O Prazer E O Risco Das Ferias

  • July 2020
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O PRAZER E O RISCO DAS FÉRIAS1 Não sei precisar há quanto tempo, mas ainda lembro da época do meu pai, em que as pessoas entravam numa empresa logo que terminavam a escola. Faziam faculdade, mas não existia estágio. Mais ou menos seguia fazendo a mesma coisa e, a aproximação da formatura, vingava, eventualmente, um aumento de salário por conta disto. As promoções eram muito mais por tempo de serviço que por, exatamente, competência. Mas isto faz tempo e, se as pessoas não saíam de férias, era muito menos por medo de perderem seus lugares e mais porque se consideravam – e às vezes eram

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insubstituíveis. Os tempos mudaram. Os estágios deixaram de ser uma simples forma de reduzir despesas e as empresas passaram a explorar, no bom sentido do termo, o que esses jovens e cheios de vontade de mostrar a que vieram, têm a contribuir. Os cargos e seus ocupantes já não eram mais tão irreparáveis e, até o que o velho e o novo aprenderam a conviver e passaram a somar. Se afastar da empresa virou uma pontinha de angústia. Mas as pessoas saíam e voltavam renovadas e era um tal de tudo outra vez! Com essa novidade nem tão nova assim, chamada Globalização, que já não usa mais elmos e espadas, nem balas de canhão com o objetivo de unificar o mundo, parece ter provocado uma mudança tão frenética que tudo muda o tempo todo. E haja fôlego para acompanhar. O entra e sai de estagiários já faz parte da rotina. Depois deles vieram os trainees, os executivos juniors, os funcionários submetidos aos processos de desenvolvimento de talentos e por aí vai. A multifuncionalidade é a bola da vez e ser especialista já não diz muita coisa. O negócio é ser flexível, estar disponível, buscar melhorias sempre, inclusive para o que está bom, porque se faltam novas idéias, podem surgir novos concorrentes e não é possível perder tempo. Às vezes nem importa o que se lê, o que se está oferecendo de novidade. Importa..., importa o que mesmo? E neste contexto, como ficar afastado da empresa por vinte ou trinta dias, de férias? Há tempos tenho ouvido o quanto as pessoas se sentem privadas do direito de descansar. Programar uma viagem, dizer que não fez nada no fim de semana, caminhar descalço pela grama e desejar desfrutar os dias de direito, propícios ao “só vou fazer na hora que der vontade”, em algumas empresas é quase uma ofensa para quem fica. Mas, onde se compensa esse tempo necessário para renovar, recarregar as baterias, viver a saudade na mesa no escritório, dos colegas de trabalho, do chefe que todo mundo aprende a lidar um dia qualquer? Como dar espaço para absorver novos conhecimentos, Morgana Mengue Saft é Psicóloga Organizacional, da CONEXÃO Organizacional, de Novo Hamburgo/RS 1

Desenvolvimento

de verdade, e não um monte de informações que entram quase sem possibilidade de serem digeridas porque logo vem outra. Ouvimos a ambivalência entre o desejo de estacionar o ritmo e escolher outra freqüência por uns dias, versus o medo de encontrar seu lugar ocupado no retorno. As pessoas já saem cansadas e preocupadas. Os primeiros dias servem para que a tomada seja desligada devagar, sem sustos. O meio das férias – alguns conseguem, pode acreditar – é de relax total. Quando se aproxima aquele domingo fatídico, que precede a segunda-feira mortal, o coração bate mais rápido, dá vontade fazer os ponteiros do relógio retroceder e deixar que o grito de “alguém me salva” possa se esvair garganta a fora. Assim tem sido para algumas pessoas. C’est la vie! Momentos de crise ocasionam mudanças e demandam aprendizagem coletiva. Empresas e funcionários quando aprendem juntos, podem ser felizes juntos, e isto é um fato! Um contrato de trabalho é assinado por ambas as partes e, quando cada uma sabe o que lhe compete, embarcar em canoas furadas que te deixarão no meio do rio passa a ser uma escolha, não um acidente. Então, tirar férias é um direito e uma recompensa merecida. Não hesite!

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