O pecado, ofensa a Deus
Compêndio do Catecismo
O que é o pecado?
1849-1851 1871-1872
É «uma palavra, um acto ou um desejo contrários à Lei eterna» (S. Agostinho). É uma ofensa a Deus, na desobediência ao seu amor. Fere a natureza do homem e atenta contra a solidariedade humana. Cristo, na sua Paixão, revela plenamente a gravidade do pecado e vence-o com a sua misericórdia.
Introdução
Conta-se de São João Crisóstomo que "Arcadio, imperador de Constantinopla, instigado por sua esposa Eudoxia, quis castigar o santo. Cinco juízes propuseram diversos castigos: (…) O último disse ao imperador:
Se o mandais para o desterro ficará contente, sabendo que em toda a parte tem a Deus; se o despojais dos seus bens, não os tirais a ele, mas aos pobres; se o encerrais num calabouço, beijará as correntes; se o condenais à morte, lhe abrís as portas do céus... Fazei-o pecar: Não teme mais que o pecado» .
Deveríamos perguntar-nos se, como São João Crisóstomo, tememos o pecado como o pior mal.
Ideias principa is
1. Nascemos inclinados para o pecado
O homem nasce com o pecado original, privado da graça; e se bem que este pecado seja perdoado pelo baptismo, permanece a inclinação desordenada da concupiscência. A vontade encontra-se debilitada, e obscurecida a inteligência; além disso o mundo procura seduzir-nos com os seus bens enganadores, e o demónio tenta-nos. A essas diversas instigações que empurram para o mal - de dentro e de fora do homem chamamos-lhes tentações.
2. Podemos resistir às tentações
Deus permite a tentação para nos provar. O próprio Jesus Cristo quis ser tentado pelo demónio, mas Ele afastou-o: "Vai-te, Satanás..." (Mateus 4,10). Com a graça de Deus podemos vencer sempre a tentação. Quando chega, devemos orar e resistir: "Vigiai e orai, para que não entreis em tentação" (Mateus 26,41), e resistir valentemente fugindo da ocasião e de quem nos induz a pecar.
3. O consentimento gera o pecado
Para cometer un pecado é necessário: que a coisa em si seja má (ou se creia que é má); b) saber que, se se consente, é uma ofensa a Deus porque vai contra a sua vontade; c) consentir naquele mal - fazendo ou omitindo o que se deve fazer ainda que sabendo que agimos mal e ofendemos a Deus, tanto com o pensamento ou o desejo (pecado só interno), como com a palavra ou obra (pecado também externo). a)
4. O pecado mortal é uma grave ofensa a Deus
Quando se comete um pecado mortal ofende-se gravemente a Deus, porque Ele nos declarou a sua vontade sobre nós e o homem despreza-a com plena liberdade. Pelo pecado, o homem perde a vida da graça, deixa de ser filho de Deus, e torna-se réu do inferno. Por isso, é preciso sair quanto antes do pecado mortal, confessando-se de seguida; entretanto, é preciso fazer um acto de contrição ou de perfeita dor do pecado.
5. O pecado venial é ofensa leve a Deus
Às vezes, sem deixar de amar a Deus, o cristão deixa-se arrastrar pelas paixões em coisas que não quebram de todo os mandamentos, se bem que desagradem a Deus; ou, se se quebram os mandamentos, isso é feito sem conhecimento suficiente ou sem perfeita vontade. Nesse caso, o pecado é venial ou leve, porque nos faz perder a graça e a amizade com Deus; mas debilita a vida sobrenatural e põe em perigo de chegar a cometer pecados graves. O pecado venial não faz réus do inferno, mas sim do purgatório. Por ser ofensa a Deus e pelos danos que acarreta, temos de evitar com todo o empenho também o pecado venial. É preciso ter horror ao pecado venial deliberado!.
6. Deus misericordioso perdoa o pecado
Deus misericordioso não abandona o homem, nem sequer quando o ofendemos, antes "aguarda pacientemente" para nos perdoar no sacramento da Penitência, "não querendo que ninguém pereça, mas que todos venham à penitência", como ensina o Apóstolo São Pedro.
Propósit os de vida cristã
Um propósito para avançar
Luta esforçadamente contra o pecado, e contra as tentações que incitam a pecar. Rezar todas as noites o “Acto de Contrição", ou a “Confissão" ou outra oração, pedindo perdão pelos pecados.