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a necessidade da
mudança O norte-americano James C. Hunter autor de O Monge e o Executivo que ficou na lista dos livros mais vendidos em 2005 e 2006 destaca: “É crescente o movimento das pessoas tentando se reinventar profissionalmente, buscando mudar radicalmente suas condutas tanto no trabalho como na vida particular.
Na realidade as pessoas estão encarando as suas profissões de uma maneira diferente. Elas querem mais do que apenas chegar ao trabalho pela manhã, ir embora no final da tarde, dia após dia, anos após ano. Os indivíduos desejam um trabalho com o qual possam ficar empolgados, onde possam crescer, melhorar suas vidas, se
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EDITORIAL
quando completa 40 anos, deseja ardentemente ter feito 16 anos. Finalmente quando chega aos 60 anos, lamenta-se de não poder ter 6 anos. Ainda bem, que muita gente acredita em reencarnação, não é? Isso que é acreditar em mudança!!! 2ª) É importante acreditar em reencarnação. Talvez seja esta a única possibilidade de você ser alguém na vida, depois de ter falhado tanto... 3ª) Educação é tudo. E quem não concordar que se dane! É verdade que atualmente a “conquista” de altos cargos políticos por pessoas com pouca educação formal tem demonstrado que não é apenas a educação que facilita atingir o sucesso...
tornar pessoas melhores. Naturalmente a boa liderança nas organizações que trabalham tem tudo a ver com a satisfação dessas necessidades. No fundo, não se trata de atender às vontades vontades, mas às necessidades cessidades. Aliás, os gestores eficazes não estão nas empresas para fazer o que os funcionários querem, mas sim do que eles precisam. E as pessoas precisam crescer e ter o melhor desempenho que puderem. Se elas não conseguem, as melhores acabam saindo. Obviamente isso cria tensão nas empresas, quando os melhores e mais brilhantes profissionais começam a sair, por que elas têm gestores que não entenderam isso. A evasão se torna mais significativa se as organizações continuarem gerenciando as pessoas ‘do pescoço para abaixo’ e se esquecerem do que ocorre ‘do pescoço para cima’. Do ‘pescoço para baixo’ não está mais nem perto do suficiente no século XXI. Desde que a remuneração que uma pessoa receba pelo seu trabalho seja justa, o empregado quer saber se o seu chefe o estimula para o crescimento e o desenvolvimento.” Hoje em dia temos milhares de livros e consultores especializados em auto-ajuda, a maioria voltada para promover contínuas mudanças nas organizações e no comportamento das pessoas. Um deles é de autoria dos irmãos Bacalhau com o título Quem Mexeu no meu Salame? que eles definem como uma obra que não auto-ajuda, mas também não-atrapalha. Nesse livro eles apresentam frases muito interessantes para ajudar o leitor a se livrar dos livros de auto-ajuda!!! Aí vão algumas reflexões de valor inestimável: 1ª) Quem nunca está satisfeito acaba engordando. De fato, é comum todo “pequeno” ficar ansioso para fazer 18 anos. Quando faz 18, não vê a hora de fazer 21 anos. Já
4ª) Se sucesso fosse sinônimo de qualidade, não haveria tanto cantor brega por aí. Realmente, a fama, a qualquer preço, acaba saindo muito cara. 5ª) Uma boa apresentação não esconde a falta de conteúdo. E obviamente aqui o melhor exemplo não é a excelente análise que você fez sobre o mercado mas sim aquela secretária “vistosa” que foi contratada com a sua indicação, mas que... 6ª) Preguiça, não é ficar parado, preguiça é não fazer nada!!! Aliás, tem momentos que é melhor ficar parado, por exemplo, num sinal vermelho... 7ª) É bom ter tantos sonhos que se queira continuar dormindo. Claro que é bom de tempo em tempo, abrir os olhos para ver como estão indo as coisas, mas ao levantar-se e perceber que lá fora está tudo escuro, o melhor é continuar sonhando... 8ª) Se o barco não tem remos, comece a remar com as mãos. Nessa situação, é vital abrir bem as mãos para remar, já que parece que você não quis comprar um barco a motor pois é pão-duro. Isso é verdade? Ah, você não sabe o que é pão-duro, achando-se um economista. Pois bem, saiba que economista é uma coisa, e pão-duro é outra. O economista acha que grana é para se guardar. O pãoduro moderno tem como meta gastar melhor o suado dinheiro. Se é suado para entrar, tem de ser suado para sair. Ambos reagem à alta dos preços. Cada um à sua maneira. O economista diz que o preço da batata subiu porque o cli-
ma atrapalhou a plantação. O pão-duro não come batata durante alguns meses. Os economistas sempre têm idéias para aplicar o seu dinheiro e ganhar mais 1% ou 2% acima da inflação. O pão-duro sabe que ninguém está com dinheiro para aplicar em nada e usa sua cara-de-pau para pedir desconto de 10% ou 20%. Uma das perguntas que mais se faz é sobre quem surgiu primeiro, o pão-duro ou o economista. Para obter a melhor resposta deve-se recorrer à Bíblia e, segundo o livro sagrado: “...no princípio era o caos.” Se tinha caos, tinha economista, portanto eles nasceram primeiro... 9ª) Ajude o próximo, dizendo sempre palavras de conforto. Você quer alguns exemplos do que dizer aos outros? Aí vão: sofá, travesseiro, cama e poltrona!!! 10ª) A necessidade é a mãe das invenções. Você não sabe por quê? Basta querer ir ao banheiro, e ele estar ocupado, para você começar a inventar um jeito para se aliviar, não é? Sem dúvida!!! Naturalmente, para alguns o livro dos irmãos Bacalhau, pode parecer de auto-engano, mas milhares de outros iludem também as pessoas com as suas receitas milagrosas que se misturam com títulos de qualidade. Deve-se lembrar que Self-Help (auto-ajuda em inglês), o título do livro de Samuel Smiles (1812-1904), inaugurou e deu nome à literatura de auto-ajuda em 1859, mais de um século antes do chamado boom (explosão) de vendas desse gênero de livro. O que mudou a partir da segunda metade do século XX foi o leque de assuntos. De como cozinhar um macarrão maravilhoso ao método infalível para arrumar um parceiro certo, um emprego dos sonhos ou, melhor ainda, ambos (como propõem muitos títulos, no melhor estilo “pague um, leve dois”), cuidados para diabéticos ou como evitar rugas e celulite; como impedir a entrada das drogas na vida da sua filha; como conviver com os sogros ou com o mal de Alzheimer; como ficar milionário ou descobrir a chave da felicidade. Não falta assunto para livros de auto-ajuda e uma marca do gênero são os textos que não se destinam unicamente à leitura, pois possuem um “cunho prático”, dando ao leitor instruções de como partir para a ação. O que os diferencia são as formas de conduta sugeridas para a obtenção de um bem ou a solução de um problema, que pode ser de ordem espiritual, mundano, sexual, profissional, afetivo, familiar ou medicinal. O ponto nefasto dos livros de auto-ajuda é que eles exageram na exploração de condições cruéis e desacreditam as soluções coletivas, vendendo ao leitor normas individualistas de sobrevivência na selva. Nas receitas prontas, abre-se obviamente mão dos recur-
O bem humorado livrinho dos Irmãos Bacalhau.
sos, da criatividade e da individualidade de cada um. Livro de auto-ajuda bom é aquele que faz a pessoa perguntar sobre a vida, não o que traz a resposta pronta. Um livro de auto-ajuda que tornou-se um campeão de vendas (best-seller) é do dr. Spencer Johnson, com título Quem Mexeu no Meu Queijo? em que o autor, através de uma fábula, mostra a dificuldade e a necessidade de mudar. Assim ele faz uso de algumas expressões de maneira simbólica, sendo: ● “Queijo” uma metáfora para tudo que nos dá sustento trabalhar bem, ter relacionamentos afetuosos, saúde, dinheiro, conhecimento, paz espiritual, etc. ● “Velho queijo” é o que costumava nos dar sustento, mas agora não nos alimenta mais. ● “Novo queijo” é algo novo que nos pode alimentar melhor. Algo de que gostaremos mais!!! ● “O labirinto” é onde se pode encontrar o “novo queijo”, ou seja, a organização em que trabalhamos, a família ou a comunidade em que vivemos, ou dentro de nós mesmos. O livro Quem Mexeu no Meu Queijo?, publicado em 42 idiomas, já vendeu mais de 22 milhões de exemplares e o dr. Spencer Johnson explica: “A história que narro nesse livro tem como objetivo ajudar as pessoas a lidar com mudanças mudanças. Nesse sentido me baseio em quatro personagens: ● Sniff que consegue antever mudanças e logo percebe o que, provavelmente, acontecerá, tendo portanto condições de estar mais bem preparado.
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rapidamente, empreendendo ● Scurry que consegue agir rapidamente novas tarefas para adaptar-se à mudança no tempo certo. ● Hem que está convencido de que mudar nem sempre é bom bom. Ele é cauteloso. No entanto, mesmo quando a mudança faz sentido, ele demora para mudar. ● Haw que reluta em mudar, mas ainda que tenha medo da mudança, é capaz de rir de si mesmo (haw, haw, haw!!!), modificar suas crenças e comportamento e encontrar um ‘novo queijo’, algo que o alimente mais. E ele gosta disso!!! Para antever mudanças você deve procurar responder positivamente questões como: ●Como farejar (sniff) qual é a mudança mais provável de acontecer e ter sucesso em tempos de mudança? ● Você alerta os outros das mudanças que antevê para que todos possam estar mais bem preparados? ● Você consegue falar das mudanças previstas de uma forma que ajude a si mesmo e os outros a encontrar um ‘novo queijo’ e apreciar mais as coisas? Já para fazer o que é necessário na hora certa é preciso ter respostas para perguntas como: ● Como agir rapidamente (scurry) e ter sucesso em tempos de mudança? ● Caso você se perca, consegue mudar de direção e empreender atividades novas e mais eficazes o mais depressa possível? ● Quais novas medidas você está tomando esta semana para encontrar o seu ‘novo queijo’? No tocante a certificar-se de que a mudança faz sentido é vital ter ‘soluções’ para indagações como: ● Como ser menos hesitante (hem) e ter sucesso em tempos de mudança? ● Você é cauteloso, perguntando a si mesmo se a mudança é realmente necessária? ● Quando a mudança faz sentido, você consegue superar o
seu conforto ou seu medo de mudar na hora certa? Finalmente, para superar o medo de sair da zona de conforto, tornar-se mais como Haw, deixando de lado a relutância, mudando na hora certa. Para ter sucesso em tempos de mudança é preciso responder afirmativamente as seguintes questões: ● Você acredita que, se mudar, merece conseguir algo melhor? ● Você consegue modificar as crenças e comportamentos que possam estar impedindo-o de encontrar o seu ‘novo queijo’? ● Você está disposto a se aventurar no ‘labirinto’, ingressar em novas áreas e fazer novas coisas para encontrar o seu ‘novo queijo’? ● Você acha que irá mudar e prosperar com a mudança? Claro que todo gestor sabe que existem diferentes tipos de pessoas no ‘labirinto’ de sua empresa e que, para elas serem mais eficazes na organização devem ser tratadas de maneira diferente em situações de mudança. Assim, se os Sniffs são aqueles que ajudam a empresa a farejar as mudanças mais prováveis de acontecer, é preciso incentivá-los a comunicar suas percepções de mudanças para os demais integrantes da equipe e encorajá-los a identificar, o mais cedo possível, as mudanças que podem levar a empresa a conseguir coisas melhores, como por exemplo, a descoberta de modos melhores de trabalhar até o desenvolvimento de novos produtos e serviços. Por sua vez, as pessoas com personalidade Scurry são vitais para uma organização pois conseguem conduzi-la a mudança na hora certa e com isso prosperar. É por isso imprescindível incentivar os Scurrys inicialmente, a refletir a fundo sobre as coisas, para, em seguida, começar implementar as coisas novas. Sem dúvida, é necessário também valorizar as atividades dos Scurrys, recompensando-os pelas maneiras inovadoras de encontrar o ‘novo queijo’. Por outro, para lidar com os Hems – pessoas que atrasam as mudanças realmente necessárias - é preciso ter a aptidão de oferecer-lhes uma visão sensata do ‘novo queijo’ para que se convençam de que a mudança lhes será vantajosa. Além disso, deve-se eliminar o medo que os Hems têm de perder algo que valorizam e demonstrar-lhes que a mudança aumentará a sua segurança. Finalmente, é essencial controlar os indivíduos com personalidade Haw – que relutam a mudar, mas que, ao notar que a mudança pode levar a algo melhor, o fazem – que acabam achando o ‘novo queijo’, gostando do que estão fazendo... O objetivo inicial deve ser com que os Haws não escutem mais os Hems da sua empresa e fazê-los em seguida rir da sua própria relutância em mudar. Realmente, para se ter uma equipe eficaz numa organização, é fundamental conseguir extrair o que há de melhor em cada pessoa. Assim, deve-se colocar os Sniffs para trabalhar incentivan-
do as outras pessoas da companhia a dar-lhes ouvidos sobre as mudanças que dizem ser necessárias; os Scurrys são os que devem ser estimulados a tomar as medidas eficazes para implementar as mudanças; os Hems devem ser transformados em Haws e caso isto não seja possível precisam ser afastados da empresa e os Haws devem ser incentivados pelos Sniffs e Scurrys para compartilhar com eles uma visão sensata e com detalhes específicos e factíveis que lhes indiquem como a organização irá prosperar com a mudança proposta. Esta é uma receita simples, mas eficaz, para quem quer gerenciar pessoas dentro das novas maneiras que as ajudem a progredir e a organização onde elas trabalham, a prosperar com a mudança. O fato essencial é que todo gestor eficaz é aquele que acredita que existe um ‘novo queijo’ em algum lugar, mesmo que não saiba exatamente onde é esse lugar. Mas ele está sempre disposto a usar os talentos da sua equipe – principalmente os Sniffs e Scurrys – para andar no ‘labirinto’ até achar esse lugar!!!” A boa notícia, é que, além de muitos bons livros de autoajuda – como esse do dr. Spencer Johnson – os estudiosos concluíram recentemente que a mente humana é muito mais flexível que se imagina. Dessa maneira, pode-se usar a maleabilidade da mente a fim de identificar novos objetivos de vida, abandonar vícios como comida, cigarro, drogas, consumo, etc. e viver de forma mais feliz. Ou seja, é sempre possível mudar!!! Michael Samuelson, especialista em comportamento humano, identifica cinco etapas (estágios) dos processos mentais de mudança, a saber: 1º Estágio – Pré-contemplação. Esta é a etapa em que a pessoa acha que não tem problemas que exijam grandes mudanças. É a fase do “nunca” “nunca”. Na realidade, as cobranças de amigos e colegas do trabalho a incomodam, mas não são suficientes para fazê-la mudar. 2º Estágio – Contemplação. É a etapa em que o indivíduo até gostaria de mudar algumas coisas na sua vida, mas parece que lhe faltam idéias para isso no momento. É a fase do “algum dia” que pode ser num prazo curto desde que o indivíduo tenha um bom coach (instrutor) ou líder que o faça sair do marasmo. 3º Estágio – Preparação. É a etapa em que a pessoa está desejosa para partir para grandes mudanças, quer iniciar novos projetos de trabalho, viver em outros lugares, fazer atividade físicas diferentes, etc. É a fase do “logo” “logo”. Por incrível que pareça em algumas comunidades de trabalho 85% das pessoas nem chegam a alcançar esse estágio!!!
4º Estágio – Ação. É a etapa em que o indivíduo demonstra que está procurando fazer algo novo, mas, ao mesmo tempo, dá claros sinais que está apto para enfrentar desafios mais consistentes ainda. É a fase do “agora” “agora”. É vital que, nesse processo de mudança, apareçam rapidamente resultados satisfatórios para estimular o indivíduo a prosseguir nessa mutação. O processo de mudança exige sempre um esforço emocional. 5º Estágio – Manutenção. É a etapa em que as novas atividades e uma forma diferente de pensar já fazem parte da vida cotidiana da pessoa e ela começa a se sentir insatisfeita quando não percebe que está avançando ou progredindo cada dia que passa. É a fase do “sempre” “sempre”. Nesse estágio é preciso bastante cuidado, pois mesmo seguindo um novo processo mental, o antigo ainda está lá em sua mente e, em uma situação de stress, pode haver um recuo. Um dos gurus contemporâneos dessa tendência de que é sempre possível mudar, é o norte-americano Jerry Wind, professor da Wharton School, na Pensilvânia, e co-autor de A Força dos Modelos Mentais. Diz Jerry Wind: “É fundamental cada ser humano aceitar a importância de aprender, desaprender e reaprender para poder construir o seu conhecimento sob novos paradigmas que estão surgindo cada vez mais rapidamente no século XXI.” Seja pois um expert em mudança nessa era de conhecimento e da tormenta de informações.