Moral X Etica - Pdf

  • May 2020
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  • Words: 1,902
  • Pages: 5
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“Nós imoralistas prejudicamos a virtude? — Tanto quanto os anarquistas prejudicam os príncipes. Só depois de terem sido atingidos de novo se sentam firmemente nos seus tronos. Moral: é preciso disparar contra a moral.” Nietzsche 

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“Todas as paixões têm uma época em que são funestas, em que envilecem suas vítimas com o peso da brutalidade, e uma época posterior, muito mais tardia, em que se casam com a inteligência e se espiritualizam. Outrora, a brutalidade da paixão era causa para que se fizesse guerra contra a própria paixão, para que se conjurassem os homens para aniquilá-la. Todos os antigos juízos morais estão de acordo neste ponto: é preciso destruir as paixões. A forma mais célebre dessa idéia encontrasse no Novo Testamento, no Sermão da Montanha, onde, que se diga de passagem, não se tomam todas as coisas a partir duma certa altura. Ali se diz, por exemplo, referindo-se à sexualidade: "Se teu olho direito é para ti uma ocasião de pecar, arranca-o". Felizmente, nenhum cristão cumpriu ao pé da letra esse preceito. Destruir as paixões e os desejos unicamente por sua brutalidade e para evitar as conseqüências nocivas que esta produz, nos parece hoje uma fórmula particular da estupidez. Não nos admiramos dos dentistas que arrancam os dentes prevendo, que possam doer. Cumpre confessar, por outro lado, que no terreno em que se desenvolveu o cristianismo primitivo, a idéia da espiritualização das paixões não podia ser bem compreendida. A Igreja primitiva lutava, como é sabido, contra os intelectuais em benefício dos pobres de espírito; como esperar dela uma guerra inteligente contra as paixões? A Igreja combate as paixões através do método da extirpação radical;seu sistema, seu tratamento, é a castração.” Nesse capítulo Nietzsche faz um questionamento bastante válido acerca da moral, será preciso abdicar as paixões para cumprir as normas morais? Esse mesmo questionamento pode ser visto implicitamente em “Crônica da Casa Assassinada”, Nina deveria conter sua paixão por André em nome da moral? E Ana deveria dar fim a sua paixão pelo jardineiro Alberto em nome de seu matrimônio? Essa é justamente a questão crucial do livro, a moral x ética, pode também ser entendida como prazeres x moral. Este trecho também se aplica a Demétrio, que vive em torno de uma paixão platônica por Nina, ao mesmo tempo em que tem uma paixão- lê-se obsessão nesse caso- pela tradição do núcleo familiar. Essa obrigação com a casa se perde em meio a toda podridão à que a família vive, isto é, as tradições da família se esfacelam ao longo de toda narrativa, chegando ao ápice

no momento em que Timóteo durante a visita do barão se apresenta vestido com roupas de sua falecida mãe, e jóias também deixadas por ela. Mas essa cena é apenas o esfacelamento público, pois à surdina a família já estava a muito em ruínas. Isso exemplifica a paixão de Demétrio pela moral, deixando todo o resto para trás (esse”todo resto” pode ser compreendido como as relações familiares, que também se esfacelam ao longo do enredo).

“Tenho como fórmula um princípio. Todo naturalismo na moral, isto é, toda sã moral, está dominada pelo instinto da vida; um mandamento qualquer da vida se cumpre mediante um cânone determinado por preceitos e por proibições; deste modo se faz desaparecer da esfera da vida um obstáculo a uma hostilidade qualquer. A moral anti-natural, isto é, toda moral ensinada, venerada e predicada até agora, se dirige, ao contrário , contra os instintos vitais e é uma condenação já secreta já ruidosa e descarada desses instintos.” Esse trecho diz respeito à falta da naturalidade da imposição da moral, assim sendo, pode se relacionar a dois personagens em foco no livro, esses são: O padre Justino e Ana. O padre por seguir os preceitos da religião católica e se basear em uma moral pronta/estabelecida e Ana por tentar seguir essa moral, em suas confissões ao padre, como uma forma de extirpar seus pecados. A própria atmosfera funesta da casa,cercada pela falsa moral da família Meneses remete a esse anti-naturalismo. A família vive de aparências, e a única figura que rompe um pouco com essas aparências é Nina, um ser estranho em meio a todos aqueles moralíssimos Meneses, que cultivam uma boa, embora misteriosa reputação na cidade. Nina rompe um pouco com essa moral dos Meneses justamente por ser uma moça da “cidade grande” com outros costumes. Mas ainda assim ela é rotulado pelos moradores da cidade, que vêem Nina como mais uma peça do quebra-cabeça que a família Meneses, ou seja, mais um mistério para o já enigmático clã dos Meneses.

“Consideremos, por último, quanta candura há em dizer: o homem deveria ser desta maneira. A realidade nos mostra uma maravilhosa riqueza de tipos, uma verdadeira exuberância na variedade' e na profusão das formas. Todavia, surge qualquer moralista de praça e afirma: "Não, o homem deveria ser de outra maneira". Sabe sequer como deveria ser ele mesmo, esse santarrão que faz seu retrato na parede e diz: Ecce homo? Até quando um moralista se dirige só a um indivíduo para dizer-lhe: "Deve ser assim!" põe-se no ridículo. De qualquer modo que o consideremos, o indivíduo faz parte da fatalidade, constitui uma lei a mais, uma necessidade a mais para tudo o que está por vir. Dizer-lhe: "Muda tua natureza" é desejar a transformação do todo, ainda que seja uma transformação no passado. E efetivamente houve moralistas conseqüentes que queria que os homens fossem distintos, isto é, virtuosos. Queriam homens a sua imagem; para isso negaram o mundo. Basta de delírios!Basta de formas modestas da imodéstia! A moral, por pouco que condene, é em si mesma, e não em relação à vida, um erro específico com o qual não se deve ter compaixão, uma idiossincrasia de degenerados que causou muito dano. Em contrapartida, nós, os imoralistas, abrimos de par a par nossos corações a toda classe de compreensão, de inteligibilidade, e de aprovação. Não negamos facilmente, nos honramos de ser afirmativos. Nossos olhos estão bem descerrados para essa economia que necessita e sabe aproveitar-se de tudo que a santa sem-razão despreza. a razão enferma do sacerdote, para essa economia da lei vital que aproveita até as mais repugnantes demonstrações de beatos, curas e corifeus da virtude. Que vantagens obtém? Nós mesmos, nós, os imoralistas, somos uma resposta vivente.”

Neste trecho Nietzsche aborda a moral como uma afronta à natureza humana, isto é, as imposições feitas pela sociedade fazem com que o homem perca sua verdadeira essência. Logo mais valem os imorais. Adequando esse pensamento ao livro “Crônica da Casa Assassinada”, este trecho relaciona-se com o personagem Timóteo, que é visto como um louco, mas verdadeiramente este personagem é nada mais que um dissidente, um imoral. Mas veja que o termo imoral como é colocado aqui, não é como o que costumamos chamar de imoral, esse imoral baseia-se nos preceitos de Nietzsche para o significado de moral, logo esse imoral seria mais um amoral. Isto é, ser imoral é mais do que não seguir as normas de comportamento, é provavelmente estar em um plano a parte, ser um amoral. Assim como Timóteo era dentro da casa dos Meneses, ele simplesmente não vivia naquele âmbito de dissimulação, por isso ele se mantinha oculto aos “dogmas” da família Meneses e da sociedade em geral. Demétrio, no entanto é o oposto de Timóteo, ele se revestiu de uma moralidade que se espalhava por toda a casa como um câncer. Daí as ruínas, a podridão que a casa toma a cada capítulo, vêm desta moralidade dissimulada praticada por toda a família, em especial por Demétrio, preocupado em manter as aparências da tradicionalíssima família Meneses.

“A fórmula geral que serve de base a toda religião e a toda moral pode ser expressada assim: "Faça isto ,e mais isto, não faça aquilo e mais aquilo — e então serás feliz, do contrário... Toda moral e toda religião são somente esse imperativo, que chamo de o grande pecado hereditário da razão, a imortal razão. Em meu pensamento essa fórmula se transforma na contrária — primeiro exemplo de minha Transmutação de todos os valores: um homem bem constituído, um homem ditoso realizará necessariamente certos atos e temerá instintivamente cometer outros, pois assim exige o sentimento da ordem que ele representa fisiologicamente em suas relações com os homens e as coisas. Reduzindo isto a uma fórmula: sua virtude é a conseqüência de sua felicidade. Uma vida longa, uma prole numerosa não são a recompensa da virtude; pelo contrário, a própria ; virtude é essa lentidão na assimilação e desassimilação que produz entre outras conseqüências a longevidade e a prole numerosa, numa palavra, o que se chama de cornarismo. A Igreja e a moral afirmam: "O vício e o luxo são a causa do perecimento de povos e raças"; contudo, o que minha razão afirma é o seguinte: "Quando um povo perece teve que degenerar fisiologicamente"; conseqüência disto são os vícios e o luxo (isto é, essa necessidade de estimulantes cada vez mais fortes e mais freqüentes que todos os temperamentos esgotados sentem). Um jovem empalidece e envelhece prematuramente;, seus amigos dizem: esta ou aquela doença é a conseqüência de uma vida precária, de um esgotamento hereditário. Os leitores de jornais dizem: este partido foi destruído devido a esta ou aquela falta que cometeu. Minha política superior contesta: um partido que comete esta ou aquela falta agoniza, não possui a segurança do instinto. Numa ou outra forma toda falta é conseqüência da degeneração do instinto, de uma desagregação da vontade; chega-se por esse caminho quase a definir o mal.” Este trecho refere-se à condição de Nina, primeiramente uma viciada em artigos luxuosos, o que já aponta sua degeneração. Posteriormente sua doença que leva à sua morte, são vistas talvez como a conseqüência de seus atos contrários a moral. E segundo Nietzsche a sua falta inicial é a conseqüência da degeneração de seu instinto, isto é, ela muito antes de relacionar-se com seu “filho”já apresentava falhas em seu caráter(falhas em sua moral). Assim como os demais personagens do livro, em destaque André, Ana e Demétrio, nos quais é possível ver mais nitidamente. E a casa em ruínas é nada mais que um reflexo da degeneração de seus moradores, uns em mais e outros em menor teor.

  

     

As principais questões do livro podem ser contextualizadas também neste poema de José de Albuquerque, (talvez inspirado em Nietzsche ): Será a verdade cômoda? Será a verdade incômoda? Será a verdade filha da necessidade e por isso mãe da realidade? Será o homem uma criação de Deus ou Deus uma criação da humanidade?/ Criador ou criatura? Tutor ou tutelado?/ Talvez cego lesado levado a crer no que precisa para aceitar o que não pode ser mudado/ Criador ou criatura? Inocente ou culpado?/ Talvez a verdade seja uma questão de ponto de vista e a mentira um ser mutável que igual à larva da borboleta, com o tempo torna-se aceitável Ficando a critério de cada um escolher a sua verdade, ŵĂŝƐĂŐƌĂĚĄǀĞů   



O CREPÚSCULO DOS ÍDOLOS OU A FILOSOFIA A GOLPES DE MARTELO - Friedrich Nietzsche ZĞĨĞƌġŶĐŝĂ͗

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