A14 NACIONAL
SÁBADO, 22 DE AGOSTO DE 2009 O ESTADO DE S.PAULO
DEFESA
Brasil pagará € 3,66 bi por submarinos Despesas com projeto são objeto de polêmica e ainda não tinham sido publicamente detalhadas pela Marinha Wilson Tosta
TECNOLOGIA
RIO
O governo brasileiro pagará, à estatal francesa DCNS, € 3,66 bilhões pelos cinco submarinos que está comprando da França. A cifra é a soma do custo da construção do casco do primeiro submersível nuclear do País (cerca de € 2 bilhões) com os quatro Scorpène convencionais ( € 415 milhões, cada um), informoua Marinha. Ototal dos gastos do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), porém, será bem maior – € 6.790.862.142 – , por incluirtransferênciadetecnologia e a compra de sobressalentes, torpedos, um estaleiro e uma base para a nova embarcação. O negócio foi acertado em 2008 entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente francês, Nicolas Sarkozy.Asdespesascomossubmarinossãoobjetodepolêmicaeaindanãotinham sidopublicamente detalhadas pela Força.
Reforço no mar
Programa de desenvolvimento de submarinos (Prosub) consumirá 6,7 bilhões em 20 anos; quatro Scorpène e casco do submarino nuclear custarão 3,66 bilhões
Guardião PERISCÓPIO
O submarino francês Scorpène, escolhido pelo Comando da Marinha do Brasil, utiliza propulsão diesel-elétrica
ALOJAMENTOS CENTRO DE COMBATE
Tático
18 torpedos de 533 mm (6 tubos lançadores) l 8 mísseis Exocet SM 39 l Sistema integrado de Comando, Combate e Propulsão l Detector de radiação Infravermelha l Capacidade para lançar equipes de Forças Especiais l
SALA DE TORPEDOS
PONTE DE COMANDO
Deslocamento: 1.700 toneladas Tripulação: 31 militares Diâmetro: 6,2 metros Profundidade: até 300 metros Autonomia: 50 dias de mar Composição: O COMPRIMENTO EQUIVALE A 17 CARROS EM FILA
Valores
Negócio foi acertado entre Lula e Sarkozy no ano passado
6.790.862.142
é o custo total do projeto
1.868.200.000
4.922.662.142
ESTALEIRO E BASE NAVAL
SUBMARINO NUCLEAR, QUATRO SCORPÈNES, ARMAS, TECNOLOGIA, APOIO LOGÍSTICO E SOBRESSALENTES
(*) Inclui projeto, casco, todos os sistemas, planta de propulsão
PROJETO E CONSTRUÇÃO DO SUBMARINO NUCLEAR (*)
QUATRO SUBMARINOS CONVENCIONAIS (DIESEL-ELÉTRICOS) DA CLASSE SCORPÈNE
TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA DE PROJETO PARA OS SUBMARINOS
2 bilhões
1,6 bilhão
900 mi
240 MILHÕES APOIO LOGÍSTICO INTEGRADO (SOBRESSALENTES)
FONTE: MARINHA DO BRASIL
ou R$ 9 bilhões). O Brasil, porém, fornecerá o reator. Por cada um dos seis Scorpène comprados em 2004, a Índia pagaria € 400 milhões; o Chile pagou US$ 500 milhões cada,em 1997, o que hoje seria € 350 milhões. A Marinha diz que os Scorpène
QUAL É O VALOR DO CONHECIMENTO?
Muita gente está dando valor ao conhecimento. E você?
1.200.000 peças
66 METROS
Divisão
EM EUROS
A Marinha deu as informações por escrito, em resposta a perguntas do Estado. O custo de€ 2bilhões (R$5,2 bilhões) do submarino a propulsão nuclear brasileiro é maior (em valores de 2008) que o dos primeiros submarinos nucleares das classes Astute (britânico, 1,5 bilhão de libras ou R$ 4,5 bilhões) e Barracuda (francês, €1,9 bilhão ou R$ 4,97 bilhões). É menor do que o gasto dos EUA com o primeiro Virginia (US$ 4,9 bilhões
PROPULSOR CASA DE MÁQUINAS
Assine: estadao.com.br/assine 0800 014 9000
100 MILHÕES TORPEDOS
INFOGRÁFICO: RUBENS PAIVA/AE
do Brasil serão cinco metros maiores e com maior autonomia. “Convém assinalar que existeumcusto,previstoemcontrato, para a transferência de tecnologia de construção, que em muitos aspectos será diferente
eaprimorada,quandocomparada à nossa experiência prévia”, diz o texto. “A transferência de tecnologiadeprojetode submarinos, incluindo os sistemas de combate e de controle da plataforma,representaaspectodecisivoecrucial,sobretudo pela di-
ficuldade em encontrar parceirosinternacionaisquerealmente estejam dispostos a concretizartaltransferência detecnologia, oque possibilitará projetar, no futuro, os nossos próprios submarinos.” Orestantedovalordocontra-
to será distribuído da seguinte forma: € 1.868.200.000 (R$ 4.894.684.000),pela basee o estaleiro; € 900 milhões (R$ 2,35 bilhões) pela transferência de tecnologiadeprojetodosubmarino convencional e do nuclear; € 100 milhões ( R$ 262 milhões) pela aquisição de torpedos; € 240 milhões (R$ 628 milhões) pelochamado apoiologísticointegrado (sobressalentes para os submarinos). A Marinha espera que o submarino brasileiro a propulsão nuclear esteja pronto em 12 anos. O Prosub será pago por meio de um empréstimo de €4.324.442.181 (R$ 11,3 bilhões), a ser feito ao Brasil por um consórcio de bancos liberado pelo BNB Paribas, que será pago ao longo de 20 anos. Haverá uma contrapartida brasileira, €598.219.961 (R$ 1,56 bilhão) BRIGA COMERCIAL
A compra de submarinos pelo Brasil tornou-se objeto de controvérsiaporque aempresaalemã HDW, fabricante dos cinco submarinos atualmente em atividade na Marinha do Brasil, apesar de ter apresentado uma proposta supostamente mais barata, foipreterida. Vinculada ao grupo ThyssenKrupp, que constroi no Rio de Janeiro a siderúrgica CSA em parceria com a Vale, a HDW é líder no mercado mundial de submarinosnão-nucleares. OBrasilpreferiuosScorpènefranceses,alegando que poderia, a partir deles, se preparar para construir o submarino a propulsão nuclear. O enfrentamento entre as duas empresas no Brasil reedita confrontos no Chile, onde a HDW se recusou a fornecer equipamentos para o Scorpène, e na Índia. ●