O Perigo Das Riquezas Na Biblia

  • June 2020
  • PDF

This document was uploaded by user and they confirmed that they have the permission to share it. If you are author or own the copyright of this book, please report to us by using this DMCA report form. Report DMCA


Overview

Download & View O Perigo Das Riquezas Na Biblia as PDF for free.

More details

  • Words: 5,106
  • Pages: 18
306

24 O perigo das riquezas Avarento 1 que ou aquele que é obcecado por adquirir e acumular dinheiro; sovina 2 que ou quem não é generoso; etim avaro + -ento; acanhado, agarrado, agiota, arrepanhado, avaro, ávido, cainho, cajueiro, canguinhas, canguinho, canhengue, casca, casquinha, catinga, catingueiro, cauíla, cauíra, chifre-decabra, cigalheiro, cobiçante, cobiçoso, come-em-vão, cúpido, engadanhado, escasso, esganado, filárgiro, foca, fomenica, fominha, fona, forra-gaitas, forreta, fuinha, futre, gaveteiro, ginja, guardonho, guardoso, harpagão, iliberal, ingeneroso, manicurto, mão-de-finado, mão-de-leitão, mão-de-vaca, mão-fechada, mãos-atadas, mesquinho, migalheiro, mingolas, mirra, miserável, mísero, mitra, miúdo, mofino, morrinha, morto-a-fome, munhecade-samambaia, muquira, muquirana, onzenário, onzeneiro, pãoduro, pelintra, pica-fumo, pirão-na-unha, piroca, resmelengo, rezina, rídico, ridículo, seguro, socancra, somítico, sórdido, sorrelfa, sovelão, sovina, tacanho, tamanduá, tenaz, tranca, unhaca, unha-de-fome, unhas-de-fome, unhas, usurário, usureiro, vilão, vinagre, zura, zuraco. Mt 6,19 Não acumuleis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem os corroem e os ladrões arrombam os muros, a fim de os roubar. 20 Acumulai tesouros no Céu, onde a traça e a ferrugem não corroem e onde os ladrões não arrombam nem furtam. 21 Pois, onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração. Mt 6,24 Ninguém pode servir a dois Senhores. Com efeito, ou odiará um e amará o outro, ou se apegará ao primeiro e desprezará o segundo. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro. Lc 16,13 Ninguém pode servir a dois Senhores: com efeito, ou odiará um e amará o outro, ou se apegará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro. Mt 13,22 Aquele que recebeu a semente entre espinhos é o que ouve a palavra, mas os

307

cuidados deste mundo e a sedução da riqueza sufocam a palavra que, por isso, não produz fruto. Lc 8,14 A que caiu entre espinhos são aqueles que ouviram, mas, indo pelo seu caminho, são sufocados pelos cuidados (do mundo), pela riqueza, pelos prazeres da vida e não chegam a dar fruto. Lc 12,15 Depois lhes disse (Jesus): “precavei-vos cuidadosamente de qualquer cupidez (avareza), pois, mesmo na abundância, a vida do homem não é assegurada por seus bens”.

24.1 Amor aos pobres X amor as riquezas §2445 O amor aos pobres é incompatível com o amor imoderado das riquezas ou o uso egoísta delas: “Pois bem, agora vós, ricos, chorai e gemei por causa das desgraças que estão para vos sobrevir. Vossa riqueza apodreceu e vossas vestes estão carcomidas pelas traças. Vosso ouro e vossa prata estão enferrujados, e sua ferrugem testemunhará contra vós e devorará vossas carnes. Entesourastes como que um fogo nos tempos do fim! Lembrai-vos de que o salário, do qual privastes os trabalhadores que ceifaram vossos campos, clama, e os gritos dos ceifeiros chegaram aos ouvidos do Senhor dos exércitos. Viveste faustosamente na terra e vos regalastes; vós vos saciastes no dia matança. Condenastes o justo e o pusestes à morte: ele não resiste”. Tg 5,1-6 .

24.2 Felicidade X riquezas §1723 A prometida bem-aventurança nos coloca diante de escolhas morais decisivas. Convida-nos a purificar nosso coração de seus maus instintos e a procurar o amor de Deus acima de tudo. Ensina que a verdadeira felicidade não está nas riquezas ou no bem-estar, nem na glória humana ou no poder, nem em qualquer obra humana, por mais útil que seja, como as ciências, a técnica e as artes, nem em outra criatura qualquer, mas apenas em Deus, fonte de todo bem e de todo amor.

308

A riqueza é o grande deus atual; a ela prestam homenagem instintiva a multidão e toda a massa dos homens. Medem a felicidade pelo tamanho da fortuna e, segundo a. fortuna, medem também a honradez... Tudo isto provém da convicção de que, tendo riqueza, tudo se consegue. A riqueza é, pois, um dos ídolos atuais, da mesma forma que a fama... A fama, o fato de alguém ser conhecido e fazer estardalhaço na sociedade (o que poderíamos chamar de notoriedade da imprensa), chegou a ser considerada um bem em si mesma, um sumo bem, um objeto, também ela, de verdadeira veneração.

24.3 Liberdade do coração necessária para entrar no Reino

diante

das

riquezas

§2554 O batizado combate a inveja pela benevolência, pela humildade e pelo abandono nas mãos da Providência divina. §2556 O desapego das riquezas é necessário para entrar no Reino dos Céus. “Bem-aventurados os pobres de coração.”

24.4 Paixão desordenada pelas riquezas §2536 O décimo mandamento proíbe a avidez e o desejo de uma apropriação desmedida dos bens terrenos; proíbe a cupidez desmedida nascida da paixão imoderada das riquezas e de seu poder. Proíbe ainda o desejo de cometer uma injustiça pela qual se prejudicaria o próximo em seus bens temporais: Quando a Lei nos diz: “Não cobiçarás“, ordena-nos, em outros termos, que afastemos nossos desejos de tudo aquilo que não nos pertence. Pois a sede dos bens do próximo é imensa, infinita e nunca saciada, como está escrito: “Quem ama o dinheiro nunca se saciará de dinheiro” (Ecl 5,9)

24.5 Explicação da parábola do semeador. Mt 13,18“Escutai, pois, a parábola do semeador. 19 Quando um homem ouve a palavra do Reino e não compreende, chega o maligno e apodera-se do que foi semeado no seu coração. Este

309

é o que recebeu a semente à beira do caminho. 20 Aquele que recebeu a semente em sítios pedregosos é o que ouve a palavra e a acolhe, de momento, com alegria; 21 mas não tem raiz em si mesmo, é inconstante: se vier a tribulação ou a perseguição, por causa da palavra, sucumbe logo. 22 Aquele que recebeu a semente entre espinhos é o que ouve a palavra, mas os cuidados deste mundo e a sedução da riqueza sufocam a palavra que, por isso, não produz fruto. 23 E aquele que recebeu a semente em boa terra é o que ouve a palavra e a compreende: esse dá fruto e produz ora cem, ora sessenta, ora trinta.”a

24.6 O jovem rico Mt 19,16 Aproximou-se dEle um jovem e disse-lhe: “Mestre, que hei-de fazer de bom, para alcançar a vida eterna?” 17 Jesus respondeu-lhe: “Porque me interrogas sobre o que é bom? Bom é um só. Mas, se queres entrar na vida eterna, cumpre os mandamentos.” 18 “Quais?” - perguntou ele. Retorquiu Jesus: Não matarás, não cometerás adultério, não roubarás, não levantarás falso testemunho, 19 honra teu pai e tua mãe; e ainda: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. 20 Disse-lhe o jovem: “Tenho cumprido tudo isto; que me falta ainda?” 21 Jesus respondeu: “Se queres ser perfeitob, vai, vende o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no Céu; depois, vem e segue-me.” 22 Ao ouvir isto, o jovem retirou-se contristado, porque possuía muitos bens. 23 Jesus disse, então, aos discípulosc: “Em verdade vos digo que dificilmente um rico entrará no Reino do Céu. 24 Repito-vosd: É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que um rico entrar no Reino do Céu.” 25Ao [a] || Mc 4,13-20; Lc 8,11-15 [b] Ser perfeito entende-se da perfeição de todo aquele que, seguindo Jesus, cumpre toda a Lei (v. 18-19; 5, 17.48). Essa fiel correspondência pode entender-se como reservada aos colaboradores mais próximos de Jesus, chamados a renunciar às preocupações da família (v. 12) e das riquezas (6,19-21; 8, 19-20). [c] Jesus lembra o obstáculo das riquezas para quem quer alcançar a vida eterna, mas não impõe a pobreza como regra para ser seu discípulo. Ele chama mesmo pessoas de elevada condição social, sem exigir delas o abandono total da sua posição.

310

ouvir isto, os discípulos ficaram estupefatos e disseram: “Então, quem pode salvar-se?” 26Fixando neles o olhar, Jesus disse-lhes: “Aos homens é impossível, mas a Deus tudo é possível.”a

24.7 O homem rico Mc 10, 17Quando se punha a caminho, alguém correu para Ele e ajoelhou-se, perguntando: “Bom Mestre, que devo fazer para alcançar a vida eterna?” 18 Jesus disse: “Porque me chamas bom? Ninguém é bom senão um só: Deus. 19Sabes os mandamentos: Não mates, não cometas adultério, não roubes, não levantes falso testemunho, não defraudes, honra teu pai e tua mãe.” 20Ele respondeu: “Mestre, tenho cumprido tudo isso desde a minha juventude.” 21 Jesus, fitando nele o olhar, sentiu afeição por ele e disse: “Falta-te apenas uma coisa: vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no Céu; depois, vem e segue-me.” 22Mas, ao ouvir tais palavras, ficou de semblante anuviado e retirou-se pesaroso, pois tinha muitos bens. Lc 18,18Certo chefe perguntou-lhe, então: “Bom Mestre, que hei-de fazer para alcançar a vida eterna?” 19Respondeu-lhe Jesus: “Porque me chamas bom? Ninguém é bom senão Deus. 20 Tu sabes os mandamentos: Não cometerás adultério, não matarás, não roubarás, não levantarás falso testemunho; honra teu pai e tua mãe.” 21 Ele retorquiu: “Tudo isso tenho cumprido desde a minha juventude.” 22Ouvindo isto, Jesus disse-lhe: “Ainda te falta uma coisa: vende tudo o que tens, distribui o dinheiro pelos pobres e terás um tesouro no Céu. Depois, vem e segue-me.” 23 Quando isto ouviu, ele entristeceu-se, pois era muito rico. 24Vendo-o assim, Jesus exclamou: “Como é difícil para os que têm riquezas entrar no Reino de Deus! 25 Sim, é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus!” 26Os que o ouviram disseram: “Então, quem pode salvar-se?” 27Jesus respondeu: “O que é impossível aos homens é possível a Deus.”b [d] A hipérbole, de sabor oriental, sublinha os riscos postos pelas riquezas a quem deseja seguir de perto a Jesus. [a] || Mc 10,17-27; Lc 18, 18-27 [b] || Lc 10,25-28; Mt 19,16-26; Mc 10,17-27

311

24.8 Como é difícil se salvar os apegados às riquezas Mc 10, 23 Olhando em volta, Jesus disse aos discípulos: “Quão difícil é entrarem no Reino de Deus os que têm riquezas!a” 24 Os discípulos ficaram espantados com as suas palavras. Mas Jesus prosseguiu: “Filhos, como é difícil entrar no Reino de Deus! 25 É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que um rico entrar no Reino de Deus.” 26Eles admiraram-se ainda mais e diziam uns aos outros: “Quem pode, então, salvar-se?” 27Fitando neles o olhar, Jesus disse-lhes: “Aos homens é impossível, mas a Deus não; pois a Deus tudo é possível.”b

24.9 Recompensa do desprendimento Mc 10,28 Pedro começou a dizer-lhe: “Aqui estamos nós que deixamos tudo e te seguimos.” 29Jesus respondeu: “Em verdade vos digo: quem deixar casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos ou campos por minha causa e por causa do Evangelho, 30 receberá cem vezes mais agora, no tempo presente, em casas, e irmãos, e irmãs, e mães, e filhos, e campos, juntamente com PERSEGUIÇÕES, e, no tempo futuro, a vida eterna. 31Muitos dos que são primeiros serão últimos, e muitos dos que são últimos serão primeiros.”c

24.10 Explicação da parábola do semeador Lc 8,11O significado da parábola é este: a semente é a Palavra de Deus. 12Os que estão à beira do caminho são aqueles que ouvem, mas em seguida vem o diabo e tira-lhes a palavra do coração, para não se salvarem, acreditando. 13Os que estão sobre a rocha são os que, ao ouvirem, recebem a palavra com alegria; mas, como não têm raiz, acreditam por algum tempo e afastam-se na hora da provação. 14A que caiu entre espinhos são aqueles que ouviram, mas, indo pelo seu caminho, são sufocados pelos cuidados, pela riqueza, pelos prazeres da vida e não chegam a dar fruto. 15 E a que caiu em terra boa são [a] Mt 19,23-26; Lc 18,24-27 [b] || Mt 19,16-22; Lc 10,25-28; 18,18-23 [c] || Mt 19,27-30; Lc 18,28-30

312

aqueles que, tendo ouvido a palavra, com um coração bom e virtuoso, conservam-na e dão fruto com a sua perseverança.”a

24.11 Cuidado com a ganância Lc 12,13Dentre a multidão, alguém lhe disse: “Mestre, diz a meu irmão que reparta a herança comigo.” 14Ele respondeulhe: “Homem, quem me nomeou juizb ou encarregado das vossas partilhas?” 15 E prosseguiu: “Olhai, guardai-vos de toda a ganância, porque, mesmo que um homem viva na abundância, a sua vida não depende dos seus bens.”

24.12 Parábola do rico insensato Lc 12, 16Disse-lhes, então, esta parábola: “Havia um homem rico, a quem as terras deram uma grande colheita. 17E pôs-se a discorrer, dizendo consigo: 'Que hei-de fazer, uma vez que não tenho onde guardar a minha colheita?' 18 Depois continuou: 'Já sei o que vou fazer: deito abaixo os meus celeiros, construo uns maiores e guardarei lá o meu trigo e todos os meus bens. 19 Depois, direi a mim mesmo: Tens muitos bens em depósito para muitos anos; descansa, come, bebe e regala-te.' 20 Deus, porém, disse-lhe: 'Insensato! Nesta mesma noite, vai ser reclamada a tua vida; e o que acumulaste para quem será?' 21 Assim acontecerá ao que amontoa para si, e não é rico em relação a Deus.”c

24.13 Confiança na Providência Lc 12, 22Em seguida, disse aos discípulos: “É por isso que vos digo: Não vos preocupeis quanto à vossa vida, com o que haveis de comer, nem quanto ao vosso corpo, com o que haveis de vestir; 23pois a vida é mais que o alimento, e o corpo mais que o vestuário. 24Reparai nos corvos: não semeiam nem colhem, não [a] || Mt 13,18-23; Mc 4, 13-20 [b] Jesus recusa assumir uma tarefa temporal, distinguindo-se de Moisés, estabelecido chefe e juiz do povo (Ex 2,14). [c] A parábola é uma ilustração do risco que a riqueza pode constituir. A lição do “tesouro no Céu” é condensada na conclusão (v.21) e repetida noutras passagens (v.33; Lc 16,9; 18,22).

313

têm despensa nem celeiro, e Deus alimenta-os. Quanto mais não valeis vós do que as aves! 25 E quem de vós, pelo fato de se inquietar, pode acrescentar um côvado à extensão da sua vida? 26 Se nem as mínimas coisas podeis fazer, porque vos preocupais com as restantes? 27Reparai nos lírios, como crescem! Não trabalham nem fiam; pois Eu digo-vos: Nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como um deles. 28Se Deus veste assim a erva, que hoje está no campo e amanhã é lançada no fogo, quanto mais a vós, homens de pouca fé! 29Não vos inquieteis com o que haveis de comer ou beber, nem andeis ansiosos, 30 pois as pessoas do mundo é que andam à procura de todas estas coisas; mas o vosso Pai sabe que tendes necessidade delas. 31Procurai, antes, o seu Reino, e o resto vos será dado por acréscimo. 32Não temais, pequenino rebanho, porque aprouve ao vosso Pai dar-vos o Reino.”

24.14 O tesouro do Céu Lc 12, 33“Vendei os vossos bens e dai-os de esmola. Arranjai bolsas que não envelheçam, um tesouro inesgotável no Céu, onde o ladrão não chega e a traça não rói. 34Porque, onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.”a

24.15 Reflexões sobre o dinheiro Lc 16, 9“E Eu digo-vosb: Arranjai amigos com o dinheiro desonesto, para que, quando este faltar, eles vos recebam nas moradas eternas. 10Quem é fiel no pouco também é fiel no [a] || Mt 6,19-21 [b] Encontram-se aqui reunidas diversas sentenças sobre o uso do dinheiro (Eclo 31,8). A ligar esses elementos há vários termos com raiz semita: dinheiro (lit., “mamon”): v. 9.11.13; Mt 6,24), fiel (aman: digno de confiança: v. 10.11.12), verdadeiro (autêntico: v. 11). O dinheiro é personificado como potência enganadora que escraviza, mas que o discípulo deve utilizar, arranjando um tesouro no céu (v. 4; 12,16-21), mediante o investimento nos pobres (amigos). Reflete-se aqui um tema caro a Lc: o confronto com os bens materiais, nomeadamente na esmola aos pobres (Lc 11, 41). Moradas eternas, lit., “Tendas eternas”. Esta expressão inspira-se no imaginário da festa das Tendas onde se prefigurava a era da salvação (Zc 14, 16-21).

314

muito; e quem é infiel no pouco também é infiel no muito. 11 Se, pois, não fostes fiéis no que toca ao dinheiro desonesto, quem vos há-de confiar o verdadeiro bem? 12E, se não fostes fiéis no alheio, quem vos dará o que é vosso? 13 Nenhum servo pode servir a dois Senhoresa; ou há-de aborrecer a um e amar o outro, ou dedicar-se a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro.”

24.16 Parábola do rico e de Lázaro Lc 16,19“Havia um homem rico que se vestia de púrpura e linho fino e fazia todos os dias esplêndidos banquetes. 20Um pobre, chamado Lázarob, jazia ao seu portão, coberto de chagas. 21Bem desejava ele saciar-se com o que caía da mesa do rico; mas eram os cães que vinham lamber-lhe as chagas. 22Ora, o pobre morreu e foi levado pelos anjos ao seio de Abraão. Morreu também o rico e foi sepultado. 23Na morada dos mortosc, achando-se em tormentos, ergueu os olhos e viu, de longe, Abraão e também Lázaro no seu seiod. 24 Então, ergueu a voz e disse: 'Pai Abraão, tem misericórdia de mim e envia Lázaro para molhar em água a ponta de um dedo e refrescar-me a língua, porque estou atormentado nestas chamas.' 25Abraão respondeu-lhe: 'Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em vida, enquanto Lázaro recebeu somente males. Agora, ele é consolado, enquanto tu és [a] Servir a Deus e ao dinheiro. Na Bíblia, o termo servir tem também um sentido cultual. O dinheiro é apresentado como um ídolo, encerra o risco de afastar de Deus (Mt 6,24). [b] Lázaro significa “Deus ajuda”. Este nada tem a ver com o Lázaro ressuscitado por Jesus (Jo 11). [c] Na morada dos mortos, lit., “Hades”, ou “Cheol – Xeol - Sheol”, em hebraico. Lc é o único evangelista a apresentar a situação das pessoas no Além. O seu objetivo é indicar a fidelidade ou infidelidade ao projeto de Deus. [d] Seio de Abraão é o lugar de honra no banquete presidido por Abraão, pai dos crentes (Lc 23,43; Rm 4,11.12). Sobre o banquete messiânico, ver Lc 13,28.

315

atormentado. 26 Além disso, entre nós e vós há um grande abismo, de modo que, se alguém pretendesse passar daqui para junto de vós, não poderia fazê-lo, nem tão-pouco vir daí para junto de nós.' 27O rico insistiu: 'Peço-te, pai Abraão, que envies Lázaro à casa do meu pai, pois tenho cinco irmãos; 28 que os previna, a fim de que não venham também para este lugar de tormento.' 29Disse-lhe Abraão: 'Têm Moisés e os Profetas; que os oiçam!' 30Replicou-lhe ele: 'Não, pai Abraão; se algum dos mortos for ter com eles, hão-de arrepender-se.' 31Abraão respondeu-lhe: 'Se não dão ouvidos a Moisés e aos Profetas, tão-pouco se deixarão convencer, se alguém ressuscitar dentre os mortos.'”

24.17 Recompensa do desprendimento Lc 18, 28Disse-lhe Pedro: “Nós deixamos os próprios bens e seguimos-te.” 29 Ele disse-lhes: “Em verdade vos digo: Não há ninguém que tenha deixado casa, mulher, irmãos, pais ou filhos, por causa do Reino de Deus, 30que não receba muito mais no tempo presente e, no tempo que há-de vir, a vida eterna.”a

24.18 Jesus era pobre das riquezas mundanas §517 Toda a vida de Cristo é mistério de Redenção. A Redenção nos vem antes de tudo pelo sangue da Cruz, mas este mistério está em ação em toda a vida de Cristo: já em sua Encarnação, pela qual, fazendo-se pobre, nos enriqueceu por sua pobreza; em sua vida oculta, que, por sua submissão, serve de reparação para nossa insubmissão; em sua palavra, que purifica seus ouvintes; em suas curas e em seus exorcismos, pelos quais “levou nossas fraquezas e carregou nossas doenças” (Mt 8,17 ); em sua Ressurreição, pela qual nos justifica. §525 Jesus nasceu na humildade de um estábulo, em uma família pobre; as primeiras testemunhas do evento são simples pastores. É nesta pobreza que se manifesta a glória do Céu. A Igreja não se cansa de cantar a glória dessa noite: Hoje a Virgem traz ao mundo o Eterno [a] || Mt 19,27-30; Mc 10,28-31

316

E a terra oferece uma gruta ao Inacessível. Os anjos e os pastores o louvam E os magos caminham com a estrela. Pois Vós nascestes por nós, Menino, Deus eterno! §544 O Reino pertence aos pobres e aos pequenos, isto é, aos que o acolheram com um coração humilde. Jesus é enviado para “evangelizar os pobres” (Lc 4,18). Declara-os bem-aventurados, pois “o Reino dos Céus é deles” (Mt 5,3); foi aos “pequenos” que o Pai se dignou revelar o que permanece escondido aos sábios e aos entendidos. Jesus compartilha a vida dos pobres desde a manjedoura até a cruz; conhece a fome, a sede e a indigência. Mais ainda: identifica-se com os pobres de todos os tipos e faz do amor ativo para com eles a condição para se entrar em seu Reino.

24.19 Apelo a conversão, pelo exemplo Lc 1,51 Manifestou o poder do seu braço e dispersou os soberbos. 52Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes. 53Aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias. Sl 119(118),36 Inclinai meu coração às vossas leis, * e nunca ao dinheiro e à avareza. 37 Desviai o meu olhar das coisas vãs, * dai-me a vida pelos vossos mandamentos! Dt 15,7 Se houver junto de ti um indigente [pobre] entre os teus irmãos, numa das tuas cidades, na terra que o Senhor, teu Deus, te há-de dar, não endurecerás o teu coração e não fecharás a tua mão ao irmão necessitado. 8 Abre-lhe a tua mão, emprestalhe sob penhor, de acordo com a sua necessidade, aquilo que lhe faltar. 9 Guarda-te de alimentar no teu coração um pensamento perverso [avarentos], dizendo: 'O sétimo ano, o ano do perdão das dívidas, está próximo', recusando-te sem piedade a socorrer o teu irmão necessitado. Ele clamaria ao Senhor contra ti, e aquilo tornar-se-ia para ti um pecado. 10 Deves dar-lhe, sem que o teu coração fique pesaroso; porque, em recompensa disso, o Senhor, teu Deus, te abençoará em todas as empresas das tuas mãos. 11 Sem dúvida, nunca faltarão

317

pobres na terra; por isso, eu te ordeno: Abre generosamente a mão ao teu irmão, ao pobre e ao necessitado que estiver na tua terra. Sl 113(112),7 Ele levanta do pó o indigente e tira o pobre da miséria, 8 para o fazer sentar entre os grandes, entre os grandes do seu povo. Lc 6,24 “Mas ai de vós, os ricos, porque recebestes a vossa consolação! 25 Ai de vós, os que estais agora fartos, porque haveis de ter fome! Ai de vós, os que agora rides, porque gemereis e chorareis! 26 Ai de vós, quando todos disserem bem de vós! Era precisamente assim que os pais deles tratavam os falsos profetas”a. 2Cor 8,9 Conheceis bem a bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo que, sendo rico, se fez pobre por vós, para vos enriquecer com a sua pobreza. Tg 1,9 Que o irmão de condição humilde se glorie na sua exaltação, 10 e o rico na sua humilhação, pois ele passará como a flor da erva. 11 Com efeito, ao despontar o Sol com ardor, a erva seca e a sua flor cai, perdendo toda a beleza; assim murchará também o rico nos seus empreendimentos. Ap 3,15'Conheço as tuas obras: não és frio nem quente. Oxalá fosses frio ou quente. 16Assim, porque és morno - e não és frio [a] As bem-aventuranças de Lc são seguidas de quatro antíteses que proclamam o fracasso dos que são felizes neste mundo. O esquema de Lc encontra raízes no AT, onde já existiam duplicados de bem-aventuranças e maldições (Is 3,10 Feliz o justo, porque porque tudo lhe vai bem! Com efeito, colherá o fruto do seu procedimento. 11 Mas ai do ímpio, do homem mau! Porque será tratado de acordo com suas obras. Jr 17,5 Assim diz Javé: Maldito o homem que confia no homem e que busca apoio na carne, e cujo coração se afasta de Javé. 6 Será como a árvore solitária no deserto, que não chega a ver a chuva: habitará no deserto abrasador, na terra salgada e inabitável. 7 Bendito o homem que confia em Javé, e em Javé deposita a sua segurança. 8 Ele será como a árvore plantada à beira d’água e que solta raízes em direção ao rio. Não teme quando vem o calor, e suas folhas estão sempre verdes; no ano da seca, não se perturba, e não para de dar frutos.), mas a dureza das ameaças não corresponde à doçura e à mensagem de misericórdia do Jesus de Lc. Não se trata condenações irrevogáveis, mas de lamentações e ameaças, de apelos à conversão.

318

nem quente – vou vomitar-te da minha boca. 17 Porque dizes: 'Sou rico, enriqueci e nada me falta' – e não te dás conta de que és um infeliz, um miserável, um pobre, um cego, um nua – 18aconselho-te a que me compres ouro purificado no fogo, para enriqueceres, vestes brancas para te vestires, a fim de não aparecer a vergonha da tua nudez e, finalmente, o colírio para ungir os teus olhos e recobrares a vista. 19Aos que amo, eu os repreendo e castigo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te. 20Olha que Eu estou à porta e bato: se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, Eu entrarei na sua casa e cearei com ele e ele comigo.' 21 Ao que vencer, farei que se sente comigo no meu trono, assim como Eu venci e estou sentado com meu Pai, no seu trono. Mt 25,31 “Quando o Filho do Homem vier na sua glória, acompanhado por todos os seus anjos, há-de sentar-se no seu trono de glória. 32 Perante Ele, vão reunir-se todos os povos e Ele separará as pessoas umas das outras, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. 33 À sua direita porá as ovelhas e à sua esquerda, os cabritos. 34 O Rei dirá, então, aos da sua direita: 'Vinde, benditos de meu Pai! Recebei em herança o Reino que vos está preparado desde a criação do mundo. 35 Porque tive fome e destes-me de comer, tive sede e destes-me de beber, era peregrino e recolhestes-me, 36 estava nu e destesme que vestir, adoeci e visitastes-me, estive na prisão e fostes ter comigo.' 37 Então, os justos vão responder-lhe: 'Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer, ou com sede e te demos de beber? 38 Quando te vimos peregrino e te recolhemos, ou nu e te vestimos? 39 E quando te vimos doente ou na prisão, e fomos visitar-te?' 40 E o Rei vai dizerlhes, em resposta: 'Em verdade vos digo: Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim mesmo o fizestes.' 41 Em seguida dirá aos da esquerda: 'Afastai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, que está preparado para o diabo e para os seus anjos! 42 Porque tive fome e não me destes de comer, tive sede e não me destes de beber, 43 era peregrino e não me recolhestes, estava nu e não me vestistes, doente e na prisão e não fostes visitar-me.' 44 Por sua vez, eles perguntarão: 'Quando foi que te vimos com [a] Deus os considera pobre das suas graças e bençãos.

319

fome, ou com sede, ou peregrino, ou nu, ou doente, ou na prisão, e não te socorremos?' 45 Ele responderá, então: 'Em verdade vos digo: Sempre que deixastes de fazer isto a um destes pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer.' 46 Estes irão para o suplício eterno, e os justos, para a vida eterna.”

320

Conclusão Esperamos ter esclarecido as dúvidas, no próximo fascículo, trataremos dos seguintes assuntos: Espírito Santo; Bíblia; Oração (Liturgia das Horas – Ofício Divino); Dons e Carismas; Entre outros. Oraçãoa Senhor, nosso Pai, Deus Santo e Fiel, que enviastes o Espírito prometido por vosso Filho, para reunir os seres humanos divididos pelo pecado, fazei-nos promover no mundo os bens da unidade e da paz. Por Cristo, nosso Senhor.

[a] Liturgia das Horas. Livro III Primeira a Décima Sétima Semana do Tempo Comum. II Semana, Quarta-feira. Oração das Nove Horas. Pág. 828

321

25 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS A Bíblia da Ave Maria, traduzida do francês e publicada pela Editora Ave Maria em 1957. A Bíblia da Vozes, traduzida por um grupo de exegetas católicos brasileiros, editada pela Vozes em 1982. A Bíblia de Jerusalém, traduzida por uma equipe de exegetas brasileiros e publicada pela Paulus em 1981. Nova edição, inteiramente revista e ampliada, com novas opções textuais e notas atualizadas, foi lançada em 2002, com o título de Bíblia de Jerusalém - Edição Revisada. A Bíblia do Pontifício Instituto Bíblico de Roma, traduzida do italiano e publicada pela Paulus em 1967. A Bíblia Mensagem de Deus, publicada pela Loyola em 1983. A Bíblia Santuário, publicada pela Editora Santuário em 1982. A Tradução Ecumênica da Bíblia (TEB) é baseada na conceituada TOB francesa, trabalho ecumênico da maior importância, publicada pela Loyola em 1994. Bíblia do Peregrino, de Luís Alonso Schökel, traduzida do espanhol, e que se caracteriza pela tradução idiomática e abundância de notas, publicada, em edição completa, pela Paulus em novembro de 2002. Bíblia Sagrada traduzida do latim pelo Pe. Matos Soares, Lisboa 1932. Bíblia Sagrada, Edição Pastoral, que se caracteriza pela linguagem acessível e por interessantes notas explicativas, foi publicada pela Paulus em 1990. Site: http://www.paulus.com.br/BP/_INDEX.HTM Bíblia Sagrada, tradução oficial da CNBB, publicada, em 2001, publicada pela própria CNBB. Bíblia Sagrada. Difusora Bíblica. http://www.paroquias.org/biblia 3.ª edição revista. 2001.

On-line:

322

A Bíblia Sagrada. Almeida Corrigida http://www.biblias.com.br/leiturabiblica.php Catecismo da az.tripod.com

Igreja

Católica.

On-line:

Fiel.

On-line:

http://catecismo-

25.1 Sites para aprofundamento: A Editora Cléofas http://www.cleofas.com.br Veritatis Splendor: Nosso Apostolado têm origem na fusão de diversos outros Apostolados católicos que, na Internet, vinham trabalhando na defesa da Fé Católica e na divulgação do Evangelho que o Senhor confiou aos cuidados da Santa Igreja Católica. Muitos de nossos membros são ex-protestantes que após conhecerem os Escritos dos Santos Padres se converteram à Fé Católica após descobrirem que Sua Doutrina é a mesma doutrina que sempre foi pregada desde os primeiros anos do Cristianismo. http://www.veritatis.com.br Doutrina Católica http://br.geocities.com/worth_2001 ACI Digital http://www.acidigital.com presbiteros http://www.presbiteros.com.br Associação Cultural e Edições Santo Tomás http://www.santotomas.com.br Santa Missa: http://www.santamissa.com.br Compêndio do Catecismo da Igreja Católica: http://www.ecclesia.pt/catecismo Quem quiser corrigir ou sugerir algum tema entre em contato por e-mail: [email protected] e no site pode pegar os documento: http://www.4shared.com/dir/5439146/63d1786e/sharing.html

Mc 4,39Então Jesus se levantou e ameaçou o vento e disse ao mar: “Cale-se! Acalme-se!” O vento parou e tudo ficou calmo. 40 Depois Jesus perguntou aos discípulos: “Por que vocês são tão medrosos? Vocês ainda não têm fé?” 41Os discípulos ficaram muito cheios de medo e diziam uns aos outros: “Quem é esse homem, a quem até o vento e o mar obedecem?”

Related Documents