Não Sou Você, Bruno Nobru

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  • Words: 1,270
  • Pages: 20
NÃO SOU VOCÊ

(não são poemas) palavras soltas, livres caminhos, passagens caminham, passam...

bruno nobru, 2007

cada um vive a sua paisagem

não somos iguais

a percepção de pequenos detalhes da vida contemporânea

a influência/interferência das maquinas

tecnologia para benefício humano

X tecnologia para controle, consumo e lucro de alguns

a noite

local onde se escondem as criaturas solitárias que preferem não ser vistas na claridade: morcegos, corujas, drogados, prostitutas seres anti-sociais que durante o dia são homens-sérios, empresários, lojistas, advogados, falsos hipócritas.. – sumam da noite seus malditos! da noite suave que se perde..

todos os seres sórdidos, sonhados e temidos andando na calada caminham como felinos (dores na coluna, frio...) espaço diferente, momento solitário só som de meus passos me acompanham

luzes ligadas a noite toda, as normas da cidade não param.. habitam nos seres humanos o tempo todo para que este deixe distanciado o seu escuro, sincero e autêntico eu, de lado, calado e adormecido.

há intenção nos donos de mercado e fábricas em transmitir uma cultura à favor do consumo de seus produtos

os que se acomodam à uma situação injusta são promovidos os que jogam as cartas na mesa são malditos os falsos são idolatrados, os lutadores humilhados quem revela uma injustiça é punido

dois "grandes monstros" que afetam a vida pessoal, a criatividade, a cultura, a ciência, a arte, a escrita e a vida:

MERCADO e ‘ELITE’ ERUDITA

teorias, conceitos, tantos conceitos.. situações prontas, organizadas, certinhas

o cafezinho na xicrinha a calça dobrada certinha a cor do sapato combina a falta de vida vivida

na medida que as relações vão sendo estabelecidas são criados seres, personagens e máscaras para cada situação aos poucos, cada um vai assumindo vida própria, seus jeitos de ser, seus espaços, seus entornos, seus contatos.. se seu ser faz o que você não quer, você se torna o espectador de sua vida

tem gente que vai indo, passando, seguindo o fluxo, como o cavalo numa charrete: segue seu guia que nem sabe quem é, anda de olhos tapados, e caga onde passa anda, segue, vai, indo, falando, fazendo -repetindo-

questionamentos vendidos idéias de críticas prontas palavras, palavras nao falam, nao escutam repetem, resmungam corre o tempo em momentos

um objeto estranho com seres estranhos: outras pessoas outros valores invadem sua casa sem serem convidados e te conduzem: o teu pensar o teu falar o teu agir o teu sentir

e não adianta falar nem gritar, eles não te escutam! só falam... nunca de você, sempre deles do que eles gostam, do que eles querem e de como eles querem que você seja se intrometem na sua vida diariamente

(parasita sedentário)

vida levada, lavada nem limpa, nem suja, nem bar, nem bilhar, ar.. um bom companheiro leva um tempo pra sacar que o tempo passa.. tem muita coisa sem nome voando por aí, a gente anda tanto e parece que o chão não sai do lugar. tempo, tempo, tempo, tempo no dia-a-dia as cenas se repetem nunca falam de nós mesmos, falam do futebol, do papa, do bigbrother, da novela, da vizinha, da mina, do bar, ... de tantos tantos que me cansam. estou aqui, pra falar de mim e de você, sem cenas, entre.

estamos o tempo todo fazendo política...

enquanto bebem e dançam, enquanto assistem o bigbrother, enquanto vão pras baladas, enquanto consomem, consomem, somem consigo mesmos e deixam tudo continuar como está e caminhar para qualquer lugar. você não “deixa a vida te levar”? então do que reclama?

bebe pra esquecer, esquece de viver, esquece de ser você

quando vai deixar de lado esse seu medo? de falar o que pensa, de fazer o que gosta, de escolher tua vida, de se apropriar dos espaços, de ser você?

àquele medo, medo velho, joga fora, taca fogo.

os leitores “cult’s”, que se auto-intitulam ‘intelectuais’ querem palavras bonitas, seqüencias ‘interessantes’, pingos nos is, jogatinas de travessões, que se escreva diferente de como falamos porque a gente fala feio... eles acham que pra escrever tem que ser “chique”, “fino” palcos de pontos de passos da vida muda

gosto de trechos incompletos que se fodam os completos alguém aí está completo?

a falta de sentido traz a possibilidade de criar outros e novos sentidos

a liberdade não é uma conquista individual, particular.. mesmo porque não é algo que se tem, mas algo que se realiza na relação.. ela altera o entorno, e o entorno é uma continuação do indivíduo

se quer liberdade, haja livre consigo e com os outros há que se construa um 'entorno livre' para vivenciar sua liberdade

(a configuração material dos espaços pode torná-los hostis ou anti-libertários) a relação livre acontece por escolha de cada um, aqui está um convite

quero falar com gente real, gente que faz o que sente, que é forte, e o faz porque vive, e age porque sente..

não fica julgando o que sente, se reprimindo.. colocando valores sobre o que sente.. (diferentes dessa mediocridade hipócrita, falsificação de valores, sentimentos e vida) pessoas mais sinceras com elas mesmas, que buscam se posicionar cada vez mais, se mostrar quem são e que são diferentes dos outros, porque sentem diferente

gente que decide pelo que está afim de decidir no momento, que saca que o sentimento é algo que muda e não algo estático, que não vive por idéia de obrigação, mas por viver e se não tá afim não se obriga a fazer o que não quer gente com força para ser e agir consigo mesmo livre e sincero, que não precisa se esconder (se mascarar..)

relações libertárias, sem criar dependências sem esse sentimento de dever ou culpa, gente que percebe que não tô aí pra reproduzir essa influência medíocre e falsificadora dos meios de comunicação de massa

gente que crê na possibilidade de criar uma outra arte, uma outra vida..

sabe que é possível ser real, e não tem medo de fazê-lo.

se eu for descrever a mim mesmo em palavras, me classificarei em coisas que não sou, pois não nasci sendo palavras, nem palavras me tornei. sou e estou sendo algo que não há como descrever senão por si mesmo, este que em nada se classifica, pois se classificar, deixa de ser este e se torna outro.

você é o autor da sua vida e da história, não compre o que não é útil para você, não dê mais importância ao que você possui do que à você mesmo, não compre idéias prontas, nem acredite em qualquer coisa que escuta, vê ou lê: as novelas podem ser mundos falsos criados para você ficar calado. dê um basta em relações e lugares que não te trazem benefícios, crie novos espaços, vá a outros lugares, estabeleça novas relações; jogue no lixo aquele seu medo velho: seja autônomo e independente, faça o que você quer por conta própria, não espere que os outros façam por você. enquanto você deixa sua vida de lado ela te deixa de lado também; faça você mesmo a sua arte, exponha seus sentimentos, idéias e opiniões... você pode muito mais do que pensa, não tenha medo de viver, de ser você escreva o que você pensa, concorde ou discorde, cuspa, chute; publique com teu nome, com nome falso ou sem nome, fodam-se os direitos autorais, viva a pirataria. tu é livre para ir onde quiser, voe!

é livre a reprodução total ou parcial

trechos escritos entre janeiro à junho de 2007, em pouso alegre, mg; alguns em são paulo, sp por bruno, nobru, a vida que levo, as pessoas que convivo, os lugares que passo, toda a paisagem...

sinta-se livre para comentar, acrescentar e criticar [email protected] www.nobru.vze.com

arte é galhos www.galhos.net

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