O Amor e seus Frutos por
Ian Hamilton Três pontos da exposição de 1 Coríntios 13 de Jonathan Edwards pregado na Conferência Reforma e Reavivamento de novembro de 2003 por Ian Hamilton, da Igreja Presbiteriana de Cambridge. (1) Jonathan Edwards era um cristão estratosférico, mas ele era preeminentemente um pastor e a principal de todas as suas preocupações para sua congregação era enfatizar para eles que o amor era a maior de todas as coisas. Todas as virtudes dignas tinham sido reunidas no amor cristão. A heresia do coração é uma força tão destrutiva na igreja quanto a heresia da mente. Com esta convicção Edwards pregou seus 13 sermões sobre “Amor e seus frutos” (Banner of Truth Press). Todos os dons espirituais, os permanentes e os temporários, não podem compensar um “jota” da abstenção do amor no coração. A fé trabalha pelo amor. O Senhor diz para sua igreja em Efésios: “Você deixou o amor que tinha no princípio”. Edwards começa nos dizendo que o amor é o espírito cristão correto. Em Lucas 9 descobrimos que os Samaritanos rejeitaram a Jesus e seus discípulos queriam destruí-los com fogo. Jesus lhes disse que eles careciam do espírito que caracterizava a disposição cristã e a natureza do reino de Deus. O amor é a coisa principal. O amor é a luz e a glória ao redor do trono sobre o qual Deus está assentado. As pessoas fazem essa dedução de nós, quando elas visitam nossas igrejas? À medida que elas sentam em nossas igrejas e ouvem nossos ministros, por acaso elas pensam: “Que espírito de amor marca a vida dessa congregação!”? Edwards continua dizendo que o amor testa nossas experiências. Os cristãos não se alegram neles mesmos, mas em Deus que é sua alegria excedente. A presença do amor em nossos corações testa nossas experiências. O amor mostra o objetivo do espírito cristão – quão agradável e amável e bem comedido é – docemente moderado e amável. Agostinho nos diz que o que primeiramente penetrou em sua lembrança quando ele olhou para trás foi aquela bondade para com ele do pregador Ambrósio. A bondade tem penetrado e convencido mais pecadores que o conhecimento e a eloqüência. O amor mostra o prazer da vida cristã – quão doce ela é. É fácil queixarse e criticar quem ajuda. Quando uma crítica constante sobre um ministro chega até ele com algum outro murmúrio, ele responde “nunca tinha surpreendido você que eu poderia ouvir suas lamentações antes e diferentemente se viessem de uma vida que fosse mais auxiliadora e
encorajadora?” Quando o amor de Deus é presente em nossas almas então o Espírito de Cristo cria o amor. A abstenção do amor promove contendas. Pouco se duvida de que a fé reformada diga respeito ao espírito cristão quanto qualquer um dos cinco pontos. Não podemos ser humildes suficientemente para nos angustiarmos sobre nossas divisões e rupturas. Nós somos freqüentemente arrogantes sobre nossas dissensões. A abstenção do amor provoca muitas destas dissensões. A vigilância e guarda devem se sobrepor a todo amargor e qualquer coisa que impeça o amor dos homens. Um cristão invejoso, malicioso, frio e de coração duro é a maior de todas as contradições. É como “brilho da escuridão”, ou “mentira verdadeira.” Um cristão desamável não é um cristão completamente. Não é incrível que o cristianismo requeira de nós amar nossos inimigos. No sermão do monte Jesus fala daqueles que amam os que os amam. Não! “Amem seus inimigos”, ele os exorta, pois o amor é o cerne do cristianismo. Nós somos obrigados a fazer o bem para cada pessoa. Nós somos o reflexo do amor de nosso Pai no céu. Nosso salvador morreu por seus inimigos e experimentou o abandono de Deus por causa deles. Nós estamos procurando cada vez mais o amor. Se seu coração está cheio de amor, ele encontrará passagem. Todas as suas atividades são feitas por amor a Deus e aos homens? Somos simplesmente sinos a tocar e címbalos ressonantes (1Co 13) sem amor. Eu poderia mover montanhas pela fé, e ainda estar sem amor. Então uma montanha movida pelo homem é nada. Eu realmente acredito nisso? O que uma igreja deve escolher quando confrontado, o poder que move montanhas ou o amor? Se eu não tenho amor então não tenho nada. Então sem este amor, ou objetivo, ou a partida de nossas almas para Deus, toda a reforma e avivamento no mundo é como nada. Quão rapidamente todos os despertamentos na história correram para como estavam antes. Com sete anos do Grande Despertamento Jonathan Edwards foi demitido por sua congregação. Isto não é incomum. Em todas as nossas defesas precisamos marcar nos corações de nossa própria gente que tudo que não resulta de amor palpável para Deus é indigno. Nós exibimos tão pequeno amor por que o sentimos em pequena quantidade. O amor dará a saída, diz Edwards. Toda vez que Deus concede uma pequena benção, os homens lhe atribuirão maior importância , o que sempre é uma decepção, pois o que nossos pais viram é que nós estamos crescendo na graça de nosso Senhor Jesus, e todo o resto está vazio. Quando vemos ruínas de igrejas vazias ou edifícios que abrigaram igrejas utilizados para outros fins, costumamos dizer, “afundou-se no naufrágio do liberalismo”, mas não devíamos estar dizendo, “há ausência de amor?”. (2) Creio que minha grande necessidade como cristão é compreender a revelação básica de Deus. Falhas surgem por que não entendemos o básico. Se, por exemplo, vocês não entendem o significado bíblico da
Justificação, então suas vidas devem ser preservadas de tanta insensatez que surge através das igrejas evangélicas. Amor é o sumo e substância do Cristianismo. Nós sabemos e acreditamos nisto, mesmo que seja um pouco nós conhecemos a graça e poder do amor em nossas vidas. Quando Cristo estava dirigindo-se à igreja de Éfeso no livro do Apocalipse ele também estava falando com as igrejas de todas as eras. Éfeso era uma igreja espiritual estabelecida sobre o ministério de Paulo e Timóteo, uma congregação que tinha conhecido grandes bênçãos. “Conheço as tuas obras, tanto seu labor como a tua perseverança, e que não podes suportar homens maus,” diz o Senhor “Tens perseverança, e suportaste provas por causa do meu nome, e não te deixaste esmorecer.” Então a igreja trabalhou duro para Deus. Éfeso seria a voz da igreja reformada de hoje. Todavia, diz o Senhor a eles, “tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor.” Não era suficiente acreditar nas coisas certas. Paulo os tinha avisado que algumas pessoas iriam se levantar dentre eles, distorcendo a verdade e levá-los para maus caminhos. Pureza de doutrina não é o grande fim em si mesmo, mas sim amor de um coração puro e fé sincera. Em 1 Coríntios 13 Paulo exulta no amor cristão. A igreja do NT viveu unicamente ao tempo dos dons miraculosos. Eles sabiam que embora Paulo dissesse que falava a língua de homens e anjos, a influência natural do Espírito de Deus trabalhando o amor no coração era mais importante para o apóstolo do que todos os dons espirituais. Salvação é prometida para aqueles que têm as graças do Espírito, não os dons. Os grandes privilégios que Deus concedeu ao apóstolo Paulo ou à virgem Maria são como nada se comparados com o privilegio de ter Cristo em seus corações e uma disposição para amar. Há vezes em que as pessoas dizem algumas coisas sobre nosso ministério público como – “grande desempenho!” – mas sem amor no coração este desempenho não é nada. Os homens também podem manifestar grandes sofrimentos por suas convicções religiosas, mas sem amor no coração aqueles homens não são nada. Deduções 1. Não é a realização de trabalhos externos que não
possuam neles mesmos nada digno sob a perspectiva divina. O Senhor não tem necessidade de nada. Mas o Senhor é o amante de nossas almas, e ama contemplando-nos por amor. 2. Nós podemos nos exaltar e pensar de nós mesmos como melhores que outros em um bando de questões. Mas é absurdo acreditar que qualquer coisa possa maquiar a ausência do amor. Nós simplesmente criamos outro problema. 3. Se nós temos uma grande aparência de respeito, isto
será hipocrisia na ausência do amor. Todas as pregações de Edwards sobre o amor procuram nossos corações. Um copo de água gelada em nome do amor
é mais digno na perspectiva divina do que um reino dado sem amor. Edwards não enfatiza a sinceridade como bem supremo. “Todos estes anos eu lhe tenho servido,” disse o irmão do filho pródigo a seu pai. Mas onde estava e integridade e a pureza? A verdadeira porção que o amor tinha em nossa sinceridade será reconhecida. Então como é absolutamente necessário deixar o amor ser a maior coisa que você deva almejar, penso que não descansaremos com qualquer evidência do amor. Terminaremos onde começamos, em Apocalipse 2, onde o Senhor tem uma coisa contra nós, que deixamos o primeiro amor. Eu temo que tenhamos perdido o foco em algumas coisas – se a igreja de Éfeso perdeu o foco então certamente nós também podemos perdê-lo. Porque amor é a regra que governa nossas ações, e Deus não aprovará nada que careça de amor, não importando quão grande pareça a fé ou os dons para os homens. (3) Foi dito sobre Richard Sibbes que o céu estava nele antes de ele estar no céu. O que foi dito sobre ele pode igualmente ser dito sobre Jonathan Edwards. Seu contexto natural era declarar as excelências do amor de Deus em Jesus Cristo. Edwards não tinha nenhum prazer na morte de pecadores, mas sim em sua conversão. O ar natural que ele respirava era o generoso amor de Deus em Jesus Cristo. O clímax de sua exposição em 1 Coríntios 13 está em estado eterno em um mundo de amor, e Edwards produz uma correta doutrina do texto com aplicação e uso. O céu é um mundo de amor, ele diz. O que Edwards procurou nos dizer é que se este é o eterno estado estabelecido da igreja, para estar em um mundo de amor, então que outra coisa deve ser desejada para agora? Nossas igrejas estão nos preparando o suficientemente para este mundo de amor? Quanto mais repletos estivermos das coisas do alto estivermos, mais úteis somos na terra. Nós podemos não falar com as línguas dos homens e dos anjos e não ter grandes dons, mas se nós exibimos a igualdade familiar Deus pode nos usar para Sua glória. A causa e fonte do amor no céu é Jesus Cristo. O Espírito é o Espírito do amor divino e por sua influência todo santo amor é derramado grandemente em nossos corações. Cada membro da Trindade contribui para este amor no céu. Seu amor para com o próximo transborda para todos os habitantes do céu, e então todos no céu são amáveis. A última trajetória da regeneração é consumir-nos na glória do amor divino, em absoluta conformidade com a imagem de Deus. O mundo deve saber que Deus enviou seu Filho para que nós nos amássemos. Pode existir um cristão professo, digno de fé, se não há amor? Como nós podemos olhar para nossas próprias congregações? Este amor está em seus corações? O amor lhes dará um poder evangelístico. Você ama e então você continua, e você serve, e voe fala. O amor não nos faz autoindulgentes, sendo insinceros com os irmãos, mas ao contrário, o amor
o envia para o mundo. Este amor fundamentará sua vida pelos irmãos. No céu não haverá nenhuma inveja, nenhuma malícia ou egoísmo. Quando estamos lendo o último sermão de Jonathan Edwards, voltamos às palavras de Paulo em Filipenses 2 e o chamado para que a mente que estava no Servo Rei encarnado também esteja em nós. A mente de Cristo determina e submete e torna em nada o que nós podemos ter. Edwards não está simplesmente estimulando nosso apetite para o céu. Ele está dizendo que se este é o nosso alvo – se o céu é tal qual o mundo que descrevemos – então a discórdia em uma igreja obscurece nosso testemunho para nosso glorioso destino. Isto é um desafio para todos nós. Como julgaremos a nós mesmo como cristãos? Devemos deplorar o sectarismo e o divisionismo. Não fomos salvos por acreditar em grandes doutrinas por acreditar em um Salvador , Seu sangue e justiça. É natural para um lobo aflige um cordeiro, mas quando um cordeiro aflige outro cordeiro, então isso é uma coisa monstruosa. Nós tratamos os filhos de Deus como seus filhos de verdade, e os irmãos e irmãs de Cristo como seus verdadeiros irmãos e irmãs. As marcas fundamentais são características do evangelho. O Ego não mortificado é o grande obstáculo para a benção das igrejas de Deus. O Espírito Santo traz a santa graça do amor, e mortifica o que é pecaminoso em nós. O Espírito nos ajuda a mortificar o pecado. Ele não vem e diz que está vindo para fazer tudo por nós, mas antes Ele diz “vamos fazê-lo juntos.” Edwards também aplicou esta verdade para não-crentes com exortações e avisos solenes. Edwards conclui com duas aplicações: 1. Se o céu é tal qual um mundo de amor como tem sido descrito então nós que somos mínimos em amor somos o mínimo do céu e estamos distante dele. 2. Deixe a reflexão do céu excitar-nos para procurá-lo:
a] Não deixe seu coração se deteriorar depois que as coisas da terra como seu bem principal; b] Você deve falar com a divindade e as coisas celestiais e o Deus que lá habita; c] Esteja contente em passar por dificuldades como você tem passado; d] Em todo o seu caminho deixe seus olhos fixados em Jesus. Isto é a vida cristã; e] Se você estiver no caminho do mundo do amor, olhe para sua vida como uma vida de amor , que você tem em união com Cristo aquele Espírito por Ele manifestado. Avivamentos são também seguidos por declínio espiritual. Em poucos anos Edwards foi esquecido. A graça do Senhor estava nele, ele testemunhou sobre ela de um modo memorável. O amor é a maior coisa, a principal das virtudes cristãs. Nós sabemos que passamos da morte para a vida quando amamos nossos irmãos. Que Deus possa dizer de nós, “Veja como eles se amam”.
Traduzido por: Leandro Bachega Agradecemos ao tradutor, que gentilmente se dispôs a traduzir esse artigo para o site Monergismo.com. Este artigo é parte integrante do portal http://www.monergismo.com/. Exerça seu Cristianismo: se vai usar nosso material, cite o autor, o tradutor (quando for o caso), a editora (quando for o caso) e o nosso endereço. Contudo, ao invés de copiar o artigo, preferimos que seja feito apenas um link para o mesmo, exceto quando em circulações via e-mail. http://www.monergismo.com/ Este site da web é uma realização de Felipe Sabino de Araújo Neto® Proclamando o Evangelho Genuíno de CRISTO JESUS, que é o poder de DEUS para salvação de todo aquele que crê. TOPO DA PÁGINA Estamos às ordens para comentários e sugestões. Livros Recomendados Recomendamos os sites abaixo: Monergism/Arquivo Spurgeon/ Arthur Pink / IPCB / Solano Portela / Spurgeon em Espanhol / Thirdmill Editora Cultura Cristã /Editora Fiel / Editora Os Puritanos / Editora PES / Editora Vida Nova
Sinais dos Tempos por
Rev. Ricardo Barbosa de Souza O amor vem esfriando na medida em que crescem a iniqüidade, o individualismo, o narcisismo. Os discípulos de Cristo, um dia, perguntaram a ele quais seriam os sinais que antecederiam a sua vinda. Ele respondeu esta pergunta numa longa pregação, conhecido como “sermão profético”. Entre os sinais apresentados por Jesus, destaca-se o surgimento de falsos Cristos e falsos profetas, que iriam enganar muitas pessoas. O Filho de Deus falou também de guerras entre as nações e de abalos sísmicos. No entanto, há um sinal que me chama a atenção de forma particular: trata-se daquele que fala do esfriamento do amor. Jesus disse: “E por se multiplicar a iniqüidade, o amor se esfriará de quase todos” (Mateus 24.12). A relação que Jesus apresenta é inversamente proporcional: o crescimento da iniqüidade implica no enfraquecimento do amor. Vejam se não é esse o nosso caso. Na medida em que cresce o pecado em suas mais variadas formas, da corrupção ao crescimento da miséria social, da pornografia a todas as formas de banalização sexual, a violência nas ruas e nos lares, o individualismo autocentrado e narcisista, esfria o
amor genuíno e sincero no ser humano. Somos uma geração que vem desaprendendo a amar. Não estou me referindo a uma forma platônica de amor ou aos modelos hollywoodianos que enchem nossa sala de estar todos os dias, mas ao amor conforme Deus o revela nas Escrituras. Amor naquela forma como ele mesmo nos tem amado e celebrado uma aliança com seu povo. Provavelmente não há nenhum texto mais completo sobre o amor do que I Coríntios 13, um texto que precisa ser revisitado por nós diante daquilo que vemos todos os dias. Naquela epístola, Paulo fala de um amor que é paciente, que não se perde diante da primeira crise ou da primeira desilusão; um sentimento bondoso, não ciumento e humilde. Um amor que não se comporta de forma inconveniente, mas é altruísta, e está sempre procurando atender o interesse dos outros e não o seu próprio. É também um amor que não se ira facilmente, que não guarda rancor, que não se alegra com a injustiça mas que salta de júbilo quando a verdade triunfa. É um amor que sabe que o sofrimento sempre acompanha aquele que ama. Um amor que se sustenta sob fundamentos sólidos e verdadeiros, que não tem a pressa dos egoístas, mas que sabe esperar e possui uma enorme capacidade de suportar adversidades. Este amor que Paulo nos descreve vem diminuindo e esfriando na medida em que cresce o egoísmo alimentado pelo individualismo da cultura narcisista, onde o que importa sou eu, meus desejos, meus interesses, meu momento, minhas necessidades, minha realização, meus projetos, o que eu penso, quero e preciso. Imagino que quando duas pessoas modernas, com este espírito individualista e narcisista, se encontram e resolvem se amar, envolvem-se num modelo de relacionamento onde, à primeira vista, tudo indica que se trata de um belíssimo e invejável romance. Contudo, diante do primeiro obstáculo, da primeira frustração, de um simples desentendimento, da dor e do sofrimento, ou do cansaço e da vontade de experimentar “novos ares”, abandonam aquele amor que foi grande apenas enquanto durou em troca de um outro que atenda as necessidades de um ego inflado, imaturo e insaciável. É por causa da iniqüidade deste espírito individualista e narcisista que os pais vão abandonando os seus filhos porque têm coisas mais importantes a fazer, como ganhar dinheiro ou buscar o sucesso, do que cuidar deles e amá-los; alguns tornam-se indiferentes e os abandonam à própria sorte na esperança de que na escola ou na vizinhança encontrarão quem os ame e eduque. Outros há que tentam manipulálos e controlá-los em virtude da mesma iniqüidade, da mesma falta de tempo e da mesma insegurança. Os mais modernos já preferem não têlos porque sabem que o amor que possuem não ultrapassa a epiderme – não são capazes de amar nada além do seu próprio ego. Por outro lado, os filhos vêm se rebelando contra seus pais, negando-lhes o respeito e a honra. São também filhos da iniqüidade do nosso tempo, do mesmo individualismo, do mesmo egoísmo. Os jovens trocaram o amor pelo sexo para descobrirem lá na frente, depois de tantas idas e vindas e muitas “ficadas”, que são bons de cama mas frios e imaturos na arte de construir um amor que supera as fronteiras do egoísmo e que cresce na medida que o tempo passa. Os
escândalos de corrupção que mais uma vez abalam o país têm, na sua raiz, o mesmo mal. Todos buscam o que é seu e nunca o que é dos outros. A epidemia que hoje toma conta da nação não é a corrupção – ela é apenas mais uma expressão de uma nação, onde a iniquidade cresceu tanto que fez o amor murchar. Eu nunca fui um desses crentes interessados em decifrar os códigos para adivinhar quando é que Jesus Cristo volta. Tal aritimética não me interessa. Apenas sei que ele voltará, e isso me basta. No entanto, devo confessar que olhando para o cenário do mundo hoje, tenho orado por uma intervenção divina e espero que ela aconteça logo, seja na forma de um novo avivamento – daqueles que penetram na raiz do coração humano e o transforma e não esta panacéia religiosa que alguns chamam de “derramamento do Espírito” – ou de uma intervenção escatológica, final ou não. Oro por isto porque não é mais possível suportar tanta injustiça, tanta miséria, tanta imoralidade, tanto pecado. Oro também para que Deus nos preserve fiéis a ele e à sua Palavra, para que aqueles que reconhecem o amor divino e são alimentados e inspirados por ele cresçam cada vez mais amparando o pobre, cuidando do necessitado, lutando pela justiça, permanecendo fiéis aos termos da aliança com Deus e com o próximo. Jesus, naquele sermão profético, afirma que “o amor se esfriará de quase todos”. E é nesta pequena exceção que quero me incluir, a mim e a você, mesmo que sejamos apenas um pequeno remanescente, mas um remanescente que não se curva diante dos Baalins do mundo moderno. Ricardo Barbosa de Souza é conferencista e pastor da Igreja Presbiteriana do Planalto, em Brasilia
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O Amor Imperfeito Cumpre a Lei e Agrada a Demanda de Perfeição da Parte de Deus por
John Piper
Os cristãos podem amar uns aos outros numa forma que nunca é perfeita nesta vida, mas que, todavia, agrada a Deus e cumpre a lei, embora a lei demande perfeição. Como isso pode acontecer? Primeiro, deixe-me defender a reivindicação de que amamos apenas imperfeitamente nesta vida. Eu baseio isto em duas coisas. A primeira é o ensino bíblico comum de que não somos pessoas sem pecado ou justas. Por exemplo: •
1 Reis 8:46, “Não há homem que não peque”.
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Salmo 143:2, “Não entres em juízo com o teu servo, porque à tua vista não há justo nenhum vivente”.
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Eclesiastes 7:20, “Não há homem justo sobre a terra que faça o bem e que não peque”.
•
1 João 1:8, “Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós”.
•
Salmo 19:12, “Quem há que possa discernir as próprias faltas? Absolve-me das que me são ocultas”.
Eu admito que, logicamente, uma pessoa pode encontrar um espaço minúsculo para um ato perfeito e sem pecado de amor, em vista dessa descrição sombria da nossa condição. Dizer que ninguém não comete pecado, estritamente falando, não é o mesmo que dizer que ninguém pode realizar um ato perfeito de amor de vez em quando. Mas eu não estou encorajado a pensar que isso ocorrerá, especialmente em vista da segunda consideração. A segunda razão pela qual eu penso que o nosso amor nunca é perfeito nesta vida é que amar envolve não cobiçar. Paulo cita alguns dos dez mandamentos, incluindo “Não cobiçarás”, e então diz que todos eles “se resumem nesta palavra: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo'... o amor é cumprimento da lei” (Romanos 13:9-10). Assim, amar o nosso próximo perfeitamente significaria que o ato de amor não teria nem mesmo uma lembrança de cobiça nele. O que é cobiça? Cobiça é o desejo por coisas (boas ou más) que é mais forte do que ele deveria ser — um tipo de desejo que reflete uma falta de satisfação em Deus. Assim, para um ato de amor ser perfeito, ele teria que ser livre de cobiça, isto é, livre de qualquer indício de desejo que reflita uma satisfação em Deus que seja menos do que perfeita. À medida que considero o coração humano e a batalha que enfrentamos
ao mortificar a nossa velha natureza (Romanos 8:13; Colossenses 3:5), a reivindicação de ter, em algum momento, um coração com perfeita satisfação em Deus não é crível. Assim, eu toma as palavras de Paulo em Filipenses 3:12 com absoluta seriedade: “Não que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição...”. Todavia, nosso amor sempre-imperfeito pode agradar a Deus e cumprir a lei, embora não perfeitamente. A demanda da lei por um amor perfeito (amor com nenhuma lembrança de cobiça) é cumprido por Cristo somente. Portanto, o fundamento da nossa aceitação pelo perfeito Doador da lei perfeita é que estamos em Cristo e temos sua perfeição contada como nossa (2 Coríntios 5:21). Mas embora esse seja o fundamento da nossa aceitação por Deus, a Bíblia também ensina que, sobre a base dessa aceitação, vivemos e devemos viver agora duma forma que cumpra imperfeitamente a lei. Romanos 8:3-4 traz a obra de Cristo e a nossa obras juntas dessa forma: “Porquanto o que fora impossível à lei, no que estava enferma pela carne, isso fez Deus enviando o seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou Deus, na carne, o pecado, a fim de que o preceito da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito”. Esse não é um cumprimento hipotético da lei. Não é algo feito fora de nós. É, Paulo diz, “a fim de que o preceito da lei se cumprisse em nós”. Assim, como um fundamento para todo o nosso cumprimento imperfeito da lei — isto é, nosso andar imperfeito pelo Espírito em amor — há o sacrifício e a justiça de Cristo. Ele suportou o castigo de todos os nossos fracassos, e providenciou toda a nossa perfeição. Isso significa que a Bíblia está disposta a nos chamar de “justos”, embora “não haja justo, nem um sequer” (Romanos 3:10). E isso não significa meramente que somos justificados, mas que realmente manifestamos isso em nosso viver, embora com uma justiça imperfeita. Você pode ver esse uso paradoxal de linguagem claramente em diversos textos. Por exemplo, Eclesiastes 7:20 diz: “Não há homem justo sobre a terra que faça o bem e que não peque”. Mas cinco versículo antes, lemos: “Há justo que perece na sua justiça, e há perverso que prolonga os seus dias na sua perversidade”. E no Salmo 41:4, o salmista diz: “Disse eu: compadece-te de mim, SENHOR; sara a minha alma, porque pequei contra ti”. Mas então ele diz ao Senhor no versículo 12: “Tu me susténs na minha integridade”. Assim, há justos que não são justos. E há pecadores que têm integridade. [1] A mesma coisa pode ser mostrada a partir do uso de Paulo da palavra “sem culpa” [N.T.: ou “irrepreensível”, dependendo da versão]. Embora Paulo fale em Filipenses 3:12 que seus melhores esforços são imperfeitos, ele ainda descreve os crentes como “irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo” (Filipenses 2:15). Assim, há uma irrepreensibilidade imperfeita, assim como há uma justiça não-justa e uma integridade que comete pecado.
Assim, de volta ao meu ponto: os cristãos podem amar uns aos outros de uma forma que nunca é perfeita nesta vida, mas que, todavia, agrada a Deus e cumpre a lei, embora a lei demande perfeição. Como esse amor imperfeito cumpre realmente a lei (imperfeitamente)? Primeiro, nosso amor imperfeito é o primeiro dos frutos de uma perfeição final que Cristo completará em nós em seu aparecimento. Segundo, nosso amor imperfeito é o fruto de nossa fé em Jesus, que é a nossa perfeição justificadora diante de Deus. O único cumprimento da lei do qual dependemos como a base de nossa justificação é o cumprimento da lei por Jesus. O dele foi perfeito; o nosso é imperfeito. Nosso amor imperfeito agora, e nosso amor perfeito mais tarde, sempre será o fruto da fé que olha para Jesus, nossa única perfeição. A lei é cumprida em nós imperfeitamente porque ela foi cumprida nele perfeitamente. E nossa imperfeição é um indicador de sua perfeição, e esse indicar é o objetivo da lei. Assim, mesmo nosso amor imperfeito é um cumprimento real da lei, embora não um cumprimento perfeito. Notas: [1] Na verdade, não há nada de paradoxal nesses versículos e nas afirmações do Pr. John Piper, visto que as palavras não são usadas no mesmo sentido, ou seja, somos injustos em nós mesmos, mas justos em Cristo. Se a Bíblia afirmasse que somos injustos em nós mesmos e justos em nós mesmos, aí sim haveria um paradoxo, uma contradição, o que é impossível que aconteça com a Palavra inerrante de Deus. A justiça que temos não é infundida, mas imputada!
Traduzido por: Felipe Sabino de Araújo Neto Cuiabá-MT, 21 de Setembro de 2005. Este artigo é parte integrante do portal http://www.monergismo.com/. Exerça seu Cristianismo: se vai usar nosso material, cite o autor, o tradutor (quando for o caso), a editora (quando for o caso) e o nosso endereço. Contudo, ao invés de copiar o artigo, preferimos que seja feito apenas um link para o mesmo, exceto quando em circulações via e-mail. http://www.monergismo.com/ Este site da web é uma realização de Felipe Sabino de Araújo Neto® Proclamando o Evangelho Genuíno de CRISTO JESUS, que é o poder de DEUS para salvação de todo aquele que crê. TOPO DA PÁGINA Estamos às ordens para comentários e sugestões. Livros Recomendados Recomendamos os sites abaixo: Monergism/Arquivo Spurgeon/ Arthur Pink / IPCB / Solano Portela / Spurgeon em Espanhol / Thirdmill Editora Cultura Cristã /Editora Fiel / Editora Os Puritanos / Editora PES / Editora Vida Nova
O Mandamento da Caridade por
São Tomás de Aquino
1. Introdução. Três coisas são necessárias à salvação do homem, a saber: •
a ciência do que se há de crer,
•
a ciência do que se há de desejar,
•
e a ciência do que se há de operar.
A primeira nos é ensinada no Credo, onde nos é ensinada a ciência dos artigos da fé. A segunda, no Pai Nosso. A terceira na Lei. Agora a nossa intenção é acerca da ciência do que se há de operar, para tratar da qual encontramos quatro leis.
2. A lei da natureza. A primeira lei é dita lei da natureza, e esta nada mais é do que a luz da inteligência colocada em nós por Deus, pela qual conhecemos o que devemos agir e o que devemos operar. Esta luz e esta lei Deus a deu ao homem na criação, mas muitos acreditam dela poderem desculpar-se por ignorância se não a observarem. Contra estes diz, porém, o profeta no salmo quarto: "Muitos dizem: Quem nos mostrará o bem?", como se ignorassem o que é para se operar. Mas o próprio profeta no mesmo lugar responde: "Sobre nós está assinalada a luz do teu semblante, ó Senhor", luz, a saber, do intelecto, pela qual nos é conhecido o que se deve agir. De fato, ninguém ignora que aquilo que não quer que seja feito a si, não o faça ao outro, e outras tais.
3. A lei da concupiscência. Posto, porém, que Deus na criação deu ao homem esta lei, a saber, a da natureza, o demônio, todavia, semeou sobre esta uma outra lei, a da concupiscência. Com efeito, até quando no primeiro homem a alma foi submissa a Deus, observando os divinos preceitos, também a carne foi submissa em tudo à alma, ou à razão. Mas depois que o demônio pela tentação afastou o homem da observância dos preceitos divinos, também a carne se tornou desobediente à razão. De onde aconteceu que ainda que o homem queira o bem segundo a razão, todavia é inclinado
ao contrário pela concupiscência. E isto é o que nos diz o Apóstolo no sétimo de Romanos: "Mas vejo outra lei nos meus membros que se opõe à lei da minha razão". Daqui é que freqüentemente a lei da concupiscência corrompe a lei da natureza e a ordem da razão, e por isso acrescenta o Apóstolo: "Acorrentando-me à lei do pecado".
4. A lei da Escritura, ou do temor. A lei da natureza, pois, estava destruída pela lei da concupiscência. Fazia-se, portanto, necessário que o homem fosse restituído à obra da virtude e fosse afastado dos vícios. Para isto foi necessária a lei da Escritura. Deve-se saber, porém, que o homem é afastado do mal e induzido ao bem por duas coisas, a primeira das quais sendo o temor. De fato, a primeira coisa pela qual alguém maximamente principia a evitar o pecado é a consideração das penas do inferno e do juízo final. Por isso é que o Eclesiástico nos diz: "O início da Sabedoria é o temor do Senhor", e também: "O temor do Senhor expulsa o pecado", pois, ainda que aquele que por temor não peca não seja justo, todavia daqui principia a justificação. É deste modo que o homem é afastado do mal e induzido ao bem pela lei de Moisés, a qual punia os transgressores com a morte: "Quem transgride a Lei de Moisés é condenado à morte, sem piedade, com base em duas ou três testemunhas". Heb. 10
5. A lei Evangélica, ou do amor. O modo do temor, porém, é insuficiente, e a lei que foi dada por Moisés desta maneira, afastando do mal pelo temor, também foi insuficiente. De fato, ainda que obrigasse a mão, não obrigava a alma. Por isso há um outro modo de afastar do mal e induzir ao bem, a saber, o modo do amor, e deste modo foi dada a lei de Cristo, a lei Evangélica, que é lei de amor.
6. A lei do amor torna livre. Deve-se considerar, entretanto, que entre a lei do temor e a lei do amor são encontradas três diferenças. A primeira consiste em que a lei do temor faz de seus observantes servos, enquanto que a lei do amor os faz livres. Pois quem opera
somente pelo temor opera pelo modo de servo; quem, porém, o faz por amor, o faz por modo de livre, ou de filho. De onde que diz o Apóstolo: "Onde está o Espírito do Senhor, lá está a liberdade", II Cor. 3 porque, a saber, estes por amor agem como filhos.
7. A lei do amor introduz nos bens celestes. A segunda diferença está em que os observadores da primeira lei eram introduzidos nos bens temporais, conforme diz Isaías: "Se quiserdes, e me ouvirdes, comereis dos bens da terra". Is. 1 Mas os observadores da segunda lei são introduzidos nos bens celestes: "Se queres entrar na vida, observa os mandamentos". Mat. 19 E também: "Fazei penitência". Mat. 2
8. A lei do amor é leve. A terceira diferença é que a primeira é pesada: "Por que quereis impor um jugo sobre nós que nem nós, nem nossos pais puderam suportar?" Atos 15 A segunda, porém, é leve: "O meu jugo é suave, e o meu peso é leve". Mat. 11 E também: "Não recebestes um espírito de servidão para recairdes no temor, mas recebestes o espírito de adoção de filhos". Rom. 8
9. Conclusão: simplicidade e retidão da lei de Cristo. Assim, portanto, como já foi dito, encontram-se quatro leis, a primeira sendo a lei da natureza, que Deus infundiu no homem na criação, a segunda a lei da concupiscência, a terceira a lei da Escritura, a quarta a lei da caridade e da graça que é a lei de Cristo. Como, porém, é evidente que nem todos podem ser versados na ciência, foi-nos dada por Cristo uma lei breve, para que por todos pudesse ser sabida, e ninguém por ignorância pudesse escusar-se de sua observância, e esta é a lei do amor divino. Como diz o Apóstolo: "Fará o Senhor uma palavra abreviada sobre a terra". Rom. 9
Deve-se saber, ademais, que esta lei deve ser a regra de todos os atos humanos. Com efeito, assim como vemos nas coisas feitas pela arte humana, em que cada obra é dita boa e correta quando segue a regra da arte, assim também qualquer obra humana é reta e virtuosa quando concorda com a regra do amor divino. Quando, porém, discorda desta regra, não é boa, nem reta, ou perfeita. Portanto, para que os atos humanos se tornem bons, é necessário que concordem com a regra do amor divino.
10. Os efeitos da lei do amor: o amor causa a vida espiritual. Deve-se saber, também, que esta lei, a do amor divino, produz quatro coisas no homem imensamente desejáveis, a primeira das quais é causar no mesmo a vida espiritual. É, de fato, manifesto que o amado está naturalmente no amante e por isto, quem a Deus ama, possui Deus em si: "Quem permanece na caridade em Deus permanece, e Deus nele". I Jo. 4 A natureza do amor é também tal que transforma o amante no amado; de onde que se amamos o que é vil e caduco, vis e instáveis nos tornamos: "Fizeram-se abomináveis assim como o que amaram". Os. 1 Se, porém, a Deus amarmos, divinos nos tornaremos, porque, como está escrito: "Aquele que se une ao Senhor, constitui com Ele um só espírito". I Cor. 6 Neste sentido é que Santo Agostinho diz que assim como a alma é a vida do corpo, assim Deus é a vida da alma, e isto é manifesto. Porquanto dizemos o corpo viver pela alma, quando tem as operações próprias da vida, e quando opera e se move. Apartando- se, porém, a alma, nem o corpo opera, nem se move. Assim também a alma opera virtuosa e perfeitamente quando opera pela caridade, pela qual Deus habita nela. Sem a caridade, porém, não opera: "Quem não ama, permanece na morte". I Jo. 3 Deve-se considerar, também, que se alguém tiver todos os dons do Espírito Santo sem a caridade, não tem a vida. Seja, de fato, a graça de falar em línguas, seja o dom da fé, ou seja qualquer outro, sem a caridade não concedem a vida. Com efeito, se o corpo dos mortos é vestido de ouro e de pedras preciosas, não obstante isto, morto permanece. Causar a vida espiritual é, portanto, o primeiro dos efeitos da caridade.
11. O amor causa a observância dos mandamentos.
O segundo efeito da caridade é a observância dos mandamentos divinos. Diz São Gregório: "Nunca o amor de Deus é ocioso". Porquanto, se existe, opera grandes coisas; se, porém, se recusa a operar, amor não é. De onde que um sinal manifesto da caridade é a prontidão na execução dos preceitos divinos. Vemos, de fato, os que amam operar por causa do amado coisas grandes e difíceis. Diz também o Evangelho de João: "Se alguém me ama, observará os meus mandamentos". Jo. 14 Mas quem observa o mandamento e a lei do amor divino cumpre toda a lei. Pois há dois modos de mandamentos divinos. Alguns são afirmativos, e estes a caridade cumpre porque a plenitude da lei que consiste nos mandamentos é o amor pelo qual os mandamentos são observados. Já outros são proibitórios, e estes também a caridade cumpre, porque "não age maldosamente", como diz o Apóstolo na primeira aos Coríntios.
12. O amor é refúgio contra as adversidades. A terceira coisa que faz a caridade é ser refúgio contra as adversidades. Ao que tem caridade, nenhuma adversidade causa dano, antes, se converte em coisa útil: "Todas as coisas cooperam para o bem dos que amam a Deus". Rom. 8 As coisas adversas e difíceis parecem suaves para os que amam, como entre nós o vemos manifestamente.
13. O amor conduz à eterna bem aventurança. O quarto efeito da caridade é o de conduzir à felicidade. Somente aos que tiverem caridade a felicidade eterna é prometida, pois todas as coisas sem a caridade são insuficientes: "Desde já me está reservada a coroa de justiça, que me dará o Senhor, justo juiz, naquele dia. E não somente a mim, mas a todos os que tiverem esperado com amor a sua vinda". II Tim. 4 E deve-se saber que somente segundo a diferença da caridade será a diferença da bem aventurança, e não segundo nenhuma outra virtude. Muitos, na verdade, fizeram maiores jejuns do que os apóstolos, mas estes na bem aventurança superam todos os outros por causa da excelência da caridade. Eles, com efeito, foram as primícias dos que têm o Espírito, com diz o Apóstolo, no oitavo de Romanos. De onde que a
diferença da bem aventurança provém da diferença da caridade, e assim são patentes as quatro coisas que em nós faz a caridade.
14. Outros efeitos do amor: o amor produz o perdão dos pecados. Além destas, porém, a caridade faz outras coisas que não se devem deixar passar. Primeiro, causa o perdão dos pecados, algo que já vemos manifestamente acontecer entre nós. Porquanto, se alguém ofender algum homem e posteriormente vier a amá-lo entranhadamente, o ofendido, por causa do amor com que é amado, perdoará a ofensa. Assim também Deus perdoa os pecados dos que o amam: "A caridade encobre uma multidão de pecados". I Pe. 4 E diz bem o apóstolo que os encobre, porque para Deus não parece que devam ser punidos. Mas, posto que São Pedro diga que encobre uma multidão, todavia Salomão diz no décimo de Provérbios que "a caridade encobre todos os delitos", o que o exemplo da Madalena maximamente manifesta: "São-lhe perdoados muitos pecados", e a causa é mostrada: "já que muito amou". Luc. 7 Mas talvez alguém dirá: "Então a caridade basta para apagar os pecados, e não é necessário o arrependimento?" Deve-se considerar, porém, que ninguém verdadeiramente ama, que não se arrependa verdadeiramente. De fato, é manifesto que quanto mais amamos a alguém, tanto mais nos afligimos se a ele ofendemos, e isto é um efeito da caridade.
15. O amor produz a iluminação do coração. A caridade causa também a iluminação do coração. Com efeito, assim diz o livro de Jó: "Estamos todos envolvidos em trevas". Jó 37 Pois freqüentemente não sabemos o que agir, ou desejar. A caridade, porém, ensina tudo o que é necessário à salvação. Por isto está dito: "Sua unção vos ensinará de tudo". I Jo. 2 Isto é porque, onde está a caridade, lá está o espírito Santo que a tudo conhece, o qual nos conduz no caminho correto, assim como está escrito no Salmo 138. E por isso diz também o Eclesiástico: "Vós, que temeis a Deus, amai-O, e se iluminarão os vossos corações",
a saber, para o conhecimento do que é necessário à salvação.
16. O amor realiza a perfeita alegria. A caridade também realiza no homem a perfeita alegria. Na verdade, ninguém tem verdadeira alegria a não ser existindo na caridade. Quem quer que deseje algo não está contente, nem se alegra, e nem tem repouso enquanto não o conseguir. E nas coisas temporais sucede que o que se não se tem é apetecido, e o que se tem é desprezado e gera o tédio. Mas não é assim nas coisas espirituais; antes, ao contrário, quem a Deus ama, a Deus possui, e por isso a alma de quem o ama e o deseja nEle repousa: "Quem", de fato, "permanece na caridade, em Deus permanece, e Deus nele", como está dito no quarto da primeira Epístola de João.
17. O amor produz a perfeita paz. Igualmente, a caridade produz a perfeita paz. Pois acontece nas coisas temporais que sejam desejadas com freqüência, mas obtidas as mesmas, ainda a alma do que as deseja não repousa, antes, ao contrário, obtida uma, outra apetece: "O coração do ímpio é como um mar revolto, que não pode repousar". Ecl. 57 E também, no mesmo lugar: "Não há paz para o ímpio, diz o Senhor". Mas não acontece assim na caridade para com Deus. Quem, de fato, ama a Deus, tem a paz perfeita: "Muita paz aos que amam a Tua lei, e não há tropeço para eles". Salmo 118 E isto porque somente Deus é capaz de satisfazer o nosso desejo, porquanto Deus é maior do que o nosso coração, como diz o Apóstolo. E por isso diz Santo Agostinho no primeiro livro das Confissões: "Fizeste-nos, ó Senhor, para ti, e o nosso coração está inquieto enquanto não repousa em ti". E também: "O qual preenche de bens o teu desejo". Salmo 102 A caridade também torna o homem de grande dignidade. Com efeito, todas as criaturas servem à própria majestade divina, e por ela foram
feitas, assim como as coisas artificiais servem ao artífice. Mas a caridade faz do servo um livre e um amigo. De onde diz o Senhor: "Já não vos chamarei de servos, mas de amigos". Jo. 15 Mas porventura Paulo não é servo? E os outros apóstolos não escreviam de si serem servos? Quanto a isto deve-se saber que há duas servidões. A primeira é a do temor, e esta é penosa e não meritória. Se, de fato, alguém se abstém do pecado somente pelo temor da pena, não merece por isto. Ainda é servo. A segunda servidão é a do amor. Se, na verdade, alguém opera não pelo temor da justiça, mas pelo amor divino, não opera como servo, mas como livre, porque voluntariamente, e é por isto que Cristo diz: "Já não vos chamarei mais de servos". E por que? A isto responde o Apóstolo: "Não recebestes o espírito de servidão para recairdes no temor, mas recebestes o espírito de adoção de filhos". Rom. 8 "Não há, de fato, temor na caridade", como diz I Jo. 4. O temor tem, certamente, tormento, mas a caridade deleitação.
18. O amor dignifica o homem. A caridade igualmente torna não somente livres, mas também filhos, para que, a saber, "sejamos chamados filhos de Deus e de fato o sejamos". I Jo. 3 Com efeito, o estranho se torna filho adotivo quando adquire para si o direito na herança de Deus, que é a vida eterna. Pois, como diz Romanos: "O próprio Espírito dá testemunho ao nosso espírito que somos filhos de Deus. Se, porém, filhos, também herdeiros: herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo". Rom. 8 E também: "Eis que são contados entre os filhos de Deus". Sab. 5
19. O amor de caridade só pode ser alcançado pela graça. Do que já foi dito fica patente a utilidade da caridade. Pois que, portanto, seja tão útil, deve-se trabalhar diligentemente para adquirí-la e retê-la.
Deve-se saber, porém, que ninguém pode por si mesmo possuir a caridade. Antes, ao contrário, é dom inteiramente de Deus. De onde que diz João: "Não fomos nós que amamos a Deus, mas Ele quem nos amou primeiro", I Jo. 4 porque certamente não por causa de nós o amarmos primeiro que Ele nos ama, mas o próprio fato de o amarmos é causado em nós pelo seu amor. Deve-se considerar também, que ainda que todos os dons sejam do pai das luzes, todavia este dom, a saber, o da caridade, supera todos os demais dons. De fato, todos os outros podem ser possuídos sem a caridade e o Espírito Santo; com a caridade, porém, possui-se necessariamente o Espírito Santo: "A caridade de Deus foi derramada nos nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado". Seja o dom das línguas, portanto, seja o dom da ciência ou o da profecia, todos estes podem ser possuídos sem a graça e o Espírito Santo.
20. Quatro disposições para alcançar de Deus a graça da caridade. Mas ainda que a caridade seja dom divino, para possuí- la, todavia, requer-se a disposição de nossa parte. Por isso deve-se saber que duas coisas são necessárias para adquirir a caridade, e duas para aumentar a caridade já adquirida.
21. Primeira disposição: a escuta da palavra de Deus. Para adquirir, pois, a caridade, a primeira coisa é a escuta diligente da palavra de Deus, o que é suficientemente manifesto pelo que ocorre entre nós. Ouvindo, de fato, coisas boas de alguém, somos acesos em seu amor. Assim também, ouvindo as palavras de Deus, somos acesos em seu amor: "A tua palavra é um fogo ardente, e o teu servo a amou". Salmo 118, 140 E também: "A palavra de Deus o inflamou". Salmo 104 Por esta causa aqueles dois discípulos, ardendo do amor divino, diziam: "Porventura não ardia em nós o nosso coração, enquanto nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?" Luc. 24 De onde que também no décimo de Atos se lê que "Pregando Pedro, o Espírito Santo caiu nos ouvintes da palavra divina".
E o mesmo freqüentemente acontece nas pregações, isto é, que os que se aproximam com o coração duro, por causa da palavra da pregação, são acesos ao amor divino.
22. Segunda disposição: a meditação. Para adquirir a caridade, a segunda coisa é a contínua consideração dos bens recebidos: "Aqueceu-se o meu coração dentro de mim". Salmo 38 Se, portanto, queres conseguir o amor divino, meditarás os bens recebidos de Deus. Demasiadamente duro seria, na verdade, quem considerando os benefícios divinos que alcançou, os perigos dos quais escapou, e a bem aventurança que lhe é prometida por Deus, que não se acendesse ao amor divino. De onde que diz Santo Agostinho: "Dura é a alma do homem que, posto que não queira retribuir o amor, não queira pelo menos agradecer". E, de modo geral, assim como os pensamentos maus destróem a caridade, assim os bons a adquirem, a alimentam e a conservam, de onde que nos é ordenado: "Retirai os vossos maus pensamentos dos meus olhos". Is. 1 E também: "Os pensamentos perversos separam de Deus". Sab. 1
23. Terceira disposição: afastar o coração das coisas da terra. Há também duas coisas que aumentam a caridade possuída, e a primeira é afastar o coração do que é terreno. O coração, de fato, não pode ser trazido perfeitamente a coisas diversas, de onde que ninguém é capaz de amar a Deus e ao mundo. E por isso, quanto mais nos afastarmos do amor do que é terreno, tanto mais nos firmaremos no amor divino. De onde que Santo Agostinho diz no Livro das 83 Questões: "A esperança de conseguir ou reter o que é temporal é veneno da caridade". O seu alimento é a diminuição da cobiça; sua perfeição, a nenhuma cobiça, porque a raiz de todos os males é a cobiça. Quem quer que, portanto, queira alimentar a caridade, insista em diminuir a cobiça. A cobiça é o amor de conseguir ou obter o que é temporal, e o início de sua diminuição é o temor de Deus, o qual não pode somente ser temido, sem amor. É por esta causa que se ordenaram as religiões, nas quais e pelas quais a alma é trazida do que é mundano e corruptível ao que é
divino, conforme se encontra escrito no Segundo de Macabeus, onde se lê: "Refulgiu o Sol, que antes estava entre nuvens". II Mac. 1 O Sol, isto é, o intelecto humano, está entre nuvens quando entregue às coisas terrenas. Refulgirá, porém, quando for afastado e removido do amor do que é terreno. Resplandescerá, então, e nele crescerá o amor divino.
24. Quarta disposição: a firme paciência na adversidade. A segunda coisa que aumenta a caridade é a firme paciência na adversidade. É manifesto, de fato, que quando sustentamos dificuldades por aquele a quem amamos, o próprio amor não é destruído; antes, ao contrário, ele cresce: "As muitas águas", isto é, as tribulações, "não puderam extinguir a caridade". Cant. 8 É assim que os homens santos que sustentam adversidades por Deus mais se firmam em seu amor, assim como o artífice mais amará aquela sua obra na qual mais trabalhou. Daí também vem que os fiéis quanto maiores aflições por Deus sustentam, tanto mais se elevam no seu amor: "Multiplicaram-se as águas", isto é, as tribulações, "e elevaram a arca ao alto", Gen. 7 isto é, a Igreja, ou a alma do homem justo. http://www.monergismo.com/ Este site da web é uma realização de Felipe Sabino de Araújo Neto® Proclamando o Evangelho Genuíno de CRISTO JESUS, que é o poder de DEUS para salvação de todo aquele que crê. TOPO DA PÁGINA Estamos às ordens para comentários e sugestões. Livros Recomendados Recomendamos os sites abaixo: Academia Calvínia/Arquivo Spurgeon/ Arthur Pink / IPCB / Solano Portela /Textos da reforma / Thirdmill Editora Cultura Cristã /Editora Fiel / Editora Os Puritanos / Editora PES / Editora Vida Nova
O Espírito Católico por
John Wesley
“E partindo dali, achou a Jonadabe, filho de Recabe, que se lhe fez encontradiço, e Jeú o saudou. E lhe disse: Porventura tens tu o coração reto, como o meu o é com o teu coração? E Jonadabe respondeu: Tenho. Se assim é, disse Jeú, dá-me a tua mão” (2 Reis X: 15). I. Consideremos a questão proposta por Jeú a Jonadabe: "Porventura tens tu o coração reto, como o meu o é com teu coração?" II. "Se assim é, dá-me a tua mão", ame toda a humanidade, teus inimigos, os inimigos de Deus, os estranhos, com um irmão em Cristo. III. Podemos aprender o que seja o espírito católico. 1. É FATO reconhecido, mesmo por aqueles que não pagam este grande tributo, que o amor é devido a toda a humanidade; a lei real: "Amarás a teu próximo como a ti mesmo", demonstra sua própria evidência a todos que a ouvem: e isto, não segundo a miserável construção levantada sobre ela pelos fanáticos dos velhos tempos: - "Amarás a teu próximo", teus parentes , conhecidos, amigos, e "aborrecerás a teu inimigo". Não assim - "eu vos digo" – afirma nosso Senhor: "Amai a vossos inimigos, bendizei aos que vos amaldiçoam, fazei o bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos perseguem, para que possais ser filhos" - possais aparecer assim a toda a humanidade - "de vosso Pai celestial, que faz levantar-se seu sol sobre os maus e os bons e cair a chuva sobre os justos e os injustos." 2. Mas é certo que há um amor especial que devemos aos que amam a Deus. Assim Davi: "Todo meu prazer está nos santos que estão sobre a terra e sobre os que excelem em virtude". E assim um que é maior do que ele: "Um novo mandamento vos dou, que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei, que vós vos ameis também uns aos outros. Nisto os homens conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros." (João XIII:34, 35.) Este é o amor em que o apóstolo João tão freqüente e tão energicamente insiste: "Esta" - diz ele - é a mensagem que tendes ouvido desde o princípio, que nos amemos uns aos outros" (1 João III : 11) . ---Por isto conhecemos o amor, porque Cristo deu a sua vida por nós; e nós devemos", se o amor nos chamar a isso, "dar a vida pelos irmãos" (versículo 16). E outra, vez: "Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor é de Deus. Quem não ama, não conhece a Deus, porque Deus é amor" (IV:7, 8). "O amor consiste, não em termos nós amado a Deus, mas em que Ele nos amou a nós e enviou a seu Filho como propiciação pelos nossos pecados. Amados, se Deus assim nos amou, devemos também amar-nos uns aos outros" (versículos 10 e 11). 3. Todos os homens aprovam isto; mas todos os homens o praticam? A experiência diária mostra o contrário. Onde os cristãos que "se amam uns aos outros como Ele nos ordenou"? Quantos tropeços se acumulam no caminho! Os dois grandes empecilhos gerais são: primeiro, não
poderem todos os homens pensar do mesmo modo; e, em conseqüência disto, não poderem eles, em segundo lugar, agir de modo igual; mas nos mínimos detalhes de sua prática devem diferir em proporção à diversidade de seus sentimentos. 4. Mas, embora a diferença de opiniões ou de formas de culto possa obstar a completa união orgânica, deve tal diferença impedir nossa unidade de sentimentos? Embora não possamos pensar do mesmo modo, não podemos amar de maneira igual? Não podemos ter um só coração, ainda que não tenhamos uma opinião só? Sem dúvida alguma que o podemos. Nisto todos os filhos de Deus podem unir-se, não obstante aquelas diferenças secundárias. Permaneçam estas como estão, e ainda os crentes podem-se acompanhar uns aos outros no amor e nas boas obras. 5. Certamente que, neste sentido, o exemplo do próprio Jeú, caráter tão desigual como era, é bem digno de atenção e de imitação por parte de todo cristão honesto. "E partindo dali, achou a Jonadabe filho de Recabe que se lhe fez encontradiço, e Jeú o saudou. E lhe disse: Porventura tens tu o coração reto, como o meu o é com o teu coração? E Jonadabe respondeu: Tenho. Se assim é, disse Jeú, dá-me a tua mão". O texto se divide naturalmente em duas partes: primeiro, a questão proposta por Jeú a Jonadabe: "Porventura tens tu o coração reto, como o meu o é com o teu coração?" Segundo, a oferta feita em vista da resposta de Jonadabe: "Tenho"; "Se assim é, dá-me a tua mão".
I 1. E, primeiro, consideremos a questão proposta por Jeú a Jonadabe: "Porventura tens tu o coração reto, como o meu o é com teu coração?" A primeira coisa que observamos nestas palavras, é que não se faz aí nenhum inquérito em torno das opiniões de Jonadabe. É certo, todavia, que algumas ele as sustentava e que eram muito invulgares, e mesmo bastante originais; nutria algumas opiniões que exerciam larga influência sobre sua conduta, opiniões a que imprimia, ao mesmo tempo, grande destaque, a ponto de as inculcar aos filhos de seus filhos, até a derradeira posteridade. Isto evidentemente ressalta do relato feito por Jeremias, muitos anos depois da morte daquele. "E tomei Jezonias e seus irmãos, e todos os seus filhos, e toda a casa dos Recabitas - e pus diante dos filhos da casa dos Recabitas taças cheias de vinho e copos, e disse-lhes: bebei vinho. Mas eles responderam: Não beberemos vinho, porque Jonadabe", ou Jeonadabe, "filho de Recabe, nosso pai" (ficaria mais claro o texto se dispuséssemos as palavras nesta ordem: "Jonadabe, nosso pai, filho de Recabe". Em prova de amor e reverência a Recabe, Jonadabe provavelmente desejava que seus descendentes lhe conservassem o nome), "nos mandou, dizendo: não bebereis vinho, nem vós, nem vossos filhos, nunca jamais. E não edificareis casa, nem semeareis sementeiras, e vinhas não plantareis, nem as possuireis, mas habitareis em tendas todos os dias de vossa
vida. Temos, pois, obedecido e feito de acordo com tudo quanto Jonadabe, nosso pai, nos mandou". (Jer. XXXV:3-10.) 2. E Jeú, todavia, (embora pareça ter sido violenta sua maneira própria de conduzir-se, tanto em assuntos seculares como em questões religiosas), não se preocupa de modo nenhum com qualquer dessas coisas, mas deixa que Jonadabe persista em seus próprios sentimentos. Nenhum deles parece ter dado ao outro a menor preocupação no tocante às opiniões que sustentavam. 3. É muito possível que muitos homens bons agora também sustentem opiniões particulares; e alguns podem tê-las de espécie tão singular como eram as de Jonadabe. É certo, conquanto conheçamos apenas em parte, que todos os homens não vêem todas as coisas do mesmo modo. É uma conseqüência inevitável da presente fraqueza e limitação do entendimento humano, que os diversos homens sejam de, espírito diverso no tocante à religião, assim como nas coisas da vida comum. Assim tem sido desde o começo do mundo e assim será "até a consumação de todas as coisas". 4. Ainda mais: embora todo homem necessariamente creia que toda opinião particular que sustente seja verdadeira (porque, admitir que uma opinião não seja verdadeira, é o mesmo que repudiar a essa opinião), não pode, contudo, todo homem estar seguro de que todas as suas opiniões, tomadas em conjunto, sejam verdadeiras. Nem pode homem algum de raciocínio estar seguro de que elas não sejam verdadeiras, visto que humanum est errare et nescire: "Ser ignorante de muitas coisas e errar em algumas, é a condição necessária da humanidade." Disto, pois, o homem é cônscio, sendo tal seu próprio caso. Conhece, de modo geral, que está errado, embora não saiba em que ponto esteja errado - e talvez nem possa sabê-lo. 5. Digo: "talvez nem possa sabê-lo", porque - quem pode dizer até onde vai a ignorância invencível? ou (o que vem a ser a mesma coisa), o preconceito invencível, que com freqüência se acha tão impresso na mente maleável, que se torna depois impossível extirpar o que se enraizou tão profundamente? E quem pode dizer, a menos que conheça todas as circunstâncias que o envolvam, até que ponto um erro é culpável? Desde que toda culpa deve pressupor alguma concorrência da vontade, desta somente pode ser juiz Aquele que esquadrinha os corações. 6. Todo homem prudente concederá, pois, aos outros a mesma liberdade de pensamento que deseja lhe concedam os outros homens, e não insistirá mais em que eles lhe abracem as opiniões do que desejaria que eles insistissem por que abraçasse as suas. Tolera os que dele diferem e somente propõe àquele com quem deseja unir-se em amor uma questão única: "Porventura tens tu o coração reto, como o meu o é com teu coração?" 7. Podemos, em segundo lugar, observar que não se encontra ai nenhum inquérito em torno da forma de culto observada por Jonadabe, embora seja muitíssimo provável que houvesse, também a esse respeito, muito grande diferença entre eles. Bem podemos crer que Jonadabe, assim como toda sua posteridade, prestasse culto a Deus em
Jerusalém, conquanto Jeú o não fizesse; este dava mais atenção à política do Estado do que à religião. E, assim, embora ele houvesse perseguido os adoradores de Baal e houvesse exterminado de Israel o culto de Baal, todavia não se apartou do cômodo pecado de Jeroboão - o culto dos bezerros de ouro, (2 Reis X:29.) 8. Mesmo entre os homens de coração firme, homens que desejam "ter uma consciência livre de ofensa", necessariamente deve acontecer que, dada a existência de várias opiniões, também haja vários modos de prestar culto a Deus, já que a diversidade de opiniões necessariamente implica em diversidade de prática. E como, em todas as eras, nada houve sobre que os homens divergissem tanto em suas opiniões como no tocante ao Ser Supremo, assim em coisa alguma não diferem mais uns dos outros do que na maneira de lhe prestar culto. Se isto se houvesse verificado somente no mundo pagão, não seria motivo de espanto, porque sabemos que os pagãos, "por" sua "sabedoria não conheceram a Deus% nem puderam, consequentemente, saber como adorá-lo. Mas não é estranho que, mesmo no mundo cristão, embora todos concordem com o princípio geral: "Deus é Espírito, e os que o adoram devem adorá-lo em espírito e verdade", se encontrem, nos modos particulares de render culto a Deus, quase tantas variações como entre os pagãos. 9. E como poderíamos escolher entre tal variedade? Nenhum homem pode escolher para outro ou prescrever-lhe uma ou outra forma, mas cada um deve seguir os ditames de sua própria consciência, em simplicidade e piedosa sinceridade. Deve estar persuadido em sua própria mente e depois agir de acordo com a melhor iluminação que possuir. Nem possui criatura alguma o poder de determinar que outro homem ande segundo sua própria regra. Deus não deu direito a nenhum dos filhos dos homens, de assenhorear-se desse modo da consciência de seus irmãos; cada um deve, porém, julgar por si mesmo, assim como cada um deve dar contas de si mesmo a Deus. 10. Embora todo seguidor de Cristo seja, pois, obrigado, pela própria natureza da instituição cristã, a tornar-se membro de uma ou de outra congregação particular, de alguma igreja, como usualmente se chama, (o que implica num modo particular de' render culto a Deus, porque "dois não podem andar juntos, a não ser que estejam de acordo"), todavia, ninguém pode ser obrigado, por nenhum poder da terra, a não ser pelo de sua própria consciência, a preferir esta ou aquela congregação a outra, a preferir esta ou aquela forma peculiar de culto. Sei que comumente se supõe isto; que o lugar de nosso nascimento decide da igreja a que devamos pertencer; que alguém, por exemplo, quem nasceu na Inglaterra, deve pertencer à chamada Igreja da Inglaterra, e, consequentemente, deve adorar a Deus do modo especial que aquela igreja prescreve. Fui outrora zeloso partidário desta idéia, mas encontrei muitas razões para libertar-me desse zelo. Temo que isto acarrete tantas dificuldades, que nenhum homem de raciocínio possa vencer. Se, afinal, aquela regra tivesse sido observada, nenhuma reforma se teria operado em oposição ao papismo, visto que este inteiramente destrói o direito de juízo privado, principio sobre que descansa toda a Reforma.
11. Não cuido, pois, de acalentar a presunção de impor meu sistema de culto a quem quer que seja. Creio que ele é verdadeiramente primitivo e apostólico: minha crença não é, entretanto, regra para os outros. Não pergunto, pois, àquele com quem eu quisera unir-me em amor: És de minha igreja? De minha congregação? Recebes a mesma forma de governo de igreja e admites comigo os mesmos oficiais? Unes-te comigo na mesma forma de oração pela qual presto culto a Deus? Não pergunto: Recebes a Ceia do Senhor na mesma posição em que a recebo e de maneira igual? Nem pergunto se, na forma de batismo, tu concordas comigo em admitir padrinhos para o batizando, na maneira de o administrar, ou no tocante à idade daqueles a quem deve ser administrado. Nem pergunto (tão desprevenida tenho a própria mente), se recebes mesmo, de qualquer modo, o batismo e a ceia do Senhor. Fiquem de lado todas essas coisas; falaremos delas, se necessário, em ocasião mais oportuna; minha pergunta única, no presente, é esta: "Por ventura tens tu o coração reto, como o meu o é com teu coração?" 12. Mas, o que se acha implícito nesta questão? Não pergunto o que Jeú entendia estar implícito nela: pergunto o que entenderá o seguidor de Cristo que ela abranja, quando a propõe a qualquer de seus irmãos? A primeira coisa que a pergunta envolve é esta: Teu coração é reto para com Deus? Crês em sua existência, em suas perfeições? Sua eternidade, imensidade, sabedoria, poder? Sua justiça, misericórdia e verdade? Crês que Ele "sustenta todas as coisas pela palavra de seu poder", e que Ele governa mesmo as coisas mínimas, as mais nocivas, para sua glória e para o bem dos que o amam? Tens a divina evidência, a convicção sobrenatural, das coisas de Deus? "Andas pela fé e não por visão"? Buscas as coisas eternas, e não as temporais? 13. Crês no Senhor Jesus Cristo, "Deus sobre todas as coisas, bendito para sempre"? Revelou-se Ele à tua alma? Conheces a Jesus Cristo, e este crucificado? Habita Ele em ti e tu nele? Formou-se Ele em teu coração pela fé? Tendo de todo renunciado a todas as tuas obras, à tua própria justiça, tu "te submeteste à justiça de Deus", que é pela fé em Cristo Jesus? Estás "fundado nele, não tendo tua própria justiça, mas a justiça que é pela fé"? E estás, por meio dele, "combatendo o bom combate da fé e apoderando-te da vida eterna"? 14. Tua fé está energoumenE di' agapEs, cheia da energia do amor? Amas a Deus (não digo "acima de todas as coisas", que é uma expressão a um tempo não-bíblica e ambígua, mas) "de todo o teu coração, e de toda a tua mente, e de toda a tua alma, e de toda a tua força"? toda tua felicidade tu a buscas somente nele? E encontras aquilo que procuras? Tua alma constantemente "engrandece ao Senhor e teu espírito se alegra em Deus, teu Salvador"? Tendo aprendido "a dar graças em todas as coisas", achas que "é coisa agradável e confortadora ser agradecido"? Deus é o centro de tua alma, a suma de todos os teus desejos? Estás, em conseqüência, ajuntando teu tesouro no céu, e reputando todas as outras coisas como esterco e escória? O amor de Deus expulsou de tua alma o amor do mundo? Estás então "crucificado para o mundo", estás morto para o que é cá de baixo e tua "vida está escondida com Cristo em Deus".
15. Estás empenhado em fazer, não tua própria vontade, mas a vontade daquele que te enviou, daquele que te fez descer à terra para aqui habitares por um pouco, para passares alguns dias num país estranho, até que, feita a obra que Ele te encarregou que fizesses, voltes para a casa de teu Pai? Tua comida e tua bebida é "fazer a vontade de teu Pai que está nos céus"? Teus olhos são simples em todas as coisas? Estão sempre fixos em Deus? Estão sempre voltados para Jesus? Apontas para Ele em qualquer coisa que fazes - em todo teu trabalho, teus negócios, tua conversação - ambicionando somente a glória de Deus em tudo: "o que quer que faças, seja em palavra ou obra, fazes tudo em nome do Senhor Jesus, dando graças a Deus, o Pai, através dele"? 16. O amor de Deus te constrange a servi-lo com temor, "a regozijar-te nele com reverência"? Tens maior medo de desagradar a Deus do que da morte ou do' inferno? Para ti nada há tão terrível como o pensamento de ofender os olhos de sua glória? Fundado nesse sentimento, "odeias todos os maus caminhos", toda transgressão de sua lei santa e perfeita, e nisto "te exercitas, para teres uma consciência livre de ofensa, para com Deus e para com o homem"? 17. Teu coração é reto para com teu próximo? Amas, como a ti mesmo, a toda a humanidade, sem exceção? "Se somente amas àqueles que te amam, que recompensa tens?" Amas a "teus inimigos"? Tua alma está cheia de boa vontade, de terna afeição para com eles? Amas ainda aos inimigos de Deus, aos ingratos e ímpios? Tens o coração comovido por sua causa? Podes "desejar" ser temporariamente "maldito" por causa deles? E mostras este sentimento "bendizendo aos que te amaldiçoam e orando pelos que te maltratam e te perseguem"? 18. Mostras teu amor pelas tuas obras? Se tens ocasião, segundo as oportunidades que se te ofereçam, fazes de fato o "bem a todos os homens", vizinhos ou forasteiros, amigos ou inimigos, bons ou maus? Fazes a eles todo o bem que possas fazer, procurando suprir-lhes as faltas, auxiliando-os no corpo e na alma, no máximo de tuas forças? Se estás assim disposto, que todo cristão diga - se disto estás sinceramente desejoso, rumo a semelhante alvo encaminhando-te, até que o alcances - que todo cristão diga: "Teu coração é reto, como o é o meu com teu coração."
II 1. "Se assim é, dá-me a tua mão". Não quero dizer: "Sê de minha opinião". Não tens necessidade disso: não o espero. nem desejo. Nem quero significar: "Serei de tua opinião". Não posso fazê-lo: isto não depende de minha escolha. Não posso pensar à minha vontade mais do que posso ouvir ou ver. Guarda tua opinião; eu guardarei a minha - e isto tão firmemente como nunca. Não tens necessidade de tentar a passagem para meu lado, nem levar-me contigo para tua banda. Não desejo que discutas aqueles pontos, nem ouvir ou falar uma palavra relativa a eles. Fiquem todas as opiniões isoladas de um e de outro lado: somente - "dá-me a tua mão".
2. Não quero dizer: "Abraça minhas fórmulas de culto", ou "Abraçarei as tuas fórmulas". Também isto não é coisa que dependa de minha ou de tua escolha. Ambos devemos agir segundo cada um esteja persuadido em sua própria mente. Guarda firmemente aquilo que crês seja mais aceitável a Deus e eu farei o mesmo. Creio que a forma Episcopal de governo da Igreja é bíblica e apostólica. Se pensas que a forma Presbiteriana ou Independente seja melhor, continua a pensar assim e procede de modo condizente com tal crença. Creio que as crianças devem ser batizadas, e que isso se pode fazer tanto por imersão como por aspersão. Se estás persuadido diversamente, assim seja; segue tua própria convicção. Parece-me que as fórmulas de oração sejam de excelente resultado, principalmente no culto público. Se julgas que a oração extemporânea seja de maior valia, procede segundo teu próprio conceito. Minha convicção é a de que não devo impedir a água, onde quer que haja pessoas que devam ser batizadas; e que devo comer pão e beber vinho. Em memória de meu Senhor expirante; entretanto, se não estás convencido disso, procede de acordo com a luz que haja em ti. Não tenho intenção de contender contigo, sequer por um momento, acerca dos assuntos precedentes. Que todos esses pontos menores permaneçam de lado. Que eles jamais venham a debate. "Se teu coração é como o meu coração"; se amas a Deus e a toda a humanidade, não peço mais: "Dá-me a tua mão". 3. Quero dizer, primeiro, que me ames: e isto não somente como tu amas a toda a humanidade; não somente como tu amas a teus inimigos; ou aos inimigos de Deus, aos que te odeiam, que "te maltratam e te perseguem"; não somente como a uni estrangeiro, como alguém de quem não sabes nem o bem, nem o mal; não fico satisfeito com isto, não: "se teu coração for reto, como o é o meu para com teu coração ama-me, pois, com o maior afeto; como a um amigo mais íntimo do que um irmão; como um irmão em Cristo, um concidadão da Nova Jerusalém, um camarada empenhado no mesmo combate, sob as ordens do mesmo General de nossa Salvação. Ama-me como a um companheiro no reino e na paciência de Jesus e co-herdeiro de sua glória. 4. Ama-me (mas de maneira mais fervente do que amas ao grosso da humanidade), com um amor que é longânimo e benigno; que é paciente, se me mostrar ignorante ou transviado do caminho, aliviando-me e não avolumando meu tardo; e é ainda terno, suave e compassivo; que não inveja, se em qualquer tempo for do agrado de Deus fazer que eu prospere mais em sua obra do que nela prosperas. Ama-me com amor que não se irrita, seja com minhas loucuras e imperfeições, seja com meus atos em desacordo com a vontade de Deus (se eles alguma vez te parecerem tais). Ama-me de modo que não penses mal de mim, de modo a pôr à margem todo ciúme e suspeitas mas. Ama-me com amor que tudo suporta; que nunca revela minhas faltas ou fraquezas; que tudo crê, desejando sempre pensar o melhor, levantando sempre os mais belos edifícios sobre todas as minhas palavras e ações; que tudo espera, julgando que as coisas que se dizem nunca se deram, ou não se verificaram nas circunstâncias relatadas, ou, pelo menos, que houvesse em sua prática uma boa intenção, ou que interviesse um assalto súbito de tentação. E espera até o fim que, seja o que for que haja de errado,
será, pela graça de Deus, corrigido; o que houver ern falta será suprido pelas riquezas de suas misericórdias, em Cristo Jesus. 5. Quero dizer, em segundo lugar, que me encomendes a Deus em todas as tuas orações; que lutes com Ele em meu favor, para que eu possa corrigir prontamente o que ele veja de errado e suprir o que falta em mim. Em tua mais fervorosa aproximação do trono da graça, pede Aquele que estará então mui de perto presente contigo, que meu coração esteja mais unido ao teu coração, seja mais reto diante de Deus e diante dos homens; que eu possa ter uma convicção perfeita das coisas invisíveis e um conceito mais forte do amor de Deus em Cristo Jesus; possa mais firmemente andar pela fé e não por visão; e mais resolutamente me apodere da vida eterna. Ora por que o amor de Deus e de toda humanidade se derrame em maior abundância em meu coração; que eu possa ser mais ardente e ativo no fazer a vontade de meu Pai que está nos céus; mais zeloso de boas obras e mais cuidadoso de abster-me de toda aparência do mal . 6. Quero dizer, em terceiro lugar, que me incites ao amor e às boas obras. Reforça tua oração, segundo as oportunidades que tiveres, falando-me, em amor, tudo quanto julgares ser para a saúde de minha alma. Aviva-me na obra que Deus me deu a fazer e instrui-me na maneira de mais perfeitamente a cumprir. Sim, "admoesta-me como amigo e repreende-me", em tudo quanto te parecer esteja eu fazendo antes minha própria vontade do que a vontade daquele que me enviou. Oh! Fala e não te cales, tudo quanto acreditares possa conduzir, quer à emenda de minhas faltas, ao revigoramento de minha fraqueza, à minha edificação em amor, quer a tornar-me mais idôneo, em todo sentido, para o uso do Mestre. 7. Quero dizer, finalmente, que me ames - não de palavras somente, mas de fato e de verdade. Na medida que em consciência possas fazê-lo (sustentando ainda tuas próprias opiniões e tua própria maneira de prestar culto a Deus), une-te comigo na obra de Deus - e sigamos de mãos dadas. E até este ponto, é certo, tu podes ir. Fala de modo honroso, onde quer que estejas, da obra de Deus, qualquer que seja a pessoa que a realize - e fala dignamente de seus mensageiros. E, se estiver em tuas mãos, não somente, simpatiza com eles quando se encontrem em qualquer dificuldade, mas presta-lhes assistência carinhosa e eficiente, para que possam glorificar a Deus por tua causa. 8. Duas coisas devem ser observadas no tocante ao que foi dito sob a última epígrafe: uma é que, qualquer que seja o amor, qualquer que seja a obra de amor, qualquer que seja a assistência espiritual ou temporal, que peço àquele cujo coração é reto, assim como o meu o é para com o seu, o mesmo devo estar pronto, pela graça de Deus, a conceder-lhe, segundo os meios de que eu disponha; a outra é que não faça eu semelhante pedido somente, para meu proveito próprio, mas para o bem de todos aqueles cujo coração seja reto diante de Deus e dos homens, para que todos nos amemos uns aos outros como Cristo nos amou.
III
1. Uma inferência podemos fazer do que foi dito. Daí podemos aprender o que seja o espírito católico. Dificilmente se encontra uma expressão que tenha sido mais grosseiramente deturpada e mais perigosamente empregada do que essa: mas será fácil a quem calmamente considerar as observações precedentes corrigir qualquer deturpação dessa idéia e evitar-lhe a aplicação ruinosa. Porque, daí aprendemos, primeiro, que o espírito católico não é latitudinarisímo especulativo. Não é indiferença em face de todas as opiniões: isto é a sementeira do inferno e não a colheita do céu. Essa inconstância de pensamento, esse ser "levado de um para outro lado e ser um inimigo irreconciliável e não um amigo do verdadeiro catolicismo. O homem de espírito verdadeiramente católico não tem de estar à procura de sua religião. Está fixo como o sol em seu conceito acerca dos aspectos principais da doutrina cristã. Na verdade, está sempre pronto a ouvir e pesar tudo quanto se possa apresentar contra seus princípios; mas, como isto não revela nenhuma variação em sua própria mente, assim lhe não fornece nenhuma ocasião para variar. Não hesita entre duas opiniões, nem tenta vãmente fundi-las numa só. Observai isto, vós que não sabeis de que espírito sois; que vos chamais homens de espírito católico, simplesmente porque sois de compreensão opaca; porque vossa mente está toda em flutuação; porque não tendes princípios estabelecidos, consistentes, mas estais a misturar confusamente todas as opiniões. Convencei-vos de que errastes inteiramente o caminho; convencei-vos de que não sabeis onde vos encontrais. Pensais estar rumando para o próprio espírito de Cristo, quando, na verdade, mais perto estais do espírito do anticristo. Ide e aprende! os primeiros rudimentos do Evangelho de Cristo - e então aprendereis a ser de espírito verdadeiramente católico. 2. Do que se disse aprendemos, em segundo lugar, que o espírito católico não é uma espécie de latitudinarismo prático. Não é indiferença para com o culto público, ou para com as formas exteriores de o cumprir. Isto, do mesmo modo, não seria uma bênção, mas a maldição. Longe de haver nisto um auxílio, seria, enquanto perdurasse tal atitude, um inqualificável tropeço ao culto tributado a Deus em espírito e verdade. Mas o homem de espírito verdadeiramente católico, tendo pesado todas as coisas na balança do santuário, não tem dúvida, nem nenhum escrúpulo, no tocante à forma particular de culto a que adere. Está lucidamente convencido de que essa maneira de render culto a Deus tanto é espiritual como racional. Nada conhece no mundo que seja mais bíblico, nem que seja mais racional. Assim, sem estar claudicando. de um para outro lado, apega-se firmemente a ela e roga a Deus lhe abra oportunidades de assim o fazer. 3. Daí podemos aprender, em terceiro lugar, que o espírito católico não é indiferença em face de todas as congregações. Este é outro gênero de latitudinarisímo não menos absurdo e antibíblico do que o primeiro. Mas longe está ele do homem de espírito verdadeiramente católico. Tal homem está preso à sua congregação como a seus princípios. Está unido a ela, não somente em espírito, mas por todos os laços exteriores
da fraternidade cristã. Ali ele participa de todas as ordenanças de Deus. Ali recebe a ceia do Senhor. Ali derrama sua alma em oração pública e une-se aos demais em público louvor e ações de graças. Ali se alegra em ouvir a Palavra de reconciliação, o Evangelho da graça de Deus. Com eles, com seus mais próximos, seus mais amado,, irmãos, busca a Deus, nas ocasiões solenes, através do jejum. A esses irmãos particularmente acompanha em amor, assim como eles velam sobre sua alma, admoestando, exortando, confortando, reprovando e por todos os modos edificando uns aos outros na fé. A esses irmãos ele encara como sua própria família: e por isso, segundo a capacidade que Deus lhe deu, naturalmente cuida deles e providencia para que possam ter todas as coisas necessárias à vida e à piedade. 4. Mas, conquanto esteja firmemente preso a seus princípios religiosos, nos quais acredita estar a verdade como se acha em Jesus; conquanto firmemente se apegue àquela forma de cultuar a Deus que julga ser mais aceitável à sua vista; e conquanto esteja unido pelos laços mais temos e mais estreitos a uma congregação particular, seu coração se abre para toda a humanidade, para os que ele conhece e para os que não conhece; abraça com afeição forte e cordial a conterrâneos e a estranhos, a amigos e inimigos. Este é o amor católico ou universal. O que o possui é dotado de espírito católico. Porque só o amor distingue este caráter: o amor católico é o espírito católico. 5. Se tomarmos, portanto, esta palavra no sentido mais restrito, o homem de espírito católico é o que, do modo acima exposto, dá sua mão a todos aqueles cujo coração seja reto com seu coração: é o que sabe como louvar a Deus por todas as vantagens de que desfruta, apreciando-as devidamente em relação ao conhecimento das coisas de Deus, à verdadeira forma bíblica de lhe dar culto e, acima de tudo, em relação à sua união com uma comunidade que teme a Deus e pratica a justiça: é o que, retendo essas bênçãos com o mais rigoroso cuidado, guarda-as como a menina dos olhos e, ao mesmo tempo, ama – como amigos, como irmãos no Senhor, como membros de Cristo e filhos de Deus, como atuais co-participantes do presente reino de D eus e coherdeiros de seu reino eterno - a todos, de qualquer opinião, ou culto, ou congregação, que creiam no Senhor Jesus Cristo; que amem a Deus e aos homens; e que, regozijandose em louvar a Deus e temendo causar-lhe ofensa, sejam cuidadosos no abster-se do mal e zelosos nas boas obras. É homem de espírito verdadeiramente católico aquele que continuamente traz essas coisas em seu coração; que, tendo uma indizível ternura para com sua pessoa, e almejando seu bem-estar, não cessa de os encomendar a Deus em oração, bem como de lhes defender a causa diante dos homens; que lhes fala com agrado e trabalha, através de todas as suas palavras, por lhes fortalecer as mãos em Deus. Auxilia-os em todas as coisas, até o extremo limite de seus recursos, seja no terreno espiritual, seja no terreno temporal. Está pronto a "consumir e ser consumido por eles"; sim, e até a dar a sua própria vida por sua causa. 6. Tu, ó homem de Deus, pensa nestas coisas! Se já estás neste caminho, prossegue. Se dantes havias-te desviado dele, bendize a Deus, que te reconduziu! E agora, corre a carreira que te está proposta, ao
longo da estrada real do amor universal. Toma cuidado, para que não varies em tuas convicções ou te enfraqueças em teu coração: mas persevera na paz, enraizado na fé uma vez entregue aos santos, e fundado no amor, no verdadeiro amor católico, até que sejas arrebatado em amor pelos séculos dos séculos!
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Amor por
J. C. Ryle “Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor” (1 Coríntios 13:13). O amor é corretamente chamado de “a Rainha das graças cristãs”. “O fim do mandamento”, diz Paulo, “é o amor” (1 Timóteo 1:5). É uma graça que todos professam admirar. Ela parece ser uma coisa clara e prática que todo mundo pode entender. Não é um “daqueles pontos doutrinários molestos” sobre os quais os cristãos discordam. Milhares, supeito eu, não se envergonhariam de dizer que não sabem nada sobre justificação, regeneração, a obra de Cristo ou sobre o Espírito Santo. Porém, ninguém, creio eu, gostaria de dizer que não sabe nada sobre o amor! Até mesmo os homens que não possuem uma religião sempre se vangloriam de possuir “amor”. Umas poucas reflexões sobre o amor nos serão proveitosas. Há noções falsas sobre o amor que precisam ser dissipadas. Há enganos sobre ele que requerem retificações. Em minha admiração do amor, não me submeto a ninguém. Porém, atrevo-me a dizer que em muitas mentes, o tema parece estar completamente mal-compreendido. I. Primeiro, deixe-me mostrar “o lugar que a Bíblia dá ao amor”. II. Segundo, deixe-me mostrar “o que é realmente o amor da Bíblia”.
III. Terceiro, deixe-me mostrar, “de onde procede o verdadeiro amor”. IV. E por último, deixe-me mostrar “o porque o amor é 'a maior' das graças”. Eu peço a sincera atenção de meus leitores ao assunto. O desejo do meu coração e a minha oração a Deus, é que o crescimento do amor possa ser promovido neste mundo sobrecarregado de pecado. Em nenhum outro lugar a condição caída do homem se mostra tão forte como na escassez do amor cristão. Há pouca fé na terra, pouca esperança, pouco conhecimento das coisas divinas. Mas nada, depois de tudo, é tão escasso como o amor real.
I. Primeiro, deixe-me mostrar “o lugar que a Bíblia dá ao amor”. Começo com este ponto para estabelecer a imensa importância prática do meu assunto. Não me esqueço que há muitos cristãos nestes dias que quase recusam olhar para algo prático no Cristianismo. Eles não falam sobre nada, senão de duas ou três doutrinas favoritas. Quero recordar a meus leitores que a Bíblia contém conteúdo prático tanto quanto doutrinário, e que uma coisa para a qual ela atribui grande importância é o “amor”. Voltemos nossa atenção para o Novo Testamento, e observemos o que nos é dito sobre o amor. Em todas as investigações religiosas, não há nada como deixar que a Escritura fale por si mesma. Não há melhor maneira de encontrar a verdade do que recorrer ao velho caminho de se voltar para os textos simples da Bíblia. Os textos foram as armas do nosso Senhor, tanto nas respostas a Satanás, como nas argumentações com os judeus. Os textos são os guias aos quais nunca devemos nos envergonhar de nos referir a eles, nos dias presentes — O que a Escritura diz? O que está escrito? Como você a lê? Ouçamos o que Paulo diz aos coríntios: “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria” (1 Coríntios 13:1-3). Ouçamos o que Paulo diz aos colossenses: “E, sobre tudo isto, revestivos de amor, que é o vínculo da perfeição” (Colossenses 3:14). Ouçamos o que Paulo diz a Timóteo: “Ora, o fim do mandamento é o amor de um coração puro, e de uma boa consciência, e de uma fé não fingida” (1 Timóteo 1:5). Ouçamos o que Pedro diz: “Mas, sobretudo, tende ardente amor uns para com os outros; porque o amor cobrirá a multidão de pecados” (1 Pedro 4:8). Ouçamos o que nosso Senhor Jesus Cristo diz sobre este amor: “Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos
amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.”. Sobretudo, ouçamos o relato do nosso Senhor do juízo final, e observe a falta de amor que condenará milhões: “Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos; Porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber” (Mateus 25:4142). Ouçamos o que Paulo diz aos romanos: “A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei” (Romanos 13:8). Ouçamos o que Paulo diz aos efésios: “E andai em amor, como também Cristo vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave” (Efésios 5:2). Ouçamos o que João diz: “Amados, amemo-nos uns aos outros; porque o amor é de Deus; e qualquer que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor ” (1 João 5:7-8). Não farei comentário algum sobre estes textos. Penso que será melhor deixá-los diante dos meus leitores em sua eloqüente simplicidade, e deixá-los falar por si mesmos. Se alguém está disposto a pensar que o assunto deste artigo é insignificante, apenas pedirei a ele que olhe para estes textos, e pense novamente. Aquele que desce o “amor” do santo e alto lugar que ele ocupa na Bíblia, e o trata como um assunto de importância secundária, deve acertar as contas com a Palavra de Deus. Eu certamente não gastarei tempo argumentando com tal pessoa. À minha mente, a evidência destes textos parece clara, simples e incontrovertível. Eles mostram a imensa importância do amor como uma das “coisas que acompanham a salvação”. Eles provam que é correto demandar a séria atenção de todos que se chamam cristãos, e que aqueles que desprezam o assunto estão apenas expondo sua própria ignorância das Escrituras.
II. Segundo, deixe-me mostrar “o que é realmente o amor da Bíblia”. Penso que é de grande importância ter visões claras sobre este ponto. É precisamente aqui que os enganos sobre o amor começam. Milhares de pessoas enganam a si mesmas com a idéia de que elas têm “amor”, e isto, devido a uma clara ignorância das Escrituras. O amor delas não é o amor descrito na Bíblia. (a) O amor da Bíblia não consiste em dar aos pobres. É uma ilusão comum supor isto. Todavia, Paulo nos diz claramente que um homem pode “dar tudo o que ele possui aos pobres” (1 Coríntios 13:3), e não ter amor. Que um homem amoroso “lembrará dos pobres”, não pode haver dúvida (Gálatas 6:10). Que ele fará tudo o que ele pode para assisti-los, aliviá-los e diminuir as suas aflições, não nego nem por um momento. Tudo o que disse é que isto não é, por si só, “amor”. É fácil gastar uma
fortuna ao distribuir dinheiro, sopa, pão, cobertores e roupas, e, todavia, estar totalmente destituído do amor da Bíblia. (b) O amor da Bíblia não consiste em nunca desaprovar a conduta dos demais. Aqui, há outra ilusão muito comum! Milhares de pessoas se orgulham de nunca condenar os outros, ou dizer que eles estão errados, não importa o que eles possam fazer. Eles convertem o preceito de nosso Senhor, “Não julgueis”, numa escusa para não ter opinião desfavorável de ninguém. Eles pervertem Sua proibição de julgamentos precipitados e censuradores numa proibição de todo e qualquer julgamento. Seu próximo pode ser um bêbado, um mentiroso, um homem violento. Não importa! “Não é amor”, eles lhe dizem, “dizer que ele está errado”. Você deve crer que ele, no fundo, tem um bom coração! Esta idéia de amor é, infelizmente, muito comum. É cheia de prejuízo. Lançar um véu sobre o pecado, e recusar chamar as coisas pelos seus devidos nomes — falar de “corações bons”, quando as vidas são eloqüentemente más — é fechar os nossos olhos contra a impiedade, e escusar sua imoralidade — este não é o amor da Escritura. (c) O amor da Bíblia não consiste em nunca desaprovar as opiniões religiosas de outras pessoas. Aqui há outra ilusão muito séria e crescente. Há muitos que se orgulham de nunca se pronunciar contra os outros, não importa quais visões eles possam sustentar. Seu próximo, por exemplo, pode ser um Católico Romano, ou um Mórmon. Mas o “amor” diz que você não tem o direito de pensar que ele está errado! Se ele é sincero, seria “falta de amor” pensar desfavoravelmente de sua condição espiritual. Que Deus me livre sempre de tal amor! Nesta avaliação, o Apóstolo estaria errado ao ir pregar aos gentios! Nesta avaliação, não há utilidade em missões! Nesta avaliação, seria melhor fecharmos nossas Bíblias e trancarmos nossas igrejas! Todo mundo está certo, e ninguém está errado! Todo mundo está indo para o céu, e ninguém está indo para o inferno! Tal amor é uma caricatura monstruosa. Dizer que todos estão igualmente certos em suas opiniões, embora suas opiniões contradigam diretamente umas às outras — dizer que todos estão igualmente a caminho do céu, embora seus sentimentos doutrinários sejam tão opostos como o é o preto e o branco — este não é o amor da Escritura. Amor como este derrama desprezo sobre a Bíblia, e fala como se Deus não nos tivesse dado uma norma escrita da verdade. Amor como este confunde nossas noções de céu e enche-as com discordância e desarmonia. O amor verdadeiro não pensa que tudo mundo está certo em suas doutrinas. O amor verdadeiro clama — “Não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo” (1 João 4:1). “Se alguém vem ter convosco, e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem tampouco o saudeis” (2 João 1:10). Eu deixo o lado negativo da questão aqui. Eu o tratei com uma certa extensão, por causa dos dias nos quais vivemos e devido às noções estranhas que abundam. Voltemos agora para o lado positivo. Tendo mostrado o que o amor não é, deixe-me mostrar o que ele é. Amor é aquele “amor” que Paulo coloca como primeiro entre aqueles frutos produzidos no coração de um crente. “O fruto do Espírito é amor”
(Gálatas 5:22). Amar a Deus, tal como Adão amava antes da queda, é a sua primeira característica. Aquele que tem amor, deseja amar a Deus de coração, alma, mente e força. O amor pelos homens é a segunda característica. Aquele que tem amor, deseja amar seu próximo como a si mesmo. Esta é realmente aquela visão na qual a palavra “amor” na Escritura é mais especialmente considerada. Quando falo de um crente tendo “amor” em seu coração, quero dizer que ele tem amor tanto por Deus como pelos homens. Quando falo de um crente tendo “amor”, quero dizer mais particularmente que ele tem amor pelos homens. O amor da Bíblia se evidenciará nas ações de um crente. Ele o faz pronto para fazer atos benévolos para com todos os que estão ao seu alcance — tanto a seus corpos como a suas almas. Ele não o deixará contente com palavras ternas e desejos bons. Ele o fará diligente em fazer tudo o que está ao seu poder para diminuir a aflição e aumentar a felicidade dos outros. Como seu Mestre, ele buscará mais o servir do que ser servido, e não esperará nada em retorno. Como o grande Apóstolo do mestre, “se gastará e será gasto” pelos outros, mesmo que eles lhe paguem com ódio, e não com amor. O verdadeiro amor não quer recompensas. Sua obra é sua recompensa. O amor da Bíblia se evidenciará na prontidão de um crente para suportar o mal bem como para fazer o bem. Ele o faz paciente diante da provocação, perdoador quando injuriado, manso quando injustamente atacado e quieto quando caluniado. Ele o fará suportar, tolerar e perdoar muito mais; fará com que ele freqüentemente se humilhe e negue a si mesmo, tudo por causa da paz. Ele o fará controlar o seu temperamento e refrear sua língua. O verdadeiro amor não está sempre perguntando: “Quais sãos os meus direitos? Eu sou tratado como mereço?” mas, “Como posso promover melhor a paz? Como posso fazer aquilo que é mais edificante para os outros?”. O amor da Bíblia se evidenciará no “espírito e comportamento geral” de um crente. Ele o fará mais terno, altruísta, de bom caráter, de bom temperamento e respeitoso para com os outros. Ele o fará gentil, amigável e cortês, em todas as relações diárias da vida privada, interessado no conforto dos outros, terno nos sentimentos para com os outros e mais ansioso em dar prazer do que receber. O amor verdadeiro nunca inveja os outros quando eles prosperam, nem se regozija nas calamidades dos outros quando eles estão em problemas. Em todo instante crerá, esperará e tentará ver boa intenção nas ações dos outros. E nas circunstâncias mais difíceis, o amor será cheio de piedade, misericórdia e compaixão. Você gostaria de saber onde o verdadeiro padrão de amor, como este, pode ser achado? Temos que somente olhar para a vida de nosso Senhor Jesus Cristo, como descrita nos evangelhos, e o veremos perfeitamente exemplificado. O amor é irradiado em tudo o que Ele fez. Sua vida foi um incessante cuidar de fazer o bem. O amar é irradiado em toda Sua maneira de agir. Ele foi continuamente odiado, perseguido, caluniado e distorcido. Mas Ele suportou tudo pacientemente. Nenhuma palavra irada jamais saiu dos Seus lábios. Nenhum temperamento hostil jamais apareceu em Seu comportamento. “O qual, quando o injuriavam, não injuriava, e quando padecia não ameaçava,
mas entregava-se àquele que julga justamente”. O amor é irradiado em todo Seu espírito e comportamento. A lei da bondade sempre esteve em Seus lábios. Entre discípulos fracos e ignorantes, entre suplicantes enfermos e atribulados, entre recolhedores de impostos e pecadores, entre fariseus e saduceus, Ele sempre foi o mesmo — terno e paciente para com todos. E, todavia, lembre-se, nosso bendito Mestre jamais bajulou os pecadores, nem foi conivente com o pecado. Ele nunca recuou de expor a iniqüidade em suas verdadeiras cores, ou de censurar aqueles que nela viviam. Ele nunca hesitou de denunciar a falsa doutrina, quem quer que a sustentasse, ou de exibir as práticas falsas em suas verdadeiras cores e o fim certo para o qual estas coisas tendem. Ele chamou as coisas pelos seus nomes certos. Ele falou tão livremente do inferno e do fogo que não se apaga, como do céu e do reino de glória. Ele deixou registrado uma prova eterna de que o amor perfeito não requer que aprovemos a vida ou opiniões de todos, e que é completamente possível condenar falsa doutrina e prática ímpia, e, todavia, estar cheio de amor ao mesmo tempo. Meus queridos leitores, acabei de colocar diante de vocês a verdadeira natureza do amor da Escritura. Dei um relato pequeno e breve do que ele não é, e do que ele é. Eu não posso continuar sem sugerir dois pensamentos práticos que pesam na minha mente com grande força, e espero que possa pesar sobre outros. Você tem ouvido de amor. Pense, por um momento, quão deploravelmente pouco amor há na terra! Quão clara é a ausência do verdadeiro amor entre os cristãos! Eu não falo dos gentios, falo agora dos cristãos. Que temperamentos irados, que paixões, que egoísmo, que línguas amargas são encontradas em famílias privadas! Quantas brigas, querelas, perversidade, malícia, vingança e inveja entre membros de uma igreja! Quanto zelo e contenções entre aqueles de variadas doutrinas! “Onde está o amor?”, podemos bem perguntar. “Onde está o amor? Onde está a mente de Cristo?” quando olhamos para o espírito que reina no mundo. Não nos surpreende que a causa de Cristo não prospere e o pecado abunde, quando os corações dos homens conhecem tão pouco o que é o amor! Certamente, podemos perguntar: “Quando o Filho do homem vier, achará amor na terra?”. Pense mais uma coisa: que mundo feliz seria este se houvesse mais amor. É a falta de amor que causa a metade da miséria que há sobre a terra. Enfermidade, morte e pobreza não constituem mais do que a metade dos nossos sofrimentos. O resto vem dos temperados descontrolados, naturezas iracundas, conflitos, querelas, malícia, inveja, vingança, fraudes, violência, guerras e coisas semelhantes. Seria um grande passo para a multiplicação da felicidade da humanidade e diminuição dos seus sofrimentos, se todos os homens e mulheres fossem cheios do amor da Escritura.
III. Terceiro, deixe-me mostrar, “de onde procede o verdadeiro amor”.
O amor, como o descrevi, certamente não é natural ao homem. Por natureza, somos todos mais ou menos egoístas, invejosos, irados, maldosos e cruéis. Temos que apenas observar as crianças, quando deixadas por si mesmas, para ver a prova disto. Deixe meninos e meninas crescerem sem treinamento e educação apropriada, e você não verá algum deles possuindo o amor cristão. Observe como alguns deles pensam primeiro em si mesmos, e em seu conforto e vantagem! Observe como outros são cheios de orgulho, paixão e temperamentos maldosos! Como podemos explicar isto? Há somente uma resposta. O coração natural não conhece nada do verdadeiro amor. O amor da Bíblia nunca será encontrado, exceto num coração preparado pelo Espírito Santo. Ele é uma planta terna, e nunca crescerá, excerto num único tipo de solo. Você pode esperar encontrar uvas nos espinhos, ou figos nos abrolhos, tanto quanto esperar encontrar o amor num coração que não nasceu de novo. O coração no qual o amor cresce é um coração mudado, renovado e transformado pelo Espírito Santo. A imagem e semelhança de Deus, que Adão perdeu na queda, foi restaurada a ele, não importa quão fraca e imperfeita a restauração possa ser. É “participar da natura divina” pela união com Cristo e pela filiação de Deus; e uma das primeiras características desta natureza é o amor. Tal coração está profundamente convencido do pecado, odeia o mesmo, foge dele e luta contra ele dia-a-dia. E um dos principais elementos do pecado com o qual ele diariamente luta para sobrepujar, é o egoísmo e a falta de amor. Tal coração está profundamente consciente de seu grande débito ao nosso Senhor Jesus Cristo. Ele sente continuamente que seu presente conforto, esperança e paz é devido Àquele que morreu por nós na cruz. Como ele pode expressar sua gratidão? O que ele pode oferecer ao seu Redentor? Se não puder fazer nada mais, ele aspirará ser como Ele, seguir os Seus passos, e, como Ele, ser cheio de amor. O fato que “Deus derramou Seu amor em nossos corações, pelo Espírito Santo” é a fonte óbvia do amor cristão. Amor produz amor. Peço aos meus leitores atenção especial para este ponto. É de grande importância nos dias de hoje. Há muitos que professam admirar o amor, embora eles não tenham nenhum interesse pelo Cristianismo vital. Eles gostam de alguns dos frutos e resultados do evangelho, mas não da única raiz da qual estes frutos podem crescer, ou das doutrinas com as quais eles estão inseparavelmente relacionados. Centenas que louvam o amor, odeiam ouvir da corrupção do homem, do sangue de Cristo e da obra interior do Espírito Santo. Muitos pais que desejariam que seus filhos crescessem sem egoísmo e com um bom temperamento, não ficariam muito satisfeitos se alguém apresentasse para os seus filhos a necessidade de conversão, arrependimento e fé. Agora eu desejo protestar contra esta noção de que você pode ter os frutos do Cristianismo sem as raízes — que você pode produzir disposições cristãs sem ensinamento de doutrinas cristãs — que você pode ter amor que se gasta e sofre, sem ter graça no coração.
Eu admito, muito livremente, que de vez aparece alguém que parece ser muito amoroso e amável, sem ter qualquer religião doutrinária distintiva. Mas tais casos são raros e extraordinários, os quais, como exceção, somente provam a verdade da regra geral. E freqüentemente, muito freqüentemente, pode se temer em tais casos que o amor aparente é somente externo, que falha completamente na vida privada. Eu creio firmemente, como regra geral, que você não encontrará o amor como a Bíblia o descreve, exceto no solo de um coração totalmente saturado com a religião da Bíblia. A prática santa não florescerá sem a sã doutrina. O que Deus uniu, é inútil esperar que funcione separadamente. A ilusão que estou tentando combater é grandemente espalhada pela vasta maioria de novelas, romances e contos de ficção. Quem não sabe que os heróis e heroínas destas obras são constantemente descritos como padrões de perfeição? Eles estão sempre fazendo a coisa certa, dizendo a coisa certa e demonstrando a disposição certa! Eles são sempre bondosos, amáveis, altruístas e perdoadores! E, todavia, você nunca ouve uma palavra sobre sua religião! Em resumo, julgando pela generalidade das obras de ficção, é possível ter uma excelente religião prática sem doutrina, os frutos do Espírito sem a graça do Espírito e a mente de Cristo sem a união com Cristo! Aqui, em resumo, está o grande perigo das novelas, romances e obras de ficção mais lidas. O maior deles é dar uma falsa ou incorreta visão da natureza humana. Eles pintam os modelos de homens e mulheres como eles deveriam ser, e não como eles são na realidade. Os leitores de tais escritos têm suas mentes cheias de concepções erradas do que o mundo é. Suas noções de humanidade tornam-se visionárias e irreais. Eles estão constantemente procurando por homens e mulheres que eles nunca encontram, e esperando o que eles nunca acham. Deixe-me suplicar aos meus leitores, uma vez mais, para extrair suas idéias sobre a natureza humana da Bíblia, e não de novelas. Tenho esclarecido em sua mente que não pode haver amor verdadeiro sem um coração renovado pela graça. Um certo grau de bondade, cortesia, amabilidade e boa natureza pode, indubitavelmente, ser visto em muitos que não possuem uma religião vital. Mas a planta gloriosa do amor bíblico, em toda sua plenitude e perfeição, nunca será encontrada sem a união com Cristo e a obra do Espírito Santo. Ensine isto às suas crianças, se você tiver. Enfatize isso nas escolas, se você estiver relacionado com alguma. Ressalte o amor. Não desista de exaltar a graça da bondade, do amor, da boa natureza, da generosidade e do bom temperamento. Mas nunca, nunca esqueça que há apenas uma escola na qual estas coisas podem ser totalmente aprendidas, e esta é a escola de Cristo. O verdadeiro amor vem de cima. O verdadeiro amor é fruto do Espírito. Aquele que deseja tê-lo, deve sentar-se aos pés de Cristo e aprender dEle.
IV. E por último, deixe-me mostrar “o porque o amor é 'a maior' das graças”.
As palavras de Paulo, sobre este assunto, são distintas e claras. Ele conclui seu maravilhoso capítulo da seguinte maneira: “Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor” (1 Coríntios 13:13). Esta expressão é muito notável. De todos os escritores do Novo Testamento, nenhum, certamente, exalta tanto a “fé” como Paulo. As epístolas aos romanos e aos gálatas abundam em sentenças mostrando sua vasta importância. Pela fé o pecadoe se apropria de Cristo e é salvo. Através da fé somos justificados, e temos paz com Deus. Todavia, aqui, o mesmo Paulo fala de algo que é maior do que a fé. Ele coloca diante de nós as três graças cristãs principais, e pronuncia o seguinte julgamento sobre elas: “o maior destes é o amor”. Tal sentença de tal escritor, demanda atenção especial. O que entendemos quando ouvimos que o amor é maior do que a fé e a esperança? Não devemos supor, nem por um momento, que o amor pode expiar nossos pecados, ou estabelecer a paz com Deus. Nada pode fazer isto por nós, senão o sangue de Cristo; e nada pode nos dar um interesse no sangue de Cristo, senão a fé. É ignorância bíblica não saber isto. O ofício de justificar e unir a alma a Cristo pertence somente à fé. Nosso amor, e todas as nossas outras graças, são mais ou menos imperfeitas, e não poderiam suportar a severidade do julgamento de Deus. Quando tivermos feito tudo, seremos “servos inúteis” (Lucas 17:10). Não devemos supor que o amor pode existir independentemente da fé. Paulo não pretendeu colocar uma graça em rivalidade com outra. Ele não quis dizer que um homem pode ter fé, outro esperança e outro amor, e que o melhor deste é o homem que tem amor. As três graças estão inseparavelmente unidas. Onde há fé, sempre haverá amor; e onde há amor, sempre haverá fé. Sol e luz, fogo e calor, gelo e frio, não estão mais intimamente unidos do que fé e amor. As razões pelas quais o amor é a maior das três graças, parece-me claras e simples. Deixe-me mostrar quais são elas. (a) O amor é chamado de a maior das graças porque nele há “certa semelhança entre o crente e o seu Deus”. Deus não precisa de fé. Ele não é dependente de ninguém. Não há ninguém superior a Ele em quem Ele deva confiar. Deus não precisa de esperança. Para Ele todas as coisas são certas, seja passado, presente ou porvir. Mas, “Deus é amor”; e quanto mais o Seu povo ama, mais parecidos com o seu Pai no céu eles serão. (b) Amor é também chamado de a maior das graças, pois “ele é mais útil aos outros”. Fé e esperança, fora de qualquer dúvida, embora preciosas, têm referência especial com o benefício individual do próprio crente. A fé une a alma a Cristo, traz paz com Deus e abre o caminho para o céu. A esperança enche a alma com felizes expectações das coisas do porvir, e, no meio dos muitos desalentos das coisas que vemos, conforta com visões das coisas invisíveis. Mas o amor é preeminentemente a graça que torna um homem útil. É dele que brota as boas obras e a bondade. É a raiz de missões, escolas e hospitais. O amor fez com que os apóstolos gastassem e fossem gastos pelas almas. O amor levanta obreiros para Cristo e faz com que eles continuem trabalhando. O amor
aquieta as querelas e põe fim aos conflitos, e neste sentido, “cobre uma multidão de pecados” (1 Pedro 4:8). O amor adorna o Cristianismo e recomenda-o ao mundo. Um homem pode ter fé real, e senti-la, e, todavia, sua fé pode ser invisível aos outros. Mas o amor de um homem não pode ser escondido. (c) O amor, em último lugar, é a maior das graças porque ele é o único que “perdurará”. De fato, ele nunca morrerá. A fé um dia será engolida pela visão, e a esperança pela certeza. O ofício delas será inútil na manhã da ressurreição, e como antigos almanaques, serão postas de lado. Mas o amor perdurará por todas as eras sem fim da eternidade. O céu será a morada do amor; os habitantes do céu estarão cheios de amor. Um sentimento comum estará no coração de todos, e este, será o amor. Eu deixo esta parte do meu assunto aqui e passo à conclusão. Em cada um dos três pontos de comparação, eu apenas nomeei as diferenças entre o amor e as outras graças; isto poderia ter sido facilmente alargado. Mas o tempo e o espaço me impedem de fazê-lo. Se eu tiver dito o suficiente para guardar os homens dos enganos sobre o correto significado da “grandeza” do amor, estou contente. O amor, que isto seja sempre lembrado, não pode justificar e apagar os nossos pecados. Nem mesmo a fé pode fazer isto; somente Cristo. Mas o amor nos faz um pouco semelhantes a Deus. O amor é de uma utilidade poderosa para o mundo. O amor continuará existindo e florescendo quando a obra da fé estiver terminada. Certamente, nestes pontos de vista, o amor bem que merece a coroa. (1) E agora, deixe-me fazer, a cada um em cujas mãos este artigo possa estar, uma simples pergunta. Deixe-me pressionar em suas consciências todo o assunto deste artigo. Você conhece algo da graça sobre a qual estive falando? Você tem amor? A linguagem forte do Apóstolo Paulo deve certamente lhe convencer que a pergunta que te faço, não é uma que deve ser levemente posta de lado. A graça sem a qual este santo homem poderia dizer, “não sou nada”; a graça que o Senhor Jesus disse expressamente ser a grande marca de Seus discípulos; esta graça, digo, exige a mais séria consideração por parte de todos aqueles que se preocupam com a salvação de suas almas. Ela deveria lhe deixar pensando: “Como isso me afeta? Eu tenho amor?”. Você talvez tenha algum conhecimento religioso. Você conhece a diferença entre a doutrina verdadeira e a falsa. Você pode, talvez, até citar textos e defender as opiniões que você sustenta. Mas, lembre-se que o conhecimento que é desprovido de resultados práticos na vida e no temperamento, é uma possessão inútil. As palavras do Apóstolo são bem claras: “Se conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e não tivesse amor, nada seria” (1 Coríntios 13:2). Você talvez pense que tem fé. Você pode confiar que é um dos eleitos de Deus e descansar nisso. Mas, certamente você se lembrará que há uma fé de demônio, que é absolutamente inútil, e que a fé dos eleitos de Deus é uma “fé que opera pelo amor” (Gálatas 5:6). Foi quando Paulo lembrou do amor dos tessalonicenses, bem como de sua fé e esperança,
que ele disse “Sabemos, amados irmãos, que a vossa eleição é de Deus” (1 Tessalonicenses 1:4 — “Sabemos que Ele vos escolheu”, na versão do autor). Olhe para a sua vida diária, tanto em casa como fora, e considere que lugar o amor da Escritura tem nela. Qual é o seu temperamento? Qual é a sua conduta com respeito aos membros da sua própria família? Qual é a sua maneira de falar, especialmente nas ocasiões de irritação e provocação? Onde está sua boa natureza, sua cortesia, sua paciência, sua mansidão, sua gentileza e sua tolerância? O que você sabe da mente dAquele que “andou fazendo o bem” — que amou a todos, embora especialmente os Seus discípulos — que retornou o mal com bem, e ódio com bondade, e que teve um coração grande o suficiente para simpatizar com todos? O que você faria no céu, se chegasse lá sem amor? Que conforto você teria num lar onde o amor fosse uma lei, e o egoísmo e a natureza má fossem completamente impedidos? Sim! Eu receio que o céu não será um lugar para um homem sem amor e de mau-gênio! Observou o que um garoto disse um dia desses? “Se vovô for para o céu, espero que eu e o meu irmão não estejamos lá”. “Por que você diz isso?”, alguém perguntou. O garoto replicou: “Se ele nos ver lá, tenho certeza que ele dirá, como o faz agora, 'O que estes garotos estão fazendo aqui? Tiremnos do caminho'. Ele não gosta de nos ver na terra, e suponho que não gostará de nos ver no céu”. Não dê descanso a você mesmo, até que conheças por experiência o verdadeiro amor cristão. Vá e aprenda dEle que é manso e humilde de coração, e peça que te ensine a amar. Peça ao Senhor Jesus para colocar Seu Espírito dentro de você, para tirar o velho coração, para lhe dar uma nova natureza, e fazê-lo conhecer algo de Sua mente. Clame a Ele, noite e dia, por graça, e não Lhe dê descanso até que você sinta algo daquilo que descrevi neste artigo. Serás verdadeiramente feliz quando puderes entender o que significa “andar em amor”. (2) Mas, eu não esqueci que estou escrevendo a alguns que não são ignorantes do amor da Escritura, e que desejam sentir mais dele todos os anos. Aos tais darei duas simples palavras de exortação. Elas são estas: “Praticai e ensinai a graça do amor”. Pratique o amor diligentemente. De todas aquelas graças acima, esta é uma das que mais crescem pelo exercício constante. Tente transportála, mais e mais, para cada pequeno detalhe da vida diária. Vigie vossa língua e o vosso temperamento, a cada momento e hora do dia — e especialmente no tratamento com as crianças e familiares próximos. Lembre-se do caráter da mulher excelente: “Abre a sua boca com sabedoria, e a lei da beneficência está na sua língua” (Provérbio s 31:26). Lembre das palavras de Paulo: “Todas as vossas coisas sejam feitas com amor” (1 Coríntios 16:14). O amor deve ser visto tanto nas coisas pequenas como nas grandes. Não se esqueçam, tampouco, das palavras de Pedro: “Tende ardente amor uns para com os outros”; não um amor que dificilmente é uma chama, mas um amor que queime e arda como o fogo, o qual todos ao nosso redor possam ver (1 Pedro 4:8). Pode custar dores e problemas guardar estas coisas em mente. Pode
haver pouco encorajamento pelo exemplo dos outros. Mas, persevere. Amor como este traz a sua própria recompensa. Finalmente, ensine os outros a amar. Sobretudo, ensine às crianças, se você tiver. Lembre-os constantemente que a bondade, bom caráter e boa disposição estão entre as primeiras características que Cristo requer das crianças. Se elas não podem entender muitas doutrinas, podem compreender o amor. A religião de uma criança é de pouca valia, se ela consiste somente em repetir textos e hinos. Apesar de seres úteis, eles são freqüentemente aprendidos sem pensamento, relembrados sem sentimento, recitados sem consideração do seu significado e esquecidos quando a infância se vai. Certamente, deixe que às crianças sejam ensinados textos e hinos; mas, não deixe que tal ensinamento seja tudo na religião deles. Ensine-os a controlar seus temperamentos, a serem bondosos para com os outros, a serem altruístas, de bom caráter, prestativos, pacientes, gentis e perdoadores. Diga-lhes para nunca esquecer do dia de sua morte, ainda que eles vivam tanto quanto Matusalém; diga-lhes que sem amor o Espírito Santo diz que “não somos nada”. Diga-lhes que, “sobre tudo isto, revesti-vos do amor, que é o vínculo da perfeição” (Colossenses 3:14).
Traduzido por: Felipe Sabino de Araújo Neto Cuiabá-MT, 29 de Janeiro de 2005. http://www.monergismo.com/ Este site da web é uma realização de Felipe Sabino de Araújo Neto® Proclamando o Evangelho Genuíno de CRISTO JESUS, que é o poder de DEUS para salvação de todo aquele que crê. TOPO DA PÁGINA Estamos às ordens para comentários e sugestões. Livros Recomendados Recomendamos os sites abaixo: Academia Calvínia/Arquivo Spurgeon/ Arthur Pink / IPCB / Solano Portela /Textos da reforma / Thirdmill Editora Cultura Cristã /Editora Fiel / Editora Os Puritanos / Editora PES / Editora Vida Nova
O Verdadeiro Amor Cristão por
Arthur W. Pink O amor é a Rainha das graças cristãs. É uma santa disposição nos dada quando nascemos de novo de Deus. É o amor de Deus derramado em nossos corações pelo Espírito Santo. O verdadeiro amor espiritual é caracterizado pela mansidão e ternura, todavia, é vastamente superior às cortesias e bondades da carne.
Devemos ser cuidados para não confundir sentimentalismo humano, alegria carnal, amabilidade e afabilidade humana com o verdadeiro amor espiritual. O amor que Deus ordena, primeiramente para com Ele e então para com os outros, não é o amor humano. Não é um amor indulgente e egoísta, o qual já está em nós por natureza. Se indulgentemente permitirmos que nossas crianças cresçam com pouca ou nenhuma disciplina, Provérbios claramente diz que não as amaremos, a despeito da sentimentalidade humana e da afeição que podemos sentir por elas. O amor não é um paparicar sentimental de um para com o outro, com uma indiferença para com o nosso andar e obediência diante do Senhor. Encobrir as faltas dos outros para nos agradar na estima deles, não é amor espiritual. A verdadeira natureza do amor cristão é um princípio justo que busca o mais alto bem dos outros. É um desejo poderoso de promover o bemestar deles. O exercício do amor deve estar em estrita conformidade com a vontade revelada de Deus. Nós devemos amar na verdade. O amor entre os irmãos é bem maior do que uma sociedade agradável onde as visões são as mesmas. É amá-los porque nós vemos a Cristo neles, amando-os por causa de Cristo. O próprio Senhor Jesus é o nosso exemplo. Ele não foi somente atencioso, gentil, auto-sacrificante e paciente, mas Ele também corrigiu Sua mãe, usou um chicote no Templo, censurou severamente as dúvidas dos discípulos e denunciou os hipócritas. O verdadeiro amor espiritual é, acima de tudo, fiel a Deus e inflexível para com tudo o que é mal. Nós não podemos declarar, 'Paz e Segurança', quando na realidade, há decadência e ruína espiritual. O verdadeiro amor espiritual é muito difícil de exercitar, pois não é nosso amor natural. Por natureza, nós amamos sentimentalmente e produzimos bons sentimentos. Além disso, muitas vezes o verdadeiro amor espiritual não é recebido em amor, mas é odiado como os fariseus o odiaram. Devemos orar para que Deus nos encha com Seu amor e nos capacite a exercitá-lo, sem dissimulação, para com todos.
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto Cuiabá-MT, 22 de Janeiro de 2005.
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Cristãos Amam a Luz por
Pastor Gary W. Hendrix
I João 1:6 - Se dissermos que mantemos comunhão com Ele, e andarmos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade. “Luz” e “trevas” são termos frequentemente empregados na Bíblia para enfatizar o extremo contraste entre Deus e Satanás e entre aquelas coisas que Deus ama e aquelas coisas que Satanás ama. Deus ama a verdade, da qual Ele mesmo é o único autor. Satanás é o “pai das mentiras”, o autor de toda inverdade. Deus ama a santidade e a justiça, da qual Ele é a fonte. Satanás é o originador do pecado em rebelião contra Deus. Simplesmente não pode haver um erro maior do que atribuir trevas a Deus e ou luz a Satanás. Dizer, por exemplo, que Deus é “a favor” do direito de uma mulher escolher assassinar seu filho ainda não nascido ou que Satanás está atrás das tentativas de eliminar o aborto da proteção legal, é representar Deus erroneamente e em termos grosseiros. É blasfêmia! É chamar Deus de “Satanás” e Satanás de “Deus”. O mesmo tipo de coisa ocorre quando é sugerido que Deus “olha o outro lado”, quando maridos defraudam suas esposas, pois Ele entende que “os homens serão sempre homens”. Bobagem! Deus é extremamente claro: Ele julgará os fornicários e os adúlteros (Hebreus 13:4). Há quase inumeráveis outras formas nas quase a luz e as trevas são regularmente confundidas e mal-representadas em nossa cultura. Precisamos desesperadamente de um senso mais acurado de quão grande coisa é mal-representar a Deus! Neste sentido, precisamos também de um entendimento mais acurado dos caracteres transformados de todos aqueles seres humanos que receberam a graça especial de Deus em Cristo. Esta transformação é asseverada em Efésios 5:8 – “Pois, outrora, éreis trevas, porém, agora, sois luz no Senhor”. Por natureza estas pessoas amavam muito as trevas. Eles preferiam viver no reino da inverdade e na indulgência carnal. Eles gostavam de dizer que se algo parecesse natural, desse prazer e não “machucasse” ninguém, Deus aprovaria. Eles ignoravam deliberadamente o fato de que a lei de Deus proibia o que eles estavam fazendo. Mas, quando a graça de Deus veio e fez Cristo precioso aos seus corações, tudo isto mudou. A luz de Deus agora expôs seus pensamentos e práticas, e eles se arrependeram deles. Na luz de Cristo (a luz da Palavra) eles reconheceram a beleza de Deus, a excelência e desejabilidade de tudo o que Deus ordenou, e a danosidade de tudo o que Ele proíbe. Não perfeitamente, mas com resolução, eles começam a buscar a luz. Nas palavras do texto do início deste artigo: eles começam a andar na luz onde Deus está.
Nossos dias são dias de acomodação, mesmo dentro da igreja. Simplesmente, não é politicamente aceitável fazer declarações discriminatórias com respeito ao caráter e comportamento humano. Contudo, Deus faz tais declarações em Sua Palavra e nós faremos bem em atendê-las. 1 João 1:6 é um exemplo claro. Se professarmos conhecer e amar a Deus, enquanto nossas vidas são marcadas pelo amor e pela prática das trevas, mentimos para nós mesmos e para os outros. Deus faz com que Seus filhos amem Lhe amem, e por causa disso, amem a luz e odeiam as trevas. Você precisa que Cristo produza esta transformação em você? Chame por Ele, então! Ninguém pode fazê-lo, exceto Cristo! E Ele está disposto!
Traduzido por: Felipe Sabino de Araújo Neto Cuiabá-MT, 26 de Janeiro de 2005. http://www.monergismo.com/ Este site da web é uma realização de Felipe Sabino de Araújo Neto® Proclamando o Evangelho Genuíno de CRISTO JESUS, que é o poder de DEUS para salvação de todo aquele que crê. TOPO DA PÁGINA Estamos às ordens para comentários e sugestões. Livros Recomendados Recomendamos os sites abaixo: Academia Calvínia/Arquivo Spurgeon/ Arthur Pink / IPCB / Solano Portela /Textos da reforma / Thirdmill Editora Cultura Cristã /Editora Fiel / Editora Os Puritanos / Editora PES / Editora Vida Nova
Mártir Inútil por
Mauro Clark “E ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará.” (1Co 13.3b) Paulo comenta agora sobre a situação extrema de alguém ser tão dedicado a Deus que se entrega para ser queimado. Talvez estivesse pensando nos três amigos de Daniel - Sadraque, Mesaque e Abede-Nego -, que preferiram “ENTREGAR OS SEUS CORPOS, A SERVIREM E ADORAREM A QUALQUER OUTRO DEUS, SENÃO AO SEU DEUS”. [1] Um caso belíssimo (e real!) de fidelidade a Deus. Em vez de sacrifício forçado pelas circunstâncias, é mais provável que a idéia embutida no texto (embora absurda) fosse de alguém que,
espontaneamente, se deixasse martirizar, com o propósito de mostrar a sua dedicação a Deus. Em qualquer dos casos, o sacrifício teria sido em vão, se partisse de alguém que não amasse o próximo. Parece incrível, mas a verdade é que Deus não está interessado em ser adorado e servido por pessoas que não amam! No livro de 1João, o apóstolo não cansa de argumentar que o verdadeiro amor a Deus só existe quando é acompanhado pelo amor aos homens. Dizer que se ama a Deus, e não amar os semelhantes, é mentira. [2] A falta de amor ao próximo é prova da inexistência do amor a Deus. [3] Existe o tipo de crente que não gosta de se envolver com pessoas, orgulhando-se de se relacionar diretamente com Deus. É o “adorador egoísta”. Estuda a Bíblia, lê bons livros, ora regularmente, mas é fechado para os outros. Tenta cuidar do relacionamento vertical - ele e Deus -, mas despreza o horizontal - ele e os homens. Freqüenta a igreja, sim, mas para ser edificado com a pregação, para realizar-se cantando hinos e para se divertir conversando com as pessoas de quem gosta. Raramente se dispõe a colocar sobre os ombros um pouco da carga do trabalho da igreja. Não costuma estender a mão a quem dela precisa nem dar de si para que outros cresçam. Um estilo de vida como esse não satisfaz a Deus. Falta amor. Imagine que alguém assim entrasse um dia na igreja, com uma lata de gasolina na mão e um palito de fósforo na outra, dizendo que iria dar a própria vida para mostrar o quanto adorava a Deus. Muitos clamariam “Oh!”, admirados com a nobreza do gesto, talvez sentindo-se indignos de simplesmente presenciar o valioso sacrifício de um mártir. Mas se houvesse uma pessoa com o mínimo de sabedoria, sua reação seria bem diferente: “Ei, irmão, que tolice é esta? Apesar de falar muito em Deus, você não se envolve com as pessoas, é frio, distante. Pensa que o seu sacrifício vai servir diante de Deus? Vamos, deixe de lado essa gasolina e aprenda a amar. Servindo e ajudando os seus semelhantes, a sua vida será muito mais valiosa a Deus. Venha cá, dê-me um abraço!”. Não é apenas o crente arredio que precisa cuidar de amar as pessoas. O que trabalha intensamente na igreja também deve estar atento. Nesse caso, a tendência é se considerar sempre ocupado demais, com muita coisa por fazer. E termina cometendo o erro de valorizar mais o serviço do que os próprios irmãos a quem serve! Por isso é tão comum encontrar líderes atuantes e eficientes enfrentando problemas de relacionamento pessoal. Infelizmente. Corta o coração ver obreiros incansáveis no trabalho do Senhor, zelosos pelo reino de Deus, consagrados à igreja em que se congregam, mas desajeitados ao lidar com os irmãos. Magoam com facilidade, ferem sensibilidades, e sempre há alguém com alguma queixa contra eles. Que pena! Se você é desses que falham no amor ao próximo, não se deixe impressionar com o “enorme” valor do seu trabalho cristão. Para você, esse valor pode até ser incalculável, mas, para Deus, já está estabelecido: zero. Se o sacrifício de um mártir nada vale se não houver amor, porventura o seu serviço vale???
NOTAS: [1] - Dn 3.28b. [2] - 1Jo 4.20. [3] - 1Jo Fonte: Extraído de Você ama de Verdade?: despertando para o genuíno amor cristão. São Paulo: Editora Candeia, 1999. p. 37-39. Este artigo é parte integrante do portal http://www.monergismo.com/. Exerça seu Cristianismo: se vai usar nosso material, cite o autor, o tradutor (quando for o caso), a editora (quando for o caso) e o nosso endereço. Contudo, ao invés de copiar o artigo, preferimos que seja feito apenas um link para o mesmo, exceto quando em circulações via e-mail. http://www.monergismo.com/ Este site da web é uma realização de Felipe Sabino de Araújo Neto® Proclamando o Evangelho Genuíno de CRISTO JESUS, que é o poder de DEUS para salvação de todo aquele que crê. TOPO DA PÁGINA Estamos às ordens para comentários e sugestões. Livros Recomendados Recomendamos os sites abaixo: Monergism/Arquivo Spurgeon/ Arthur Pink / IPCB / Solano Portela / Spurgeon em Espanhol / Thirdmill Editora Cultura Cristã /Editora Fiel / Editora Os Puritanos / Editora PES / Editora Vida Nova