‘não precisas ter temores; conduzir-te-ei em segurança ao teu lar eterno’ (p. 5, 6 e 7). Nós havíamos desfrutado de muitos preciosos encontros (...) quando, inesperadamente, Miguel, um dos principais anjos, e Jehuco, 24

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o ágil cocheiro, trouxeram a carruagem para o nosso lado, e aquele disse que nós éramos chamados para irmos imediatamente à Terra. Em mais um momento, suas cidades, vilas, montanhas e rios nos eram visíveis. A essa altura, Miguel disse a Jehuco: – Diminui a velocidade e dirige a carruagem passando pelo Monte Nebo (...). Num momento mais, as rodas da carruagem estavam pousando no cume do monte” (p. 56-58).

Espíritos desencarnados voltando à Terra para fazer turismo e revelações são coisa do espiritismo e anjos motoristas dirigindo carruagens de ouro são invencionice exclusiva dessa nova seita. Um falso Moisés que os acompanhava disse esta pomposa bobagem ao descer no monte Nebo: “Muito antes da sua encarnação, Ele (Jesus) era a luz do mundo e estava com sua Igreja na Terra” (p. 58).

Não existia igreja na Terra antes de Jesus encarnar-se! Jesus disse, já encarnado, na Terra: “Também eu te digo: tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei [o verbo está no futuro!] a minha igreja” (Mt 16.18).

Leiamos, agora, uma velhaca tentativa de subestimar a Salvação em Cristo, neste episódio mitológico: (Uma alma “meio salva”(!?) não pôde entrar no Paraíso, porque ainda precisava fazer certos avanços): 25

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“Naquele momento, eu vi uma senhora sair de uma carruagem. Parecia tão desnorteada que se afundou quando um dos atendentes aproximou-se dela... – Oh, meu Deus! Não sou digna nem estou preparada para esta glória. Oh! Posso algum dia endireitar-me com Deus?... Oh! Essas vestes brancas, esses cálices de ouro, árvores da vida e flores exuberantes!... – Foste salva, minha filha, disse o seu atendente, como pelo fogo, porque não eras uma fiel serva de Deus. (...) Avanços que deveriam ter sido feitos no mundo, terão de ocorrer aqui, antes que possas entrar nos portões da Cidade, ou ver a reluzente glória do muro de jaspe. Vem comigo e assistir-te-ei no conhecimento mais profundo de Cristo, sua salvação eterna e seu Reino” (p. 11, 12).

Esse tipo de “aperfeiçoamento para que as almas possam entrar no céu” é ensino espírita, pelo processo da reencarnação, e doutrina católica romana, mediante o sofrimento no purgatório. Jesus disse ao ladrão arrependido que o aceitou como Salvador: “Em verdade te digo: hoje estarás comigo no Paraíso”. O ladrão foi salvo sem precisar fazer qualquer “avanço” para entrar no Paraíso. (Lc 23.43.) A salvação em Cristo é total, completa, perfeita; nada lhe podemos acrescentar. “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2.8-9 ARC).

Ao ler as fantasias do livro Paraíso, a cidade santa e a glória do Trono, lembramo-nos de outro livro, A vida no planeta Marte,5 5

MAES, Hercílio. A vida no planeta Marte. 9. ed. LFEB, 1987.

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reeditado muitas vezes e também ditado por um espírito aureolado de luz, “Ramatis”, segundo afirma o médium psicógrafo Hercílio Maes (p. 3). Eis algumas lorotas mirabolantes de Ramatis sobre uma supercivilização humana em Marte: PERGUNTA: Marte é habitado? RAMATIS: “É um dos mundos enunciados por Jesus quando Ele disse: há muitas moradas na casa de meu Pai. Vive lá uma humanidade mais evoluída do que a terrestre.” (p. 17.) “[Em Marte] cultivam-se flores que além do perfume exsudam luz, que no lusco-fusco crepuscular vão brilhando mais e mais, até se transformarem em verdadeiras lâmpadas vivas.” (p. 199.) “Os cinemas em Marte projetam os filmes através de raios invisíveis em uma terceira dimensão perfeita, além do excelente som estereofônico. Os espectadores (que podem assisti-los mesmo em casa) são envolvidos pelo clima e pelos perfumes dos locais filmados!” (p. 146.) “O tamanho ou envergadura das espaçonaves (...) proporciona-lhes o comprimento de quinhentos metros e a altura de trinta metros, e atingem a velocidade de um milhão de quilômetros por hora!” (p. 322.) “Os lagos com os fundos marchetados de lâminas preciosas de topázio, ametista, esmeralda e rubi, transformam sua água límpida em fulgurações de nuances irisadas contribuindo para que os estádios fiquem emoldurados num panorama deslumbrante” (p. 144.) 27

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“A ave do canto espiritual (um pássaro de aspecto angélico e misterioso (...) executa sentida página musical de sonoridade algo religiosa. São frases tecidas de sons graves e solenes.” (p. 193.) “Todas as religiões em Marte são reencarnacionistas (...). Antes do desencarne, os mais desenvolvidos costumam combinar com os futuros pais a nova reencarnação em vista. Fazem um relatório completo da existência transcorrida, fixando os acontecimentos que possam formar um elo coerente no futuro. Desse relatório, entregam uma cópia para o Departamento de Controle Reencarnatório e outra cópia para aqueles que lhes servirão de progenitores no breve retorno.” (p. 291.)

Observação: o suposto Ramatis não foi capaz de prever o surgimento dos computadores e a extraordinária eficiência do sistema de informática, que já funciona maravilhosamente em nosso “pobre e atrasado” planeta Terra. Se houvesse vislumbrado isso, não descreveria um modo tão arcaico de transmissão de relatos ao “Departamento de Controle Reencarnatório” e aos “futuros progenitores” do planeta Marte. É uma melancólica decepção constatarmos que homens sérios como Francisco Cândido Xavier, Carlos Toledo Rizzini, Gabriel Delanne,6 Hercílio Maes e Allan Kardec, embora bemintencionados, escreveram e publicaram as petas dos falsos espíritos de luz. E o pior: tais espíritos se contradizem frontalmente sobre as imposturas apresentadas, e os “médiuns” ainda as aceitam como verdades cristalinas! Por exemplo: Ramatis revelou a Hercílio Maes, como já vimos acima, que Marte seria muito superior à Terra. 6 DELANNE, Gabriel. “Não muito longe de nós, o planeta Júpiter oferecenos o exemplo de condições de habitabilidade preferíveis às nossas.” O fenômeno espírita. 3. ed. rev. FEB, 1977. p. 214.

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Porém os “espíritos informantes” de Allan Kardec afirmaram que Marte seria inferior à Terra: “De todos os globos que constituem o nosso sistema planetário, segundo os espíritos, a Terra é um cujos habitantes são menos adiantados, física e moralmente. Marte lhe seria inferior, e Júpiter, muito superior”.7

Quem estaria com a razão? Nem o primeiro, nem os segundos, é o que nos afirma a Ciência: “A atmosfera de Marte é formada por óxido de carbono (95%), nitrogênio (2,7%), argônio (1,6%) oxigênio (0,2%) e traços de vapor de água, monóxido de carbono e gases nobres. Marte é como um deserto muito frio, de grande altitude. As temperaturas e as pressões da superfície são extremamente baixas na maior parte do planeta para que exista água em estado líquido. O conhecimento mais detalhado de Marte se deve a seis missões realizadas por naves espaciais norte-americanas entre 1964 e 1976. O primeiro satélite artificial de Marte (Mariner 9, lançado em 1971) estudou o planeta durante quase um ano, proporcionando aos cientistas a primeira visão global do planeta. Em 1976, duas sondas vikings pousaram com êxito e realizaram as primeiras pesquisas diretas da atmosfera e da superfície do planeta. A idéia de que haveria vida em Marte tem uma grande tradição. No entanto, todas as evidências, como a ausência de material orgânico no solo, parecem mostrar o contrário”.8 7 KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Cap. IV, pergunta 188, p. 128. Livraria Allan Kardec Editora. 8 “Marte (planeta)”, Enciclopédia® Microsoft® Encarta 99. © 1993-1998 Microsoft Corporation.

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Uma sonda espacial da NASA, a Pathfinder, fotografou e analisou recentemente (em 1997) o solo daquele planeta, e constatou serem falsas todas as informações dos supostos “espíritos de luz”. A ciência comprovou que Marte não tem flores, não tem cinemas, não tem lagos com pedras preciosas, não tem aves que cantam melodias religiosas, não tem Departamento de Controle Reencarnatório, não tem astronaves que voam a um milhão de quilômetros por hora, não tem gente, nem seres vivos. A mesma coisa se conclui decisivamente sobre os planetas Vênus e Júpiter. E lembrar que nossos amigos espíritas deixam de acreditar na Bíblia para crer nesses “espíritos”! Decepcionante paradoxo

É lamentável que, justamente agora que os equívocos do espiritismo estão sendo desmascaradas pelos dados concretos e irrefutáveis de análises e fotografias científicas, alguém que conhece a Palavra de Deus, um pastor, escreva e uma pastora traduza e recomende a leitura de revelações espúrias bafejadas por um espírito loroteiro que diz ter subido ao céu numa carruagem de ouro dirigida por dois anjos motoristas. Aos irmãos vitimados por esses erros expressamos e repetimos o receio do apóstolo Paulo: “Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam corrompidos os vossos sentidos e se apartem da simplicidade que há em Cristo. Porque, se alguém for pregar-vos outro Jesus que nós não temos pregado, ou se recebeis outro 30

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espírito que não recebestes, ou outro evangelho que não abraçastes, com razão o sofrereis (2 Co 11.4 ARC)”. “Na realidade, porém, não existe outro evangelho. Há somente pessoas que estão semeando confusão entre vocês e querem deturpar o evangelho de Cristo. Maldito aquele que anunciar a vocês um evangelho diferente daquele que anunciamos, ainda que sejamos nós mesmos ou algum anjo do céu. Já dissemos antes e agora repetimos: maldito seja quem anunciar um evangelho diferente daquele que vocês receberam” (Gl 1.6-9). 2. Judaizantes modernos

A “guarda do sábado” e outras “velhas inovações” estão sendo pretexto para o surgimento de novas “denominações”, agravando assim o já inflacionado número de “igrejas evangélicas”. As decepcionantes “revelações adventistas” de William Miller, soerguidas por seus adeptos, Hiran Edson, Joseph Bates e Ellen White, estão sendo renovadas, plagiadas, ampliadas e difundidas pela TV. Como nem todos conhecem a origem do adventismo do sétimo dia, daremos abaixo um breve histórico do caso que, de tão bizarro, passou a figurar no “Grande Livro do Maravilhoso e do Fantástico”. William Miller, em princípios do século XIX, deduziu que as 2.300 tardes e manhãs de que fala Daniel: “E ele me disse: até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado” (Dn 8:14), corresponderiam a 2.300 anos. Comparando essa conclusão com o que está escrito em Mt 21.1-13: “(...) E entrou Jesus no templo de Deus, e expulsou todos os que vendiam e compravam no templo, e derribou 31

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as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas. E disse-lhes: Está escrito: a minha casa será chamada casa de oração. Mas vós a tendes convertido em covil de ladrões (...)” (que se refere à entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, seguida da purificação do Templo), Miller começou a anunciar, desde 1818, que a segunda vinda (o Advento) de Cristo dar-se-ia no dia 21 de março de 1843. (Daí provém o nome Adventismo). Naquele dia, marcado com antecipação de 25 anos, milhares de fiéis aguardaram ansiosamente a segunda vinda de Cristo. A 13 de novembro de 1833 (faltando ainda 10 anos para o “glorioso dia”), houve uma “chuva de meteoritos” na Califórnia. Ellen White afirma ter sido “o mais maravilhoso espetáculo de estrelas cadentes que os homens jamais presenciaram”9 e concluiu: “Ainda uma vez, milhares de pessoas se persuadiram de que era chegado o Dia do Juízo”. Esse fato e a firme atitude dos fiéis, que doavam propriedades, reconciliavam-se com os desafetos, perdoavam dívidas, levou centenas de pessoas a se “converterem” e, vestidas de branco, aguardarem em praças públicas o grande evento. Mas Jesus não veio no dia 21.3.1843, marcado por Miller! Ele então refez seus cálculos e remarcou a data para o dia 21 de março do ano seguinte. Jesus também não veio. Nova data foi assinalada para o grande evento: 22 de outubro de 1844. Falhou mais uma vez. 9 WHITE, Ellen Gould. Vida de Jesus. São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 1982. p. 227.

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Miller, decepcionado e arrependido, pediu perdão aos que enganara involuntariamente e voltou à sua antiga Igreja, reconhecendo que esquecera este versículo: “Mas, daquele Dia e hora, ninguém sabe, nem os anjos que estão no céu, nem o Filho, senão o Pai” (Mc 13.32). Ainda hoje os adventistas tentam explicar essa malograda previsão nos seus livros e periódicos, sob o título: O equívoco de Miller.10 Esses artigos pouco ou nada acrescentam a uma fábula absurda que alguns renitentes adeptos de Miller engendraram para explicar o vexatório insucesso profético. HIRAN EDSON “teve uma revelação” de que Cristo, naquela data, realmente saiu do céu, mas para purificar o Santuário do céu, e não o da terra. JOSEPH BATES (que já era sabadeador), e ELLEN WHITE, a profetisa que “viu o 4.º mandamento resplandecendo no céu, com letras de ouro”, a ele se uniram e foram os continuadores do movimento adventista iniciado por Miller. Este, porém, não acompanhou o movimento que iniciara, pois não concordou com a utopia extravagante da “purificação do santuário celestial”, que mais parecia um “remendo de pano novo em pano velho”. Assim, nasceu o Adventismo do Sétimo Dia.11 Somente para esclarecer a alguém que ainda tenha dúvidas sobre o assunto é que procuramos refutar tais doutrinas neste livro. Não cremos, porém, que Jesus deixe de salvar quem WHITE, Ellen Gould. O grande conflito. 28. ed. 1983. p. 409-417. Heresiologia. 2. ed. EETAD. p. 111-112. Leia também: Heresias sabatistas, de Alcides Nogueira; A questão do sábado, de Thomas P. Guimarães; e O Sabatismo à luz da Palavra de Deus, de A. Pitrowsky, que dizem o mesmo. 10 11

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o aceita como único e suficiente Salvador só porque não come carne de porco e não toma café, ou porque pretenda guardar o sábado, ou ficar dormindo na sepultura até o dia da ressurreição, ou porque crê que Jesus saiu do céu para purificar o santuário celeste, ou, ainda, porque pensa que o “castigo eterno” não é eterno, ou que o bode emissário é tipo de satanás, e não de Cristo. Essas diferenças teológicas são, a nosso ver, inócuas para a salvação de quem quer que seja, como disse Paulo: “Aceitem entre vocês quem é fraco na fé sem criticar as opiniões dessa pessoa. Por exemplo, algumas pessoas crêem que podem comer de tudo, mas quem é fraco na fé come somente verduras e legumes. Quem come de tudo não deve desprezar quem não faz isso, e quem só come verduras e legumes não deve condenar quem come de tudo, pois Deus o aceitou. Quem é você para julgar o escravo de alguém? Se ele vai vencer ou fracassar, isso é da conta do dono dele. E ele vai vencer porque o Senhor pode fazê-lo vencer. Algumas pessoas pensam que certos dias são mais importantes do que outros, enquanto outras pessoas pensam que todos os dias são iguais. Cada um deve estar bem firme nas suas opiniões” (Rm 14.1-5, BLH). “Se, pois, estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos carregam ainda de ordenanças, tais como: não toques, não proves, não manuseies?” (Cl 2.20-21). “(...) Como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir? Guardais dias (...)” (Gl 4:9.)

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II – As divisões do tempo

Cremos que sejam proveitosas algumas considerações sobre as maneiras de dividirmos o tempo antes de analisarmos a “questão do sábado”. O calendário

Esta palavra, calendário, vem do latim calendae, primeiro dia do mês romano, em que as contas deveriam ser pagas. Daí o nome calendarium (livro de registros onde eram anotadas as contas a pagar). O calendário foi inventado pelos egípcios, mais ou menos há 4.000 a.C. No calendário judaico, este ano de 2000 corresponde ao ano de 5.760. No calendário muçulmano, 2000 corresponde ao ano de 1419. (Eles contam os anos a partir de 16 de julho de 622, a data da fuga de Maomé de Meca para Medina, chamada Hégira). O calendário vigente no tempo de Cristo era o Juliano, estabelecido por Júlio César no ano 46 a.C. Curiosidades: O ano de 1582 foi o menor ano da história, com apenas 355 dias. Houve uma supressão de dez dias naquele ano, quando o dia 4 de outubro (quinta-feira) passou a ser o dia 15 de outubro (sexta-feira), para que se corrigisse um excesso de tempo 35

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acumulado em relação ao “ano solar”, provocando uma séria defasagem nos tempos das quatro estações: inverno, primavera, verão e outono. Essa modificação foi decretada pelo papa Gregório XIII, donde provém o nome: Calendário Gregoriano, hoje adotado quase universalmente. Por causa dessa mudança, os adventistas e outros sabadeadores estão guardando realmente a sexta-feira, que o papa transformou em sábado; e os outros cristãos estão comemorando a ressurreição do Senhor no sábado, que atualmente é um domingo, como determinou o papa Gregório XIII. No ano 525, um monge chamado Dionísio Exíguo fez um calendário a pedido do imperador Justiniano. Algum tempo depois, constatou-se ter Dionísio cometido um erro de cálculo em cerca de cinco anos. Daí, chegou-se à conclusão de que Jesus nascera no ano 748 do calendário romano, e não em 753, cinco anos antes do que se pensava, isto é: Jesus nasceu no ano 4, 5 ou 6 antes de Cristo! São malogradas, portanto, as especulações que se fazem sobre a passagem do segundo milênio, pois já estamos no terceiro milênio do nascimento de Cristo há muito tempo. Vejamos, agora, alguns dados sobre segundo, minuto, hora, dia, semana, etc. O segundo: unidade de medida de tempo no Sistema Internacional, igual à duração de 9 192 631 770 vezes o período de determinada radiação emitida, no seu estado fundamental, por um dos isótopos do césio (o nuclídeo Césio 133). O minuto: do latim Minutu = miúdo, diminuído, divide-se em 60 segundos. 36

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A hora: 24.ª parte de um dia, composta de 60 minutos. O dia: corresponde a uma volta que a Terra perfaz em torno do seu eixo. O mês: espaço de tempo que, originalmente, media-se a partir da volta da Lua em torno da Terra; hoje emprega-se o mês de calendário. Os meses de calendário têm exatamente 28, 29, 30 ou 31 dias. O ano: relacionado com o Sol, em torno do qual gira a Terra em trezentos e sessenta e cinco dias e seis horas, aproximadamente. O repouso periódico: nem sempre, nem em todos os lugares, o descanso periódico foi de sete em sete dias. Na África ocidental, havia intervalos de quatro dias; na América Central, de cinco dias; na antiga Assíria, de seis dias. Os romanos antigos repousavam de oito em oito dias; e os incas, de dez em dez. A semana: o nome vem do latim septimana, sete manhãs. De origem semita, está relacionada aos sete astros que os antigos povos da Mesopotâmia consideravam como deuses. O primeiro dia da semana era dedicado ao Sol, o segundo à Lua, o terceiro a Marte, o quarto a Mercúrio, o quinto a Júpiter, o sexto a Vênus, o sétimo a Saturno. Até hoje algumas línguas adotam esses nomes, conforme a tabela abaixo: Latim

Inglês

Francês

Espanhol

Die Solis Die Lunae Die Martis Die Mercurii Die Jovis Die Veneris Die Saturni

Sunday Monday Tuesday Wednesday Thursday Friday Saturday

Dimanche Lundi Mardi Mercredi Jeudi Vendredi Samedi

Domingo Lunes Martes Miercoles Jueves Viernes Sábado

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III – O Sábado Judaico

“Porque te lembrarás que foste servo na terra do Egito e que o Senhor, teu Deus, te tirou dali; com mão forte e braço estendido; pelo que o Senhor, teu Deus, te ordenou que guardasses o dia do Sábado” (Dt 5.15).

“Sábado” não significa sétimo dia, como pensam alguns. A palavra sábado é originada do hebraico: hbs – shabath e significa dar pausa, desistir, cessar, descansar.12 Depois do pecado do homem, a criação do mundo já não era motivo de alegria, nem de descanso para o Criador. O repouso de Deus fora perturbado! Não havia mais razão para qualquer comemoração no dia de sábado! Disse Deus a Adão: “Maldita é a terra por tua causa” (Gn 3,17). Disse Jesus: “Meu pai trabalha até agora e eu trabalho também” (Jo 5,17). Afirmou João: “O mundo inteiro jaz no maligno” (1 Jo 5.1). Declarou Paulo: “Porque sabemos que toda a criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora (...) na esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção” (Rm 8.20-22). 12 R. Laird Harris, G. L. Archer, Jr. Bruce K. Waltke. Dicionário de Teologia do A.T. (Hebraico), 2323. p. 1520.

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Por causa do pecado, o homem agora precisa trabalhar e afadigar-se, para se alimentar e viver: “Maldita é a terra por tua causa: em fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua vida. No suor do teu rosto, comerás o teu pão, até que te tornes à terra” (Gn 3.17-19). O sábado já não era mais um dia de alegria... Deus, porém, na sua misericórdia, o manteve como um dia de repouso, necessário não só para os homens, mas também para os animais, pois Deus não precisa de repouso, como está escrito: “Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o SENHOR, o Criador dos confins da terra, nem se cansa, nem se fatiga?” (Is 40:28). Foi, portanto, a necessidade física dos homens e dos animais e não uma carência espiritual de Deus ou dos homens que ocasionou a instituição do sábado, segundo declarou o próprio Deus: “Seis dias farás os teus negócios; mas, ao sétimo dia, descansarás; para que descanse o teu boi e o teu jumento; e para que tome alento o filho da tua escrava e o estrangeiro”. “Mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR, teu Deus; não farás nenhuma obra nele, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu boi, nem o teu jumento, nem animal algum teu, nem o estrangeiro que está dentro de tuas portas; para que o teu servo e a tua serva descansem como tu” (Êx 23.12; Dt 5.14).

Disse Jesus: “O sábado foi estabelecido por causa do homem” (Mc 2.27). 40

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Na escravidão, os israelitas não tinham sábado

Por quatro séculos os isrelistas foram escravos no Egito como lembrou Estevão, o primeiro mártir: “E falou Deus assim: Que a sua descendência seria peregrina em terra alheia, e a sujeitariam à escravidão e a maltratariam por quatrocentos anos” (At 7.6).

Durante esse período, eles não tinham dia de repouso, não podiam guardar o sábado. Quando pediram ao rei um dia para cessar os trabalhos, a fim de oferecerem sacrifícios ao Senhor, o Faraó lhes respondeu: “Vós sois ociosos, estais ociosos; por isso dizeis: Vamos, sacrifiquemos ao Senhor”. “Agrave-se o serviço sobre estes homens, para que se ocupem nele, e não confiem em palavras mentirosas” (Êx 5.17,18).

Por intermédio de Moisés, Jeová Jiré13 libertou Israel e, ainda no deserto, restabeleceu o sábado do sétimo dia para o seu repouso, além de outorga-lhes várias leis sobre a conduta individual e sobre o culto judaico. No Monte Sinai, foi firmado um pacto entre o Senhor Deus e o povo de Israel. “Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes o meu concerto (...).” 13

“Jeová Jiré” significa “Deus proverá”.

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“Considerai que o Senhor vos deu o sábado; por isso, ele, no sexto dia, vos dá pão para dois dias; cada um fique onde está, ninguém saia do seu lugar no sétimo dia. Assim descansou o povo no sétimo dia” (Êx 16.1-31.18). “O Senhor, nosso Deus, fez conosco concerto, em Horebe. Não foi com nossos pais que fez o Senhor este concerto, foi conosco, que hoje aqui estamos vivos” (Dt 5.2, 3). “Então, todo o povo respondeu a uma voz e disse: Tudo o que o Senhor tem falado faremos” (Êx 19.5-8).

Uma indelével relíquia selando esse concerto da lei foi entregue a Moisés: Duas tábuas de pedra! O único documento manuscrito pelo próprio Deus: os Dez Mandamentos (Êx 31:18). Moisés certamente antegozava o júbilo dos seus liderados ao receberem esse tesouro de inestimável valor. Porém, ao descer do Monte Sinai, viu seu povo numa orgia carnavalesca, adorando um bezerro de ouro. Sua repulsa foi tal que arbitrou não serem os israelitas dignos de receber o “relicário do Decálogo” e, num gesto arrebatado de indignação, quebrou as mais preciosas pedras jamais escritas neste mundo: “E aconteceu que, chegando ele ao arraial e vendo o bezerro e as danças, acendeu-se o furor de Moisés, e arremessou as tábuas das suas mãos, e quebrou-as ao pé do monte” (Êx 32.19).

O pecado de Israel no deserto repetia, agora, o fracasso de Adão e Eva no jardim do Éden. Novo “desgosto” para o Criador: 42

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“Então, disse o Senhor a Moisés: Vai, desce; porque o teu povo, que fizeste sair do Egito, se corrompeu e depressa se desviou do caminho que lhe havia eu ordenado; fez para si um bezerro fundido, e o adorou (...), e diz: São estes, ó Israel, os teus deuses, que te tiraram da terra do Egito. Disse mais o Senhor: Agora, pois, deixa-me, para que se acenda contra eles o meu furor, e eu os consuma” (Êx 32.7-14).

Moisés, porém, intercedeu pelo povo. Deus o atendeu e deu-lhes outras tábuas da lei (Dt 5.6-22).14 Essas novas tábuas, no entanto, não mais mencionam a criação do mundo como a razão da instituição do sábado. Deus, agora, relaciona a bênção do repouso semanal, com a libertação de Israel do jugo do Egito. Sábado: um sinal identificador do povo de Israel

“Tu, pois, fala aos filhos de Israel, dizendo: Certamente guardareis meus sábados, porquanto isso é um sinal entre mim e vós nas vossas gerações; para que saibais que eu sou o SENHOR, que vos santifica” (Êx 31.13).

O motivo alegado por Deus para que os israelitas tivessem seu sábado, isto é, o seu repouso como data festiva, está bem definido nas segundas tábuas de pedra da lei: “Porque te lembrarás que foste servo na terra do Egito e que o Senhor, teu Deus, te tirou dali; com mão forte e braço estendido; pelo que o Senhor, teu Deus, te ordenou que guardasses o dia do Sábado” (Dt 5.15). “Deuteronômio” significa “segunda lei”. Do grego: δευτερος + νοµος, (deuteros + nomos) = segunda lei. 14

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Por que teria Deus dado outro motivo, outra razão para que os israelitas guardassem o sábado, e não mais mencionou a criação do mundo? Relembremos: no festival de idolatria do “bezerro de ouro”, em que os israelitas diziam: “São estes, ó Israel, os teus deuses, que te tiraram da terra do Egito”. Deus ameaçou destruí-los, mas não o fez, mediante a intercessão de Moisés. Doravante, porém, Israel deveria lembrar, a cada sábado, que foi Deus-Jeová quem os libertou da escravidão e lhes restabeleceu o dia de descanso que eles não tinham no Egito (Êx 32.8-14), e não o bezerro de ouro de Arão, como alguns israelitas andavam dizendo. O sábado tornou-se, a partir desse evento, um dia festivo nacional, um sinal entre Israel e seu Deus Libertador! Para os judeus, portanto, o dia de descanso, o sábado, tem de ser o sétimo dia da semana, e não outro. Esse preceito cerimonial torna o judaísmo diferente das religiões dos povos pagãos que cultuam a Lua na 2.ª feira, Marte na 3.ª feira, Mercúrio na 4.ª feira, Júpiter na 5.ª feira e Vênus na 6.ª feira, assim como os maometanos; e os cristãos, cujo dia de culto é o domingo, o dia da ressurreição do Senhor Jesus. “Guardarão, pois, o sábado os filhos de Israel, celebrando-o nas suas gerações como pacto perpétuo” (Êx 31.16). “Guardareis os meus sábados, pois é sinal entre mim e vós, nas vossas gerações” (Êx 31.13).

Para os povos que nunca foram escravos na terra do Egito, o sábado do sétimo dia é um dia comum. 44

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Os sinais identificadores da Igreja de Cristo

Deus-Jeová estabeleceu a circuncisão, os dias de festa e o sábado como sinais perpétuos identificadores do povo de Israel. Deus-Elohim estabeleceu o arco-íris como sinal perpétuo entre Ele e todo ser vivente sobre a terra. “Eis que estabeleço o meu pacto (...). Porei nas nuvens o meu arco (...). Este é o sinal perpétuo que estabeleço entre mim e todo ser vivente sobre a terra” (Gn 9.9, 13, 16 e 17). (Obs.: o único pacto perpétuo entre Deus e toda a humanidade não é o sábado, é o “arco-íris”!) O Deus Encarnado, Jesus Cristo, também estabeleceu sinais que haveriam de caracterizar a sua Igreja, durante sua permanência aqui na Terra; não foram dias de festa, nem circuncisão, nem o sábado, nem cerimônia alguma característica do Antigo Concerto, nem mesmo os sinais que precederão a sua segunda vinda. Foram manifestações do Espírito Santo, inéditas em toda a história da humanidade. “Estes sinais seguirão os que crerem: em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas;15 pegarão em serpentes; e, se beberem algum veneno mortífero, nada sofrerão; imporão as mãos sobre os enfermos e estes ficarão curados” (Mc 16.17, 18).

Lamentamos que algumas Igrejas Evangélicas não possuam, não busquem, não aceitem e até critiquem esses sinais prometidos por Jesus. 15 Sugerimos ao leitor a busca de maiores conhecimentos sobre essas “novas línguas” no livro Que quer isto dizer? de Carl Brumback. Ed Livros Evangélicos, 1960. Caixa postal: 1165 Rio de Janeiro.

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Segundo afirmam os Evangelhos, eles não só acompanharam os crentes primitivos, como devem acompanhar a Igreja de Cristo até “quando vier o que é perfeito” (1 Co 13.8-10): “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século” (Mt 28.19, 20). “E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram. Amém” (Mc 16.20). “Estes sinais seguirão os que crerem” (Mc 16.17).

(Se os sinais seguirão, ainda hoje devemos buscá-los.) O sábado: um tipo de Cristo

Mesmo quando nos disciplina,16 Deus nos mostra “uma luz no fim do túnel”, e sua misericórdia se manifesta por meio de promessas que demonstram o quanto Ele nos ama! “Porque o Senhor não rejeitará para sempre. Pois, ainda que entristeça a alguém, usará de compaixão, segundo a grandeza das suas misericórdias. Porque não aflige nem entristece de bom grado os filhos dos homens” (Lm 3.31-33). 16 Quando alguma tradução diz que Deus nos castiga (p. ex.: “Eu repreendo e castigo a todos quantos amo” (Ap 3.19), usa o sentido etimológico do verbo castigar (do latim castus = puro, irrepreensível, leal + agere = fazer, agilizar), que expressa o ato de tornar puro, disciplinar, educar, e não punição ou vingança. Vide ARA e B. Jerusalém.

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Por exemplo: na própria repreensão ao casal delituoso no Éden, está contida a promessa de que a “semente da mulher esmagaria a cabeça da serpente” (Gn 3.15), como “uma luz no fim do túnel”. Assim, também, na nova edição do decálogo, em meio às terríficas ameaças próprias da lei, por exemplo: “Porque não chegastes ao monte palpável, aceso em fogo, e à escuridão, e às trevas, e à tempestade, e ao clangor da trombeta, e ao som de palavras tais que, quantos o ouviram, suplicaram que não se lhes falasse mais, porque não podiam suportar o que se lhes mandava: Se até um animal tocar o monte, será apedrejado. E tão terrível era a visão, que Moisés disse: Estou todo assombrado e tremendo” (Hb 12.18-21).

Deus anunciou, na motivação do quarto mandamento, a figura do Libertador de Israel; e, nessa figura, vemos, também, a promessa do Redentor de toda a humanidade: “Porque te lembrarás que foste servo na terra do Egito e que o Senhor teu Deus te tirou dali com mão poderosa e braço estendido; pelo que o Senhor teu Deus te ordenou que guardasses o dia de sábado” (Dt 5.15).

Esse repouso, o sábado, é um tipo de Cristo, como disse Paulo: “Portanto, ninguém vos julgue (...) por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados, que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo” (Cl 2.16, 17). “Ora, se Josué lhes houvesse dado descanso (sábado) não falaria, posteriormente, a respeito de outro dia. Portanto, resta 47

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ainda um repouso para o povo de Deus” (Hb 4.8, 9), esse repouso é Jesus! “Vinde a mim todos os que estais cansados e oprimidos e eu vos aliviarei” (...) “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma” (Mt 11.28, 29).

Isto é o mesmo que dizer: achareis sábado para a vossa alma, pois descanso em hebraico é sábado. O árduo plano de Deus para nossa salvação

Para compreendermos como e por que Jesus, os apóstolos e a Igreja adotaram o primeiro dia da semana como o dia das suas reuniões, devemos lembrar o trabalho intenso de Deus para nos salvar. Quando Deus criou o mundo, não fez sacrifício algum. Pelo contrário, houve até festa nos céus. “Quando ele lançava os fundamentos da terra, as estrelas da manhã cantavam e todos os filhos de Deus bradavam de júbilo”; “E viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom” (Jó 38.4-7; Gn 1.31.)

Mas para salvar o mundo que se havia perdido, o próprio Criador sacrificou-se na pessoa de seu Filho Jesus Cristo. Não foram apenas “seis dias”, seis “períodos geológicos” ou seis “dispensações” os milênios do trabalho de Deus para nos salvar. 48

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1.º Esse trabalho começou na eternidade: “O Cordeiro morto desde a fundação dos séculos” (Ap 13.8). 2.º Foi anunciado no Éden como a “semente da mulher” (Gn 3.15). 3.º Continuou nos pactos com Noé, Abraão, Isaque, Jacó: “E abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12.3).

4.º Acompanhou e protegeu seu povo no deserto: “E beberam todos de uma mesma bebida espiritual, porque bebiam da pedra espiritual que os seguia; e a pedra era Cristo” (1 Co 10.4).

5.º Deus, assim, levantou um povo monoteísta, uma nação orientada por profetas e da qual nasceria o Salvador. Porém seus profetas foram desprezados perseguidos e mortos: “Agora, pois, porquanto fazeis todas isto, diz o Senhor, e eu vos falei, madrugando e falando, e não ouvistes, chamei-vos, e não respondestes” (Jr 7.13; 44.4). “(...) Os filhos de Israel deixaram o teu concerto, derribaram os teus altares e mataram os teus profetas à espada; e eu fiquei só, e buscam a minha vida para ma tirarem” (1 Rs 19.10). “A qual dos profetas não perseguiram vossos pais? Até mataram os que anteriormente anunciaram a vinda do Justo, do qual vós agora fostes traidores e homicidas” (At 7.52). 49

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6.º Deus então usou um recurso insólito para nos salvar: Fez-se homem na pessoa de Jesus Cristo e veio, Ele mesmo, ao mundo para “Buscar e salvar o que se havia perdido” (pois o homem, por si mesmo, não se poderia salvar): “Quem poderá, pois, salvar-se? Jesus, porém, olhando para eles, disse: Para os homens é impossível, mas não para Deus, porque para Deus todas as coisas são possíveis” (Lc 19.10; Mc 10.27).

Foram mais de 30 anos de tristezas, humilhações e dor, o ministério terrestre do “Deus-homem”. “Ó geração incrédula e perversa! Até quando estarei convosco? Até quando vos sofrerei?” (Mt 17.17), deplorava Jesus, ante as misérrimas conseqüências do pecado, ao descer do “Monte da Transfiguração”. O profeta Isaías anteviu as humilhações e os sofrimentos do Messias e os descreveu com tanta exatidão que alguns até pensaram que seus relatos foram escritos depois de Cristo ter vindo ao mundo. “Como um cordeiro, foi levado ao matadouro (...). Deram-lhe a sepultura com os ímpios, e com o rico na sua morte (...). Mas ele foi ferido pelas nossas transgressões, moído pelas nossas iniqüidades (...). O castigo que nos traz a paz estava sobre ele (...). Derramou a sua alma na morte, foi contado com os transgressores, mas levou sobre si os pecados de muitos, e pelos transgressores intercede” (Is 53.1-13). 50

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Jamais poderemos ter uma idéia real da angústia que Jesus sentiu no Getsemani, quando até suou gotas de sangue17 para levar avante o plano divino. As vítimas picadas por cobras venenosas geralmente sangram pelas mucosas da boca, dos olhos, dos ouvidos, etc. (Do sangue dos cavalos que foram inoculados com o veneno de serpentes mas resistiram, e não morreram, os cientistas retiram o soro antiofídico que livra da morte as vítimas de cobras venenosas. Do sangue de Jesus, que resistiu às “picadas” (tentações) de satanás e não pecou (1 Pd 2.22), Deus retirou o infalível antídoto contra o veneno do pecado). “E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado”; “O sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo pecado” (Jo 1.14; 1 Jo 1.7).

Que misterioso e aparente absurdo – “Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos!” (Rm 11.33) – Jesus, o bendito Filho de Deus, ser desamparado por seu próprio Pai. O leitor já imaginou a decepção de um Filho obediente ao ser desamparado por seu Pai na hora da morte? E a dor de um pai ao ver seu filho dileto morrendo sob os mais cruéis sofrimentos e, por amor a outros filhos (desobedientes), abandoná-lo à sanha de seus cruéis algozes? 17

Lc 22.41-44.

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“E, perto da hora nona, exclamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lemá sabactâni, isto é, Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mt 27.46); “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós, porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro” (Gl 3.13); “Porquanto, o que era impossível à lei (...). Deus, enviando o seu Filho em semelhança da carne do pecado, condenou o pecado na carne” (Rm 8.3); “Deus o fez pecado por causa de nós, a fim de que, por ele, nos tornemos justiça de Deus” (2 Co 5.21).

7.º O trabalho de Deus continuará até a restauração final de todas as coisas. “Meu Pai trabalha até agora e eu trabalho também” (Jo 5, 17); “E ouvi uma grande voz do céu, que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles e será o seu Deus. E Deus limpará de seus olhos toda lágrima, e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor, porque já as primeiras coisas são passadas” (Ap 21.3, 4).

Realmente, a salvação deste mundo foi bem mais laboriosa e muito mais sofrida que a sua criação. Por isso é que Davi, por duas vezes, fez esta declaração paradoxal, de que Deus, o Onipotente, é sofredor: “Senhor, tu és um Deus cheio de compaixão, sofredor, e grande em benignidade” (Sl 86.15). 52

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“Piedoso e benigno é o Senhor, sofredor e de grande misericórdia.” (Sl 145.8). O declínio do sábado judaico

“É necessário que ele cresça e que eu diminua” (Jo 3.30),

Essa humílima declaração acerca de Jesus aflorava dos lábios do maior de todos os profetas. Se o sábado pudesse falar, também diria sobre o domingo o mesmo que João Batista disse sobre Jesus: “Convém que ele cresça e que eu diminua”, pois, sendo um dia de descanso para o corpo, era também um tipo, uma sombra ou figura de Jesus, o verdadeiro descanso para nossas almas (Mt 11.28, 29). É por isso que não encontramos nos Evangelhos, nos Atos e nas Epístolas nenhuma recomendação para a guarda do sábado, nenhuma promessa para quem o observa e nenhuma advertência, repreensão ou ameaça para quem o viola. A vinda de Cristo a este mundo marcou o ocaso do sábado, bem como o das “luas novas”, dos “dias de festa” e de todas as outras cerimônias do judaísmo, para todo e qualquer cristão. Como estava previsto, Jesus morreu na cruz entre malfeitores. A natureza ficou enlutada, as trevas cobriram a terra, os discípulos, tristes e envergonhados, não ousavam sequer fitar os olhos de alguém (Lc 24.13-31). Ó sexta-feira fatídica, ó sábado de tristeza e dor! Satanás estava alegre – e a Igreja em prantos. 53

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Imaginemos, só por um instante, que Jesus não tivesse ressuscitado. Ficaria na sepultura como qualquer mortal, e tudo continuaria perdido, como diz o apóstolo Paulo: “Se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa fé e ainda permaneceis em vossos pecados”; “seríamos os mais miseráveis de todos os homens” (1 Co 15.17, 19).

Mas o sábado passou, como predisse o profeta Oséias: “Farei cessar todo seu gozo, as suas festas, as suas luas novas, e os seus sábados” (Os 2.11).

Passou, como escreveram os evangelistas: “E, passado o sábado, Maria Madalena e a outra Maria foram ao sepulcro (...)” (Mc 16.1). O sábado passou, não apenas como um dia que é sucedido pelo dia seguinte, mas como o dia mais importante da semana, que cedeu lugar a outro dia mais importante ainda. “No fim do sábado, quando já despontava o primeiro dia da semana” (Mt 28.1). O texto grego de Mateus traz este versículo no plural: “No fim dos sábados, quando já despontava o primeiro dia da semana” (Mt 28.1). (Os grifos são nossos.) Texto grego οψε δε σαββατων τη επιϕϖσκουση εις µιαν σαββατων

Transliteração opse de sabbaton te epiphoskouse eis mian sabbaton

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Tradução No fim dos sábados, quando já despontava o primeiro dia da semana (Mt 28.1).

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Aníbal Pereira dos Reis propõe esta tradução: “Quando os sábados se acabaram, ao amanhecer o primeiro dia da semana”.18

É clara a antítese dos sábados que cessaram com o primeiro dia da semana, que surgia. Este plural, “sábados”, tanto pode ser alusivo aos “feriados” daquela horrenda semana, como também pode ser uma declaração de que o sábado anterior ao domingo da ressurreição foi o último dos sábados do sétimo dia a vigorar para os cristãos. João, escrevendo, já no final do primeiro século, também se refere ao sábado como coisa do passado: “Os judeus, pois, para que, no sábado, não ficassem os corpos na cruz, visto que era a preparação (pois era grande o dia de sábado), rogaram a Pilatos (...)” (Jo 19.31). (ARC)

Reconhecendo a cessação da vigência do sábado para os cristãos, é que Paulo nos instrui: “Ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou de lua nova, ou de sábados, que são sombras das coisas futuras; mas o corpo é de Cristo” (Cl 2.16, 17).

18 REIS, Aníbal Pereira dos. A guarda do sábado. Edições Caminho de Damasco. s.d. p. 140.

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E afirma que: “Guardar dias, meses, tempos e anos são rudimentos fracos e miseráveis” (Gl 4.9, 10, Bíblia de Jerusalém). Caracteres cerimoniais do sábado

“Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente seguro em sua própria mente” (Rm 14.5).

O texto de Mt 12.1-8, repetido em Mc 2.23-28 e Lc 6.1-5, confirma ser a guarda do sábado um mandamento cerimonial. Nele, Jesus não só comparou o sábado a outros mandamentos cerimoniais, mas também inocentou seus discípulos quando estes o transgrediram. Analisemo-lo, versículo por versículo: Versículo 1. “Naquele tempo, passou Jesus pelas searas, em um sábado, e os seus discípulos tendo fome, começaram a colher espigas e a comer.” (A partir daqui, após cada versículo, faremos um breve comentário.) Versículo 2. “E os fariseus vendo isso, disseram-lhe: Eis que os teus discípulos fazem o que não é lícito fazer num sábado.” (Aqui, os fariseus acusaram os discípulos de estarem violando o sábado. Jesus não discutiu se era lícito ou não o que os discípulos faziam com a sua aprovação. Apenas admitiu o fato.) Versículo 3. “Ele, porém, lhes disse: Não tendes lido o que fez Davi, quando teve fome, ele e os que com ele estavam?” 56

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(Aqui, Jesus defende os seus discípulos, citando um exemplo histórico do maior herói do povo de Israel.) Versículo 4. “Como entrou na Casa de Deus e comeu os pães da proposição, que não lhe era lícito comer, nem aos que com ele estavam, mas só aos sacerdotes?” (Aqui, Jesus comparou a quebra do sábado com a quebra de um preceito cerimonial, cometida por Davi, ao comer ilicitamente os pães da proposição.) (1 Sm 21.1-6). Versículo 5. “Ou não tendes lido na lei que, aos sábados, os sacerdotes no templo violam o sábado e ficam sem culpa?” (Aqui, Jesus justificou os seus discípulos, alegando que os sacerdotes também violavam o sábado no templo e ficavam sem culpa.) Versículo 6. “Pois eu vos digo que está aqui quem é maior do que o templo.” (Aqui, Jesus proclamou-se maior do que o templo, como a ensinar: “Se os sacerdotes violam o sábado e ficam sem culpa pelo simples fato de estarem no templo, quanto mais ficará sem culpa quem está comigo, que sou maior do que o templo”.) Versículo 7. “Mas, se vós soubésseis o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifício, não condenaríeis os inocentes.” (Aqui, Jesus censurou os fariseus por não terem misericórdia, e condenarem seus discípulos, aos quais declarou inocentes.) Observação: Inocente significa inofensivo, sem malícia, sem culpa, e não ignorante, como pensam alguns (inocentes, vem do latim, non nocere = não fazer mal, não ser nocivo). Versículo 8. “Porque o Filho do Homem até do sábado é Senhor.” (Aqui, Jesus apresentou-se como “Senhor até do sábado”, lembrando aos fariseus que o dia que eles idolatravam 57

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era, apenas, um servo, um tipo a seu serviço, e não uma autoridade a quem devesse estar subordinado.) Lembremos que nenhum mandamento moral poderia ser quebrado no templo, ou em qualquer lugar, sob qualquer pretexto. Mas os preceitos cerimoniais o foram, por Jesus e pelos apóstolos. Guardar o sábado do sétimo dia, circuncidar os filhos no oitavo dia, celebrar a páscoa e as luas novas são procedimentos que podem distinguir o judeu do cristão, do islamita, ou dos adoradores do Sol. Mas não furtar, não matar, não adulterar, honrar os pais, adorar só a Deus, são deveres de todo ser humano! Paulo jamais diria: “Um, acha que pode furtar, outro acha que não pode; cada um esteja tranqüilo em sua convicção”. Como disse: “Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente seguro em sua própria mente” (Rm 14.5). João jamais poderia dizer: “Por isso os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque (Jesus) não só mentia, mas também dizia que Deus era o seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus”. Mas disse: “Por isso os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não só quebrantava o sábado (sábado, no singular), mas também dizia que Deus era o seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus” (Jo 5.18).

Jesus tampouco poderia dizer: “Ou não tendes lido, na lei, que, aos sábados, os sacerdotes no templo adoram imagens e ficam sem culpa?” Mas Ele disse: “Ou não tendes lido, na lei, 58

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que, aos sábados, os sacerdotes no templo violam o sábado, e ficam sem culpa?” (Mt 12.5). Os exemplos acima demonstram com a segurança e o apoio irrefutável da Palavra de Deus que violar o sábado não é igual a violar um mandamento moral. Concluímos, portanto, que a guarda do sábado do sétimo dia é um mandamento cerimonial, assim como a circuncisão, os sacrifícios de animais, as luas novas e as festas anuais do judaísmo, que eram “sombras” ou tipos do Messias, que é Jesus Cristo. Alegam os adventistas que os “sábados” citados não são sábados semanais, pois “sábados”, no plural, são os dias das festas anuais de Israel. 19 No entanto, citam os mesmos “sábados”, no plural, como exemplos de que devemos guardá-los, como o faz Guilherme Stein Filho em seu livro O sábbado. 20 “Cada um temerá a sua mãe e a seu pai e guardará os meus sábados. Eu sou o Senhor, vosso Deus.” (Lv 19.30). “E também lhes dei os meus sábados, para que servissem de sinal entre mim e eles, para que soubessem que eu sou o SENHOR que os santifica” (Ez 20.12).

É fácil perceber o engano desse ensino. Basta ler com atenção o versículo citado: “E farei cessar todo o seu gozo, as 19 STEIN, Guilherme Filho. O sábbado. São Paulo: Ed. Sociedade Internacional de Tratados no Brazil, 1919. p. 104. 20 STEIN, Guilherme Filho. Op. cit., p. 94.

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suas festas, as suas luas novas, e os seus sábados, e todas as suas festividades” (Os 2.11). Deus anunciou o fim das cerimônias e rituais judaicos numa ordem decrescente de importância: Cerimônias anuais: páscoa, pentecostes, pães, festa das trombetas, etc. (suas festas); Cerimônias mensais: as cerimônias das luas novas (suas luas novas); e, por último, Cerimônias semanais: os sábados (seus sábados). Os dias de festa já tinham sido mencionados no início da profecia (“E farei cessar todo o seu gozo, as suas festas”). Mas para que ninguém pensasse que os sábados eram os mesmos dias de festa, Deus repetiu: “farei cessar (...) os seus sábados e todas as suas festividades”. Estes detalhes comprovam que os sábados do texto citado não são as festividades, nem os dias de festa, que também cessaram. São realmente os sábados semanais que cessaram, como já foi demonstrado, porque eram sombras do corpo de Cristo. (Agora, que já temos Jesus, o corpo, não mais precisamos seguir a sombra.) Essa forma de citar os eventos cerimoniais em ordem crescente ou decrescente de sua importância é comum nas Escrituras, como lemos na carta que Salomão escreveu a Hirão, rei de Tiro: “Eis que estou para edificar uma casa ao nome do Senhor meu Deus, para Lhe consagrar, para queimar perante Ele incenso aromático, e para a apresentação contínua do pão da proposição, para os holocaustos da manhã e da tarde (solenidades diárias), nos 60

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sábados (solenidades semanais) e nas luas novas (solenidades mensais) e nas festividades (solenidades anuais) do Senhor nosso Deus; o que é obrigação perpétua de Israel” (2 Cr 2, 4).

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IV – Lei, Lei Moral, Lei Cerimonial, Lei de Deus e Lei de Moisés

1. Lei

A palavra hebraica hrwt “torah” (lei) ocorre 221 vezes no Antigo Testamento e sua correspondente grega νοµος, nómos, 197 vezes no Novo Testamento. Lato sensu, essa palavra insinua (no seu sentido literal: mete no seio) um significado mais abrangente do que simplesmente lei. Ela dá-nos a idéia de “ensino, norma de conduta, instrução divina”. O Livro da Lei, “torah”, para os judeus, compõe-se, principalmente, dos cinco primeiros livros da Bíblia atribuídos a Moisés: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio, denominados de Pentateuco (cinco tomos). Quando a Bíblia menciona Lei, Lei do Senhor, Lei de Moisés, não se refere apenas à lei moral ou à lei cerimonial, mas a uma verdadeira “constituição” que deveria orientar e reger não só a conduta das pessoas e as cerimônias religiosas, mas também a organização política da nação de Israel em seus aspectos cíveis, militares, agrários e comerciais, como as que temos a seguir: 63

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“E, quando venderdes alguma coisa ou a comprardes do vosso próximo, ninguém oprima a seu irmão. Conforme a multidão dos anos, aumentarás o seu preço; e, conforme a diminuição dos anos, abaixarás o seu preço.” “Esta é a lei do holocausto, e da oferta de manjares, e da expiação.” “Esta é a lei de toda a praga da lepra e da tinha.” “Esta é a lei dos ciúmes: Quando a mulher, em poder de seu marido, se desviar e for contaminada (...).” “Quando te achegares a alguma cidade a combatê-la, apregoar-lhe-ás a paz. E será que se te responder em paz e te abrir, todo o povo que se achar nela te será tributário e te servirá. Porém, das cidades destas nações, que o Senhor, teu Deus, te dá em herança, nenhuma coisa deixarás com vida”. (Lv 7.37; 14.54; 25.1-43; Nm 5.29; Dt 20.12 e 14.25)

Vários textos no Novo Testamento usam a palavra lei, referindo-se a todo o Antigo Testamento, por exemplo: “Nós temos ouvido da lei que o Cristo permanece para sempre” (Jo 12.34). “Está escrito na lei: Por gente doutras línguas e por outros lábios, falarei a este povo” (1 Co 14.21).

Os textos citados estão nos Salmos e nos livros históricos e proféticos (2 Sm 7.12, 16; Sl 110.4; Is 9.6). 64

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2. Lei Moral

Dizem alguns que Lei Moral é a que foi escrita nas tábuas de pedra (os Dez Mandamentos) e Lei Cerimonial é aquela que está fora das tábuas de pedra. Tal definição nos parece inadequada e casuística. Lei Moral é um conjunto de valores absolutos, isto é, fixos, eternos e perfeitos, impostos ao homem por uma força superior, Deus, e revelados na sua Palavra Escrita, a Bíblia Sagrada. São princípios universais, válidos para qualquer pessoa, em qualquer lugar, e não se alteram com o passar do tempo. Até mesmo os gentios receberam de Deus um senso ético que se manifesta por meio de suas consciências, como afirma Paulo: “Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei (...), os quais mostram a obra da lei escrita no seu coração, testificando juntamente a sua consciência e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os” (Rm 2.14, 15).

Encontramos mandamentos morais por toda a Bíblia, tanto nas tábuas de pedra, como fora delas. Por exemplo: Jesus declarou que os dois maiores mandamentos são estes: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o primeiro e grande mandamento” (Mt 22.37-40, citando Dt 6.5). “E o segundo é semelhante a ele: Amarás a teu próximo como a ti mesmo” (Mc 12.31, citando Lv 19.6-8). 65

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Alguns legalistas dizem que os mandamentos citados são apenas o resumo do Decálogo, e não outros mandamentos. Enganam-se. Jesus declarou: “Este é o primeiro e grande mandamento”, não no sentido cronológico, pois muitos outros mandamentos já haviam sido dados antes, e sim no sentido de importância, como lemos: “Qual é o principal de todos os mandamentos? Respondeu Jesus: O principal é (...)”, etc. Realmente, nenhum dos mandamentos litografados fala sobre amar a Deus ou ao próximo. O que mais se aproxima de amar é: “Honrarás teu pai e tua mãe (...)”. Os mandamentos citados estão fora das tábuas de pedra, em meio a mandamentos cerimoniais, como estes: “não comer restos dos sacrifícios no terceiro dia; não juntar animais e sementes de diferentes espécies; não adulterar com escravas casadas; sacrificar carneiros, bodes” (Lv 19.18-25). Por outro lado, na lei das tábuas de pedra, temos um preceito cerimonial que é o de observar o sábado no sétimo dia da semana. (Um mandamento moral exigiria, quando muito, observar um dia de repouso, isto é, um sábado, a cada sete dias. Mas que este dia seja o primeiro, o terceiro ou o sexto da semana, já não é mais uma questão moral, e sim um dos preceitos cerimoniais que diferenciam o culto judaico do culto das outras religiões.) Para melhor compreensão deste argumento, lembremos a lei do dízimo do gado e do rebanho: “No tocante a todas as dízimas do gado e do rebanho, de tudo o que passar debaixo da vara, o dízimo será santo ao Senhor. Não se investigará entre o bom e o mau, nem o trocará” (Lv 27.32, 33). 66

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Expliquemos como se dizimava o gado: “Tudo o que passar debaixo da vara (...)”. O pastor marcava os animais, fazendo-os passar por um corredor estreito, onde os contava um a um. O décimo que passasse debaixo da vara era marcado como dízimo ao Senhor. Tinha de ser aquele e nenhum outro. Esse sistema evitaria a escolha fraudulenta de animais doentes ou defeituosos para dizimar. Porém, atualmente, já não adotamos esse critério para devolver o dízimo do Senhor. O importante é devolvermos um real em cada dez, mesmo que este não seja o décimo que estejamos recebendo. Simplesmente fazemos um cheque no valor da décima parte do que recebemos e o entregamos na Igreja. Não é assim que você faz? Se ainda não o faz, comece a fazê-lo e será abençoado. Ou alguém ainda conta: um real, dois reais, três, quatro, nove... e, quando chega aos dez reais, o separa para iniciar nova contagem: um real, dois reais...? Assim também era o descanso semanal. Tinha de ser, para os judeus, no sétimo dia da semana e em nenhum outro. Mas para nós, os cristãos, o apóstolo Paulo esclareceu: “Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente seguro em sua própria mente” (Rm 14.5). Fosse a guarda do sábado um mandamento moral, Paulo certamente não poderia dizer nem muito menos ensinar por escrito essa norma de conduta. Por exemplo: poderia ele dizer: “Um faz diferença entre adulterar, e não adulterar, mas outro julga iguais esses dois procedimentos. Cada um esteja inteiramente seguro em sua própria 67

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mente”? Se Paulo ensinasse isso, estaria apoiando a imoralidade. 3. Lei Cerimonial

Lei cerimonial é aquela que impõe e disciplina as cerimônias e rituais do culto (judaico, no caso), assim como a circuncisão, a páscoa, o pentecostes, as primícias, as luas novas e o sábado. Tais mandamentos tinham uma vigência temporária, pois essa lei de caráter transitório apresentava os tipos, sombras e figuras que se cumpririam na pessoa, nos atos e nos ensinos de Jesus. “Porque tendo a lei a sombra dos bens futuros e não a imagem real das coisas (...)” (Hb 10.1) “Tudo isto lhes sobreveio como figuras, e estão escritas para aviso nosso a quem são já chegados os fins dos séculos” (1 Co 10.11).

Os mandamentos cerimoniais tornaram-se obsoletos porque em Jesus se cumpriram as figuras, os tipos ou as “sombras” que aquelas cerimônias representavam. O cordeiro da Páscoa era a figura do “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1.20). As luas novas que anunciavam um novo mês, simbolizavam as boas novas do Evangelho (Is 60.2). O sábado, descanso para o corpo, era sombra de Cristo, o descanso para nossas almas: 68

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“Vinde a mim os que estais cansados e oprimidos e encontrareis descanso para vossas almas” (Mt 11.28, 29).

No Novo Testamento hebraico, poderíamos ler: “Vinde a mim (...) e encontrareis sábado para vossas almas”, pois sábado é descanso no hebraico. “Portanto resta um repouso (sabbatismov = sabbatismos) para o povo de Deus” (Hb 4.9). Os mandamentos cerimoniais são válidos e obrigatórios apenas para o exercício do culto judaico. Sempre estão acompanhados das expressões: aliança perpétua, sinal perpétuo, mandamento perpétuo, estatuto, ou concerto perpétuo, entre mim e vós, nas vossas gerações. A Bíblia não fala que não matar, não roubar ou amar a Deus sejam sinal perpétuo, mandamento perpétuo, estatuto perpétuo, ou concerto perpétuo, porque estes são mandamentos morais e não podem servir como sinal entre Deus e os judeus, nem entre Deus e qualquer povo, porque são obrigatórios para todos os povos. As conotações de sinal perpétuo, mandamento perpétuo, estatuto perpétuo ou concerto perpétuo caracterizam apenas os mandamentos cerimoniais, como a circuncisão, as festas judaicas, os calções de linho para os sacerdotes, a guarda do sábado, como veremos a seguir: Circuncisão: “E circuncidareis a carne do vosso prepúcio; e isto será por sinal da aliança entre mim e a tua descendência depois de ti: Que todo homem entre vós será circuncidado (...) e estará a minha aliança na vossa carne por aliança perpétua” (Gn 17.11-13). 69

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Festas judaicas: “E para oferecerem os holocaustos do Senhor, aos sábados, nas luas novas, e nas solenidades” (1 Cr 23:31). “Oferecereis um bode, e dois cordeiros de um ano por sacrifício pacífico. Estatuto perpétuo é pelas vossas gerações” (Lv 23.19, 31). Calções de linho: “Faze-lhes, também, calções de linho, para cobrirem a carne nua; irão dos lombos até as coxas. Isto será estatuto perpétuo” (Êx 28.42, 43). A guarda do sábado: “Guardarão, pois, o sábado os filhos de Israel, celebrando-o nas suas gerações por aliança perpétua” (Êx 31.16). 4. Lei de Deus, Lei de Moisés

A interpretação que fazem alguns de que “Lei de Deus” ou “Lei do Senhor” se refere aos Dez Mandamentos e que “Lei de Moisés” é a “Lei Cerimonial” também não é correta. Tanto a Lei de Deus é chamada Lei de Moisés, como a Lei de Moisés é também chamada Lei de Deus. Leiamos como exemplo: “Conforme está escrito na Lei de Moisés, conforme o Senhor deu ordem, dizendo (...)” (2 Rs 14.6). “Este Esdras era hábil na Lei de Moisés que o Senhor Deus tinha dado (...) porque Esdras tinha preparado o seu coração para buscar a Lei do Senhor (...) Esdras, escriba da Lei do Deus dos céus” (Ed 7.6, 10, 12).

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“Quando se completaram os dias para a purificação deles, segundo a Lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém, conforme está escrito na Lei do Senhor” (Lc 22.23).

Jesus se referiu aos livros históricos e até aos salmos chamando-os de lei: “Não tendes lido na vossa lei que, aos sábados, os sacerdotes no templo violam o sábado e ficam sem culpa?” (Mt 12.5). Filipe dizia a Natanael: “Encontramos aquele de quem Moisés escreveu na Lei” (Jo 1.45). 5. A Lei como uma “dispensação”

Dispensação (do latim “dispenso”, distribuir administrar, repartir): “Um período de tempo durante o qual Deus se relaciona com a humanidade de uma maneira específica” (Scofield). Geralmente os teólogos dividem esses “períodos” em sete etapas, tais como: I. Inocência; II. Consciência; III. Governo humano; IV. Promessa; V. Lei, Graça; VII. Reino. Alguns inserem a “Grande Tribulação” entre a “Dispensação da Graça” e a “Dispensação do Reino”. Vejamos um exemplo dos diferentes modos de Deus relacionar-se com a humanidade: No Éden, Deus falava diretamente com o homem. No tempo de Moisés, por intermédio do próprio Moisés, e de Cristo até hoje, pela Sua Palavra e pelo Seu Espírito. É exatamente nesse sentido “dispensacional” que Paulo escreveu. “Sabemos, porém, que a lei é boa, se alguém dela usa legitimamente, sabendo isto: que a lei não é feita para o justo, mas para os 71

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injustos e obstinados, para os ímpios e pecadores, para os profanos e irreligiosos, para os parricidas e matricidas, para os homicidas, para os fornicadores, para os sodomitas, para os roubadores de homens, para os mentirosos, para os perjuros e para o que for contrário à sã doutrina” (1 Timóteo 1.8-10 ARC).

Jesus e os apóstolos afirmam que nós, os membros do corpo de Cristo, não estamos sob o jugo da lei; que a lei vigorou de Moisés até João, o Batista: “A lei e os profetas vigoraram até João” (Lc 16.16). “A Lei foi dada por meio de Moisés; mas a graça e a verdade nos vieram por Jesus Cristo” (Jo 1.17). “De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados. Mas, depois que veio a fé, já não estamos debaixo de aio” (Gl 3.24, 25). “Porque, tendo a lei a sombra dos bens futuros, e não a imagem exata das coisas, nunca (...) pode aperfeiçoar os que a eles se chegam [pois a lei nenhuma coisa aperfeiçoou] e desta sorte é introduzida uma melhor esperança, pela qual chegamos a Deus”; “Dizendo Nova aliança, envelheceu a primeira. Ora, o que foi tornado velho, e se envelhece, perto está de acabar” (Hb 10.1; 7.19; 8.13). “Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz” (Cl 2.14); “Na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças (...) Fazendo a paz” (Ef 2.15). 72

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Tiago ensina claramente que: “Qualquer que guardar toda a lei, e tropeçar em um só ponto, tornou-se culpado de todos”. (Tg 2.10.) Jesus falou para os fariseus acusadores da mulher adúltera: “Aquele que dentre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela” (Jo 8.7). Isto mostra que todos eles, como nós, somos pecadores. Pedro, embora também tivesse tendências legalistas como as de Tiago, reconhecia a impossibilidade de cumprir-se satisfatoriamente a lei, quando disse: “Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós pudemos suportar?” (At 15.10).

Paulo, ainda que tenha sido zeloso fariseu, concorda plenamente com Pedro, quando escreve: “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro”; “Todos aqueles, pois, que são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las” (Gl 3.10, 13). “Por isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado” (Rm 3.20).

João, o discípulo do amor, adverte: “Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós” (1 Jo 1.8). Compare a diferença entre esses dois regimes dispensacionais: 73

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6. A Lei e a Graça

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A LEI

A GRAÇA

Deus proibindo exigindo e ameaçando (Dt. 28.15-45)

Deus convidando e prometendo (Mt 11.28-30)

Ministério condenação e da morte (2Co 3.6,7)

Ministério do perdão e salvação (Lc 23.41-47)

Ovelha morre pelo pastor (Gn 2.17; Nm 15.32,34)

O pastor morre pela ovelha (Jo 3 16; e 10.11)

Ordenada por causa das transgressões (1Tm 1.9) Para que todo o mundo seja condenado (Rm 3.19)

É a misericórdia de deus dando-nos o que não merecemos (Ef 2.7-9)

É santa, justa e boa, mas não é da fé (Rm 7.12,14; Gl 3.12)

Misericórdia é a graça de Deus não nos dando o que merecemos (Lm 3.22)

A ninguém justifica (Rm 3.20; Gl 3.11; At 13.39; Gl 2.11, 21)

Não vigora para o crente (Gl 3.23-25; Rm 6 14.15; 1Tm 1.8-11)

Três erros a evitar: a) O crente deve viver sem lei ou qualquer regra (Rm 8.2; Jd 4) b) O crente precisa guardar a lei para permanecer na graça (Gl 2.16; 3.21-25) c) Ritualismo, farisaísmo e santimônia.22 (At 15.1, 10, 28, 29; Cl 2.18-23; 2Ts 2.2; Mt 23.25)

O crente está morto para a lei (Gl 2.19)

Sua regra de conduta (Ef 2.1-10; 4.1, 2, 5)

Porque a letra mata, mas o espírito vivifica (2Co 3.6-8)

Diferença entre nascer de novo e guardar a lei: (Ez 36.25-27; Tg 2.10)

O cumprimento da lei numa palavra: que pertence à graça – amor (Gl 5.14)

O amor faz-nos obedecer prazerosamente (Jo 14.23; Hc 3.17-19)

Nada aperfeiçoou (Hb 7.19)

21 Síntese de um artigo do livro Leituras cristãs, miscelânea de escritos evangélicos destinados à edificação do povo de Deus, v. 16, p. 4554. HOWES, George. Lisboa, 1915. 22 Santimônia 1. Modo ou aparência de santo. 2. Ironia sobre devoções religiosas, falsa santidade.

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V – Anomia 23 x Legalismo

O cristão verdadeiro, embora não esteja mais sob a “dispensação da lei”, vive, todavia, sob uma lei que denota mais apuro, mais pureza, mais primor do que a própria lei do Decálogo. Lei da Fé, Lei de Cristo, Lei do Espírito de Vida ou Lei da Liberdade

Lei da fé “Onde está logo a jactância? É excluída. Por qual lei? Das obras? Não; mas pela lei da fé. – Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, sem as obras da lei” (Rm 3.27).

Lei de Cristo “Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a Lei de Cristo” (Gl 6:2). “Escrita, não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do nosso coração” (2 Co 3.3).

23 Anomia ou anomianismo é a “doutrina” que prega a ausência de leis, de normas ou de regras de organização.

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Lei do Espírito de Vida “Porque a Lei do Espírito de Vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte” (Rm 8.2).

(A Lei dos Dez Mandamentos gravada em tábuas de pedra é chamada ministério da morte.) “E, se o ministério da morte, gravado com letras em pedras, veio em glória (...)” (2 Co 3.7).

Lei da Liberdade “Assim falai, e assim procedei, como devendo ser julgados pela Lei da Liberdade” (Tg 2.12).

Realmente, não estamos sem lei. Alguns crentes, argumentando contra o culto das imagens, dizem para os católicos: Está escrito no 2.º mandamento: “Não farás para ti imagem de escultura nem figura alguma (...)”.

E para um adventista, dizem: “Nós não estamos mais debaixo da lei, mas debaixo da Graça”.

Não achamos correta essa maneira de argumentar. Então os mandamentos só valem quando queremos reprovar os católicos, mas não valem também para nós, os crentes? Precisamos compreender e saber explicar que não guardamos o sábado do sétimo dia porque este é um mandamento cerimonial que, embora estivesse nas tábuas de pedra (que Paulo chama de ministério da morte), jamais foi repetido, homologado ou recomendado por Jesus ou pelos apóstolos. 76

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Porém, os mandamentos morais, todos eles, foram cumpridos, repetidos e confirmados por Jesus e seus apóstolos. Por quê? Porque amar a Deus e ao próximo, não matar, não mentir, honrar pai e mãe, não cultuar imagens, não adulterar, são deveres não só dos judeus, mas também dos brasileiros, dos ingleses, dos espanhóis, sejam eles religiosos ou ateus, católicos ou evangélicos, budistas ou maometanos, de qualquer idade ou sexo, em qualquer lugar, em qualquer tempo. Nota importante: Para Jesus, não pecar ainda é pouco. O cristão deve evitar até os pensamentos pecaminosos: “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. Eu, porém, vos digo que, qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela” (Mt 5.27, 28).

Tiago compreendeu muito bem o alcance dessa declaração de Jesus e deu-nos o sinistro roteiro da concupiscência ao pecado e à morte, quando escreveu: “Cada um é tentado pela própria cobiça. Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte” (Tg 1.14, 15).

Este aprimoramento moral, espiritual e santificador (de não ter desejo de pecar) só é possível quando realmente nos submetemos à ação do Espírito Santo. Por isso é que Paulo nos exorta: 77

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“Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus. E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.1, 2).

Se alguém cumpre a primeira condição desse versículo, gozará certamente do privilégio de degustar a “boa, agradável, e perfeita vontade de Deus”. Porém, se alguém quer viver em conformidade com o mundo, jamais saberá como a vontade de Deus é tão “boa, agradável, e perfeita”. É promessa divina: “E dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro de vós um Espírito novo” (...) “E porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis os meus juízos” (Ez 36.26, 27).

Essa promessa se cumpre quando nos “convertemos” ou “nascemos de novo” (Jo 3.5-8). Nesse momento, o Espírito Santo implanta em nós os caracteres da divindade, que poderíamos chamar de “cromossomos de Deus”. Esses cromossomos de Deus irão desenvolvendo-se, para formar em nós a “imagem de Cristo”, assim como uma criança se vai formando no ventre materno. “Ele nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas fiqueis participantes da natureza divina” (2 Pd 1.4). 78

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“Mas todos nós (...) refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transfigurados nessa mesma imagem cada vez mais resplandecente pela ação do Senhor, o Espírito” (2 Co 3.18, Bíblia de Jerusalém). “A vereda dos justos é como a luz da aurora (...) vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito” (Pv 4.18).

Porém nenhuma glória nos cabe! “Porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa-vontade”; “Mas, quando aprouve a Deus revelar seu Filho em mim” (Fp 2.3; Gl 1.15, 16).

Quando nos convertemos, recebemos uma nova mente: “(...) a mente de Cristo”; “Mas nós temos a mente de Cristo” (1 Co 2.16). Ela é que torna possível a transformação (metamorfose) que nos foi destinada desde a eternidade: “Os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho” (Rm 8.29). Paulo compara essa santificação progressiva a uma verdadeira gestação espiritual: “Meus Filhinhos, por quem de novo sinto as dores de parto, até que Cristo seja formado em vós” (Gl 4.19). A esse regime de vida na Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo podemos chamar de: Lei de Cristo.

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VI – O domingo cristão

1. O primeiro domingo da história

“Mas sobre vós que temeis o meu nome nascerá o Sol da Justiça” (Ml 4.2). “Este é o dia que o Senhor fez; regozijemo-nos e alegremo-nos nele” (Sl 118.24).

O último capítulo do Antigo Testamento anuncia a aurora de um novo dia com as palavras citadas. Nos albores da madrugada, quando o sol surgia no horizonte debelando as trevas, dando cores ao mundo, Jesus, o Sol da Justiça, erguia-se redivivo da sepultura, trazendo “luz do Oriente para o Ocidente”, na prima aurora da salvação. Este foi o primeiro domingo da história. (Antes havia apenas o dia do sol ou primeiro dia da semana, mas não o domingo.) Cumpria-se, agora, o aspecto literal de uma profecia de dupla referência, juntamente com o seu simbolismo espiritual: “Porque eis que as trevas cobriram a terra, e a escuridão, os povos; mas sobre ti o SENHOR virá surgindo, e a sua glória se verá sobre ti” (Is 60.2). 1.ª Referência: “Pois que as trevas cobriram a terra e a escuridão os povos”. (Alusão à ignorância e aos pecados.) 81

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Aspecto literal: Na sexta-feira em que Jesus morreu, houve trevas em toda a terra, evidenciando o negror da crueldade humana. 2.ª Referência: “Mas sobre ti o Senhor virá surgindo, e a sua glória se verá sobre ti”. Simbolismo espiritual: “Também te dei para luz dos gentios, para seres minha salvação até às extremidades de terra” (Is 49.6); “E as nações caminharão para a tua luz e os reis para o resplendor da tua aurora” (Is 60.1, 2); “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 12.8); “Eu sou a luz que vim ao mundo, para que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas” (Jo 12.46). O pai de João Batista previu a manhã da ressurreição nesta profecia: “Por causa das misericórdias do nosso Deus, nos visitará o sol nascente para brilhar sobre aqueles que estão vivendo nas trevas” (Lc 1.78, 79). Certamente Zacarias não se referia ao “Sol”, estrela de 5.ª grandeza, pois não era idólatra. “Sol Nascente” é uma linda imagem profética do glorioso momento em que Jesus, o Sol da Justiça, irrompeu das trevas da sepultura para brilhar sobre Israel e sobre todos os povos, dissipando o manto tenebroso da ignorância e do pecado. O primeiro dia da semana dantes consagrado ao sol, que era adorado como deus no paganismo, tornou-se o Dia de Cristo, o “Sol da Justiça,” e tomou o nome de Domingo. 2. A ressurreição de Jesus Cristo e o domingo

“Este é o dia que o Senhor fez; regozijemo-nos e alegremo-nos nele” (Sl 118. 22-24). 82

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Qual o motivo de tanto entusiasmo do salmista para celebrarmos um determinado dia da semana? É que Davi previu não só a encarnação e os sofrimentos, mas também a glória e a ressurreição do Messias. A Encarnação “O Senhor me disse: Tu és meu Filho; eu hoje te gerei” (Sl 2.7).

Os Sofrimentos “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”; “Repartem entre si as minhas vestes e lançam sortes sobre a minha túnica”; “Deram-me fel por mantimento, e na minha sede me deram a beber vinagre” (Sl 22.1, 18; 69.21).

A Glória “Eu, porém, ungi o meu Rei sobre o meu santo monte Sião”; “Pede-me, e eu te darei as nações por herança e os confins da terra por tua possessão”; “Tu subiste ao alto, levaste cativo o cativeiro, recebeste dons para os homens e até para os rebeldes, para que o Senhor Deus habitasse entre eles” (Sl 2.6-8; 68.18).

A Ressurreição “A pedra que os edificadores rejeitaram tornou-se cabeça de esquina. Foi o SENHOR que fez isto, e é coisa maravilhosa aos nossos olhos. Este é o dia que fez o SENHOR; regozijemo-nos e alegremo-nos nele” (Sl 118.22-24). 83

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Analisemos três fatos importantes enunciados nesses versículos: 1.º Deus anulou improbidade24 dos líderes judeus que rejeitaram e mataram o Messias. “O Deus de nossos pais ressuscitou a Jesus, ao qual vós matastes, suspendendo-o no madeiro” (Atos 5.30).

2.º Deus frustrou o plano de satanás, ressuscitando Jesus Cristo. “Foi o Senhor que fez isto” (v. 23). “Jesus era bom e dedicado a Deus, mas vocês o rejeitaram. Em vez de pedirem a liberdade para ele, pediram que Pilatos soltasse um criminoso. Assim vocês mataram o Autor da vida; mas Deus o ressuscitou, e nós somos testemunhas disso” (At 3.14, 15-BLH).

3.º Deus instituiu um dia festivo, inédito em Israel, mais glorioso do que o sábado, comemorativo da ressurreição de Jesus: “Este é o dia que fez o Senhor; regozijemo-nos e alegremo-nos nele” (v. 24). O dia da ressurreição de Cristo assumiu um destaque inédito nas páginas da Bíblia. Os quatro Evangelhos o mencionam repetidamente, bem como o livro de Atos, as Epístolas e até o Apocalipse, onde não encontramos o sábado mencionado uma vez sequer, como veremos a seguir: “E, no fim do sábado, quando já despontava o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro” (Mt 28.1). 24 Verbete: improbidade 1. Falta de probidade; mau caráter; desonestidade. 2. Maldade, perversidade. (Aurélio)

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“E, no primeiro dia da semana, foram ao sepulcro, de manhã cedo, ao nascer do sol” (Mc 16.2). “E Jesus, tendo ressuscitado na manhã do primeiro dia da semana, apareceu primeiramente a Maria Madalena, da qual tinha expulsado sete demônios” (Mc 16.9). “E, no primeiro dia da semana, muito de madrugada, foram elas ao sepulcro, levando as especiarias que tinham preparado” (Lc 24.1). “E eis que, no mesmo dia, iam dois deles para uma aldeia que distava de Jerusalém sessenta estádios, cujo nome era Emaús” (Lc 24.13). “E, no primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao sepulcro de madrugada, sendo ainda escuro, e viu a pedra tirada do sepulcro” (Jo 20.1). “Chegada, pois, a tarde daquele dia, o primeiro da semana, e cerradas as portas onde os discípulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado, chegou Jesus, e pôs-se no meio, e disselhes: Paz seja convosco!” (Jo 20.19). “E, oito dias depois, (domingo) estavam outra vez os seus discípulos dentro, e, com eles, Tomé. Chegou Jesus, estando as portas fechadas, e apresentou-se no meio, e disse: Paz seja convosco!” (Jo 20.26). “Cumprindo-se o dia de Pentecostes (domingo) estavam todos reunidos no mesmo lugar” (At 2.1). “No primeiro dia da semana, ajuntando-se os discípulos para partir o pão, Paulo, que havia de partir no dia seguinte, falava com eles; e alargou a prática até à meia-noite” (At 20.7). “No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade, para que se não façam as coletas quando eu chegar” (1 Co 16.2). 85

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“Eu fui arrebatado em espírito, um dia de domingo, e ouvi detrás de mim uma grande voz, como de trombeta” (Ap 1.10).25 (O grifo é nosso.) Em todo o Antigo Testamento, temos apenas três referências ao primeiro dia da semana. E todas elas são exatamente as relacionadas com a ressurreição de Jesus: Lv 23.10, 11; Lv 23.15, 16; e Sl 118.24. A Bíblia não diz o dia da semana em que Jesus nasceu, nem o dia em que foi circuncidado, nem o dia em que foi batizado. Porém, o dia da sua ressurreição é sempre mencionado com a maior freqüência e destaque. Nenhum dia é, por si mesmo, “maior” que outro! Os dias tornam-se grandes ou importantes por causa das coisas que neles acontecem! Para os brasileiros, o dia 7 de setembro é um grande dia, pois nele foi proclamada a nossa Independência, mas para os norte americanos, o dia 7 de setembro é um dia comum. O dia mais importante para eles é o 4 de julho, o Independence Day. A humanidade, especialmente os cristãos, tem um motivo mais forte e glorioso para comemorar um determinado dia da semana: a Ressurreição de Jesus Cristo. Esse dia, por sua importância, passou a ser chamado Κυριακη ηµερα, “kyriake hemera”, “dia dominical”, domingo, nome inédito em todo o mundo, conforme lemos em Apocalipse 1.10, exclusivo do cristianismo, porque foi dado em homenagem à ressurreição do seu fundador. A Ressurreição é o mais importante evento da história! Maior do que a libertação de Israel, ou a de algum país. Mais Tradução ilustrada de Antônio Pereira de Figueiredo. Edição Barsa, 1967, Cortesia da Encyclopaedia Britânica (edição de 1968). 25

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importante até mesmo do que a criação do mundo, pois que este mundo se perdeu, e “Jesus veio buscar e salvar o que se havia perdido” (Lc 19.10). A ressurreição de Jesus Cristo garantiu a redenção de todo o Universo. E essa salvação só se tornou possível porque Jesus morreu, mas RESSUSCITOU! E ressuscitou no primeiro dia da semana. “Este é o dia que o Senhor fez; regozijemo-nos e alegremo-nos nele” (Sl 118.25). Os líderes judeus (os edificadores) rejeitaram o Messias, a “pedra angular”, e o mataram. “Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam” (Jo 1.11). Mas “O Deus de nossos pais ressuscitou a Jesus, ao qual vós matastes, suspendendo-o no madeiro” (Atos 5.30). Mas, “num certo dia feito pelo Senhor”, Jesus ressuscitou. Esse dia chama-se “Domingo”. 3. A origem da palavra “Domingo”

“Eu, João, estava na ilha chamada Patmos, por causa da palavra de Deus e pelo testemunho de Jesus Cristo. Eu fui arrebatado em espírito, no dia do Senhor, e ouvi detrás de mim uma grande voz, como de trombeta” (Ap 1.10).

O Apocalipse é o único livro da Bíblia que traz a data, o local em que foi escrito, a identificação de quem o escreveu, e a promessa de bênção para quem o ler ou ouvir a sua leitura: “Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas” (Ap 1.3). Assim como Isaías, Ezequiel, Daniel e outros, deu-nos João o local e o dia em que foi arrebatado. 87

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O esclarecimento que se segue pode ser desnecessário para alguns eruditos, mas será de grande utilidade para muitos de mais modestos conhecimentos e surpreendente para a maioria dos leitores. Foi o apóstolo João quem criou a expressão que deu origem ao nome domingo, com o qual ele “batizou” o primeiro dia da semana, o dia da Ressurreição (Κυριακη ηµερα, “kyriake hemera”). Transcrevemos aqui o que diz uma das mais completas e confiáveis enciclopédias evangélicas:26 “Temos aqui a palavra Kyriakos, um sentido adjetivado, isto é, pertencente ao Senhor. Originalmente essa palavra era usada com o sentido de imperial, algo que pertencia ao imperador romano. Os crentes primitivos (...) aplicaram-na ao domingo, o primeiro dia da semana. Esse é o uso que se encontra em Didaché 14, e Inácio, Magn. 9, que foram escritos não muito depois do Apocalipse”.

Outro valioso testemunho erudito, insuspeito e de inquestionável valor, dá-nos PETTINGILL: “O primeiro dia da semana é sem dúvida o dia do Senhor referido em Apocalipse 1.10”.27 A Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã afirma: “A frase ‘o dia do Senhor’ (Κυριακη ηµερα “kyriake 26 Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. v. 2. p. 213. Ed. e Distribuidora Candeia, 1991. 27 PETTINGILL, William D. D. Bible Questions Answered. p. 177. “The first day of the week is doubtless ‘the Lord’s day’ refereed to in Ap 1.10”. Zondervan Publishing House, Ninth Printing, Michigan, 1974.

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hemera”) ocorre uma só vez e isto se dá no último livro (Ap 1.10)”. A atração da frase era, no mínimo, dupla. Expressava a convicção de que o domingo era o dia da ressurreição, quando Cristo Jesus conquistou a morte e se tornou Senhor de todos (Ef 1.20-22; 1 Pd 3.21-22) e um dia que previa a volta daquele mesmo Senhor, para consumar sua vitória (1 Co 15.23-28, 54-57).28 A expressão que mais se aproxima daquela que João usou é, ηεµερα Σεβαστε (hemera Sebaste), “dia de Augusto”, o dia do Imperador. Certamente João pensou: se o imperador tem um dia dele, com muito maior merecimento Jesus terá o seu dia exclusivo, comemorativo da sua ressurreição, o Dia Senhorial. Nem mesmo no texto da Septuaginta29 encontramos, uma vez sequer, a expressão que João criou para referir-se ao dia da ressurreição. O “Dia de Jeová, hwhy Mwy”, sempre foi vertido para o grego como lemos em Jl 2.1: ηεµερα του κυριου (Dia do Senhor): “Tocai a buzina em Sião e clamai em alta voz no monte da minha santidade; perturbem-se todos os moradores da terra porque o Dia do Senhor vem, ele está perto”. A título de curiosidade transcreveremos os textos citados, nos originais hebraico e grego: 28 ELWELL, A. Walter. Enciclopédia Histórica Teológica da Igreja Cristã. Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, 1988. 29 Septuaginta, Versão dos LXX ou Alexandrina é uma tradução do Antigo Testamento hebraico para o grego feita em Alexandria, a mando de Ptolomeu II (Filadelfo), (284-247 a.C.). Alguns livros não pertencentes ao cânon judaico também foram incluídos nessa versão, alguns dos quais Jerônimo verteu para a Vulgata Latina (Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruc, I e II Macabeus, e acréscimos aos livros de Ester e Daniel), explicando que

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“bwrq yk hwhy-Mwy ab-yk Urah ybsy lk wzgry ysdq rhb weyrhw Nwyub rpws weqt” “Σαλπισατε σαλπιγγα εν Σιων, ωαι αλαλαζατε εν τω ορει τω αγιω µου; ας τροναζωσι παντε ς οι κατοικουντε ς την χγµυ διοτι ερχεται η ηµερα του Κυριου, διοτι ειναι εγγυς”.

Por que teria João escrito uma expressão nunca usada antes, em todo o mundo? Por duas razões: 1.ª para indicar algo inédito na história da humanidade: a Ressurreição de Jesus Cristo; 2.ª para distinguir o dia senhorial, ou dia dominical, o domingo, dos eventos da parúsia,30 que também é chamada Dia do Senhor, como vemos nos versículos abaixo. “O sol se converterá em trevas, e a lua, em sangue, antes de chegar o grande e glorioso Dia do Senhor”; “(...) Seja entregue para destruição da carne, para que o espírito seja salvo no Dia do Senhor.” “Porque vós mesmos sabeis que o Dia do Senhor virá como o ladrão de noite.” “Mas o Dia do Senhor virá como o ladrão de noite” (At 2.20). (1 Co 5.5; 5.2.); (2 Pd 3.10); (1 Ts 5.2) tais livros não pertenciam às Escrituras Sagradas judaicas. Porém o Concílio de Trento em 1546 os anexou ao Antigo Testamento, classificando-os como “Deuterocanônicos”. Para os judeus, e para os evangélicos, porém, continuam sendo “apócrifos”, úteis apenas como subsídios à história e cultura judaica, mas sem a autoridade dos livros inspirados por Deus (canônicos). 30 Volta gloriosa de Jesus Cristo, no final dos tempos, para estar presente ao Juízo Final (Aurélio).

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Há uma significativa diferença de como está escrito Dia do Senhor (2.ª vinda de Cristo), para o Dia do Senhor referente ao Dia da Ressurreição. Original grego Tipo de evento Transliteração Cat. Gramatical e caso Dia do Senhor 2.ª Vinda de Cristo ηµερα του Κυριου hemera tou kyriou Substantivo, genitivo. Κυριακη ηµερα Dia do Senhor Domingo kyriake hemera Adjetivo, dativo.

Κυριακος (Kyriakos) é forma adjetivada da palavra “Κυριος” Kýrios, Senhor, e significa: “que diz respeito ao Senhor”, “concernente ao Senhor”, “pertencente ao Senhor”, “senhorial”. Não significa exatamente “Dia do Senhor”, como lemos em muitas das nossas traduções. Em toda a Bíblia, só encontramos esse adjetivo por duas vezes e sempre como referência a algo exclusivo do Senhor Jesus: Tipo de evento Original grego 1.ª A Ceia do Senhor κυπιακον δειρτον 2.ª O Dia Senhorial Κυριακε ηµερα

Transliteração kyriakon deipton kyriake hemera

Citação 1 Co11.20 Ap 1.10

A tradução literal de Ap 1.10 seria: “Eu fui arrebatado pelo espírito no dia Senhorial”. Mas este adjetivo, “senhorial”, embora correto, raramente é usado. O seu correspondente é “dominical”, porque o português é uma língua neolatina e Senhor, em latim, é dominus. Daí vem o adjetivo “dominical”, correspondente ao substantivo Senhor.

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Quando dizemos Dom Pedro II, Dom Evaristo Arns, estamos abreviando o nome dominus, dizendo: Senhor Pedro II, Senhor Evaristo Arns. Vejamos mais um exemplo dessa evolução etimológica: a palavra povo provém do latim populus. Quando queremos falar sobre algo referente ao povo, não dizemos povoal, e sim popular. Por quê? Porque esse adjetivo é derivado da raiz latina populus. Dominical significa, pois, referente ao Senhor. É o que informam todos os bons dicionários. Oração dominical não é apenas uma oração domingueira, mas a oração do Senhor! Escola dominical não é apenas uma escola do dia de domingo, é a Escola do Senhor. Domingo não é, portanto, um nome importado do paganismo, como Saturday, nem do judaísmo, como sábado. Não é comemorativo da criação do mundo nem da libertação do povo de Israel. É um nome exclusivo do cristianismo, criado por João especialmente para caracterizar e distinguir o dia Senhorial, o dia anunciado e aclamado por Davi, neste jubiloso convite ao regozijo pela ressurreição: “Este é o dia que o Senhor fez; regozijemo-nos e alegremo-nos nele”. (Sl 118. 2, 5). Domingo não é dia de repouso, pasmaceira, futebol, clubes ou jogatina, mas é dia de oração, evangelismo, adoração e atividade espiritual, como advertia o profeta: “Levantai-vos e andai, porque não será aqui o vosso descanso; por causa da corrupção que destrói, sim, que destrói grandemente” (Mq 2.10). Acertadamente, Jerônimo verteu Κυριακη ηµερα (kyriake hemera) para o latim da Vulgata não como dia Domini (dia do Senhor), mas como Domínica die (dia dominical): “Fui in 92

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spiritu in dominica die et audivi post me vocem magnam tamquam tubae” 31 (Ap 2.10). Daí, a clássica versão de Antônio Pereira de Figueiredo traduzir: “Eu fui arrebatado em espírito hum dia de Domingo e ouvi por detrás de mim uma grande voz como de trombeta”32 (Ap 1.10). [Este é o texto, ipsis litteris, da 1.ª Edição de Figueiredo, publicada em 1819.]

Quando disserem, portanto, que a palavra domingo não está na Bíblia, responda que isso não é verdade. Não encontramos nos originais gregos a palavra portuguesa “domingo” (como também não encontramos: Deus, casa, livro ou sábado, mas sim as suas correspondentes hebraicas ou gregas). O domingo está na expressão criada pelo apóstolo João: Κυριακη ηµερα (kyriake hemera), vertida para o latim como: Domínica die, corretamente traduzida para o português como domingo por Antônio Pereira de Figueiredo, pelo Centro Bíblico Católico; tradução dos monges de Maredsous; por João José Pedreira de Castro; pelo Dr. José Basílio Pereira; por Vicente Zioni; por Matos Soares; e por todas as outras versões da Vulgata para as línguas neolatinas, onde lemos: domenica, dimanche, ou qualquer outra palavra equivalente a domingo. Documentos isentos de quaisquer influências denominacionais afirmam: “Domingo, no Novo Testamento, é chamado de o Dia do Senhor. Em latim, Dominica die, de onde deriva seu nome nas línguas neolatinas, por exemplo: espanhol, domingo; italiano, domenica; e francês, dimanche, faladas por cerca de 400 milhões de pessoas”.33 31 IUXTA VULGATAM VERSIONEM. WEBER, Robertus. Stuttgart: Editio Altera Emendata, 1975. 32 Lisboa, MDCCC XVIIII. Na Officina da Acad. R. das Sciencias. 1. ed. 33 Enciclopédia® Encarta 99. © 1993-1998 Microsoft Corporation.

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4. Resgatando verdades históricas

Os escritos patrísticos34 dos três primeiros séculos conservam esta mesma expressão: “Kyriake hemera” (“Dia Senhorial”) para designar o domingo como o dia da reunião dos cristãos. Eis o que dizem esses vetustos documentos da Igreja Cristã pós-apostólica, alguns escritos há mais de 200 anos antes de Constantino “converter-se” (313 a.C.), fato que comprova ser falsa e injuriosa a declaração de que foi Constantino quem instituiu o domingo como dia sagrado para os cristãos. 1.º século: o Ensino dos Apóstolos (provavelmente escrito pouco depois do Apocalipse): “E no dia do Senhor (kuriakh hemera, “Kyriakh hemera”, domingo), congregai-vos para partir o pão e dai graças”.35 Ano 70-132 d.C. – Epístola de Barnabé: “Portanto, também nós guardamos o oitavo dia (domingo) para nos alegrarmos em que também Jesus se levantou dentre os mortos e havendo sido manifestado, ascendeu aos céus.”36 Ano 115 d.C. – Epístola de Inácio aos Magnesianos: “Por que se no dia de hoje vivermos segundo a maneira do judaísmo, confessamos que não temos recebido a graça (...). Assim, pois os que haviam andado em práticas antigas alcançaram uma nova esperança, já sem observar 34 “Patrísticos” são os escritos dos proeminentes líderes cristãos dos primeiros séculos, também chamados de “pais da Igreja”. 35 O Ensino dos Apóstolos, XIV. Este documento é considerado mais antigo do que alguns livros do NT por alguns biblicistas. 36 Epístola de Barnabé, 15. LIGHTFOOT, J. B. Los Padres Apostólicos, p. 299-301. Libros Clie. Barcelona, Espanha.

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os sábados, porém modelando suas vidas segundo o dia do Senhor, “Kyriake hemera”.37 II Séc. d.C.: Nos escritos de Melito de Sardes há um tratado sobre a adoração no domingo, intitulado: περι κυριακες – peri kyriakes – acerca do dia dominical, Dia do Senhor, isto é, domingo.38 130 d.C.: O Evangelho de Pedro, apócrifo, mas comprovadamente escrito no princípio do segundo século, também se refere ao dia da ressurreição usando o mesmo adjetivo kyriakes, que na edição de Jorge Luis Borges é traduzida corretamente por domingo. 39 150-168 d.C.: Justino Mártir, Eusébio, Clemente de Alexandria, escritores do 2.º e 3.º séculos, também adotaram o “Kyriake hemera” criado por João, vertido para o latim como Domínica die (dia dominical), isto é, domingo,40 o dia da Ressurreição do Senhor. 155-222 d.C.: Tertuliano, o mais vigoroso e intransigente dos primeiros apologistas cristãos, já defendia a pratica do repouso dominical. (Vide nota de rodapé n.º 38). Esses documentos de irrecusável valor histórico demonstram que o domingo, o “dia dominical”, já era adotado como o dia dos cristãos para as reuniões (Lc 24.1, 13; Jo 20.19 e 26); a Santa Ceia (At 20.7); e para as coletas na Igreja

37 Epístola de Inácio aos Magnesianos, 8, 9. LIGHTFOOT, J. B. Los Padres Apostólicos, p. 146 e 181. 38 R. N. Chaplin, J. M. Bentes, Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, 1991, 2. v., p. 213. 39 Evangelios Apócrifos, v. 1, p. 323-235. Santiago: Hyspamérica ediciones, 1985. 40 Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. v. 2. 1991. p. 214.

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primitiva (1 Co 16.1, 2), como também o foi nos tempos apostólicos, conforme lemos nos Evangelhos, nos Atos e nas Epístolas citados acima. Foi Deus, portanto, quem instituiu o domingo como o dia cristão, e não Constantino, como dizem algumas pessoas mal informadas. Constantino (280-337 d.C.), a caminho da batalha contra Maxêncio, sobre a ponte de Mílvia, teria visto no céu uma cruz e, sobre esta, as palavras In hoc signo vinces. Obteve então uma vitória, razão pela qual “passou a crer” que Jesus era um Deus mais poderoso do que todos os deuses de Roma, e proclamou o Edito de Milão (313 d.C.), que concedia liberdade ao cristianismo. “Em 324, através de um édito imperial, ordenou que todos os soldados adorassem o Deus supremo no primeiro dia da semana. Este era o dia em que os cristãos celebravam a Ressurreição do seu Senhor.”41

Interveio também nos assuntos eclesiásticos, procurando estabelecer a unidade da Igreja, ameaçada pelo arianismo; com este fim, convocou o primeiro Concílio de Nicéia em 325 e a ele presidiu.42 Mas, ao contrário do que alguém propala, ele apenas reconheceu o fato de que os cristãos se reuniam no primeiro dia da semana e justamente para agradá-los é que legalizou o descanso semanal no dia em que a Igreja comemorava a ressurreição do Senhor Jesus, desde os tempos apostólicos, como lemos: 41 Uma história ilustrada do Cristianismo. 10v. v. 2. Sociedade religiosa Vida Nova, 1980. p. 34. 42 Constantino I, o Grande. Enciclopédia® Microsoft® Encarta 99. © 1993-1998 Microsoft Corporation.

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“No primeiro dia da semana, ajuntando-se os discípulos para partir o pão” (At 20.7). 5. Odres novos para o vinho novo

“Ninguém põe vinho novo em odres velhos; caso contrário, o vinho estourará os odres, e tanto o vinho como os odres ficam inutilizados” (Mc 2.22).

Essa declaração de Jesus foi feita quando lhe perguntaram por que seus discípulos não jejuavam como os discípulos dos fariseus e os discípulos de João. Jesus, ao responder-lhes, comparou aquelas velhas cerimônias do judaísmo a “panos velhos” e a “odres velhos”, que deviam ser abandonados, pois o Evangelho não comporta as práticas ostentosas de fórmulas e exibições mecânicas que nada possuem da verdadeira espiritualidade. Odres eram sacos feitos de peles, destinados ao transporte ou armazenagem de líquidos. Um odre velho fica com a pele ressequida, com pregas decorrentes de seu próprio peso. A fermentação do vinho novo produz gases cuja pressão dilataria e rasgaria o odre justamente naquelas dobras endurecidas. A inflexibilidade dos odres velhos representa a intransigência da lei que condenava à morte alguém só porque estava apanhando lenha num dia de sábado, conforme lemos em Números, 15.32-36. As cerimônias e rituais do judaísmo podem ser comparadas aos “velhos odres”, que não poderiam conter o “vinho novo” das doutrinas e da graça do Evangelho de Jesus Cristo: 97

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“Mas agora, morrendo para aquilo que antes nos prendia, fomos libertados da lei, para que sirvamos conforme o novo modo do Espírito, e não segundo a velha forma da lei escrita”. (Rm 7.6, NVI.)

Essa declaração de Paulo foi praticamente repetida por Inácio no início do II século: “Por que se no dia de hoje vivermos segundo a maneira do judaísmo, confessamos que não temos recebido a graça (...). Assim, pois os que haviam andado em práticas antigas alcançaram uma nova esperança, já sem observar os sábados, porém modelando suas vidas segundo o dia do Senhor”.43

Por isso os cristãos não mais celebram a páscoa, nem o pentecostes, nem as luas novas, nem a circuncisão, nem o sábado, que eram “sombras” ou “figuras” que se cumpriram em Cristo. Temos “odres novos” para o “Vinho Novo” do Evangelho. A Ceia do Senhor, o Batismo no Espírito Santo, o Batismo em água, e, como os apóstolos sempre o fizeram a partir do dia de pentecostes, nos reunimos no domingo, o dia da ressurreição do Senhor. Paulo combateu incansavelmente as futilidades judaizantes e seus ensinos. Antevendo o reaparecimento periódico dessas ervas daninhas, escreveu com energia ou até revolta essas exortações: Ináco. Epístola aos Magnesianos 8.9. Escrita pouco depois do livro Apocalipse, por volta do ano 115 d.C. 43

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“Mas agora que conheceis a Deus ou, antes, sendo conhecidos por Deus, como estais voltando, outra vez, aos rudimentos fracos e pobres, aos quais, de novo, quereis ainda escravizar-vos? Guardais dias, e meses, e tempos, e anos” (Gl 4.9, 10). “Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados, que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo.” “Ninguém se faça árbitro contra vós outros, com pretexto de humildade e culto dos anjos, baseando-se em visões, enfatuado, sem motivo algum, na sua mente carnal.” “Se, pois, estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos carregam ainda de ordenanças, como se vivêsseis no mundo, tais como: não toques, não proves, não manuseies? As quais coisas todas perecem pelo uso, segundo os preceitos e doutrinas dos homens; as quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria (...), mas não são de valor algum, senão para a satisfação da carne” (Cl 2.16-23).

O cristianismo autêntico, ensinado por Jesus e pelos seus apóstolos, foi engolfado pelas cerimônias pomposas do ritualismo pagão ou judaico, infelizmente copiadas por algumas igrejas cristãs que, em triste decadência, trocaram o esplendor do Evangelho original pelas vacuidades do formalismo oco e legalista. Para Jesus, não há “dias santos, lugares santos, ou objetos santos”. Santos devemos ser nós! E por isso, devemos santificar com a nossa presença cada dia de nossa vida, cada local onde estivermos e cada coisa que tocarmos. 99

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Quando a mulher samaritana perguntou a Jesus qual era o verdadeiro lugar onde Deus devia ser adorado, ouviu o que muitos precisam aprender atualmente: “Disse-lhe Jesus: Mulher, crê-me que a hora vem em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai. Mas a hora vem, e agora é em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque o Pai procura a tais que assim o adorem (...) Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade” (Jo 4.20-24 ARC). “Chegou a hora de adorarmos o Pai no sacrário do nosso coração, em qualquer lugar, onde estivermos.” “Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Ei-lo ali! Porque eis que o Reino de Deus está entre vós” (Lc 17.21).

Sobre alimentos puros ou impuros, lembremos que Deus mostrou a Pedro que tinha purificado os gentios, tomando como exemplo a purificação dos animais: “E viu o céu aberto e que descia um vaso, como se fosse um grande lençol atado pelas quatro pontas (...) no qual havia de todos os animais quadrúpedes, répteis da terra e aves do céu. E foi-lhe dirigida uma voz: Levanta-te, Pedro! Mata e come. Mas Pedro disse: De modo nenhum, Senhor, porque nunca comi coisa alguma comum e imunda. E segunda vez lhe disse a voz: Não faças tu comum ao que Deus purificou. E aconteceu isto por três vezes; e o vaso tornou a recolher-se no céu” (At 10.11-16). 100

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Realmente, o objetivo principal de Deus era tranqüilizar Pedro para que este entrasse na casa de Cornélio, um gentio incircunciso. Mostrou-lhe então vários animais “impuros”, ordenando a Pedro que os comesse. Por três vezes Pedro repugnou tal ordem e por três vezes ouviu Deus assegurar-lhe que tinha purificado os animais que Pedro tinha visto. (Não faças tu comum ao que Deus purificou). Se Deus não purificou os animais considerados imundos, por que diria a Pedro que os havia purificado? Paulo compreendeu mais facilmente do que Pedro o que Jesus ensinou quando disse: “O que contamina o homem não é o que entra na boca, mas o que sai da boca” (Mt 15.11).

Por isso, escreveu: “Mas o Espírito expressamente diz que, nos últimos tempos, apostarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios (...) ordenando a abstinência dos manjares que Deus criou para os fiéis e para os que conhecem a verdade, a fim de usarem deles com ações de graças; porque toda criatura de Deus é boa, e não há nada que rejeitar, sendo recebido com ações de graças, porque, pela palavra de Deus e pela oração, é santificada” (1 Tm 4.3-5 ARC). “Porque o marido descrente é santificado pela mulher, e a mulher descrente é santificada pelo marido crente. De outra sorte, os vossos filhos seriam imundos; mas, agora, são santos” (1 Co 7.14 ARC). 101

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Faremos aqui um respeitoso apelo à consciência cristã de qualquer pessoa sedenta da verdade: por que abandonar a simplicidade cristalina do Evangelho para nos enredarmos nas teias do legalismo judaizante, da aridez sabática, ou das cavilações espúrias de visionários míticos? 6. O domingo foi prefigurado na Lei

“Deus não joga dados.” (Albert Einstein)

Isto quer dizer que Deus nada faz por acaso. Quando Ele determinou que a Festa das primícias, e a festa de pentecostes fossem celebradas no primeiro dia da semana, é porque as constituiu como figuras da ressurreição de Jesus e do nascimento da Igreja, eventos que deveriam acontecer exatamente nesse dia da semana. 1.ª A festa das primícias “Trareis ao sacerdote um molho das primícias da vossa sega; no dia seguinte ao sábado o sacerdote o moverá” (Lv 23.10,11). (O dia seguinte ao sábado é o domingo.)

Essa festa apontava para a ressurreição de Cristo, como declarou Paulo: “Mas na realidade Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem. Cada um, porém, na sua ordem: 102

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Cristo, as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda” (1 Co 15.20, 23).

A festa das primícias deveria ser celebrada, portanto, no dia em que Jesus havia de ressuscitar e que, justamente por isso, deixaria de ser, apenas, o primeiro dia da semana, para ser consagrado como o dia dominical, ou domingo. 2.ª A festa de pentecostes44 “Contareis para vós, desde o dia depois do sábado, sete semanas inteiras (...) até ao dia seguinte ao sétimo sábado, contareis cinqüenta dias” (Lv 23.15, 16).

(O dia seguinte ao sábado é o domingo. Essa cerimônia apontava para o nascimento da Igreja.) Foi instituída no primeiro dia da semana como figura de que esse dia seria o dia da “inauguração da Igreja” e que, daí por diante, por divina inspiração, continuou sendo o dia das suas reuniões. Concluímos, portanto, que os dois maiores eventos da história da humanidade, a Ressurreição de Cristo e o Nascimento da Igreja não aconteceram por acaso no primeiro dia da semana. Foi o próprio Deus quem determinou que a festa das primícias, tipo da ressurreição, e a festa de pentecostes, figura 44 Pentecostes é uma palavra originada do grego πεντακοστος (pentakostós), que significa qüinquagésimo (50.º).

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do nascimento da Igreja, acontecessem no primeiro dia da semana, o domingo. 7. Domingo: dia do Nascimento da Igreja

A Igreja foi “concebida” desde a eternidade. “Ele nos escolheu antes da fundação do mundo e nos predestinou para sermos seus filhos adotivos por Jesus Cristo” (Ef 1.4, 5). “O Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo” (Ap 13.8).

A Igreja teve sua “gestação” no ministério terreno de Jesus, quando este chamou os primeiros discípulos, como verdadeiras “primícias” de seu corpo: “E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens” (Mt 4.19) e quando instituiu a Igreja como autoridade para disciplinar os fiéis: “E, se não as escutar, dize-o à igreja; e, se também não escutar a igreja, considera-o como um gentio e publicano” (Mt 18.17); e quando assoprou sobre os apóstolos, outorgando-lhes o Espírito Santo e poderes excepcionais, mesmo antes do dia de pentecostes: “E, havendo dito isso, assoprou sobre eles e disselhes: Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, lhes são perdoados; e, àqueles a quem os retiverdes, lhes são retidos” (Jo 20.22, 23). A Igreja “nasceu” no dia de pentecostes. “E naquele dia foram agregadas cerca de três mil pessoas” (At 2.41), e a festa de pentecostes tinha que ser realizada no primeiro dia 104

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da semana: “Contareis para vós, desde o dia depois do sábado, sete semanas inteiras (...) até ao dia seguinte ao sétimo sábado, contareis cinqüenta dias, então oferecereis nova oferta” (Lv 23.15, 16).45 (O dia seguinte ao sábado é o domingo.) 8. Domingo, Dia de Jesus, Dia da Igreja

Domingo é o dia que Jesus, ressuscitado, escolheu para manifestar-se aos seus discípulos: “Tendo Jesus ressuscitado no primeiro dia da semana, apareceu primeiramente a Maria Madalena.” “Nesse mesmo dia, iam dois deles para uma aldeia chamada Emaús. Jesus se aproximou, e ia com eles.” “Chegada, pois, a tarde daquele dia, o primeiro da semana, chegou Jesus e disse: Paz seja convosco!” “Oito dias depois, estavam ali outra vez reunidos os discípulos (...) veio Jesus, pôs-se no meio deles e disse-lhes: Paz seja convosco!” (Mc 16.9; Lc 24.13-15; Jo 20.19; Jo 20.26.)

Dirá alguém: Ora, se ele ressuscitou no domingo, só podia aparecer mesmo no domingo. Não. Não foi assim que aconteceu. Passou-se uma semana inteira e Jesus só apareceu no domingo seguinte! Poderia ter aparecido no sábado, na quarta, ou na segunda feira, mas não o fez. A “festa das semanas” tomou o nome de Pentecostes porque ocorria no 50.º dia depois da Páscoa. (7x7=49; +1=50) 45

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Oito dias depois seria segunda-feira? Não. Os judeus contavam os dias, incluindo o próprio dia em que estavam. Por exemplo: Jesus morreu numa sexta-feira e ressuscitou no terceiro dia. Contando à maneira judaica, diz-se: sexta-feira, 1.º dia; sábado, 2.º dia; domingo, 3.º dia. Oito dias depois é então o domingo! Domingo foi o dia que Jesus escolheu para revelar-se a João na ilha de Patmos, assim como escolhera o domingo para manifestar-se aos apóstolos depois que ressuscitou (Ap 1.10; Mc 16.9). Depois que Jesus ressuscitou, nem uma vez sequer apresentou-se ou reuniu-se com seus discípulos num dia de sábado. Sempre o fez no primeiro dia da semana, que passou a se chamar o Dia do Senhor. Domingo foi o dia que Jesus escolheu para voltar aos seus discípulos, na pessoa do Espírito Santo, como prometera: “Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós” (João 14.18). Isso aconteceu no domingo de pentecostes, em que os discípulos se reuniram para buscar o revestimento de poder, como Jesus lhes ordenara antes de subir aos Céus: “E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder” (Lc 24.49). Domingo já era o dia da Santa Ceia, a principal reunião da Igreja, ao tempo em que Lucas e Paulo visitaram Trôade, por volta de abril do ano 58: “E, depois dos dias dos pães asmos, navegamos de Filipos e, em cinco dias, fomos ter com eles a Trôade, onde estivemos sete dias”. No primeiro dia da semana, ajuntando-se os discípulos para partir o pão, Paulo, que havia de partir no dia seguinte, falava com eles; e alargou a prática até à meia-noite (At 20.6, 7). 106

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Comentando este episódio, escreve Huberto Rohden, um dos mais abalizados biógrafos de Paulo: “Passaram nesta cidade o primeiro dia da semana, que já nesse tempo era chamado o ‘Dia do Senhor’ (domingo), como se vê pela narração de Lucas”.46 Note-se que Paulo passou a semana toda em Trôade e só no primeiro dia da semana é que os discípulos se reuniram para “partir o pão”, certamente como toda a Igreja já o fazia desde a Ressurreição. Domingo era o dia da maior reunião da Igreja, desde o dia de Pentecostes; tanto na cidade de Corinto (Europa), como em todas as cidades da Galácia (Ásia). Seria, portanto, o dia mais adequado para levantar-se uma generosa coleta. Certamente para aproveitar essa boa ocasião é que Paulo determinou: “Ora, quanto à coleta que se faz para os santos, fazei vós também o mesmo que ordenei às igrejas da Galácia. No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade, para que se não façam as coletas quando eu chegar”. (1 Co 16.1, 2). 9. Domingo, o principal dia da semana

Quem lê o Novo Testamento grego nota uma significativa diferença entre o primeiro dia escrito em Mc 16.2, para a grafia do primeiro dia em Mc 16.9. ROHDEN, Huberto. Paulo de Tarso: o maior bandeirante do Evangelho. 3. ed. Ed. Pan-Americana. p. 257. 46

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Citação Mc 16.2:

Original grego Και λιαν πρωι τε µιαν τον σαββατον

Transliteração “Kai lian prôi te mian ton sabbaton

Tradução E bem cedo, no primeiro dia da semana.

Mc 16.9:

Αναστασ δε πρωι πρωτη σαββατον

Anatás dè prôï prôte sabbaton

Ressuscitado bem cedo no principal dia da semana

Analisemos agora a diferença do versículo 2 para o versículo 9 no original grego citado: No v. 2, Marcos usa o cardinal mian, no sentido cronológico, isto é, 1.º, anterior ao 2.º. No v. 9, Marcos não usa mais o vocábulo mian. Usa prôte: primeiro, no sentido de honra ou dignidade, como veremos nas citações abaixo: Mt 20.27: “Aquele que quiser ser o primeiro. (Prôtos, o mais importante), seja o que vos serve”. At 13.50: “Os principais da cidade” (Prôtos) Lc 19.47: “Os principais do povo”. (Prôtos). Mc 12.28 a 31: “(...) Qual é o principal (Prôtos) de todos os mandamentos? (prwth, prôte, o principal) é: Ouve, ó Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor! Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força. O segundo é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que este”. Temos aí a correta tradução do adjetivo ordinal, prôte, como principal, na versão de Almeida Revista e Atualizada. Traduzindo Mc 16.9, como acima, lemos: “Tendo Jesus ressuscitado no principal dia da semana”. Ou ainda: “Tendo Jesus ressuscitado no mais nobre dia da semana”, pois prôte também significa: supremo, mais nobre, ou mais importante, conforme traduzem os bons dicionários 108

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Grego–Português, como os de Isidro Pereira e W. C. Taylor, e Grego–Inglês, com os de W. E. Vine e o Exposity Dictionary of New Testament Words. Nós também usamos o ordinal “primeiro” significando principal ou mais importante, quando dizemos: “Meu filho é o primeiro da turma”, “Ela é a primeira dama do estado!”. Se dermos ao adjetivo primeira um sentido cronológico neste último caso, estaremos insultando a esposa do governador! Considerando a consistência dos argumentos já mencionados, repetimos o desafio do Senhor: “Vinde e arrozoemos, diz o Senhor”, Is 1.18. Qual o dia mais adequado para o culto cristão? O sábado, dia em que Deus terminou a criação do mundo que veio a se perder, ou o domingo, dia em que Jesus, tendo ressuscitado, concluiu a obra da salvação do mundo? O sábado, dia que comemora a libertação política do povo de Israel (Nm 15.5), ou o domingo, dia em que Jesus ressuscitou, assegurando a verdadeira liberdade, não só para Israel, mas também para toda a humanidade que se havia perdido? “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente, sereis livres” (Jo 8.32, 36).

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VII – Breves respostas aos argumentos adventistas sobre o sétimo dia

1. Devem os cristãos guardar o sábado do sétimo dia?

R: Só os israelitas têm o dever de guardá-lo. “Porque te lembrarás que foste servo na terra do Egito e que o Senhor, Teu Deus, te tirou dali com mão forte (...) pelo que o Senhor, Teu Deus, te ordenou que guardasses o dia de sábado” (Dt 5.15). “Todo aquele que nele fizer qualquer trabalho será morto” (Êx 35.2-b). “Os filhos de Israel acharam um homem apanhando lenha no dia de sábado (...). Então disse o Senhor: Tal homem será morto (...) e o apedrejaram até que morreu” (Nm 15.32-36). 2. Por que só os israelitas devem guardar o sábado, e não também os cristãos?

R: Porque os cristãos jamais receberam mandamento algum, de Jesus ou dos apóstolos, para guardar qualquer dia. Pelo contrário, Paulo afirma que guardar dias é rudimento fraco e pobre e que, se alguém quiser fazê-lo, faça-o; se não quer, fique tranqüilo. 111

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“Mas, agora, conhecendo a Deus (...) como é possível voltardes, novamente, a estes rudimentos fracos e pobres. Guardais dias, e meses, e tempos e anos” (Gl 4.9, 10). “Ninguém vos julgue por questões (...) dos dias de festas ou de lua nova ou de sábados, que são apenas sombras das coisas que haveriam de vir, mas a realidade é o corpo de Cristo” (Cl 2.16,17). “Há quem faça diferença entre dia e dia, e há quem ache todos os dias iguais: cada qual siga sua convicção” (Rm 14.5). 3. As festas judaicas (os sábados anuais) é que cessaram, mas não o sábado semanal

R: Não é verdade. Paulo escreveu claramente: “Ninguém vos julgue por questões (...) dos dias de festas (cerimônias, anuais, como a páscoa, tabernáculos); ou de lua nova (cerimônias mensais); ou de sábados (cerimônias semanais). “Guardais dias (sábado), e meses (luas novas), e tempos (festas anuais como a páscoa), e anos (ano sabático, ano do jubileu)” (Gl 4.9, 10; Lv 25.9-54). 4. Por que considerar as festas judaicas e o sábado como figuras ou sombras?

R: Porque a Bíblia assim o afirma. Essas figuras eram tipos das realidades que se haveriam de cumprir (e se cumpriram), em Jesus, o Messias, como está escrito: “Tendo a lei a sombra dos bens futuros e não a imagem real das coisas (...)” (Hb 10.1). Ora, tudo isto lhes sobreveio como figuras, e estão escritas 112

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para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos séculos (1 Co 10.11). Por exemplo: a) o sangue do Cordeiro da Páscoa, nos umbrais das portas, livrava da morte quem estava na casa (Êx 12.21-24). Era tipo ou figura do sangue do “Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo” que nos livra da morte eterna (Jo 1.29; Ap 5.8, 9). b) o sábado, descanso para os homens e os animais (Dt 5.14, 15), é sombra ou figura de Cristo, o verdadeiro descanso para nossas almas: “Vinde a mim os que estais cansados e oprimidos (...) e encontrareis descanso (sábado) para vossas almas” (Mt 11.28, 29). (Sábado, em hebraico, significa descanso.) 5. O sábado está na “Lei Moral”, a lei das tábuas de pedra, e por isso deve ser guardado

R: A lei das tábuas de pedra não é a “lei moral”. Paulo a chama “ministério da morte”. “Deus (...) nos fez também capazes de ser ministros dum Novo Testamento, não da letra, mas do Espírito; porque a letra mata, e o Espírito vivifica. (...) E, se o ministério da morte, gravado com letras em pedras, veio em glória (...)” (2 Co 3.4-7). A lei moral está presente em toda a Bíblia, de Gênesis ao Apocalipse, e os seus mandamentos mais importantes, no dizer de Jesus, estão fora das tábuas de pedra, em meio a mandamentos cerimoniais: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento Este é o primeiro e grande mandamento” (Mt 22.37-40, citando: Dt 6.5); “E o segundo é semelhante 113

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a ele: Amarás a teu próximo como a ti mesmo” (Mc 12.31, citando Lv 19.6-8). 6. Por que dizer que a guarda do sábado do sétimo dia é um mandamento cerimonial?

R: Porque os argumentos apresentados no Capítulo IV o comprovam, assim como estes dois que acrescentamos: a) a guarda do sábado é apresentada como um “sinal” entre Deus e o povo de Israel. “Certamente guardareis meus sábados, porquanto isso é um sinal entre mim e vós nas vossas gerações”; “Guardarão, pois, o sábado os filhos de Israel, celebrando o sábado nas suas gerações por concerto perpétuo” (Êx 31.13, 16).

Nenhum mandamento moral pode ser sinal entre Deus e algum povo. Os mandamentos morais, como não matar, não roubar, amar a Deus e honrar os pais são deveres de todos os povos. Porém, guardar o sábado, circuncidar o filho e celebrar a páscoa são deveres apenas dos judeus, assim como batizar-se os que crêem e celebrar a Santa Ceia são ordenanças características dos cristãos. b) os mandamentos das “tábuas de pedra” foram todos eles repetidos e confirmados no Novo Testamento por Jesus e pelos seus apóstolos, menos o quarto. Por quê? Porque guardar o sábado é um preceito cerimonial. Comprove as citações a seguir: 114

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Mandamento Antigo Testamento Confirmação no Novo Testamento

1.º

20:2, 3

Mc 12.29 e mais 50 vezes

2.º

20:4

1 Jo 5:21 e mais 12 vezes

3.º

20:7

Tg 5:12 e mais 4 vezes

4.º

20:3-11

5.º

20:12

Ef 6.1-3 e mais 6 vezes

6.º

20:13

Rm: 13:9 e mais 6 vezes

7.º

20:14

1 Co 6, 9, 10 e mais 12 vezes

8.º

20:15

Ef 4:26 e mais 6 vezes

9.º

20:16

Cl 3.9 e mais 4 vezes

10.º

20:17

Ef 5:3 e mais 9 vezes

Nenhuma repetição, somente censuras!

7. O sábado é tão importante que foi mencionado 60 vezes no Novo Testamento

R: Embora mencionado tantas vezes, nenhuma vez sequer Jesus (ou os seus apóstolos) recomendou a guarda do sábado pelos cristãos, nem advertiu sobre a sua violação. Pelo contrário, dos 58 versículos que trazem a palavra sábado, 44 deles se ocupam, apenas, em descrever a polêmica que Jesus sempre manteve com os judeus combatendo a sabatolatria. João o cita 11 vezes, e todas elas em contextos depreciativos. As Epístolas, que foram escritas justamente para orientar a conduta dos cristãos, o mencionam apenas uma vez, e mesmo esta para nos isentar da obrigação de guardá-lo. 115

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“Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados, que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo” (Cl 2.16, 17). 8. As mulheres repousaram no sábado, conforme o mandamento (Lc 23.56). Isso prova que o sábado era guardado nos anos 60, quando Lucas escreveu o seu Evangelho

R: Lucas também diz, nos mesmos anos 60, que Jesus foi circuncidado ao oitavo dia e que Maria se “purificou oferecendo o sacrifício dos dois pombinhos, conforme o mandamento”, como o que está escrito na lei do Senhor (todo macho primogênito será consagrado ao Senhor), “e para darem a oferta segundo o disposto na lei do Senhor: um par de rolas ou dois pombinhos” (Lc 2: 21-24). Se devermos guardar o sábado porque Lucas nos anos 60 disse que as santas mulheres o guardaram, deveremos circuncidar nossos filhos ao oitavo dia, e oferecer o sacrifício dos dois pombinhos, tal como Maria, mãe de Jesus, o fez também (segundo o que está disposto na lei do Senhor). Lucas, nos idos dos anos 60, estava narrando fatos ocorridos nos anos 30, quando a obrigação de todo israelita era guardar o sábado (pois era grande o dia de sábado), como relembra João (Jo 19.31). O sábado ainda era importante, Jesus ainda não havia ressuscitado. O domingo ainda não existia! 116

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9. Jesus, sabendo que o sábado seria guardado depois da sua ressurreição, disse:

“E orai para que a vossa fuga não aconteça no inverno nem no sábado.” (Mt 24.20.)

R. 1: A preocupação de Jesus, ao dizer essas palavras, não era a guarda do sábado, coisa com a qual ele nunca se preocupou, jamais recomendou, e sempre foi motivo de polêmica entre Ele e os judeus, a ponto de estes quererem matá-lo: “Porque não só quebrantava o sábado, mas também dizia que Deus era o seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus” (Jo 5.18).

R. 2: Nesse trecho do sermão profético (Mt 24.16-20), o Senhor anunciava a destruição de Jerusalém e, sendo sabedor da crueldade do exército romano, orientava seus ouvintes para minimizar-lhes os sofrimentos durante a fuga inevitável, com as seguintes advertências: 1.º Versículo 16 – “Quando virdes que a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, está no lugar santo (quem lê, que entenda), então, os que estiverem na Judéia, fujam para os montes”.

Quem estivesse fora da cidade, não procurasse voltar; 2.º Versículo 17 – “E quem estiver sobre o telhado não desça a tirar alguma coisa de sua casa”; 3.º Versículo 18 – “E quem estiver no campo não volte atrás a buscar as suas vestes”. 117

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Nessas recomendações, Jesus não estava proibindo as pessoas de salvarem seus pertences, suas vestes, apenas lhes advertia da urgência de fugirem rapidamente; 4.º Versículo 19 – “Mas ai das grávidas e das que amamentarem naqueles dias!”

(Jesus não estava criticando nem ameaçando as mulheres, porque amamentavam, ou porque estavam grávidas. Apenas lamentou o sofrimento das nutrizes e das gestantes em fuga, levando crianças de colo, ou com os naturais problemas da gestação, sujeitas a tropeçar, abortar ou serem violentadas pelos impiedosos soldados romanos); 5.º Versículo 20 – “E orai para que a vossa fuga não aconteça no inverno nem no sábado”.

Qual a inconveniência de fugir no inverno ou no sábado? No inverno, é que, na pressa da fuga, (“e quem estiver no campo não volte atrás a buscar as suas vestes”), não poderiam levar os agasalhos indispensáveis contra o frio intenso daquela região inóspita. No sábado, é que todas as cidades judaicas fechavam suas portas, conforme Neemias ordenara: “Sucedeu, pois, que, dando já sombra nas portas de Jerusalém antes do sábado, ordenei que as portas fossem fechadas; e mandei que não as abrissem até passado o sábado” (Ne 13:19).

Assim sendo, além de serem surpreendidos no templo ou nas sinagogas, as vítimas ficariam em campo aberto (então, os que estiverem na Judéia, fujam para os montes) à mercê 118

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dos seus perseguidores. Por motivos bem menores Jesus justificou a quebra do sábado. “Respondeu-lhe, porém, o Senhor, e disse: Hipócrita, no sábado não desprende da manjedoura cada um de vós o seu boi, ou jumento, e não o leva a beber?” (Lc 13:15.)

Observação: Se o versículo: “Orai para que a vossa fuga não aconteça no inverno nem no sábado” significasse que devemos guardar o sábado, significaria também que devemos guardar o inverno. 10. O apóstolo Paulo pregava aos sábados nas sinagogas (Atos 13:44)

R.: Paulo apenas aproveitava o dia das reuniões dos judeus nas sinagogas para pregar o Evangelho, tanto a estes como aos gentios. “E, saídos os judeus da sinagoga, os prosélitos gentios rogaram que no sábado seguinte lhes fossem ditas as mesmas coisas” (Atos 13:42). Seria inútil ir à sinagoga no domingo, quando não havia reunião. De igual modo, quando Paulo foi ao areópago, em Atenas, não o fez porque cultuasse os ídolos, mas para aproveitar a reunião dos curiosos atenienses que, segundo Lucas, “de nenhuma outra coisa se ocupavam, senão de dizer e ouvir alguma novidade” (Atos 17:21), e pregar-lhes o Evangelho. Em se tratando, porém, de reuniões da Igreja, eram realizadas no domingo como veremos abaixo: 119

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a) a reunião para a busca do “revestimento de poder do alto” (o batismo no Espírito Santo) como Jesus havia recomendado: “Pois, se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?” “E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder” (Lc 11:13 e 24:49). Porque João batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias”. (At 1:5.) “Cumprindo-se o dia de pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar” (At 2:1). (Pentecostes era obrigatoriamente um domingo, como já vimos quando mostramos o domingo prefigurado na lei, à p. 29). b) a Santa Ceia (At 20.7). “No primeiro dia da semana, ajuntando-se os discípulos para partir o pão, Paulo, que havia de partir no dia seguinte, falava com eles; e alargou a prática até à meia-noite” (At 20:7). c) a coleta em favor dos pobres (1 Co 16:1-2). “Ora, quanto à coleta que se faz para os santos, fazei vós também o mesmo que ordenei às igrejas da Galácia. No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar (...), para que se não façam as coletas quando eu chegar” (1 Co 16:1-2). O sábado, porém, continuou a ser o dia do culto judaico, como expôs Tiago no debate do ano 51 em Jerusalém: “Porque Moisés, desde os tempos antigos, tem em cada cidade quem o pregue, e cada sábado é lido nas sinagogas” (At 15:21). 120

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11. O santo sábado será observado na Nova Terra por toda a eternidade

“E será que desde uma lua nova até à outra, e desde um sábado até ao outro, virá toda a carne a adorar (...), diz o Senhor” (Is 66:23).

R.: “Desde uma lua nova até à outra, e desde um sábado até ao outro”, significa que a adoração será ininterrupta; toda a semana, todo o mês, eternamente, e não apenas nos sábados ou nos dias de festa. No novo céu e na nova terra não haverá sol nem lua, nem dia, nem noite, nem sábado, nem domingo, nem lua nova, nem mês, nem ano (Ap 22.5), nem ficaremos cansados; conseqüentemente, não precisaremos de sábado (repouso). “Nunca mais te servirá o sol para luz do dia nem com o seu resplendor a lua te iluminará” (Is 60:19). “E vi uma nova terra... Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram...” “E a cidade não necessita de sol nem de lua... porque a glória de Deus a tem iluminado, e o Cordeiro é a sua lâmpada; E as suas portas não se fecharão de dia, porque ali não haverá noite” (Ap 21:1, 23,25).

Além disso, se fôssemos guardar o sábado na Nova Terra, como alguns ensinam, iríamos também guardar as “luas novas”, “Desde uma lua nova até a outra (...)” num lugar onde a bíblia diz que não haverá lua, nem sol (Ap 21.23). 121

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12. Por que os judeus queriam matar Jesus?

R. Por dois motivos: 1.º porque ele violava o sábado (foi o próprio apóstolo João quem declarou esta verdade, e não os judeus, como querem alguns). “Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não somente violava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus” (Jo 5.18).

Quem está dizendo isso é João, e não os judeus. Os judeus, escreve João, “procuravam matá-lo”! Jesus podia violar o sábado, porque, além de o sábado ser apenas uma “sombra”, era também Servo de Cristo. “E disse-lhes: O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado. Assim, o Filho do Homem até do sábado é senhor” (Mc 2:27-28);

2.º porque se fazia igual a Deus. E, realmente ele é Deus! “E sabemos que já o Filho de Deus é vindo e nos deu entendimento para conhecermos o que é verdadeiro; e no que é verdadeiro estamos, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna” (1 Jo 5.20).

Se Jesus viesse hoje à terra, talvez não fosse recebido em algumas igrejas cristãs, porque violava o sábado. E as supostas 122

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“testemunhas de Jeová” certamente o tratariam como um herege, porque “dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus” (Jo 5.16-18). Somos julgados por alguns irmãos, porque não guardamos o sábado, porque comemos carne, ou carne de porco, porque tomamos café, fazemos isso ou aquilo... Mas estamos em boa companhia. Jesus também sofreu esse tipo de julgamento. Os judeus o criticavam pela sua maneira de comer, de beber e de se relacionar com os pecadores, além de desejarem matá-lo porque quebrantava o sábado. Mas Jesus recriminou-lhes a santimônia com esta irônica observação: “Porque veio João Batista, que não comia pão nem bebia vinho, e dizeis: Tem demônio; veio o Filho do homem, que come e bebe, e dizeis: Eis aí um homem comilão e bebedor de vinho, amigo dos publicanos e pecadores” (Lc 7:33, 34; Jo 5.17,18).

E sobre a guarda do sábado, os judeus murmuravam, maledicentes: “Este homem não é de Deus, pois não guarda o sábado” (Jo 9.16); “E, por essa causa, os judeus perseguiram Jesus e procuravam matá-lo, porque fazia essas coisas no sábado”; E Jesus lhes respondeu: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também” (Jo 5.16-17); 123

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“Mas, se vós soubésseis o que significa: Misericórdia quero e não sacrifício, não condenaríeis os inocentes. Porque o Filho do Homem até do sábado é Senhor” (Mt 12.7,8);

A você, meu leitor, e a todos os sinceros servos de Deus que se deixaram envolver pelas doutrinas de modernos judaizantes, ou por outras modernices, lembramos esta advertência de Paulo: “E eu, irmãos, apliquei essas coisas, por semelhança, a mim e a Apolo, por amor de vós, para que, em nós, aprendais a não ir além do que está escrito” (1 Co 4,6). “Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam corrompidos os vossos sentidos e se partem da simplicidade que há em Cristo” (2 Co 11,3).

Disse Jesus: “Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor. Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei a tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres” (Ap 2.5).

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VIII – Bibliografia

(Textos dos originais hebraicos, gregos e latinos) BEM ASHER HEBREW TEXT, Versão da Bíblia Online 2.01. BYZANTINE MAJORITY GREEK TEXT, Versão da Bíblia Online 2.0, 1999. GREEK NEW TESTAMENT, by Dr. Erwin Nestle, 16. ed., 1936. GREEK NEW TESTAMENT, by Kurt Aland, Matthew Black, Carlo M. Martini, 3. ed, 1976. GREEK NEW TESTAMENT, Zane C. Hodges, Acording to the Majority Text, 2. ed., 1985. Hodges & Arthur L. Farstad, Thomas Nelson Publishers, Nashville Camden, New York. IUXTA VULGATAM VERSIONEM, Robertus Weber, Ed. Altera Eemendata, Stuttgart, 1975. LOS PADRES APOSTOLICOS (Grego–Espanhol), Barcelona, Edições CLIE, 1990. MODERN GREEK UNACCENTED, Versão da Bíblia Online 2.0, 1999. O NOVO TESTAMENTO GREGO ANALÍTICO, Ed. Vida Nova, 1980. SEPTUAGINTA (H Pallaia Diaϑhke = H Pallaia DiaJhke), Stuttgart, Deutsche Bibbelgesellscshaft, 1979. SYNOPSIS QUATTUOR EVANGELIOROM, Editio tertia decima revisa, Deutsche Bibelgesellschaft, Stuttgart, 1985. Versões Católicas da Bíblia Todas as versões citadas abaixo contêm comentários e notas de rodapé. A título de curiosidade, transcreveremos a apresentação da primeira edição de Figueiredo. “A BÍBLIA SAGRADA. Traduzida em portuguez segundo a Vulgata Latina illustrada com prefações notas e lições variantes dedicada a EL REI NOSSO SENHOR por Antonio Pereira de Figueiredo Oficial que foi das Cartas Latinas de Secretaria d’Estado e Deputado da Real Meza da Comissão Geral sobre o exame e censura dos livros. Lisboa,

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MDCCCXVIIII (1819!). Na oficina da Acad. R. das Sciencias. Com a licença da Meza do Desembargo do Paço, e Privilegio. Vende-se na Loja da Viuva Bertrand e filhos. Rua dos Martyres n.º 45”. A Bíblia – No princípio (Gênesis). Trad. André Chouraqui, Imago Editora Ltda., 1995. Antonio Pereira de Figueiredo, Ed Barsa, 1967 Bíblia de Jerusalém (edição em língua portuguesa), Ed. Paulinas, 1981. Bíblia Pastoral Sociedade Bíblica Internacional, Ed. Paulinas, 4. impres., 1990. Die Bibel Gesam Tausgabe, 1980, Katholisch Bibelanstalt-GmbH Stuttgart. Huberto Rohden (Novo Testamento), 4. ed., Ed. União Cultural Editora Ltda., 1935. João José Pedreira de Castro, Ed. Vozes, 1948. La Bíblia Dios Habla Hoy com Deuterocanónicos, Ed. CELAM, 1979. Mateus Hoepers (Novo Testamento), 5. ed., Ed. Vozes, 1982. Matos Soares, Ed. Paulinas, 1988. Padres Beneditinos Maredsous, Ed. Ave Maria, Edição Claretiana, 1984. TEB (Tradução Ecumênica da Bíblia), Ed. Loyola, 1995. Versão Ecumênica de Taizé Ed. Herder, 1970. Vicente Zione (Novo Testamento), Ed. Pia Sociedade de São Paulo, 1950. Versões Evangélicas da Bíblia

A Bíblia na Linguagem de Hoje 1992, 1998. A Bíblia Viva (Paráfrase), 19. ed., Associação Religiosa, Editora Mundo Cristão, 1981. Almeida João Ferreira, ed. contemp., Ed. Vida, 1992. _______, ed. rev., 1987. _______, ed. rev. e atual., 1993. _______, ed. rev. e corr. 1995. Good News Bible – American Bible Society, 1976. Imprensa Bíblica Brasileira, 1937. Imprensa Bíblica Brasileira, 1974 (de acordo com os melhores textos em hebraico e grego). La Sainte Bible Traduits sur les Textes originaux Hébreu et Grec, Ed. Paris, 58, Rue de Clichy, 1949. La Santa Biblia, antiga version de Reina (1569), revisada por Cipriano Valera em 1602. Nova Versão Internacional da Bíblia (NVI), Novo Testamento, 1998. Tradução da Imprensa. Bíblica Brasileira, de acordo com os melhores textos em hebraico e grego, 1962. Versão revisada da tradução de Almeida de acordo com os melhores textos em hebraico e grego, com concordância bíblica abreviada, 25. ed., 2. impres., 1967.

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