Metodologia_da_pesquisa_cientifica.pdf

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  • Words: 44,918
  • Pages: 200
Adílio Moreira de Moraes João José Saraiva da Fonseca

Metodologia da Pesquisa Científica

1ª Edição Sobral/2017

Avance com foco no seu aprendizado Estamos disponibilizando neste espaço de aprendizagem as videoaulas, um recurso tecnológico, com a intenção de contribuir com sua aprendizagem sobre os temas referente às unidades de estudo da disciplina. 

Guiando o estudo com as videoaulas Leia o cada unidade de estudo e ao final assista as videoaulas para ampliar seu estudo e ou dirimir as duvidas sobre o tema.

A natureza da ciência e da pesquisa científica

A pesquisa científica qualitativa e quantitativa

A classificação das pesquisas

Pesquisa experimental antes e depois

A pesquisa experimental

Novos tipos de pesquisas a serem trabalhados

INTA - Instituto Superior de Teologia Aplicada PRODIPE - Pró-Diretoria de Inovação Pedagógica Diretor-Presidente das Faculdades INTA Dr. Oscar Rodrigues Júnior

Revisora de Português Neudiane Moreira Félix

Pró-Diretor de Inovação Pedagógica Prof. PHD João José Saraiva da Fonseca

Revisora Crítica/Analista de Qualidade

Coordenadora Pedagógica e de Avaliação

Diagramadores Fernando Estevam Leal

Profª. Sonia Henrique Pereira da Fonseca

Anaisa Alves de Moura

Anacléa de Araújo Bernardo Professores Conteudistas Adílio Moreira de Moraes João José Saraiva da Fonseca

Diagramador Web Eryberto da Silva Pontes

Sonia Henrique Pereira da Fonseca

Produção Audiovisual Francisco Sidney Souza de Almeida (Editor)

Transposição Didática Adriana Pinto Martins

Operador de Câmera José Antônio Castro Braga

Assessoria Pedagógica

Evaneide Dourado Martins Pesquisadora Infográfica Design Instrucional

Anacléa de Araújo Bernardo

Sonia Henrique Pereira da Fonseca

Metodologia da Pesquisa Científica

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Sumário Palavra dos Professores autores .......................................................................... 09 Sobre os autores ..................................................................................................... 11 Ambientação ........................................................................................................... 13 Trocando ideias com os autores ............................................................................ 15 Problematizando .................................................................................................... 19

1 APROXIMAÇÃO COM O CONHECIMENTO CIENTÍFICO Ciência /Conhecimento Comum X Senso Comum/ Métodos Científicos .................... 20

2 FATORES DETERMINANTES PARA ESCRITA CIENTÍFICA Leitura ................................................................................................................................................... 31 Escrita ................................................................................................................................................... 34 Fichamento ......................................................................................................................................... 38 Seminário ............................................................................................................................................ 40 Banner .................................................................................................................................................. 42

3 ASPECTOS ESTRUTURAIS DE UMA PESQUISA CIENTÍFICA Escolha tema/título .......................................................................................................................... 47 Estrutura de um trabalho científico (elementos pré/textuais/pós) ................................ 52 Normas da ABNT .............................................................................................................................. 53 Monografia ......................................................................................................................................... 53 Estrutura .............................................................................................................................................. 54 Artigo Científico ................................................................................................................................ 68

4 CITAÇÃO E REFERÊNCIA Tipos de Citações Bibliográficas ................................................................................................. 77 Elementos da Referência ............................................................................................................... 81 Ordem dos Elementos da Referência ....................................................................................... 84

5 INTRODUÇÃO E OBJETIVO DE UMA PESQUISA CIENTÍFICA

Pergunta Problema ......................................................................................................................... 90 Contextualização do Tema ............................................................................................................................. 92 Justificativa ......................................................................................................................................... 93 Relevância........................................................................................................................................... 97 Objetivos gerais e específicos ..................................................................................................... 98

6 TRAJETÓRIA METODOLÓGICA Tipos de Pesquisa Científica. .......................................................................................... 102 Técnicas de Pesquisa (Coleta de Informações). ...................................................................104 Busca em Banco de Dados. .........................................................................................................109 Descritores/Palavras-Chave. ................................................................................................. 111 Local do Estudo. .............................................................................................................................116 Participantes/Fonte de Coleta das Informações/Período da Coleta. ............................ 116 Fases da Pesquisa. .........................................................................................................................117 Análise das Informações. ............................................................................................................126 Análise Quantitativa. ......................................................................................................................126 Análise Qualitativa. .........................................................................................................................126

7 ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA COM SERES HUMANOS

Resolução 466/2012. ....................................................................................................................130 Atribuições ................................................................................................................................. 144 Das Competências ..........................................................................................................................147 Resolução 510/2016. .....................................................................................................................152 Dos Termos e Definições............................................................................................... 154 Dos Princípios Éticos das Pesquisas em Ciências Humanas e Sociais. ....................... 158 Do Processo de Consentimento e do Assentimento Livre e Esclarecido. ................. 159 Dos Riscos. ........................................................................................................................................163

Do Procedimento de Análise Ética no Sistema CEP/CONEP ................................................164 Do Pesquisador Responsável. .................................................................................................. 165 Das Disposições Transitórias. ................................................................................................... 166 Das Disposições Finais. ................................................................................................................ 166 Plataforma Brasil. ............................................................................................................................ 168 Comitê de Ética em Pesquisa. .................................................................................................. 170 Termo de Compromisso de Utilização de Dados (TCUD). .................................................174 Termo de Compromisso de Utilização de Dados (TCUD) - Modelo.............................175

Leitura Obrigatória. ...................................................................................... 178 Revisando ........................................................................................................ 182 Autoavaliação. ................................................................................................ 186 Bibliografia. ............................................................................................................ 188 Bibliografia Web.................................................................................................... 100

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Palavra do Professor Olá estudantes! Um dos grandes desafios que se apresenta atualmente no mundo acadêmico consiste na elaboração correta de sínteses, memoriais, relatórios, projetos, artigos científicos, monografias, dentre outras estruturas. Esse Manual se destina aos principiantes, isto é, aos que estão se iniciando no estudo da Metodologia da Pesquisa Científica. E seu objetivo é promover o aperfeiçoamento e servir de roteiro para ajudar os estudantes a acompanharem as explicações e outras orientações dadas pelo professor. Este trabalho aborda a importância da Metodologia da Pesquisa Científica como ferramenta essencial no desenvolvimento de produções científicas pelos estudantes que ingressam nas Universidades e ao longo do curso são estimulados a desenvolver pesquisas científicas como parte dos requisitos de avaliação. Deve ser permanentemente lembrado pelo leitor o caráter introdutório desse nosso estudo e que está lidando com noções elementares, cuja finalidade é serem ultrapassadas pela reflexão e experiência, em busca de maior profundidade. Essas dificuldades podem ser a causa de uma grande ansiedade nos estudantes de graduação, na medida em que as exigências mudam em profundidade a forma usual da escrita, incorporando diversos elementos, até então desconhecidos, podendo, no limite, levar ao desânimo e, até mesmo, a desistência do curso. Por esse fato, o manual de Metodologia da Pesquisa Científica direciona na formação universitária do estudante para a escrita científica, facilitando sua construção, apresentando de forma descomplicada os meandros das regras que permeiam os trabalhos científicos, guiando passo a passo na sua trajetória acadêmica. Procure tirar o melhor proveito de seus esforços. Tenha uma boa leitura!

Os autores!

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Sobre os Autores Adílio Moreira de Moraes possui doutorado em Ciências da Educação pela Universidade San Carlos. Tem seu mestrado chancelado em Educação Física pela Universidade Federal da Paraíba. Especialista em Gestão Escolar pelas Faculdades INTA. Na Universidade Estadual Vale do Acaraú, concluiu o Curso de Graduação em Educação Física em Sobral/CE. Pós-graduou-se como, sua segunda Especialização em Docência do Ensino Superior pela Faculdade KURIUS, sua terceira Especialização foi em Treinamento Desportivo pelas Faculdades Instituto Superior de Teologia Aplicada - INTA e sua quarta Especialização foi em Fisiologia Humana e Biomecânica do Movimento pela mesma instituição. Fez sua segunda Graduação em Pedagogia pelo Instituto de Educação e Tecnologias (IET).

João José Saraiva da Fonseca é Pós-Doutor em Educação pela Universidade de Aveiro em Portugal, Doutor em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2008), Mestre em Ciências da Educação pela Universidade Católica Portuguesa - Lisboa (1999) (validado no Brasil pela Universidade Federal do Ceará), Especialista em Educação Multicultural pela Universidade Católica Portuguesa - Lisboa (1994). Graduou-se em Ensino de Matemática e Ciências pela Escola Superior de Educação de Lisboa (validado no Brasil pela Universidade Estadual do Ceará). É pesquisador na área da produção de conteúdo para educação a distância. Atualmente desempenha a função de Pró-Diretor de Inovação Pedagógica das Faculdades INTA - Sobral CE.

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AMBIENTAÇÃO À DISCIPLINA Este ícone indica que você deverá ler o texto para ter uma visão panorâmica sobre o conteúdo da disciplina.

Olá, estudantes! A disciplina de Metodologia da Pesquisa Científica é fundamental para o desenvolvimento dos trabalhos científicos dos estudantes que ingressam no ensino superior. A proposta é mostrar as principais normas envolvidas na elaboração de um texto, tais como: estrutura de um trabalho científico, padrões de estrutura, inserção de citações diretas e indiretas, tipos de pesquisas e melhorar a qualidade das produções dos estudantes. No entanto, sugerimos que você faça uma leitura da obra “Metodologia do Trabalho Científico, SEVERINO, J.A.”, elaborada especialmente para estudantes em nível de graduação e pós-graduação, cuja proposta é auxiliar e direcionar esclarecimentos sobre a elaboração de trabalhos científicos, monografias, dissertações e teses.

Avance com foco no seu aprendizado Estamos disponibilizando neste espaço de aprendizagem as videoaulas, um recurso tecnológico, com a intenção de contribuir com sua aprendizagem sobre os temas referente às unidades de estudo da disciplina. Guiando o estudo com as videoaulas

Leia o cada unidade de estudo e ao final assista as videoaulas para ampliar seu estudo e ou dirimir as duvidas sobre o tema. A Natureza da ciência e da pesquisa científica

A pesquisa científica qualitativa e quantitativa

A Qualificação das pesquisas

A Pesquisa experimental

Pesquisa experimental antes depois

Novos tipos de pesquisas a serem trabalhadas

Metodologia da Pesquisa Científica

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TROCANDO IDEIAS COM OS AUTORES A intenção é que seja feita a leitura das obras indicadas pelos(as) professores(as) autores(as), numa tentativa de dialogar com os teóricos sobre o assunto.

Caro estudantes, sugerimos a leitura do livro “Fundamentos de Metodologia Científica” as autoras apresentam uma introdução da Metodologia do Trabalho Científico, enfocam aspectos de conhecimento científico, a diferença de conhecimento científico e conhecimento popular, técnicas de pesquisas e colocam em evidencia a estrutura da comunicação científica. LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de Metodologia Científica. 7ª Ed. São Paulo: Atlas, 2010.

Propomos também a leitura da obra Introdução à Metodologia do Trabalho Científico de Maria Margarida de Andrade, a autora destaca a leitura muito importante para quem deseja realizar trabalhos acadêmicos, aborda normas de redação, técnicas de pesquisa, técnicas para pesquisa bibliográfica, de campo e relatórios de pesquisas. ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução a Metodologia do Trabalho Científico. 10ª Ed. São Paulo: Atlas, 2010.

GUIA DE ESTUDO

Após a leitura dos livros, escolha um e faça uma resenha crítica.

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PROBLEMATIZANDO É apresentada uma situação problema onde será feito um texto expondo uma solução para o problema abordado, articulando a teoria e a prática profissional.

A motivação do pesquisador deve ser as experiências que o levam à identificação do problema a ser estudado. O título deve ser escolhido de forma cuidadosa e a pesquisa científica deve ter início com a formulação de um problema e com o objetivo de procurar solucioná-lo com clareza e delimitado a uma variável. Vamos pensar num determinado caso, uma estudante pretende pesquisar sobre estudantes de Educação de Jovens e Adultos. Sua pesquisa está voltada na seguinte questão: Qual a receptividade desta modalidade de ensino dentro da rede pública? Portanto, a referida estudante antes de iniciar a pesquisa deve elaborar perguntas tais como: O que pesquisar? Por quê? (Justificando a escolha do problema), Para que? Qual o objetivo? Como pesquisar? Qual a metodologia? Quando pesquisar? Onde pesquisar? Com que recursos?

GUIA DE ESTUDO

Se fosse fazer uma pesquisa sobre o assunto mencionado, como você responderia tais questionamentos? Reflita e comente com seus colegas na sala virtual.

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APRENDENDO A PENSAR O estudante deverá analisar o tema da disciplina em estudo a partir das ideias organizadas pelos professores autores do material didático.

1 APROXIMAÇÃO COM O CONHECIMENTO CIENTÍFICO CONHECIMENTOS Conhecer a ciência enquanto processo crítico de reconstrução do saber, bem como a sua natureza, os métodos e os processos de investigação.

HABILIDADES Reconhecer o conhecimento em geral e assinalar seus pressupostos; Identificar os diferentes tipos de conhecimento e suas formas de validação; Reconhecer os aspectos cognitivos e sociais presentes na elaboração do conhecimento pela humanidade.

ATITUDE Aplicar as características próprias do conhecimento científico e seus pressupostos.

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Ciência /conhecimento comum x senso comum/ Métodos científicos

No cotidiano da vida, as coisas se apresentem de maneira desordenada e acontecendo tal como a natureza se encarregou de brindar ao ser humano as dádivas da criação. Com o tempo, o homem tem procurado estruturar tudo que existe no mundo para que não haja perda de tempo e das matérias-primas que são utilizadas nas transformações feitas pelos homens e com as coisas. A ciência atua objetivando clareza dos fatos e proporcionar lógica aos acontecimentos que dizem respeito às mudanças que a humanidade necessita, pois o que acontece no transcorrer da história, no que concerne aos avanços tecnológicos, é mão do homem, cientificamente, tentando conseguir respostas para as suas indagações fantasiosas, pois somente a ciência é que consegue desvendar alguns mistérios que, aparentemente, um ser comum não teria condições de desvendá-los à luz de sua simples experiência pragmática e desordenada, como se diz: faz-se aqui, esquece-se mais na frente. Com este intuito, pergunta-se: o que é na verdade científica? Por que ela avançou tanto no mundo moderno? Quais as suas preocupações maiores no desenvolvimento da atualidade? As estas questões existem diversas maneiras de respondê-las, justamente considerando o aspecto científico de quem quer avançar nas criações da humanidade. Como acumulação de conhecimentos sistemáticos, pode-se ver a ciência, segundo (GOODE; HATT, 1960; FERRARI, 1982). Para Bunge ainda em Ferrari (1982), a ciência é um conjunto de atividades racionais, dirigido ao sistemático conhecimento com objetivo limitado, capaz de ser submetido à verificação. Na verdade, ciência é uma estruturação do que se quer estudar e sistematicamente avançar, aprimorando os conhecimentos com uma agregação constante aos epistemes já existentes de maneira lógica, coerente e consistente, buscando sempre, o bem da humanidade como princípio, se bem que este pensamento não é condição necessária e suficiente. A ciência não é simplesmente a junção de ideias com o objetivo de fazer grandes escritores, criadores práticos ou artesãos despreparados. Ela se preocupa justamente com estes homens que a desprezo do lógico, do sistemático, não buscam aperfeiçoar suas técnicas para proporcionar às suas criações, uma maior consistência lógica e melhor percepção a quem vai admirar, estudar ou somatizar. A ciência deve ser compreensiva, sobretudo ter uma metodologia para poder 20 Metodologia da Pesquisa Científica

facilitar a admiração e o entendimento do objeto estudado. Para tanto, necessita-se de uma: a) descrição; b) interpretação; c) explicação para poder facilitar o raciocínio e melhor interferir nos fenômenos investigados da realidade. A ciência prima, como objetivo número um, aumentar conhecimento; em segundo lugar, fazer novas descobertas; em terceiro, fazer aproveitamento abstrato e material e, por último, estabelecer controle nos estudos. Dado que se está num ambiente doxológico, é necessário que se procure uma maneira para que exista uma facilidade na percepção dos conhecimentos que se encontram soltos no senso comum, para que não se enverede pelo lado ultraempirista ou também pelo radicalismo dos aprioristas-extremos. Desta forma, pode-se interpolar que a gnose do ser humano pode ser dividida em: a) cientifica; b) popular; c) religiosa, d) ideológica, pois, nesta gama de conhecimentos, a mistura de ideias dificulta um direcionamento para quem faz ciência, consequentemente, os avanços facilmente são tragados pela incoerência e pela falta de lógica em um trabalho científico. A ciência deve ter um objeto ou tema de investigação, ou o que se vai trabalhar; os objetivos a serem perseguidos e uma metodologia a ser utilizada, para se conseguir os objetivos propostos na coerência da lógica metodológica, todavia, sem caminhos bem traçados, a multiplicidade de conhecimentos, não facilitará conseguir boas conclusões como resultado final. No mundo moderno, as multicriatividades que se conseguiram, foram devido justamente ao avanço do método científico. A ida do homem à lua, o surgimento da televisão, do rádio, dos aviões, de remédio que retardam a morte, o uso intensivo da eletricidade e muitas e muitas invenções que se presenciam nos tempos hodiernos, não existiriam, se não fosse o aprimoramento da ciência, dos grandes filósofos do passado. Graças ao processo epistemológico, a ciência de hoje tem conseguido avançar numa velocidade que espanta até os ortodoxos do método científico, pois os avanços do mundo moderno superam milhares e milhares de anos dedicados aos aspectos científicos da formação da humanidade, no que respeita à organização e evolução das coisas materiais e imateriais existentes na face da terra. O mais importante disto tudo, é que esses avanços decorrem porque a ciência é mutável, ela avança e se ela não avançasse não se constituiria ciência, seria uma lei. Desta feita, far-se-á mais uma pergunta de suma importância no estudo da Metodologia da Pesquisa Científica

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ciência, qual seja: qual é o condutor principal de um trabalho científico? É fácil detectar que a mola mestra de um trabalho científico é o método da atividade. Por isso, conceituar-se-á método como o fez Ferrari (1982), quando disse que o método é um procedimento racional arbitrário de como atingir determinados resultados. Descartes (1969) estruturou o método, destinando os seguintes passos que se deveriam seguir, quais sejam: a evidência, a análise, a ordem dos fatos e a enumeração. Entretanto, foi imediatamente criticado por Leibniz (in Bochenski, 1958), mostrando-se contrário ao pensamento de Descartes (1637). Mas, na verdade, quais são os tipos de métodos que existem? Podem-se enumerar aqui diversos tipos de métodos muitos utilizados nas ciências e que serviram para o progresso que o mundo tem conseguido ao longo da história, tanto do lado técnico, quanto do lado humanístico. Segundo Bochenski (1958) os tipos de métodos para uma análise de qualquer problema, podem-se citar os seguintes: o fenomenológico, o semiótico, o dedutivo e o redutivo, mas Ferrari (1982) lembra ainda que existem os observacionais, os experimentais, os clínicos, os estatísticos e o comparativo. Com estes métodos, têm-se condições de fazer qualquer análise científica, e, por conseguinte, tirarem-se conclusões coerentes da realidade que se está estudando. A propósito, qualquer trabalho que se desenvolva nesta lógica metodológica, certamente contribuirá para o avanço das ciências, de tal maneira que a lógica acompanhará a coerência e a consistência de um trabalho científico e se tenha, na verdade, o empirismo, juntando-se ao lógico, no intuito de se obterem progressos, tanto no que respeita às ciências exatas, como nas ciências humanas, pois nenhuma sobrevive isoladamente, mas as mudanças só acontecem no conjunto do sistema epistemológico. O método fenomenológico diz respeito à semântica da palavra, quer dizer, significa o que está claro na percepção de quem observa, é de maneira mais evidente, que aparece, isto é, refere-se ao aspecto intelectual do estudioso e a maneira como aparece à intuição. Quem primeiro introduziu esta palavra no campo das ciências foi Husserl (1951), por entender que o pesquisador ao começar o seu trabalho, a primeira coisa que ele observa é o objeto, o fenômeno. Husserl (1951) indica os passos principais da fenomenologia que são os seguintes: a) intuição eidética; b) na pesquisa deve orientar-se o pensamento exclusivamente para o objeto com exclusão total do subjetivo e c) a indagação deve ser dirigida para as coisas mesmas, com a qual postula não somente a redução de 22 Metodologia da Pesquisa Científica

atitudes subjetivas, mas também do objetivo em si, que não está dado diretamente com o objeto considerado. Para o método semiótico, o seu campo de análise restringe-se à manifestação mental que por consequência emprega os sinais para compreender o que está estudando. O seu primeiro utilizador foi Charles Morris (1946) que utilizando sinais, tentou mostrar a importância das ciências na aplicação de semiosis, pois sem a interpretação dos sinais não se poderá avançar no campo científico. O campo de ação da semiótica pode ser dividido em três: a) a sintética; b) a semântica; e c) a pragmática. A primeira trata da combinação de símbolos, por exemplo: eu e você. A segunda trata do significado da palavra, por exemplo: uma pedra, simboliza algo concreto. E, finalmente, a terceira diz respeito à prática dos dois primeiros, quer dizer, os símbolos, formam frases que é a pragmática, é o resultado entre os símbolos e a união correspondente de alguns sinais com outros, formando frases que são facilmente decifráveis. Já o método dedutivo que a ciência deve ter o caminho ideal de como chegar às conclusões fidedignas e só a dedução dará melhor lógica de se conseguirem os objetivos de um método mais eficiente. Este método vem desde a época de Aristóteles (384 a. C) com seu prestígio que proporciona ao pesquisador a maior eficiência nos caminhos propostos em pesquisa, para se conseguir avançar na ciência. O método dedutivo tem um ponto de partida que pressupõe uma premissa antecedente que tem valor universal e um ponto final ou a chegada que nada mais é do que a consequência, daí poder-se definir um método dedutivo como sendo aquele que parte do geral para uma situação particular. O mais importante neste método é a abordagem lógica que perdura nos passos que são tomados para se chegar às conclusões que dentro de uma visão apriorística, extraem-se conclusões lógicas de um sistema de silogismo preestabelecido. Finalmente, o método redutivo versa sobre uma pesquisa que utiliza com um dos métodos de análises a abordagem indutiva. Não é propriamente indutiva como pregam alguns teóricos, devido à simplicidade deste processo, mas os passos são quase semelhantes, se bem que no método redutivo o processo é muito mais abrangente por abarcar uma realidade maior. Os protagonistas do método redutivo mais expressivos são Lukasiewicz e Bochenski citados por Ferrari (1982) que enunciaram o método da seguinte maneira: se A então B. Ora B, logo A, quer dizer, uma proposição condicional e uma premissa Metodologia da Pesquisa Científica

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menor gera a premissa maior como conclusão. O método redutivo está apoiado no processo indutivo, dedutivo e cronológico de tal maneira que a resposta a uma questão abarca um objeto muito maior e o processo de indução é mais um instrumento para auxiliar na busca de se conseguirem conclusões coerentes de uma realidade em processo de investigação. As propriedades do método redutivo são a regressão que trata da explicação das premissas e progressão que avança com a verificação. Vale salientar que além dos métodos já focados, outros eficientes são necessários na aplicação de outras ciências que precisam de uma metodologia para avançar nas pesquisas pertinentes a cada área, estes são os métodos discretos. Os mais comuns no mundo da ciência são os seguintes: a) os observacionais; b) os experimentais; c) os clínicos; d) os estatísticos; e) os comparativos. Esses métodos que se desenvolvem através do empirismo são muito difíceis, tendo em vista que não é simples a observação, os resultados experimentais, o acompanhamento clínico ou a comparação que vai fazer o pesquisador, ser um bom cientista, mas as técnicas preestabelecidas é que burilarão ou nortearão os rumos para que os resultados tornem-se científicos. Somente a delimitação do problema vai fazer com que sejam bem estruturados os objetivos que em paralelo com a metodologia, a ciência avança para o bem da humanidade. O método é um dos pontos importantes de qualquer trabalho científico, pois sem ele não se pode fazer uma sequência que conduza a resultados coerentes e que levem ao progresso da ciência, tal como tem acontecido com as grandes descobertas que se têm presenciado nos tempos modernos. Graças aos estudos sobre a ciência, é que se tem avançado, tanto pelo lado da técnica, como pelos estudos na área das ciências humanas, como é o caso da economia, psicologia, história, filosofia e muitas outras que dão suportes ao desenvolvimento dos instrumentos tecnológicos já dirigidos para as diversas classes sociais. A importância das ciências é de um valor incomensurável no meio do sistema epistemológico, bem como da estrutura doxológica como um todo, tendo em vista que é no mundo cotidiano, que a teoria do conhecimento tem dado o seu passo mais produtivo, na busca de soluções para os difíceis problemas que a humanidade enfrenta hoje em dia. Depois de conhecidos todos os aspectos formais e informais da ciência, resta uma estruturação mais completa de como se fazer, na verdade científica, quer dizer, como partir de uma doxologia se chegar a um avanço nos conhecimentos 24 Metodologia da Pesquisa Científica

da humanidade. Para fazer ciência é preciso partir de um mundo real, complexo, desorganizado e com uma estrutura científica, tentar progredir com novas criações e novos conhecimentos, preparando simplificações da realidade para dentro de um sequencial lógico, tentar tirar conclusões lógicas e objetivas para o progresso da ciência. Os passos formais que se devem observar num trabalho científico são os seguintes: a) simplificar o mundo real; b) delimitar o problema; c) estruturar os objetivos do trabalho; d) criar hipótese a ser testada; e) delinear a metodologia a ser seguida; f) fazer as verificações necessárias para saber se aceita ou não, a hipótese levantada. No caso da aceitabilidade da hipótese, esta se torna teoria e automaticamente incorporada à ciência. A primeira etapa de um trabalho científico é um levantamento do mundo real, significa dizer, é implementar um estudo doxológico do meio ambiente a ser investigado e tentar conscientização em tudo que o cerca através de levantamento bibliográfico e observações reais sobre a evolução do mundo onde está sendo processado a atividade. Para Tal, a busca da bibliografia é de fundamental importância para se conhecer a realidade que almeja trabalhar, bem como entrevistar historiadores e até mesmo leigos que tenham participado da vida histórica do objeto que está sendo investigado. Levantar o máximo possível de informações sobre o problema é relevante, tendo em vista que qualquer método exige que as provas sejam claras e objetivas para que os resultados finais não incorram em erros clamorosos e o poder de previsão tenha o máximo de garantia de sua eficiência no que concerne às probabilidades de poder explicativo. Depois destes levantamentos bibliográficos e de reconhecimento sobre o mundo real, o próximo passo é delimitar o objeto de trabalho ou com outras palavras, estruturar o problema a ser investigado nesta atividade científica. A estruturação do problema envolve um burilar de todos os conhecimentos adquiridos, num protótipo constituinte e de algo que tem defeito e que precisa de solução para se integrar ao mundo da ciência. Isto significa argumentar, que esse problema constitui o objeto de investigação, como por exemplo: a marginalização é um problema geral, que para se avançar no campo da ciência é preciso que o delimite, que tipo de marginalização se quer atacar, como é o caso talvez dos crimes, da prostituição, do menor abandonado e muitos outros específicos dentro da patologia social. Assim, isto constitui a delimitação Metodologia da Pesquisa Científica

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do problema ou mais claramente, a formalização do objeto de estudo para ser implementado no transcorrer da pesquisa. Diante do objeto delimitado, ou o problema escolhido é fundamental uma justificativa de porque se está escolhendo aquele problema para o trabalho. Esta justificativa decorre simplesmente da importância que este trabalho tem, ou vai ter para a satisfação pessoal do pesquisador ou a contribuição que esta pesquisa deverá proporcionar a comunidade, tanto civil como a científica, pois somente a aprovação da comunidade científica é que esta investigação se tornará ciência e participará do desenvolvimento social. Somente a justificativa é quem iniciará a apresentação de quão é importante a escolha daquele objeto para ser estudado que, em primeira instância, significa uma questão que vai implementar os conhecimentos da sociedade. Um trabalho bem justificado já leva bons princípios para conclusões satisfatórias, quando se for para a verificação dos resultados conseguidos frente às hipóteses levantadas. Plenamente justificado o problema, ou delimitado o objeto de estudo, passase aos objetivos a que se propõe o trabalho, isto é, sequenciam-se os pontos a que se deve atingir no desenrolar da investigação. Os objetivos são os elos principais entre o problema e a hipótese que foi levantada para se verificar a sua aceitabilidade ou não. Normalmente, pode-se dividir os objetivos em geral e específicos, são os detalhes ou os passos que o pesquisador deve seguir para chegar a resultados lógicos e plenamente satisfatórios, para se obterem progressos na ciência que está trabalhando. É verdade que os objetivos podem ser mudados durante o processo de investigação, mas essas mudanças serão pequenas quando o projeto inicial for bem estruturado e delimitado por quem o fez. Em um trabalho científico geralmente se acompanha uma hipótese ou um conjunto de hipóteses para nortear o problema que está sendo estudado, no intuito de torná-lo ciência, pois a hipótese orienta melhor o desenrolar de um trabalho que caminha estritamente pelo lado científico da investigação. Para Dino Fontoura (1964), a palavra hipótese vem “do grego hypothesis = ‘suposição’, em sentido lato consiste em se supor conhecida a verdade procurada. Depois de observados, os fatos precisam de explicação e o cientista para encontrála deve recorrer a uma hipótese, que, em se tratando das ciências experimentais, pode ser definida ‘explicação provisória dos fatos’”. A hipótese é uma verdade antecipada dos fenômenos, pois sem esta préconvicção do que estar estudando, muitas dificuldades se apresentarão e dificultarão 26 Metodologia da Pesquisa Científica

uma melhor coerência nos resultados finais, podendo ser aceita ou rejeitada, dependendo unicamente do teste da teoria com a realidade. O aspecto metodológico de qualquer trabalho científico é de fundamental importância. A metodologia deve ser encarada por dois ângulos, em primeira instância, o aspecto técnico e numa segunda, o aspecto da impostação da ciência, pois além do aspecto dos passos a serem seguidos, o arcabouço científico é de suma importância. O essencial, é que se pode conceituar a metodologia como sendo “o estudo dos caminhos, dos instrumentos usados para se fazer ciências” nas expressões de Pedro Demo (1981). De acordo com este autor, já se nota uma sequencialidade e seu aspecto técnico, tendo em vista a metodologia ser mais abrangente e envolve uma ciência dentro da própria ciência. Somente com uma tecnologia bem estruturada é que se poderá avançar na busca dos objetivos propostos e na obediência às metas preestabelecidas para o andamento dos passos que serão perseguidos pelo cientista. Apesar de muito parecidos, os objetivos são diferentes das metas, porque os objetivos dizem respeito ao que se quer chegar, entretanto, as metas versam sobre as etapas que devem ser alcançadas dentro inclusive dos objetos preestabelecidos no anteprojeto da investigação que foi proposta. Sem estes itens que foram colocados como linha mestra de um trabalho científico, fica muito difícil uma melhor objetividade na sequência lógica do estudo que esteja naquela visão, de que o trabalho deve ter objetividade, clareza, lógica e avanço nos postulados e axioma que formam o arcabouço silogístico. O desenrolar científico é fundamental, não só no instituto de alto nível de intelectualidade, mas em toda atividade empírica ou filosófica que exija uma certa estruturação na execução lógica dos fatos que estão sendo estudados e que poderão se integrar ao acervo científico da humanidade. É inegável que um trabalho científico possua diversos caminhos por onde trilhar para se conseguir seus objetivos, indo desde uma metodologia estritamente empirista, ou como se pode dizer extremamente prática, ou a um outro caminho estritamente filosófico, como é o caso dos aprioristas extremos que têm plena aversão aos experimentos observacionais. Outras metodologias tentaram mesclar o prático com o filósofo e neste casamento, proporcionar um pouco de teoria com a preocupação de ser testada na realidade viva, em que está estabelecido. Em verdade, as teorias não significam mostrar a realidade que se passa no cotidiano de cada pessoa, no entanto, busca Metodologia da Pesquisa Científica

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dar respostas ao comportamento do mundo prático, pois uma teoria nasce da formação de uma hipótese que ao ser verificada sua aceitabilidade ou não, passará de imediato a ser uma teoria ou não, para em seguida, dependendo de seu “modus vivendi”, até mesmo se constituir lei. As técnicas utilizadas num trabalho científico ou não, são os instrumentos de captação dos dados que servirão para explicações sobre o mundo real com a teoria que foi bastante estudada na pesquisa bibliográfica que é o início do trabalho de investigação. No cotidiano, as técnicas são as seguintes: o uso de entrevista dirigida às pessoas que participaram do universo da pesquisa; a aplicação de questionário a estas mesmas pessoas da amostra; a ida aos arquivos previamente identificados, tais como: cartórios, câmara municipal e muitos outros ambientes que tratam de arquivar fatos sobre cidade, estado ou nação; discussões com pessoas que participaram da história e finalmente anotações “in loco”, sobre o objeto que está sendo pesquisado. A este último item, conceitua-se normalmente como pesquisa de campo ou investigação primária. A pesquisa bibliográfica não deve ser confundida com a documental, tendo em vista que a primeira diz respeito a um levantamento de bibliografia existente, quer dizer, é uma busca aos livros, “papers” e revistas especializadas sobre o assunto em estudo e a segunda versão sobre documentação histórica, demandando nos arquivos públicos, ou particulares, qualquer escrito sobre o objeto que está sendo pesquisado. Tanto para a pesquisa de bibliografia como a documental é necessário que se faça sempre resumos, numa espécie de fichário, contendo a fonte, o autor, a página onde se encontra localizada a transcrição ao que se faz interessante para dar fidedignidade ao que for extraído da pesquisa. Já a pesquisa de campo é a coleta direta de informação, indo ao próprio local onde ocorre o fato, que deve ser comparado com a teoria estudada no levantamento bibliográfico no início da investigação proposta. Quando o problema envolve um campo muito grande e de difícil análise, parte-se para as técnicas de amostragem, quer dizer, diminui-se o campo de ação, acolhendo-se o sujeito de trabalho de maneira aleatória, onde na verdade, aquele novo campo significa o todo sem perda de representatividade. Isto constitui a criação de uma amostra extraída do universo para serem tiradas conclusões fidedignas sobre o real e certamente ter poder de explicação do fato que está sendo explicado. A amostra de qualquer trabalho pode ser aleatória, sistemática, estratificada

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e conglomerada. Isto vai depender unicamente dos tipos de métodos para o tratamento dos dados que está demandando, entretanto, as técnicas são muitas e é preciso ter muito cuidado na escolha da técnica, tendo em vista os tipos de dados que estão no mundo real e precisarem de técnicas diferentes, pois cada caso é um caso e a cientificidade exige muita atenção na busca de informação que se precisa. Em resumo, não há muita dificuldade da pesquisa científica quando se trabalha com o intuito de se fazer ciência e são poucos os que na realidade se aventuram na busca de resultados científicos, o que querem, em verdade, é se locupletar com textos sem fundamentos lógicos apenas espelhando o ideologismo partidário de qualquer agremiação que está em demanda ao poder. A ciência se faz com muita atenção, abnegação e perseverança para se conseguirem os resultados que vão participar do acervo epistemológico da teoria do conhecimento humano, de tal maneira que se faça o progresso da ciência. Fazer ciência só é fácil quando o pesquisador se envereda pelos caminhos das técnicas estabelecidas, para se chegar a conclusões lógicas, quer no campo de confecção de textos didáticos, quer na demanda de tecnologia de alto nível, que não chegam diretamente à comunidade civil, mas contribui de maneira indireta para a evolução da humanidade como um todo.

Fonte: www.eumed.net/rev/cccss/14/lgs.html. Acesso: 21 nov. 2016.

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2 FATORES DETERMINANTES PARA ESCRITA CIENTÍFICA CONHECIMENTOS Conhecer os fatores determinantes para escrita científica.

HABILIDADES Identificar de forma clara e concisa as normas condizentes da pesquisa científica

ATITUDE Aplicar a escrita de acordo com as normas estabelecidas para a elaboração de trabalhos científicos.

30 Metodologia da Pesquisa Científica

Leitura

Cada texto, por mais simples que seja, cumpre uma finalidade comunicativa, por isso a leitura de um texto científico é norteada por aspectos específicos. Todas as vezes em que nos propomos à leitura de um determinando texto, assim o procedemos tendo a consciência de que todo ato comunicativo se perfaz de uma intenção, de uma finalidade. Tal pressuposto reafirma a condição de a própria linguagem cumprir significativamente seu papel social, ou seja, sempre haverá um “outro” assumindo o papel de interlocutor, para que a mensagem seja realmente entendida, compreendida. Trocando em “miúdos”, nunca escrevemos para nós mesmos, mas sim para que o outro se interaja mediante os discursos que produzimos. É então, partindo desse pressuposto, que se materializam as diversas situações comunicativas as quais compartilhamos cotidianamente, sendo que esse materializar procura (ou pelo menos deveria procurar) responder a alguns fatores básicos, estando eles pautados sob os seguintes pilares: O que escrever? Para quem escrever? Por que escrever? Como dizer? (talvez resida nesse ponto o essencial de tudo). Dessa forma, tomando como “gancho” principal para nossa discussão, sobretudo dando ênfase a esse último quesito, ao tratarmos acerca do texto científico, tão depressa precisamos compreender que ele se delineia por traços específicos que justamente o constituem como tal. Nesse sentido, diante da incumbência de estabelecermos familiaridade com essa modalidade, cumpre ressaltar acerca de alguns pontos norteadores, estando eles demarcados por: • Um dos passos, concebidos numa primeira instância, diz respeito a uma leitura integral do texto em referência, justamente para identificarmos alguns aspectos relevantes; • De forma sequencial ao que foi expresso anteriormente, cabe frisar que tais aspectos se encontram relacionados ao tipo de texto, ou seja, trata-se de um capítulo somente ou de um artigo científico, propriamente dito? Dando sequência, outros elementos se revelam também como elementares, tais como: a autoria; o suporte no qual foi publicado: se é livro, jornal ou periódico; data em que foi produzido, editora e lugar de publicação; extensão e número de páginas, entre outros aspectos. • Cumpridos esses passos, observar o assunto e, por meio dele, identificar a forma pela qual o autor se utilizou para organizar o texto; Metodologia da Pesquisa Científica

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• Como se trata de um texto cuja modalidade se volta para o aspecto científico, torna-se importante observar a relação que se estabelece entre as ilustrações, tabelas, gráficos, entre outros elementos, bem como se esses estabelecem a pertinência necessária ao assunto tratado no texto lido; • Ainda contextualizando a modalidade do ramo científico, relevante é fazer a observância quanto ao uso de termos técnicos, quanto à consistência dos dados e, para não deixar em segundo plano, quanto à coerência empregada em relação aos argumentos elencados. Em face de todos os pressupostos aqui eleitos, certamente que poderemos chegar à conclusão de que todos eles, uma vez checados, podem perfeitamente criar condições para que você adquira habilidades para avaliar os argumentos apresentados no texto, bem como avaliar a coerência (como antes citado) mantida por meio desses mesmos posicionamentos; transformar, por meio de palavras de sua própria autoria, todo o conteúdo do texto, procurando manter a mesma linha de pensamento do autor (a) em questão. Não nos esquecendo, também, de que uma última avaliação, sobretudo uma das mais importantes, refere-se àquela voltada para o grau de contribuição dos conhecimentos adquiridos mediante a leitura do texto para a formação profissional de quem quer que seja o interlocutor: você ou qualquer outra pessoa.

Fonte: http://monografias.brasilescola.uol.com.br/regras-abnt/leitura-umtexto-cientifico.htm. Acesso: 21 nov. 2016.

Pensamento Crítico O pensamento crítico consiste em analisar e avaliar a consistência dos raciocínios, em especial as afirmações que a sociedade considera verdadeiras no contexto da vida cotidiana. Essa avaliação pode realizar-se através da observação, da experiência, do raciocínio ou do método científico. O pensamento crítico exige clareza, precisão, equidade e evidências, já que visa evitar as impressões particulares. Neste sentido, está relacionado com o cepticismo e com a detecção de falácias. Através do processo que implica o pensamento crítico, recorre-se ao conhecimento e à inteligência para alcançar uma posição razoável e justificada sobre um determinado tema ou assunto. Entre os passos a seguir, os especialistas registram que é necessário adaptar a atitude de um pensador crítico, reconhecer e 32 Metodologia da Pesquisa Científica

evitar os preconceitos cognitivos, identificar e caracterizar argumentos, avaliar as fontes de informação e finalmente, avaliar os argumentos. Cabe destacar que o pensamento crítico não implica pensar de forma negativa nem com predisposição para encontrar defeitos e falhas. Muito menos consiste em tentar mudar a forma de pensar das pessoas ou substituir os sentimentos e as emoções. O objetivo do pensamento crítico é evitar as pressões sociais que levam à estandardização e ao conformismo. O pensador crítico procura entender como reconhecer e mitigar ou evitar os diferentes enganos ou erros a que é submetido no dia a dia. Por essa mesma razão, desconfia das fontes de informação, tais como os meios de comunicação, pelo fato de estes terem tendência a distorcer a realidade. A premissa do pensamento crítico é duvidar de tudo aquilo que se lê ou ouve e aproximar-se dos dados objetivos com maior precisão.

Como Desenvolver o Pensamento Crítico? Para que você comece a desenvolver o seu pensamento crítico é importante investir em três diferentes aspectos. Porém, é importante lembrar que, acima dessas qualidades, o pensamento crítico é um exercício que deve ser praticado constantemente até atingir a perfeição.

1 – Curiosidade Fazer perguntas, não se satisfazer com as soluções fáceis e buscar mais conhecimento são o tripé das pessoas curiosas. Deixe a aceitação de lado e invista na curiosidade. 2 – Compreensão Entender o cenário completo de um problema é importante para se tornar um pensador crítico. Se você foca somente em um pequeno aspecto, é possível que não consiga ponderar sobre ela de maneira eficaz. 3 – Lógica Comece a estimular seu raciocínio lógico com exercícios que desafiam a mente. Faça Sudoku, palavras cruzadas e desafios que envolvam o raciocínio. A partir do momento que você trabalha essas três características, é possível que o

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pensamento crítico venha mais facilmente à sua mente. Mas, nunca esqueça que pensar de forma crítica é um exercício demorado e requer dedicação. Coloque as suas crenças de lado e aprenda a analisar as situações da melhor forma possível.

Fonte:

http://noticias

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ia.com

.br/des

taque/

noticia/2014/03/19/1088980/pensamento-critico-saiba-e-e-como-desenvolve html. Acesso: 21 nov. 2016.

Escrita Cientistas precisam se comunicar com a sociedade, o que se dá principalmente através de artigos científicos, e em alguns casos de divulgação. Estes últimos podem ser mais difíceis de produzir, pois o cientista precisa manter a precisão da informação ao mesmo tempo em que tem que tornar o texto acessível a um público não especializado. A escrita de um artigo científico, em particular, deve obedecer a critérios semelhantes àqueles do método científico, uma vez que a publicação só é justificável se houver contribuições relevantes. Ou seja, o artigo deve ser resultado de um trabalho de pesquisa sistemático, criteriosamente planejado para resolver problemas científico-tecnológicos que tragam avanços significativos ao campo de pesquisa. O conhecimento da literatura e o domínio da metodologia apropriada são essenciais para atingir tal objetivo. Um artigo científico deve conter novas ideias, conceitos, interpretações, modelos teóricos, e não apenas um relato de resultados. Obviamente que em áreas como a física, não se concebe publicação de ideias que não sejam consubstanciadas por resultados, experimentais ou teóricos. Entretanto, o que deve ser enfatizado são os conceitos, as ideias inovadoras; os resultados servem para comprovar essas ideias e conceitos. O estudo e a aprendizagem da escrita científica são hoje baseados numa área denominada linguística de corpus, em que fenômenos linguísticos são estudados a partir da análise de grande volume de textos. Um corpus é uma coleção de textos – falados ou escritos – organizados ou indexados para um propósito específico. São exemplos, os corpus com textos traduzidos de uma língua para outra usados no desenvolvimento de tradutores automáticos. A aplicação de metodologias de linguística de corpus levou a observações 34 Metodologia da Pesquisa Científica

importantes. O texto científico é altamente estereotipado, e um artigo tem uma estrutura praticamente fixa. Deve conter as seguintes seções: Título, Resumo, Introdução, Materiais e Métodos, Resultados, Discussão, Considerações Finais, Agradecimentos e Referências, nessa ordem. Há áreas com alguma variação, por exemplo, incluindo uma seção para destacar trabalhos relacionados na literatura ou detalhamento de uma teoria. Mas a estrutura principal é mantida. Além disso, o fluxo de texto num artigo científico deve obedecer a um movimento bem definido. A Introdução começa do tema mais geral, e afunila para mencionar a contribuição do artigo, num movimento do geral para o específico. As Considerações Finais, ao contrário, deve ter o movimento oposto, iniciando-se com o retomar dos principais resultados do artigo e terminar com as implicações das contribuições para uma área mais geral ou mesmo para a sociedade, dependendo do tipo de trabalho. O Resumo é o componente mais importante do artigo, por vários motivos. Em muitas bases de dados científicas, apenas o título e resumos são fornecidos, de forma que um artigo só será lido se o leitor julgar relevante a partir do resumo. Este deve trazer a síntese das ideias e concepções inovadoras do trabalho. Há dois estilos principais de resumo: os descritivos e os informativos. Para um artigo que traz resultados originais, o resumo deve ser obrigatoriamente informativo, e conter as principais contribuições do trabalho. Sua estrutura também é relativamente fixa, tendo como componentes: Contextualização, Lacuna, Propósito, Metodologia, Resultados e Discussão, Conclusão e Perspectivas. Quando a revista limita o tamanho do Resumo, normalmente os dois primeiros componentes são eliminados, iniciando-se com o Propósito. Na Contextualização, menciona-se o tópico geral de que trata o artigo, particularizando para a pesquisa em questão. Limitações ou restrições da área são mencionadas na Lacuna, que será preenchida com o trabalho cujo Propósito vem logo a seguir. Este último é obrigatório, pois informa os objetivos principais da pesquisa. Os meios para atingir esses objetivos constituem a Metodologia, podendo incluir procedimentos experimentais, análises teóricas ou estatísticas. As principais contribuições do trabalho devem estar contidas no componente, Resultados e Discussão, inclusive com dados quantitativos se for o caso e com a interpretação dos resultados mais relevantes. Ressalte-se que o resumo, assim como o artigo científico, deve ter o material organizado de forma lógica, privilegiando a transformação dos resultados em ideias e conceitos. A ordem lógica pode não coincidir com a cronológica em que a pesquisa foi realizada. Metodologia da Pesquisa Científica

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O resumo, colocando-se as principais contribuições do artigo no contexto mais abrangente do tópico de pesquisa e apontando-se suas implicações. Os resumos descritivos são úteis para sumarizar o conteúdo de livros, capítulos de livros e artigos de revisão da literatura, pois nestes casos as contribuições mais relevantes podem não ser originais ou mesmo estar contidas em trabalhos de outros autores, discutidos no texto. O resumo tem o papel de descrever como o tópico em questão será abordado. Para os resumos descritivos, a estrutura é menos fixa do que nos informativos, mas o leitor precisa ser informado de que se trata de revisão da literatura ou dissertação sobre determinado assunto. Quanto ao texto do artigo propriamente dito, deve se buscar concisão e precisão na informação. Precisão é essencial, pois muitos termos têm significados específicos em física (ou em ciência), que podem diferir de seu uso corriqueiro. Por exemplo, a palavra “interferência” é muito empregada em linguagem coloquial para uma diversidade de situações. Mas em física tem significado específico, no fenômeno de interferência de ondas. A busca por concisão, por outro lado, deve ser incansável, especialmente porque autores tendem a exagerar no uso de clichês e em palavras desnecessárias. Há várias recomendações para ganhar concisão: reduzir ao mínimo o número de adjetivos e advérbios, particularmente evitando aqueles que não trazem precisão para a informação. Em física, palavras como grande, pequeno, amplamente, extensamente, extremamente não contribuem para transmitir informação precisa. O mesmo se aplica a expressões como sendo assim, quase sempre dispensável. Como se pode depreender, os conceitos relevantes da escrita científica são independentes da língua em que o artigo é escrito. Entretanto, como hoje é o inglês, a língua franca para a ciência, tecnologia, comércio, turismo e quase qualquer área da atividade humana, existe o desafio adicional de escrever bem numa língua estrangeira para cerca de 90% da população mundial. Para os brasileiros, em particular, apesar de o português e o inglês compartilharem muitas características, as estruturas gramaticais e o uso de coligações podem ser bastante distintos. A propósito, a influência da língua materna é uma das maiores limitações para a escrita de qualidade numa língua estrangeira. Não é incomum que um aprendiz, conhecedor do vocabulário e gramática de uma segunda língua, escreva sentenças gramaticalmente corretas que soam estranhas para um nativo da língua. Uma possível solução para esta dificuldade em escrever textos com o padrão próximo daquele produzido por escritores nativos e experientes também pode 36 Metodologia da Pesquisa Científica

ser encontrada na linguística de corpus. Trata-se de uma estratégia, delineada detalhadamente num livro recente, que consiste em aprender por exemplos a partir de um corpus montado pelo próprio aprendiz. Inclui treinamento intensivo com leitura de textos científicos em inglês, publicados preferencialmente por nativos da língua, e anotação da função de expressões e sentenças. Para montar o corpus, o pesquisador deve ler cuidadosamente grande quantidade de textos, e anotar como expressões transmitem conceitos e ideias. De fato, é correta a percepção de que para escrever bem é preciso ler muito. Porém, não se trata de leitura qualquer; deve ser sistemática e meticulosa, concentrando-se mais na forma do que no conteúdo do texto. O estudo sistemático pode ser facilitado se os textos compilados para o corpus forem classificados de acordo com as seções e componentes de um artigo, e se forem anotadas as funções retóricas das expressões. É útil para qualquer escritor em língua estrangeira saber executar funções retóricas como “descrever”, “contrastar”, “definir”, “concluir”, etc, para que possa se expressar com a mesma proficiência que o faz na língua materna. Mencione-se que esse trabalho de identificação de subcomponentes e funções já constitui ótimo exercício de aprendizado em escrita científica, independentemente da língua. A estratégia inspirada em linguística de corpus só é bem-sucedida se o aprendiz já tiver um conhecimento mínimo de inglês, pois caso contrário não será capaz de identificar as expressões e funções relevantes. Além disso, a tarefa de aprender escrita científica em inglês, a partir de um corpus que precisa ser construído, não é simples e nem rápida. Exige dedicação e tempo, pois não há fórmulas mágicas para aprender escrita científica com pouco esforço, como também não há para aprender física. F o n t e: h t t p : / / w w w .s c i e l o . b r / s c i e l o . p h p ? s c r i p t = s c i _ arttext&pid=S1806-11172015000200001. Acesso: 21 nov. 2016.

Fichamento É um procedimento utilizado na elaboração de fichas de leitura onde constam informações relevantes sobre um texto lido. É um tipo de resumo no qual o leitor tem a liberdade de escrever com as próprias palavras as ideias fundamentais extraídas de um livro, um artigo etc. O fichamento possibilita uma melhor organização das notas, constituindo Metodologia da Pesquisa Científica

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Um instrumento muito útil para posteriores consultas. Um ponto importante no fichamento - e que deve ser registrado logo no início - é a referência bibliográfica. Consiste no conjunto de elementos essenciais que identificam uma obra, sendo eles: nome do(s) autor(es), título da obra, edição, editora, local e ano de publicação. Para os textos lidos em jornais, revistas ou artigos na internet, o endereço do site e a data de consulta são elementos obrigatórios. Na elaboração do fichamento é importante que o leitor faça uma primeira leitura. Na segunda leitura deverá então começar a registrar as ideias chave transmitidas pelo autor. Deve certificar-se de que compreendeu muito bem aquilo que leu, pois, uma escrita clara e objetiva irá facilitar o estudo. Caso seja feita uma cópia literal (exatamente como se lê) de um trecho do texto, este deve ser colocado entre aspas, acrescentando o número da página de onde foi retirado. Assim o leitor saberá de imediato que aquele trecho não está escrito com palavras suas.

Fichamento e ABNT Para elaborar qualquer tipo de fichamento deve ser utilizada a norma ABNT/ NBR 6023, pois é o correto uso em textos científicos e para treino ao elaborar outros tipos de trabalhos acadêmicos. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é o órgão responsável pela normalização técnica no país, providenciando uma base para o desenvolvimento tecnológico no Brasil. Esta entidade é responsável pelas normas específicas para formatação de trabalhos acadêmicos, artigos científicos impressos, citações, referências quanto à informação e documentação e ainda normas de apresentação do sumário e abstract.

Como Fazer ? Veja aqui algumas dicas que serão importantes para auxiliá-lo na sua vida acadêmica. É uma das fases da Pesquisa Bibliográfica, seu objetivo é facilitar o desenvolvimento das atividades acadêmicas e profissionais. Pode ser utilizado para: • Identificar as obras; 38 Metodologia da Pesquisa Científica

• Conhecer seu conteúdo; • Fazer citações; • Analisar o material; • Elaborar a crítica; • Auxiliar e embasar a produção de textos;

Classificação de Fichamento: Fichamento Textual - é o que capta a estrutura do texto, percorrendo a sequência do pensamento do autor e destacando: ideias principais e secundárias; argumentos, justificações, exemplos, fatos etc., ligados às ideias principais. Traz, de forma racionalmente visualizável - em itens e de preferência incluindo esquemas, diagramas ou quadro sinóptico - uma espécie de “radiografia” do texto. Fichamento Temático - reúne elementos relevantes (conceitos, fatos, ideias, informações) do conteúdo de um tema ou de uma área de estudo, com título e subtítulos destacados. Consiste na transcrição de trechos de texto estudado ou no seu resumo, ou, ainda, no registro de ideias, segundo a visão do leitor. As transcrições literais devem vir entre aspas e com indicação completa da fonte (autor, título da obra, cidade, editora, data, página). As que contêm apenas uma síntese das ideias dispensam as aspas, mas exigem a indicação completa da fonte. As que trazem simplesmente ideias pessoais não exigem qualquer indicação. Fichamento Bibliográfico - consiste em resenha ou comentário que dê ideia do que trata a obra, sempre com indicação completa da fonte. Pode ser feito também a respeito de artigos ou capítulos isolados, a arquivado segundo o tema ou a área de estudo. O Fichamento bibliográfico completa a documentação textual e temática e representa um importante auxiliar do trabalho de estudantes e professores. Fonte: http://www.fichamento.com.br/cadastro.php. Acesso: 21 nov. 2016

Seminário É um procedimento metodológico, que supõe o uso de técnicas (uma dinâmica de grupo) para o estudo e pesquisa em grupo sobre um assunto predeterminado. O seminário pode assumir diversas formas, mas o objetivo é um só: leitura, Metodologia da Pesquisa Científica

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análise e interpretação de textos dados sobre apresentação de fenômenos e/ ou dados quantitativos vistos sob o ângulo das expressões científicas-positivas, experimentais e humanas. De qualquer maneira, um grupo que se propõe a desenvolver um seminário precisa estar ciente da necessidade de cumprir alguns passos:  Determinar um problema a ser trabalhado;  Definir a origem do problema e da hipótese;  Estabelecer o tema;  Compreender e explicitar o tema- problema;  Dedicar- se à elaboração de um plano de investigação (pesquisa );  Definir fontes bibliográficas, observando alguns critérios;  Documentação e crítica bibliográfica:  Realização da pesquisa;  Elaboração de um texto, roteiro, didático, bibliográfico ou interpretativo.

Para a montagem e a realização de um seminário há alguns procedimentos básicos: 1º O professor ou o coordenador geral fornece aos participantes um texto roteiro apostilado, ou marca um tema de estudo que deve ser lido antes por todos, a fim de possibilitar a reflexão e a discussão; 2º Procede-se à leitura e discussão do texto-roteiro em pequenos grupos. Cada grupo terá um coordenador para dirigir a discussão e um relator para anotar as conclusões particulares a que o grupo chegar; 3º Cada grupo é designado para fazer: 1.

Exposição temática do assunto, valendo-se para isso das mais variadas estratégias: exposição oral, quadro-negro, slides, cartazes, filmes etc. Trata-se de uma visão global do assunto e ao mesmo tempo aprofundase o tema em estudo;

2.

Contextualizar o tema ou unidade de estudo na obra de onde foi

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retirado do texto, ou pensamento e contexto histórico-filosóficocultural do autor; 3.

Apresentar os principais conceitos, ideias e doutrinas e os momentos lógicos essenciais do texto (temática resumida, valendo-se também de outras fontes que não o texto em estudo);

4.

Levantar os problemas sugeridos pelo texto e apresentar os mesmos para discussão;

5.

Fornecer bibliografia especializada sobre o assunto e se possível comentá-la;

4º Plenário é a apresentação das conclusões dos grupos restantes. Cada grupo, através de seu coordenador ou relator, apresenta as conclusões tiradas pelo grupo. O coordenador geral ou o professor faz a avaliação sobre os trabalhos dos grupos, especialmente do que atuou na apresentação, bem como uma síntese das conclusões. Outros métodos e técnicas de desenvolvimento de um seminário podem ser acatados, desde que seja respeitado o plano de prontidão para a aprendizagem. Finalizando, apontamos que todo tema de um seminário precisa conter em termos de roteiro as seguintes partes: introdução ao tema; desenvolvimento e conclusão. Fonte: http://www.coladaweb.com/como-fazer/seminario. Acesso: 21 nov. 2014

Banner Se você tem algum produto ou quer oferecer e divulgar algum serviço, um dos meios mais recomendáveis, por seu baixo custo, é a internet. Existem vários modelos de banner e diversas especificações para cada um deles. Há, também, a utilização de banners impressos para divulgar alguma informação nos estabelecimentos ou apresentar trabalhos na escola ou faculdade, por exemplo. Neste post, primeiramente vamos explicar os modelos para banner na internet e, em seguida, apresentaremos um passo a passo para a elaboração do banner

Metodologia da Pesquisa Científica

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impresso. Para cada público, um banner diferente. Antes de falarmos sobre os modelos de banner, vamos destacar um ponto fundamental para qualquer campanha. Na comunicação, não há sentido uma empresa fazer uma ação se ela não souber ao certo para quem está fazendo. Falavase muito em público-alvo, aquela categorização das pessoas de acordo com suas características mais básicas: sexo, idade, classe social, local onde mora, etc. Acontece que, com o crescimento do marketing digital e a possibilidade de utilização de outras informações que as pessoas compartilham na internet, a segmentação do público para a publicidade se tornou diferente. Atualmente, é utilizado um conceito conhecido como persona, que inclui na caracterização do público-alvo da campanha características psicológicas também, e não apenas as mais objetivas. Isso inclui: hábitos de consumo, hobbies, profissão, o que pensa sobre a vida, o trabalho e o mercado, medos, anseios e desejos, entre outros. Isso significa que a segmentação de público na comunicação atual é muito mais ampla e mais exata, o que permite com que os anunciantes sejam muito mais assertivos em suas ações. O que queremos dizer com isso? Que antes de você investir na confecção do banner e no planejamento da campanha, é fundamental que você entenda quem é sua persona alvo, que linguagem deve ser utilizada, tanto no formato quanto no conteúdo do banner, e também de que forma você pretende impactar essas pessoas. Dessa forma, suas campanhas serão muito mais assertivas, pois você saberá qual o formato que mais impacta essas pessoas, e ainda qual a linguagem que mais faz sentido para que sua campanha seja mais persuasiva e eficiente. Nos próximos tópicos, você irá conhecer os diversos modelos de banner. Chegou a hora: vamos ver como fazer um banner?

Banner Estático É composto de imagens fixas e foi o primeiro modelo de banner a ser utilizado na internet. São fáceis de serem criados, mas, com todas as inovações utilizadas, podem parecer envelhecidos, entediantes e ultrapassados. Por isso, geram um número inferior de respostas quando comparado aos animados e interativos. Por serem os primeiros, estes são os banners que carregam a natureza da publicidade offline adaptada para a internet, e muitas vezes é por isso que parecem entediantes 42 Metodologia da Pesquisa Científica

e ultrapassados. A publicidade digital, assim como a tradicional, trabalha para chamar a atenção das pessoas e, por este motivo, o desafio do anunciante é bem maior no caso de um banner estático. Por não ter movimento, um banner como esse precisa inovar no formato e na estilização da peça para que a campanha faça sentido. Assim, é válido buscar cores e elementos gráficos diferentes e uma mensagem bastante chamativa. Mas lembre-se: não exagere na união desses fatores, pois um pode se sobressair ao outro.

Banner Animado Possui algum tipo de ação, tendo mais quadros (frames) e consegue veicular muito mais informação e impacto visual do que um banner estático. Gera um número maior de acessos do que os modelos de banner estáticos. Esses são os modelos que nasceram a partir da opção estática e, normalmente, constroem a mensagem contando uma história com um roteiro definido. Ele é um meio termo entre o banner estático e os anúncios em vídeo, já que o banner animado não possui som, e nada mais é do que uma junção de imagens estáticas, não permitindo a mesma interação que a opção em vídeo. Por serem animados, eles costumam chamar um pouco mais de atenção que os estáticos, pois a animação pode ser feita de diversas formas, sempre buscando atrair o olhar do usuário.

Banner Interativo Falando sobre a atenção do usuário, uma das melhores formas de garantir que o banner seja visto pela maior quantidade de pessoas é o formato interativo. Normalmente, eles são banners que envolvem o internauta e, de alguma forma, fazem com que haja uma interação direta. A variação aqui costuma ser maior no formato, já que uma parte da mensagem não fica claramente evidente e necessita da interação do usuário para que a informação esteja completa. Ex.: preencher um formulário, responder a uma pergunta, abrir uma mensagem, etc. Veja este exemplo de banner interativo: Metodologia da Pesquisa Científica

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Programa para fazer banner. Para que você possa personalizar seu banner, de acordo com preferências ou especificações pré-definidas, é importante que tenha acesso a um programa que possibilite diferentes alterações. Assim, você poderá idealizar um modelo para banners e criá-lo do seu jeito! Para isso, indicamos o download do programa Banner Maker Pro, totalmente gratuito, para você desenvolver o projeto que quiser da forma que preferir. Olha só: Modelos de banner para download: Modelos prontos são também sempre uma opção para quem não sabe por onde começar e, por isso, se você preferir se basear em modelos normalmente utilizados. Banner científico Durante a faculdade, surgem inúmeros trabalhos e, muitas vezes, alguns deles necessitam de apresentação ao público. Se você participa de projetos de pesquisa, já deve ter se deparado com o fato de ter que elaborar um banner para a apresentação da pesquisa científica em feiras ou mostras de ciências. Listamos aqui algumas dicas para facilitar o desenvolvimento do banner, com as especificações técnicas e modelos produzidos para diferentes áreas. O que deve ter em bons modelos de banner científico: o

Principal função do banner: sintetizar informações e dados relevantes da pesquisa;

o

Elementos de um banner: instituição, autor(es), orientador(es), conteúdo (introdução, desenvolvimento do tema, considerações finais), referências (somente as principais, ou seja, aquelas citadas no texto e em tamanho de letra menor. Seguir as normas da ABNT);

o

Elementos básicos: textos, dados (tabelas, gráficos, diagramas, estatísticas) e imagens (desenhos, fotografias, ilustrações);

o

Texto: nem muito, nem pouco (somente o necessário para a compreensão do leitor); separado em colunas (dependerá da quantidade de texto). Sugestão: no máximo 3 colunas, alinhadas e com texto justificado;

o

Fonte: de preferência aquelas maiores e mais visíveis (ex: Arial);

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o

Tamanho da fonte: depende da quantidade de texto e do tamanho do banner (no mínimo, fonte 20 para o texto). Sugestão: Título = Arial 60, Autores e instituição = Arial 36 (itálico), Texto = Arial 24, Bibliografia = Arial 16. Usar caixa alta somente para os títulos dos itens (Introdução, Metodologia, Resultados e Discussão, etc.);

o

Espaçamento entre as linhas: dependerá da quantidade de texto, mas a sugestão padrão é de 1,5;

o

Figuras de fundo: cuidado com o uso das figuras, devido ao contraste (dificulta a leitura). A sugestão é usar marca d’água ou desbotado. Conferir a resolução das figuras, fotos, etc;

o

Cores: nem em excesso ou falta, pois pode tornar a leitura cansativa;

o

Programas indicados para montar um banner: Power Point, Corel Draw, Photoshop;

o

O que se vê na tela não é o que se vê impresso: faça sempre uma cópia impressa para conferir melhor o aspecto do banner, antes de levá-lo à gráfica.

Fonte: http://blog.wedologos.com.br/modelos-de-banner-exemplos/. Acesso: 21 nov. 2016

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3 ASPECTOS ESTRUTURAIS DE UMA PESQUISA CIENTÍFICA CONHECIMENTOS Conhecer as estruturas dos trabalhos acadêmicos.

HABILIDADES Reconhecer as diferenças e similitude estruturais dos trabalhos científicos.

ATITUDE Aplicar corretamente as estruturas e normas para desenvolvimento do trabalho acadêmico.

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Escolha Tema/Título

Escolher um tema de pesquisa não é uma tarefa fácil. Seja para um trabalho de conclusão de curso, para uma dissertação ou apenas para aquele experimento que vale nota na disciplina, de repente, parece que tudo o que era realmente importante em qualquer campo do conhecimento já foi estudado ou descrito. De modo geral, o cientista inicia o processo de pesquisa pela escolha de um tema, que por si só não constitui um problema de pesquisa (VIANNA, 2001). O tema é o assunto que se deseja estudar e pesquisar. Sua escolha deve levar em conta possibilidades, aptidões e tendências de quem irá elaborar a pesquisa (em conjunto com seu orientador). Ao formular perguntas sobre o tema, provoca-se sua problematização (SANTOS 2015). Note que existe diferença entre tema e problema de pesquisa. Do tema de pesquisa procede o problema a ser investigado. Desta forma, um tema pode resultar em vários problemas de pesquisa (LAKATOS; MARCONI, 2010). O tema de pesquisa tem, portanto, caráter mais geral e mais abrangente que o problema de pesquisa. Infelizmente, não existe uma regra ou uma receita pronta para se definir um tema de pesquisa. É um trabalho árduo, que irá demandar bastante tempo, mas existem alguns pontos que podem lhe ajudar a cortar caminhos, otimizar o seu tempo e evitar problemas que podem ocorrer durante a escolha do tema de pesquisa. A seguir, você encontrará sete dicas para delimitar um tema de pesquisa: 1. Escolha uma área de pesquisa que você goste e se identifique Uma pesquisa científica exige dedicação, horas de trabalho e ainda mais horas de reflexão. E sua empolgação com a pesquisa pode variar muito ao longo desse processo. E quando temos afinidade com um campo do conhecimento, quando realmente estamos curiosos para encontrar a resposta, a motivação é maior. Metodologia da Pesquisa Científica

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Além disso, escolher uma área que você sente prazer em estudar vai te dar ânimo extra para quando for necessário, por exemplo, fazer aquela coleta de dados às 4h de uma madrugada de sábado, ou passar aquela noite de sexta-feira trabalhando. 2. Leia muito e questione mais ainda Um excelente ponto de partida para delimitar um tema de pesquisa é a bibliografia básica (ANDRADE, 2014). Comece pelos livros clássicos, que são referência na área, para compreender os conceitos básicos. A partir de uma base de conhecimento sólida, adote a postura de uma criança que está aprendendo algo novo e pensando em todas as possibilidades, sob ângulos diferentes. Procure pensar em novas formas de aplicação para determinado conceito, ou como uma informação poderia ser utilizada para resolver um problema ainda sem solução. 3. Procure conhecer as fronteiras do conhecimento nessa área Os congressos científicos específicos de cada área são uma ótima oportunidade para conhecer os rumos da pesquisa em determinado campo do conhecimento e conhecer novas abordagens. Procure descobrir os principais periódicos científicos da área que você possui maior afinidade, e observe os temas dos artigos publicados. Em muitos artigos, o último parágrafo do autor é uma sugestão sobre como a pesquisa naquele tema poderia ser levada adiante. Essa revisão de literatura também irá auxiliar a não pesquisar algo que já se possui um consenso, contribuindo para a originalidade do seu trabalho. 4. Tenha em mente as linhas de pesquisa do programa e do seu orientador Além da orientação propriamente dita, você provavelmente irá precisar de recursos para realizar sua pesquisa. O apoio, o respaldo e as contribuições, tanto técnicas quanto científicas, provavelmente serão maiores em pesquisas alinhadas ao pensamento do seu orientador e do seu programa de pós-graduação. Tenha certeza que isso faz muita diferença.

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5. Cuidado com sua ambição: seja prático e objetivo Temas de pesquisa muito abrangentes podem demorar décadas para se obter uma resposta satisfatória. Certifique-se que a sua pesquisa possa ser concluída dentro do prazo para a conclusão do curso. Verifique também os recursos necessários para a realização da pesquisa e a facilidade para obtê-los. Em tempos de cortes nos orçamentos, é preciso ter cautela na escolha do tema de pesquisa. Por isso, limite seu tema de pesquisa de maneira que seja possível encontrar a resposta dentro do prazo e das condições de infraestrutura disponíveis (BARROS; LEHFELD, 2007). 6. Reflita sobre a relevância do seu tema de pesquisa Este é o ponto em que muitos temas de pesquisa são descartados. Afinal, para solicitar um financiamento, defender a pesquisa perante a banca ou para publicar os resultados da pesquisa em uma revista é preciso que a pesquisa tenha mérito científico. Reflita sobre as aplicações e, principalmente, sobre como essa pesquisa contribuiria para o avanço do conhecimento em determinado campo. Lembre-se que você não precisa “inventar a roda”. A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém viu, mas também pensar o que ninguém pensou sobre aquilo que todo mundo vê. 7. Converse sobre o tema com outras pessoas As melhores contribuições para as minhas pesquisas foram oferecidas por profissionais de áreas completamente diferentes da minha. Demorei muito a aprender essa dica. Pessoas de outras áreas, com experiências e pontos de vista diferentes, são fundamentais no momento de pensar um tema de pesquisa sob outro ângulo. Ouça outras opiniões antes de começar o seu projeto de pesquisa. Você se surpreenderá com as contribuições que surgirão.

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Título Ao escrever um artigo científico, o pesquisador às vezes não dá atenção adequada à elaboração de seu título. Esta falha pode ser extremamente prejudicial, pois o título é o cartão de visitas de qualquer publicação. Desta forma, o título deve ser elaborado com muito cuidado e de preferência escrito apenas após a finalização do artigo. Um bom título é aquele que descreve adequadamente o conteúdo descrito no artigo. Geralmente, ele não é uma frase, pois não contém o sujeito, além de verbos e objetos arranjados. Atualmente, poucas revistas aceitam títulos em forma de frase completa. Um exemplo deste tipo de título seria: O pulso de inundação é o componente regulador da biodiversidade em rios de planície de inundação. Primeiro, o verbo (ser) é uma palavra poluente que pode ser excluída sem causar danos à compreensão. Segundo, a inclusão do (é) resulta em um título que parece ser uma forte alegação. O título ficaria sem um contexto determinístico se fosse escrito da seguinte forma: Biodiversidade de rios de planície de inundação submetidos ao pulso de inundação. Um artigo submetido a uma revista com o título Estudos Limnológicos, obviamente não foi bem escolhido. Foi um estudo sobre o fitoplâncton, zooplâncton, macrófitas aquáticas, fauna bentônica? Certamente nós devemos ler todo artigo para saber do que se trata. Entretanto, muitos dos leitores em potencial podem descartar este artigo por achá-lo muito abrangente ou por não possuírem tempo para consultá-lo integralmente. Por outro lado, os títulos podem ser muito longos, especialmente quando determinada área da ciência é muito especializada, como por exemplo: Efeito de diferentes concentrações de fosfato sobre o crescimento de indivíduos de Egeria densa cultivadas em condições laboratoriais. Certamente este título soaria melhor se fosse menos prolixo, tal como: Crescimento de Egeria densa em diferentes concentrações de fosfato. A maioria dos títulos extensos contém palavras que pouco acrescentam ao artigo, tais como: estudo, investigação, uso, identificação, e caracterização. Essas palavras são muito comuns em escritos científicos, entretanto, sempre que possível devem ser evitadas. O título Estudo de gradientes ambientais em ecossistemas lóticos, obviamente é redundante, visto que toda a pesquisa científica almeja estudar, investigar ou

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descrever algo. O título seria menos prolixo se fosse apenas Gradientes ambientais em ecossistemas lóticos. As palavras: a, um e o, sempre que possível, também devem ser evitadas, pois pouco acrescentam ao título do artigo, além de serem desnecessárias no momento de indexá-lo. Se o título diz respeito a alguns organismos, este deveria citar os gêneros e as espécies. Por exemplo: se você realizou um experimento com o objetivo de verificar a existência de competição entre duas espécies, 3 de plantas aquáticas flutuantes, o título não deveria ser: Competição entre vegetais, e sim Competição entre macrófitas aquáticas flutuantes (Eichhornia crassipes e Pistia stratiotes). Obviamente este último título possui mais palavras do que o primeiro, entretanto é mais direto e correto ao assumir que o experimento foi realizado apenas com duas plantas aquáticas. Analisemos o seguinte título: Efeito de nutrientes sobre macrófitas aquáticas. Podemos considerá-lo um bom título? No formato sim; ele é curto e não apresenta excesso de palavras desnecessárias. Certamente, ele não ficará melhor se for modificado para: Observações preliminares sobre o efeito de certos nutrientes sobre crescimento de várias espécies de macrófitas aquáticas. No entanto, podemos seguramente dizer que o estudo introduzido pelo título acima não testou o efeito de todos os nutrientes sobre todas as espécies de plantas aquáticas. Assim sendo, se somente um ou uns poucos nutrientes foram estudados, eles deveriam ser individualmente listados no título. Se o número de nutrientes ou organismos for muito extenso para ser listado no título, talvez estes possam ser substituídos pelo nome do grupo a que pertencem. Os exemplos de títulos mais aceitáveis para este exemplo seriam: Efeito de nitrogênio sobre o crescimento de Eichhornia crassipes. Efeito de nitrogênio e fósforo sobre o crescimento de macrófitas aquáticas submersas. Efeito de nitrogênio sobre o crescimento de macrófitas aquáticas flutuantes. Geralmente o erro mais comum ao escrever o título, e certamente o mais prejudicial em termos de compreensão, diz respeito à ausência de sintaxe. Suponhamos que um pesquisador enviou seu artigo para uma revista científica com o seguinte título: Interações ecológicas entre as macrófitas aquáticas Pistia stratiotes e Salvinia molesta realizadas em laboratório.

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Aparentemente não existem erros graves, no entanto, pode-se entender que as plantas aquáticas é que foram “criadas” em laboratório e não o experimento que abordou as interações ecológicas entre ambas as espécies. Um título mais adequado seria: Interações ecológicas entre as macrófitas aquáticas Pistia stratiotes e Salvinia molesta. As condições em que o experimento foi desenvolvido poderiam ser abordadas de forma mais detalhada na seção Material e Métodos. Um exemplo semelhante seria: Captura de peixes causadores de doenças por redes de espera. Certamente os peixes não utilizam as redes de espera para causarem doenças. Um título mais adequado seria simplesmente: Captura de peixes causadores de doenças. Os títulos raramente devem conter abreviações, fórmulas químicas e jargões. Ao preparar o título o autor deve-se perguntar: Que tipo de informação eu devo colocar? Se o artigo refere-se aos efeitos do ácido clorídrico deve constar no título “ácido clorídrico” ou de forma mais sucinta HCl? Alguns jornais aceitam a forma HCl outros não. No entanto, algumas nomenclaturas já são bem conhecidas como ADN (ácido desoxirribonucléico). Assim mesmo, é melhor evitar as abreviações em títulos. Fonte: http://posgraduando.com/como-escolher-um-tema-de-pesquisa/. Acesso: 21 nov. 2016. Fonte: http://www.ablimno.org.br/boletins/pdf/bol_37(1-4).pdf. Acesso: 21 nov. 2016.

Estrutura de um Trabalho Científico (Elementos Pré/Textuais/Pós) Elementos pré-textuais são aquelas primeiras páginas que todo trabalho científico apresenta: capa, folha de rosto, folha de aprovação, agradecimentos (opcional), dedicatória (opcional), epígrafe (opcional) resumo, abstract (resumo, em inglês), listas (de tabelas, abreviaturas, símbolos, sumário). Mas, claro, só se você usou esses recursos. Elementos textuais abrangem: introdução, desenvolvimento e considerações finais. Se você tiver sugestões ou recomendações a dar ao final da pesquisa, estas também farão parte dos elementos textuais. 52 Metodologia da Pesquisa Científica

Elementos pós-textuais: referências bibliográficas (obras que você citou), bibliografia consultada (livros que você consultou, mas não citou) e, ainda, obras indicadas (aquelas que eventualmente você queira indicar, por considerar importantes para quem se interessar pelo tema de sua pesquisa). Também são elementos póstextuais: apêndice, anexos, glossário (se for o caso). A Errata é utilizada quando há erros de impressão (erros gráficos, em outra linguagem). Você indica a página e apresenta o elemento (palavra, data ou qualquer outro) devidamente corrigido: “Página 15..... Onde se lê Atre, leia-se Arte”. Deve vir em papel separado, depois da folha de rosto.

Normas ABNT A Associação Brasileira de Normas Técnicas é uma entidade privada sem finalidade lucrativa, sendo o organismo responsável pela normatização técnica em todo o Brasil. Neste contexto, muitos estudantes andam ainda preocupados com as novas regras acadêmicas que entraram em vigor no ano de 2012 e sofrem constantes atualizações. Por isso, para você que deseja estar dentro do padrão normativo de todo o país, confira o Site: www.abnt.org.br com as regras da ABNT atualizadas e acerte em seus trabalhos acadêmicos.

Monografia Monografia é um trabalho acadêmico que complementa as exigências das instituições de ensino superior para conferir o grau de bacharel ou especialista em uma área específica de conhecimento. Algumas instituições admitem também a apresentação de um artigo científico como trabalho de conclusão de curso. Do ponto de vista metodológico, a monografia científica pode ser definida com um trabalho que trata de um único tema (mono), apresentado por escrito (grafia), contemplando um assunto de natureza científica. Marconi e Lakatos (2001) apontam como características de uma monografia científica, entre outros, os seguintes pontos:

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a) Trabalho escrito, sistemático e completo; b) Tema específico ou particular de uma ciência ou parte dela; c) Uso de metodologia científica; d) Revisão de literatura e conclusão; e) Referências; Com base nesta definição, o termo “monografia” poderia ser usado para os trabalhos de grau de qualquer nível – graduação, especialização, mestrado ou doutorado. Formalmente, no entanto, esta denominação refere-se apenas aos trabalhos de graduação e especialização, usando-se os termos “dissertação” e “tese” para os trabalhos de mestrado e doutorado, respectivamente. Estrutura A monografia compreende três partes: pré-texto, texto e pós-texto. A disposição desses elementos no trabalho é mostrada no Quadro 1. Partes

Elementos Capa (obrigatório) Lombada (opcional) Folha de rosto (obrigatório) Errata (opcional) Folha de aprovação (obrigatório)

Pré-Texto

Dedicatória(s) (opcional) Agradecimento(s) (opcional) Epígrafe (opcional) Resumo em Português (obrigatório) Resumo em língua estrangeira (obrigatório) Linha de ilustrações (opcional)

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Quadro 1 - Disposição das partes da monografia

Lista de tabelas (opcional) Lista de abreviaturas e siglas (opcional) Pré-Texto

Lista de símbolos (opcional) Sumário (obrigatório)

Introdução (obrigatório) Referencial teórico (obrigatório) Texto

Metodologia (obrigatório) Resultados (obrigatório) Conclusões ou Considerações finais (obrigatório) Referências (obrigatório) Glossário (opcional)

Pós-Texto

Apêndices (opcional) Anexos (opcional)

Elementos obrigatórios do pré-texto: ▪ Capa Deve conter as seguintes informações, nesta ordem: a) nome da instituição; b) nome do curso; c) nome do autor; d) título do trabalho; e) local (cidade) da instituição que confere o grau; f) ano; ▪ Folha de rosto Apresenta os elementos essenciais à identificação do trabalho. Deve conter as seguintes informações, nesta ordem: Metodologia da Pesquisa Científica

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a) nome do autor; b) título do trabalho; c) nota indicando a natureza acadêmica do trabalho (monografia, dissertação ou tese), a instituição a que será apresentado e a finalidade (grau a ser outorgado). Esta nota é colocada abaixo do título e digitada com espaçamento simples, alinhada do meio da página para a direita; d) nome do orientador e respectiva titulação acadêmica (só o título mais alto), colocado abaixo da nota mencionada no item (c) e alinhado pela margem direita; e) local (cidade) da instituição que confere o grau; f) ano; ▪ Folha de aprovação Apresenta a comprovação de que a monografia foi examinada e aprovada pelo orientador e pelos examinadores. Contém os seguintes elementos: a) nome do autor; b) título do trabalho; c) nota indicando a natureza acadêmica do trabalho (monografia, dissertação ou tese), a instituição a que será apresentado e a finalidade (grau a ser outorgado). Esta nota é idêntica à que é colocada na folha de rosto, logo abaixo do título; d) data (dia, mês e ano) de aprovação; Esta folha só deve ser colocada na versão final do trabalho, devidamente aprovada pela banca examinadora.

▪ Resumo em Português É a apresentação breve dos pontos relevantes da monografia, ressaltando o problema estudado, os objetivos, os procedimentos metodológicos e os principais resultados e conclusões. O resumo é feito em texto corrido (sem parágrafos e sem alíneas), podendo ter no máximo 500 palavras. As palavras-chave são palavras representativas do conteúdo do trabalho e servem para orientar a busca eletrônica nas bases de dados. Devem figurar logo abaixo do resumo, precedidas da expressão “Palavras-chave:”, separadas entre si por pontos e finalizadas também por ponto.

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Resumo em língua estrangeira

Constitui uma versão do resumo para idioma de divulgação internacional, sendo mais utilizados os idiomas inglês, francês e espanhol. Deve ser seguido das palavras-chave, no idioma escolhido para o resumo. ▪ Sumário O sumário contém a relação dos diversos itens e subitens do trabalho, com indicação das respectivas páginas iniciais, inclusive dos elementos do pós-texto, como anexos e apêndices. Deve-se utilizar no sumário a mesma hierarquização de itens e subitens utilizada no texto, adotando-se, inclusive, os destaques gráficos (caixa alta, negrito, caixa baixa etc.) empregados no texto.

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ELEMENTOS DO TEXTO Esta parte do trabalho deve conter as seguintes seções: A seguir apresentam-se algumas orientações específicas sobre os principais tópicos que compõem a Introdução. a) Problema: O problema é o assunto principal do trabalho. É o que se pretende abordar, o que se quer pesquisar, a dificuldade que se procura resolver ou, em última análise, a pergunta que a pesquisa se propõe a responder. Ao apresentar o problema, o autor deve justificar a necessidade de pesquisá-lo e destacar a importância de sua solução para a ciência, a sociedade e a instituição patrocinadora, se for o caso. É importante, também, delimitar sua abrangência, especificando, entre outras coisas, a população, a área geográfica e o horizonte temporal considerados no trabalho. b) Hipóteses: As hipóteses são necessárias quando se trata de um trabalho em que se procura estabelecer relações de causa e efeito entre variáveis, fatos ou fenômenos. São respostas ou soluções presumidas (portanto, provisórias e sujeitas a teste) para o problema apresentado. Como são “respostas”, as hipóteses devem sempre ser formuladas de modo afirmativo. c) Objetivos: Os objetivos informam para que ou com que finalidade o trabalho foi feito, indicando ao leitor o que o autor quis demonstrar ou até onde ele quis chegar. Algumas vezes, por conveniência metodológica, os objetivos precisam ser divididos em geral e específicos. O objetivo geral, como o próprio nome indica, é o propósito final do trabalho, enquanto que os objetivos específicos são etapas intermediárias para se atingir o objetivo geral. Os objetivos específicos devem ser relacionados necessariamente com o objetivo geral, de modo que se todos os objetivos específicos forem alcançados, o objetivo geral terá sido automaticamente alcançado. Na maioria dos casos, é possível relacionar os objetivos específicos com as

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hipóteses, podendo-se formular um objetivo específico correspondente a cada hipótese. A lista a seguir sugere alguns verbos adequados para iniciar o enunciado de objetivos:

aferir

comparar

definir

especificar

mostrar

analisar

comparar

delinear

estabelecer

qualificar

apontar

confirmar

demonstrar

explicar

quantificar

apresentar

conhecer

descrever

gerar

realizar

avaliar

constatar

determinar

identificar

relacionar

construir

diagnosticar

indicar

testar

criar

discutir

medir

verificar

caracterizar

classificar

REFERENCIAL TEÓRICO É um apanhado dos aspectos teóricos mais estreitamente relacionados com o tema estudado, e tem como fonte a bibliografia utilizada como referência para o trabalho. Esta seção contém os fundamentos teóricos sobre os quais o autor da monografia se apoia para formular e comprovar suas hipóteses ou para justificar os pontos de vista emitidos, principalmente na análise dos resultados e nas conclusões. METODOLOGIA a) Descrição do universo da pesquisa: Descrição da população e da área geográfica que foram objetos da pesquisa, enfatizando os aspectos fisiográficos, históricos, políticos, religiosos, econômicos, sociais e antropológicos que possam ter influência sobre o fato ou fenômeno pesquisado.

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b) Amostragem e coleta de dados: Descreve com detalhes o método utilizado para o cálculo do tamanho da amostra, apresentando a fórmula de cálculo, os critérios de escolha da fórmula, os pressupostos e a forma de extração da amostra. Esta etapa exige conhecimento das técnicas de amostragem, que pertencem ao campo da Estatística e constituem um tópico bastante especializado dessa matéria. Portanto, é conveniente que esta tarefa seja feita com a assistência de uma pessoa treinada no assunto. c) Identificação das variáveis: Variável é qualquer medida ou contagem que pode assumir diferentes valores de um indivíduo para outro. Por exemplo, idade, cor, raça, escolaridade, renda, grau de aprendizagem, eficiência, área, população etc. São variáveis porque, como são diferentes para cada pessoa ou região, permitem comparar os indivíduos ou regiões entre si. A identificação das variáveis deve ser feita na fase de planejamento do trabalho, a fim de orientar a elaboração dos questionários ou outros instrumentos de coleta de dados primários e secundários. d) Especificação dos modelos de análise: Entende-se por modelos de análise os esquemas utilizados para verificar a existência das relações entre variáveis, como foram previstas nas hipóteses. Os modelos mais comumente empregados são as análises estatísticas, como regressão simples e múltipla, correlações, análise de variância e alguns testes não paramétricos. Há outras técnicas menos sofisticadas que também podem ser utilizadas para testar relações entre variáveis, como a análise tabular e a análise gráfica. Nessa fase do trabalho também é importante a participação do Orientador. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS Esta seção constitui a parte mais importante da monografia, pois representa o coroamento de todo o processo metodológico desenvolvido pelo autor no sentido de demonstrar a validade das hipóteses ou, em última análise, de responder aos questionamentos feitos na problematização do tema.

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Os resultados são geralmente agrupados sob a forma de tabelas e quadros, acrescentando-se os comentários necessários para complementar sua interpretação, bem como figuras que possam ilustrar melhor sua apresentação. Recomenda-se, no entanto, não colocar no texto uma figura e uma tabela que contenham a mesma informação. As tabelas, quadros e figuras são numerados sequencialmente (uma sequência para cada tipo de elemento) e identificados por um título. Nas tabelas, o número e o título são colocados acima; nos quadros e figuras, o número e o título são colocados abaixo. Tanto os quadros, como as tabelas e figuras, exigem sempre a identificação das fontes das informações que exibem. No Brasil, as regras para construção de tabelas e quadros são definidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e podem ser consultadas no livro “Normas de apresentação tabular” (IBGE, 1993). DIFERENÇA ENTRE TABELA E QUADRO:

▪ Tabela é um conjunto de informações exclusivamente numéricas, dispostas em linhas e colunas, obtidas através de processamento dos dados originais e mostrando, via de regra, relações matemáticas entre linhas ou colunas. ▪ Quadro é também um arranjo semelhante de informações, porém com as seguintes características: (a) as informações podem ser numéricas, não numéricas ou mistas; (b) reproduzem os dados originais tal como foram coletados, ou seja, sem qualquer tipo de processamento. CONCLUSÕES As conclusões se referem às consequências e à aplicabilidade dos resultados da pesquisa. De acordo com Marconi e Lakatos (2001), elas devem evidenciar os avanços conquistados com o estudo, apontar a relação entre os fatos verificados, indicar as limitações do estudo e sugerir novos estudos. Ainda segundo a mesma fonte, as conclusões devem ser redigidas de forma

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precisa e categórica, sem perder-se em argumentações e “[...] têm de refletir a relação entre os resultados obtidos e as hipóteses enunciadas” (MARCONI; LAKATOS, 2001, p. 134). Como se depreende da citação acima, as conclusões estão muito vinculadas a uma formulação prévia de hipóteses, sendo elas uma afirmação da validade ou não validade dessas hipóteses. No entanto, muitas das monografias são pesquisas exploratórias ou ensaios monográficos, que, por sua natureza, não se baseiam em hipóteses. Nesses casos, a denominação do item final da monografia pode ser “Considerações finais”. ELEMENTOS DO PÓS-TEXTO ▪ Referências Relacionam-se todas as obras que foram efetivamente consultadas durante a elaboração do trabalho e que tenham sido citadas no texto. Todo o material que serviu de fonte para o trabalho é relacionado numa lista única, em ordem alfabética, independentemente do tipo ou formato (livros, artigos de periódicos, trabalhos apresentados em eventos, textos obtidos na internet etc.). ▪ Anexos e Apêndices São informações que o autor do trabalho julga importantes, porém não acha conveniente apresentá-las no corpo do texto. Anexo é uma informação colocada fora do corpo do trabalho e não representa elaboração do autor, ou seja, é algo que foi obtido em outras fontes e apresentado da maneira que estava na fonte original. Exemplo: documentos transcritos, mapas, leis, unidades de medida etc. Apêndice é uma informação do mesmo tipo do Anexo, porém constitui elaboração do autor do trabalho, sendo resultado do processo de construção do próprio trabalho. Exemplo: desenvolvimentos matemáticos, detalhamento de partes do trabalho, cálculo de índices etc.

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Os anexos e apêndices são identificados por letras maiúsculas consecutivas, seguidas de travessão (−) e do título do anexo ou apêndice correspondente. Exemplo: ANEXO A − Ata da reunião do dia 23/05/2010 APÊNDICE A − Questionário aplicado com os professores. Fonte: www.administradores.com.br/producao-academica/normas...detrabalho.../download/. Acesso: 21 nov. 2016. ARTIGO CIENTÍFICO Como escrever um artigo científico é uma dúvida muito comum entre estudantes de graduação e de pós-graduação. Afinal, a publicação de artigos faz parte do cotidiano de quem trabalha com Ciência, e tem sido motivo de muita pressão para estudantes e pesquisadores. Mas antes de começar a discussão sobre como escrever um artigo científico, faz-se necessário dois avisos: 1. A estrutura de artigo científico adotada neste texto é mais adequada às pesquisas experimentais. As Ciências Sociais e as Ciências Humanas, por exemplo, podem adotar estruturas e estilos de redação diferentes. 2. Não existem regras rígidas ou receitas prontas para escrever um artigo científico. Utilize essa discussão apenas como ponto de partida e de reflexão sobre a elaboração de trabalhos acadêmicos. Para escrever um artigo científico de qualidade é preciso ter primeiro um bom conhecimento sobre o método científico. Ao estudar determinado tema, você encontrou um problema interessante. Fez uma revisão bibliográfica e não encontrou a solução para este problema. Assim, você decidiu encontrar uma resposta. Elaborou um projeto de pesquisa, realizou a pesquisa e acredita ter encontrado uma solução adequada. Por fim, é preciso divulgar sua descoberta à comunidade acadêmica, para ser discutida e avaliada por outros cientistas (BARROS; LEHFELD, 2007). Esta última etapa é realizada por meio da publicação de artigos científicos, e constitui o principal motivo para escrever um artigo científico.

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É importante ressaltar que o “enriquecimento” do seu currículo na Plataforma Lattes, a melhor classificação do seu Programa de Pós-Graduação na Avaliação da Capes e uma eventual progressão funcional, só para citar alguns exemplos, são apenas consequências naturais da prática da Ciência de alto nível. Estes não são, portanto, bons motivos para escrever um artigo científico. Agora que você já sabe os motivos para escrever um artigo científico, vamos as dicas. Escolha o periódico antes de começar a escrever um artigo científico Escolher a revista científica adequada para a publicação do seu artigo antes de começar a escrevê-lo irá lhe poupar muito tempo em adequações às normas e ao estilo da revista, pois o artigo já será escrito, desde o início, de acordo com estes critérios (PEROVANO, 2014). Além da economia de tempo, escrever o artigo de acordo com as características e orientações do periódico científico desejado pode aumentar consideravelmente as chances da aceitação do artigo para publicação. Para escolher a revista científica mais adequada para a submissão do seu artigo, verifique entre as revistas que são referências na sua área, quais publicam artigos com o mesmo enfoque da sua pesquisa. Informe-se sobre a abrangência, considere as áreas de trabalho dos membros do comitê editorial e conheça o público-alvo da revista. Assegure-se que o problema e o tipo de pesquisa do seu trabalho estão de acordo com o escopo da revista. Procure o Fator de Impacto da revista para ter uma noção do grau de novidade esperado para o artigo. O Fator de Impacto pode ser consultado no Journal Citation Reports (com o acesso via proxy ao Portal de Periódicos da Capes ou de um computador de uma instituição conveniada, clique em “establish a new session“). Verifique também a classificação do periódico no Qualis da Capes. Faça uma média do intervalo de tempo decorrido entre a submissão e a publicação dos artigos publicados nos últimos números da revista. Por fim, observe se existe a cobrança de taxa de submissão, e se será possível arcar com as despesas

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de submissão e, eventualmente, de tradução do artigo. Após escolher o periódico científico, leia atentamente os últimos artigos publicados, repare na forma de apresentação das informações, gráficos e tabelas; leia também a página “instruções aos autores“, verifique o formato das citações e das referências bibliográficas, as normas editoriais e os critérios de avaliação dos artigos (SANTOS, 2015). A sequência da redação não precisa ser a mesma das seções do artigo. Embora a maioria dos artigos obedeça a uma sequência padrão (Introdução, Material e Métodos, Resultados, Discussão, Considerações Finais e Referências Bibliográficas), a redação do artigo não precisa necessariamente seguir essa mesma ordem. Alguns autores sugerem que você comece a escrever um artigo científico pelos objetivos e pelas conclusões do trabalho, de acordo com a análise crítica dos resultados encontrados. Desta forma, é possível ter uma visão clara da pergunta que você gostaria de responder com a sua pesquisa (objetivos) e quais respostas você encontrou (conclusões). As considerações finais são o ponto forte do seu estudo e o guia para a estruturação do texto. Com as conclusões em mente, será mais fácil identificar e discutir os resultados que sustentam as mesmas (MEDEIROS; TOMASI, 2008). Já outros autores acreditam que seja melhor começar a escrever um artigo científico pelo seu resumo. Com isso, você não iniciaria a redação de um artigo científico antes de ter uma noção clara do que pretende escrever (AQUINO, 2012). Mas a forma mais produtiva de escrever um artigo científico é começar pelas partes com as quais você se sente mais confortável. E você pode escrever outras partes do artigo à medida em que pensa nelas. Em algum momento, você estará escrevendo em várias sessões. Desta maneira, você baseia sua construção naqueles aspectos do seu estudo que lhe parecem mais interessantes. Ou seja, pense naquilo que interessa a você, comece escrevendo sobre isso e então prossiga construindo a partir daí. Para não perder a sequência lógica entre os assuntos de uma seção do artigo, faça em uma folha à parte um roteiro prévio, elencando as informações e discussões que aquela seção deverá conter, e a ondem em que elas aparecerão no texto.

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A REDAÇÃO DO ARTIGO CIENTÍFICO 1. Introdução A introdução, como o próprio nome sugere, serve para introduzir o leitor ao tema da pesquisa, ao problema estudado, aos principais conceitos envolvidos e aos trabalhos já realizados até o momento. É aquela seção em que você “vende o seu peixe“, esclarece a importância da pesquisa e a relevância para a área. Faça uma descrição sucinta de pesquisas anteriores. No último parágrafo, comece por ressaltar o ineditismo da pesquisa e descreva claramente o objetivo proposto para a pesquisa (SANTOS, 2015). Embora esteja disposta nas páginas iniciais de um artigo científico, a introdução é mais facilmente elaborada quando a discussão e as conclusões já tiverem sido redigidas, ou seja, quando já se tem uma visão do conjunto do trabalho. O texto de introdução, além de bem escrito, deverá se constituir em um convite atrativo para a continuidade da leitura do artigo. Alguns poucos parágrafos serão suficientes (MATIAS, 2012). Uma maneira prática de saber se a introdução de um artigo científico ficou bem redigida, é apagar a parte dos objetivos da pesquisa e entregar o texto de introdução para outra pessoa ler que também seja da área. Se ao ler apenas a introdução, a pessoa conseguir acertar qual problema de pesquisa foi estudado, parabéns! Você fez um excelente trabalho! Estrutura básica: – Antecedentes do problema. – Descrição do problema. – Trabalhos já realizados. – Aplicabilidade e originalidade da pesquisa. – Objetivo (problema de pesquisa). Erros comuns: – Orientação mais empírica que teórica. _ Introdução muito longa, incluindo trechos que poderiam ser melhor utilizados na discussão.

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– Detalhes excessivos na descrição de estudos prévios. – “Reinvenção da roda”, especialmente na primeira sentença ou parágrafo. – Omissão de estudos diretamente relevantes. – Terminologia confusa. – Citações incorretas. 2. Material e métodos Se você preparou um projeto de pesquisa detalhado, agora será recompensado! Pegue o projeto e comece a conferir a seção “material e métodos”. Troque o tempo do verbo, do futuro para o passado, e então faça as inclusões ou mudanças de maneira que essa seção reflita verdadeiramente aquilo que você realizou em sua pesquisa. A seção “material e métodos” deve possibilitar ao leitor avaliar o delineamento da pesquisa, o tamanho da amostra e como ela foi determinada, os materiais e procedimentos utilizados, as variáveis analisadas e as análises estatísticas realizadas. Questões éticas ou de consentimento, quando necessárias, também devem ser informadas. As informações dessa seção são fundamentais para compreender os resultados encontrados, pois revelam a forma como eles foram obtidos, e possibilitam a replicabilidade da pesquisa (LAKATOS; MARCONI, 2010). Estrutura básica: – Local e condições experimentais. – Delineamento e tratamentos. – Controle das condições experimentais. – Variáveis (avaliações). – Análise estatística. Erros comuns: – Informação inadequada para avaliação ou replicação. – Descrições detalhadas de métodos padronizados e publicados. – Deixar de explicar análises estatísticas não usuais. – Participantes muito heterogêneos. – Medidas não validadas; de confiabilidade fraca ou desconhecida.

3. Resultados

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Na apresentação dos resultados, gráficos e figuras geralmente facilitam a observação dos efeitos, se comparados com as tabelas. Entretanto, as tabelas levam vantagem quando valores numéricos específicos são importantes. Nestes casos, artigos com tabelas irão obter um maior número de citações, porque outros pesquisadores podem usar seus dados como base de comparação (VIANNA, 2001). Procure promover descrições claras e organizadas dos resultados, sem repetir no texto os dados já expostos em gráficos e tabelas. Ao escrever um artigo científico, inclua na redação final apenas os resultados que são necessários para a corroboração de suas conclusões (ANDRADE, 2014). Estrutura básica: – Resultados da análise estatística. – Estatísticas descritivas (médias, desvio padrão e correlações) – Estatísticas inferenciais – Relatar a significância e a amplitude dos dados. – Análises adicionais (usualmente post hoc). Erros comuns: – Tabelas e figuras complexas, incompreensíveis. – Repetição dos dados no texto, nas tabelas e nas figuras. – Não utilizar o mesmo estilo de redação da introdução e do material e métodos. – Não apresentar os dados prometidos na seção material e métodos. – Análise estatística inadequada ou inapropriada. 4•

Discussão

A discussão é a parte mais complexa e mais difícil de escrever em um artigo científico. Deve ser redigida com a finalidade de apresentar e interpretar conclusões, enfatizar os resultados mais importantes e comparar os resultados obtidos na sua pesquisa com os resultados obtidos por outros pesquisadores (MEDEIROS; TOMASI, 2008). Estrutura básica: – Relacionar os resultados com as hipóteses. – Interpretações: esperadas versus alternativas. – Implicações teóricas, para a pesquisa e para a prática. – Limitações do estudo: aproximação com o estudo ideal.

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– Confiança estimada das conclusões. – Explicitação de possíveis restrições para as conclusões. – Identificação de procedimentos metodológicos pertinentes aos resultados. – Recomendações para pesquisas futuras. Erros comuns: – Repetição da introdução. – Repetição dos resultados. – Discussão não baseada nos propósitos do estudo. – Não esclarecer as implicações teóricas e práticas dos resultados. – Discussão não baseada nos resultados. – Hipóteses não discutidas explicitamente. – Apresentação de novos dados. – Repetição da revisão da literatura. – Especulações não fundamentadas. – Recomendações não baseadas nos resultados. 5. Considerações Finais Ao escrever as conclusões da sua pesquisa, pode parecer um pouco óbvio, mas essa seção muitas vezes é utilizada, de maneira equivocada, para meramente reafirmar os resultados da pesquisa. Não faça o leitor perder tempo: ele já leu os resultados e a discussão. Agora, nas conclusões, quer entender de forma clara a solução do seu problema de pesquisa. Após elaborá-las, critique-as procurando limitar as conclusões que têm embasamento nos resultados que você obteve e que respondem as questões da pesquisa, ou seja, que estão de acordo com os objetivos (VIANNA, 2001). Não se pode esquecer que as mesmas, como produto final de uma pesquisa, devem ser consideradas provisórias e aproximativas. Por mais brilhantes que sejam, em se tratando de Ciência, podem superar o conhecimento prévio e, por sua vez, também o avanço do conhecimento. Últimas sugestões: – Faça um título curto, que chame a atenção e que, além de tudo, reflita o tema

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principal do artigo. Lembre–se que muitos artigos não são lidos porque os leitores não se interessaram pelo título. – Procure utilizar a fórmula “sujeito + verbo + predicado” (SVP) para construir suas frases. Utilizar esta fórmula simples para escrever um artigo científico torna o texto mais claro, encurta as sentenças e diminui a possibilidade de cometer erros de concordância, entre outras vantagens. – Mantenha suas sentenças curtas. Para isso, a solução é simples: abuse dos pontos finais, pois eles são gratuitos, não estão ameaçados de extinção e organizam seu texto. Sentenças longas exigem o uso excessivo de recursos como vírgulas, dois pontos, pontos e virgulas, travessões e parênteses, além de tornar a leitura cansativa. – Ao escrever um artigo científico, cada palavra deve traduzir exatamente o pensamento que se deseja transmitir, ou seja, não deve haver margem para interpretações. Evite utilizar linguagem muito rebuscada ou termos desnecessários. – Um bom artigo científico deve ter quantas páginas? Apenas as necessárias! Prefira qualidade ao invés de quantidade. De maneira geral, os editores de revistas científicas preferem artigos inovadores e concisos. – Ao terminar de escrever um artigo científico, espere alguns dias antes de submetê-lo ao periódico selecionado. Depois de alguns dias sem pensar no assunto, faça uma revisão do artigo. Fonte: http://posgraduando.com/como-escrever-um-artigo-cientifico/. Acesso: 21 nov. 2016.

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4 CITAÇÃO E REFERÊNCIA CONHECIMENTOS Conhecer as citações e referências conforme as regras e estruturas de um trabalho científico.

HABILIDADES Identificar corretamente o uso da citação e referência nos diversos tipos de textos Acadêmicos.

ATITUDE Aplicar os conhecimentos técnicos na elaboração dos textos acadêmicos.

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Tipos de Citações Bibliográficas

Citação é a menção, no texto, de uma informação extraída de outra fonte. 

Objetivo da NBR-10520

Fixar as condições exigíveis para padronização e coerência da seguridade das fontes indicadas nos textos dos tipos de documentos (ABNT, 2002). 

Tipos de citação

De acordo com a ABNT, as formas de citações mais conhecidas são: direta, indireta e citação de citação. 

Citação direta, literal ou textual

Citações diretas, literais ou textuais: transcrição do trecho do texto de parte da obra do autor consultado. Espaçamento: simples Tamanho: 10

Exemplo:

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Exemplo 1: A citação com menos de 4 linhas é colocada entre “aspas”



Citação indireta ou livre

Citações indiretas ou livres é o texto baseado na obra do autor consultado (uso de paráfrase). Exemplo 2: Indicação do Autor no começo do texto citar em Caixa Baixa seguida da data.

Exemplo 3: Sem indicação do Autor no texto: indicar, ao final, o Autor em Caixa Alta, seguida da data, entre parênteses.

Quando o resumo de um trabalho técnico-científico é traduzido para língua inglesa, ele deverá ser designado pela palavra Abstract, por tratar-se de um resumo informativo (ALMEIDA, 1981).

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Citação de citação Citação de citação é aquela em que o autor do texto não tem acesso direto à obra citada, valendo-se de citação constante em outra obra. 

Exemplo 1: Indicação dos Autores separados pela expressão “apud” ou “citado por”



Citação de informação verbal

Os dados obtidos por informação oral (comunicação pessoal, palestras, apontamentos em aula, etc.) podem ser citados e suas referências aparecerão apenas em nota de rodapé. Exemplo:

1 English, therefore, is not a good language to use when programming. This has long been realized by others who require to communicate instructions. (TEDD, 1977, p. 29).

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No texto (comunicação pessoal):

VALE constatou que há indícios de cones de rejeição². 

No texto (apontamentos em aula):

A Internet é vista como um grande meio de difusão dos aspectos da globalização³. 

Formalização da citação

Para formalizar uma boa citação, sugerimos algumas formas para iniciar parágrafo no texto acadêmico.

um

Veja:

Vale ressaltar que... / Em função disso... / A partir dessa reflexão, podemos dizer que... / É importante ressaltar que... / Com base em (autor) queremos buscar caminhos... / É necessário, pois, analisar... / Nesse sentido, ressaltamos que... / Coaduna-se com essas reflexões (autor) quando ressalta que... / Posto que [a leitura é sempre produção de significados], consideramos que... / Daí a necessidade de... / Podemos inferir, com (autor) que... / Assim, entendemos que... / Dessa perspectiva... / Dessas acepções, podemos ressaltar que... / Disso decorre... / Assim sendo, salientamos que... / A partir desses levantamentos, cabe-nos... / Contudo, ressalta (autor) que... / Podemos compreender, com base em (autor) que... / Tais afirmações vêm de encontro ao que queremos... (no sentido de choque) / Os estudos desses autores vêm o encontro de nossos anseios, no sentido de mostrar que... (para somar) (ECKERT-HOFF1, 2001 apud FACULDADES NETWORK, 2002).

Fonte: http://www.fichamento.com.br/cadastro.php . Acesso: 22 nov. 2016

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Referência “Referência é conjunto padronizado de elementos descritivos, retirados de um documento, que permite a sua identificação individual”. (NBR 6023, 2002, p. 2). ELEMENTOS DA REFERÊNCIA 

Autor da obra

Inicia-se a referência pelo Sobrenome do autor em maiúsculo, seguido pelo nome. Emprega-se vírgula entre sobrenome e nome. Ex.: GARCIA, J. Quando a obra possuir até três (3) autores, indicam-se todos, na mesma ordem em que aparecem na obra, emprega-se ( ; ) entre os autores. Ex: GARCIA, Juarez; SILVA, Jorge; SOUZA, Standilau.

1ECKERTT-HOFF, B. M. Apostila de metodologia do trabalho científico. Nova Odessa: Fac. Network, 2001 GARCIA, J.; SILVA, J.; SOUZA, S. Quando a obra possuir mais de três (3) autores, menciona-se o primeiro, seguido da expressão et al. Ex.: GARCIA, J. et al. Quando houver indicação de responsabilidade por uma coletânea de vários autores, a entrada deve ser feita pelo nome do responsável, (seguida da abreviatura entre parênteses). Ex.: GARCIA, J. (Org.). Indicação de parentesco no nome, manter a indicação em letra maiúscula. Ex: BRITO FILHO, Dilermando. AMATO NETO, Vicente. Para entidades coletivas: Órgãos de Administração governamental. (Ministério, Secretarias e outros).

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Deve-se indicar a entrada pelo nome geográfico (País, Estado ou Município). Ex.: BRASIL. Ministério da Saúde. PARANÁ. Secretaria da Educação. LONDRINA. Prefeitura Municipal. Entidades independentes, empresas, universidades etc... Ex.: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA. CACIQUE CAFÉ SOLÚVEL. IBGE.

Para publicações anônimas, entrar diretamente pelo título, sendo a primeira palavra impressa em maiúsculo. Ex.: A VIDA como ela é. Título da obra O título deve ser reproduzido tal como aparece na obra, devendo ser destacado 

dos demais elementos da referência (negrito, itálico ou sublinhado). - Subtítulo Indica-se o subtítulo após o título, precedido por dois pontos (:). O subtítulo não deve ser destacado. Ex.: Sistema de retroação e controle: aplicações para engenharia, física e biologia. 

Edição

É indicada a partir da segunda edição, deve ser transcrita utilizando-se abreviaturas dos numerais ordinais, na língua do documento. Ex: 2. ed. 5th ed. Local O local deve figurar na referência tal como aparece na publicação. Quando 

houver mais de um local, indica-se o que estiver em destaque ou aparecer em primeiro lugar. Quando não for mencionado, utilizar-se a expressão [S.l.].

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Editora Deve ser citada tal como aparece na obra. Quando possuir mais de uma 

editora, indica-se a que aparecer em destaque ou a que estiver em primeiro lugar. Suprimir as palavras, Editora, Ltda., Cia, etc... Se a Editora não estiver indicada na obra, utilizar a expressão [s.n.].

Data Quando houver dúvidas quanto à data 

[2000?] Data provável. [200 -] Para década certa. [19 --] Para século certo. [18 --?] Para século provável. Na ausência do local, editora e ano, abrir colchetes: Ex: [S.l.: s.n., 19--]. [S.l.: s.n.], 1999. São Paulo: [s.n., 19--].

ORDEM DOS ELEMENTOS DA REFERÊNCIA Livro no todo SOBRENOME, Nome; SOBRENOME, Nome; SOBRENOME, Nome./Título./ 

edição./Local de publicação: Editora, ano. EX: PINHO, Diva Benevides; VASCONCELOS, Marco Antonio Sandoval de. Manual de economia. 3.ed. São Paulo: Saraiva, 1998.  Com indicação de volume BITTAR, Carlos Alberto. Curso de direito civil. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1994. v.2 (volume citado) Ou BITTAR, Carlos Alberto. Curso de direito civil. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1994. 3v. (quantidade de volumes da obra).

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CAPÍTULO DE LIVRO Com autoria especial (autor do capítulo diferente do autor do livro) SOBRENOME, Nome./Título do capítulo./In: SOBRENOME, Nome./Título do 

livro./edição./Local: Editora, ano. p. inicial-final. Ex.: ARCHER, Earnest R. Mito da motivação. In: BERGAMINI, Cecília; CODA, Roberto (Org.). Psicodinâmica da vida organizacional: motivação e liderança. 2.ed. São Paulo: Atlas, 1997. p.23-46 Sem autoria especial (quando o autor do livro for o mesmo do capítulo). SOBRENOME, Nome. /Título do capítulo./In: ./ Título do livro./ edição./Local: Editora, ano./p. inicial-final. 

Ex: FOUCAULT, Michel. A prosa do mundo. In: São Paulo: Martins Fontes, 2000. p. 23-58.

. As palavras e as coisas.

Com indicação de volume RODRIGUES, Silvio. Da cláusula penal. In: . Direito civil: parte geral das obrigações. 28.ed. São Paulo: Saraiva, 2000. v.2, p. 87-98 

Artigos periódicos SOBRENOME, Nome (autor do artigo)./Título do artigo./Nome da Revista, 

Local, v., n., p. inicial - final, mês ano. Ex: PEIXOTO, Fábio. Sua empresa não quer fera. Exame, São Paulo, v.35, n.738, p. 30-31, abr. 2001. Obs.: abreviar o mês até a terceira letra, com exceção ao mês de maio.  Artigos jornais SOBRENOME, Nome (autor do artigo)./Título do artigo./Nome do Jornal, Local, dia mês e ano./Caderno, p. Ex: SILVA, Carlos José. O drama da economia. Folha de Londrina, Londrina, 23 abr. 1998. Caderno Economia, p. 4.

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Teses/dissertações/monografias

SOBRENOME, Nome./Título do trabalho./Ano./ Natureza do Trabalho (Nível e área do curso) - Unidade de Ensino, Instituição, Local. Ex: MONTAGNA, Adelma Pistun. Expressões de gênero no desenho infantil. 2001. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia. DOCUMENTOS MEIOS ELETRÔNICOS Páginas da Internet SOBRENOME, Nome./Título da página./Disponível em:. Acesso em: 23 maio 2001. 

Ex: CALDAS, Juarez. O fim da economia: o começo de tudo. Disponível em: . Acesso em: 23 abr. 2001. Artigos de periódicos (Internet) SOBRENOME, Nome./Título do artigo./Nome da Revista, Local, v. , n. , mês ano. Disponível em: . Acesso em: 23 maio 2001. 

Ex: BAGGIO, Rodrigo. A sociedade da informação e a infoexclusão. Ciência da Informação, Brasília, v.29, n.2, maio/ago. 2000. Disponível em: . Acesso em: 11 jun. 2002. E-mail SOBRENOME, Nome (autor da mensagem). Título da mensagem. [mensagem pessoal] Mensagem recebida por <endereço destinatário> data. 

Ex: SILVA, Mário. Informações eletrônicas [mensagem pessoal]. Mensagem recebida por <[email protected]> em 11 jun. 2002. 

CD-ROM

Ex: RIO DE JANEIRO. Prefeitura Municipal. Subsecretaria de Desenvolvimento Institucional. Organização básica do poder executivo municipal. Rio de Janeiro: Unisys Brasil, 1996. CDROM.

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Documentos jurídicos: leis decretos e portarias BRASIL. Decreto-lei n° 2423, de 7 de abril de 1998. Estabelece critérios para 

pagamento de gratificações e vantagens pecuniárias as titulares de cargos e empregos da Administração Federal direta e autárquica e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 8 abr. 1998, p.6009, Seção 1, pt.1. Jurisprudência (Acórdãos e demais Sentenças das Cortes ou Tribunais) AUTOR (entidade coletiva responsável pelo documento). Nome da Corte ou 

Tribunal. Ementa (quando houver). Tipo e número do recurso (apelação, embargo, habeas corpus, mandado de segurança, etc.). Partes litigantes (precedida da palavra Apelante/Apelada). Nome do relator precedido da palavra “Relator”. Local, data. Dados da publicação que publicou. Voto vencedor e vencido, quando houver. BRASIL. Tribunal Regional Federal (5.Região). Apelação cível nº 42.441-PE -(94.05.016-6). Apelante: Edilemos Mamede dos Santos e outros. Apelada: Escola - Técnica Federal de Pernambuco. Relator: juiz Nereu Santos. Recife, 4 de março de 1997. Lex: Jurisprudência do STJ e Tribunais Regionais Federais, São Paulo, v.10, n.103, p.558-562, mar. 1998.



Constituição BRASIL. Constituição

(1988). Constituição da República Federativa do Brasil.

27.ed. São Paulo: Saraiva, 1991.



Código

BRASIL. Código civil. Organização dos textos de Maurício Antônio Ribeiro Lopes. 5.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000. 

Verbetes dicionário/encyclopedia

EMPIRIOCRITICISMO. In: ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. São Paulo: M. Fontes, 2000. p. 326. 

Trabalho apresentado em evento

AUTOR./Título do trabalho./In: NOME DO EVENTO, n., ano, Local. Anais.../Local de publicação: Editora, ano./p. Ex: GARCIA, Flávio. A zoologia aplicada no Brasil. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOLOGIA, 34., 2002, Itajaí. Anais... Itajaí: UNIVALI, 2002. p.54-67. 87 Metodologia da Pesquisa Científica



Bíblia

BÍBLIA. Idioma. Título da obra. Tradução ou versão. Local: Editora, Data de publicação. Total de páginas. Notas (se houver). BIBLIA. Português. Bíblia sagrada. Tradução por Padre Francisco Zbik. Rio de Janeiro: Paumape, 1980. Fonte: http://www.fichamento.com.br/cadastro.php. Acesso: 22 nov. 2016

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5 INTRODUÇÃO E OBJETIVO DE UMA PESQUISA CIENTÍFICA CONHECIMENTOS Compreender o desenvolvimento da estrutura dos trabalhos acadêmicos.

HABILIDADES Identificar a elaboração de um projeto de pesquisa.

ATITUDE Aplicar as etapas estruturais de um trabalho científico conforme as normas da ABNT.

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PERGUNTA PROBLEMA Pesquisador, mediante o laborioso exercício de se dedicar ao estudo de um determinado assunto, qual será seu posicionamento ao se deparar com a palavra “problema”? De uma forma generalizada, essa palavra se refere a algum obstáculo, a alguma barreira a ser enfrentada, enfim, a algo que denota sentido negativo, não é verdade? Pois bem, em se tratando da pesquisa científica, o “problema” precisa ser concebido como algo que irá auxiliar o pesquisador a ter uma visão mais ampla daquilo que se dispõe a descobrir, a investigar, podendo, por meio dos “frutos” colhidos, até obter maior visibilidade junto ao mundo acadêmico. Dessa forma, essa tarefa jamais poderá ser encarada como um fardo, mas sim como uma oportunidade de crescimento. Para que possamos dar sequência à discussão que ora se evidencia, familiarizarnos-emos com o que assevera Gil (2006, p. 49-50): “ [...]na acepção científica, problema é qualquer questão não resolvida e que é objeto de discussão, em qualquer domínio do conhecimento[...]” Pode-se dizer que um problema é testável cientificamente quando envolve variáveis que podem ser observadas ou manipuladas. As proposições que se seguem podem ser tidas como testáveis: Em que medida a escolaridade determina a preferência político-partidária? A desnutrição determina o rebaixamento intelectual? Técnicas de dinâmica de grupo facilitam a interação entre os estudantes? Todos estes problemas envolvem variáveis suscetíveis de observação ou de manipulação. É perfeitamente possível, por exemplo, verificar a preferência político-partidária de determinado grupo, bem como o seu nível de escolaridade, para depois determinar em que medida essas variáveis estão relacionadas. O ponto central de nossa conversa é abordado acima, sobretudo quando o autor afirma que “na acepção científica, problema é qualquer questão não resolvida e que é objeto de discussão”. Ora, para ser objeto de discussão, faz-se necessário que alguém se proponha a discuti-lo, ou seja, antes de tudo o pesquisador deve nortear seu trabalho por meio de uma temática precisamente definida. Por exemplo, suponhamos que a temática se defina pela análise do déficit de aprendizagem dos estudantes de uma determinada escola, ou pela rotatividade de funcionários de uma dada empresa. Metodologia da Pesquisa Científica

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Eis que os temas em questão (apenas como exemplos, pois há uma infinidade de tantos outros) representam o ponto-chave para a formulação do problema que se almeja investigar. Dessa forma, como todo problema deve partir sempre de um questionamento, observe alguns exemplos: - Quais fatores estão envolvidos no déficit de aprendizagem dos estudantes da turma “x” ou “y” da escola tal? Ou - Quais motivos influenciam no alto índice de rotatividade de funcionários da empresa “x”? A partir daí, as hipóteses irão surgir, as quais darão a você maior impulso para seguir adiante rumo às descobertas daquilo que pretende buscar. Quando se afirma que o “problema” partirá de uma interrogação, torna-se relevante mencionar que essa pergunta deve obedecer a alguns princípios básicos, tais como: clareza naquilo que se deseja pesquisar e precisão no sentido de identificar quais elementos e instrumentos deverão ser utilizados no decorrer de todo o trabalho. Em meio a esse ínterim, encontram-se como fatores participativos o processo de coleta, o estudo e a análise dos dados coletados, lembrando que os resultados obtidos são frutos de uma investigação científica, isenta, portanto, de quaisquer juízos e julgamentos de valor por parte de quem se propõe a tal investigação. Importante também é salientar a questão de que dificuldades serão encontradas no decorrer de todo esse percurso, até mesmo no momento de formular o problema, mas uma boa dose de dedicação, seriedade e comprometimento, familiaridade com uma boa literatura que retrate o caso em questão e a orientação de um bom professor, no sentido de nortear o trabalho, trarão a você, pesquisador, grandes chances de obter êxito na sua pesquisa.

Publicado por: Vânia Maria do Nascimento Duarte

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CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA Muitos e-mails são enviados pelos estudantes, querem saber como se faz uma boa introdução de seu TCC, uma vez que após inúmeras tentativas, o texto elaborado foi rejeitado pelo professor orientador. Enfim, o que falta em nossa introdução para que esta seja, pelo menos, mais aceita pelos professores e pela instituição de ensino? Uma introdução, como o próprio nome já diz, tem a função de introduzir o leitor ao tema, isto é, a partir dela temos uma visão total do trabalho de forma sucinta e objetiva. Uma boa introdução tem de 10 a 14 parágrafos. E deve conter todos os elementos do projeto de pesquisa como: tema, pergunta problema, hipótese, enfim.

Analisemos a estrutura de uma introdução: 1º e 2º Parágrafos: Devem conter o tema e se fazer uma contextualização de tudo que será abordado no trabalho. 3º Parágrafo: Aqui você expõe o problema de pesquisa (pergunta problema) de seu TCC. 4º Parágrafo: Aqui você coloca as hipóteses, isto é, as “respostas” do problema de pesquisa as quais seu trabalho tentará provar. 5º Parágrafo: Aqui são apresentados os objetivos do trabalho. Tanto o geral, quanto os específicos. 6º Parágrafo: Apresentam-se as justificativas do trabalho. Mas o que é isso? A justificativa do trabalho é a importância do mesmo. Aqui apresentamos o porquê do trabalho ser importante? Qual a importância do trabalho para a sociedade, comunidade científica, pessoal etc? 7º Parágrafo: Apresenta qual a metodologia adotada pelo trabalho. Pesquisa bibliográfica ou de campo? Depois de especificar qual tipo de pesquisa, lembre-se de especificar os procedimentos. Se for pesquisa de bibliografia, o que se fará? Resposta: resumo e fichamento dos livros lidos etc. A mesma coisa com qualquer tipo de pesquisa. Também é oportuno, neste parágrafo, apresentar os principais autores que embasarão a pesquisa. Lembre-se que estes parágrafos podem se estender para mais de um.

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8º Parágrafo: Apresenta-se a estrutura dos capítulos do trabalho. Em quantos capítulos o trabalho está dividido? Sobre o que trata cada capítulo? Observações: A introdução ao mesmo tempo que é uma das primeiras tarefas a ser feita, também é uma das últimas; ou seja, começa-se a elaborá-la no começo do trabalho e termina-se no final, com tudo pronto. Isto acontece porque é muito difícil prevermos todos os autores que serão citados no decorrer das linhas de investigação e elaboração do trabalho. Assim também, considera-se que alguma particularidade do trabalho pode ser adaptada e melhorada durante a elaboração do mesmo. Todos os parágrafos podem ser estendidos para mais de um. Algumas instituições de ensino não exigem todos estes tópicos, como o problema de pesquisa, por exemplo. Neste caso, apenas desconsidere o parágrafo específico. Lembre-se que a introdução toda é texto corrido, não podendo ter títulos. Objetivos: Tente sempre começar o parágrafo de cada tópico como nos exemplos abaixo: - O objetivo geral da pesquisa é; - A principal finalidade deste trabalho é;

Justificativa: - A importância deste trabalho se reflete em; - A relevância do trabalho pode ser considerada de irrefutável indispensabilidade, pois; Metodologia: - Metodologicamente, este trabalho adotou o tipo de pesquisa... Tema / Delimitação: - O trabalho ostenta o seguinte tema; - O tema deste trabalho é; 93 Metodologia da Pesquisa Científica

Pergunta / Problema de Pesquisa:

- O trabalho parte do seguinte problema de pesquisa; - O trabalho visa a responder a seguinte pergunta.

Como montar uma justificativa de TCC com apenas 4 perguntas? Pode-se afirmar que, em razão de não haver uma regra para a elaboração da Justificativa do TCC esta se torna uma das partes mais complexas de se orientar, uma vez que cada tutor apresenta um método diferente. Porém, é necessário exaltar o tema e dar a devida importância ao projeto. Foi criada recentemente, uma fórmula, que pode auxiliar os estudantes nesta fase de seu trabalho. Lendo o artigo “Como fazer um TCC: 4 regras valiosas que todos desconsideram“, será possível entender a fundo cada item desse. Por que este tema? Nesse contexto, deve ficar claro o que será abordado na monografia. Em outras palavras, deve ser colocada uma definição explicita especificando com detalhes qual a área o produto vai abranger. Sob essa ótica, ganha particular pertinência o motivo pelo qual foi escolhido este tema. Este por sua vez, deve ter utilidade para o pesquisador, o pesquisado e a sociedade propriamente dita, fazendo com que não fique restrito somente ao ambiente acadêmico (KAHLMEYER-MERTENS et all, 2007). Com isso, será importante que fique bem claro na Justificativa do TCC, o que cada uma das três partes irá ganhar depois que estiver finalizado. O pesquisador (o autor do trabalho) deve tendê-lo para além dos muros de sua escola, o pesquisado (a instituição estudada ou onde o estudo foi realizado) e a sociedade (que benefício ou vantagem a humanidade pode ter em relação ao seu trabalho).

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O que quer alcançar? Devemos pensar como uma criança e nos questionar sobre o que falaremos. Quando alguém começa a defender algo, logo vem a mente a imagem do que esta pessoa está falando. Porém, o que ela explica pode não ser o mesmo que o público entende. Diante disso, será inevitável que num primeiro momento seja deixado, sem sombra de dúvidas o que a pesquisa está buscando. Qual a finalidade que ela tem para o mundo (SANTOS; MOLINA; DIAS, 2007). Segundo Marconi e Lakatos (2000) na Justificativa do TCC, deve-se deixar claro o qual o intuito do mesmo. Deixando claro o que o estudante realmente irá fazer no desenlace do projeto. Ao fazer isso, deverá ficar claro qual é o objetivo da obra. O que quer alcançar e o que fará para alcançar o resultado desejado.

Justificativa de TCC – A quem se destina? Acertar o alvo na hora de justificar-se é mesmo um ato difícil, uma das estratégias mais seguras é saber exatamente para quem destina essa pesquisa, uma vez que ela deve ter valor para esse grupo que escolheu. Ao fazer uma análise da sociedade, é possível verificar que a psicologia é utilizada desde o início do século XX para a confecção de propagandas. A partir desse ponto, é possível notar que pessoas com determinadas características e necessidades compravam mais um determinado produto. Em uma Justificativa de TCC, também é de fundamental relevância apresentar a definição do público alvo. No caso de existirem dois ou mais, deve-se colocar a importância do primeiro em relação aos demais (BARBAN; CRISTOL; KOPEC, 2001). Ao esclarecer a quem se destina o seu projeto, ajudará num futuro próximo, a chegar até a pessoa correta. Pode passar por adaptações diversas vezes, mas sempre deverá focar em um determinado tipo de pessoas com características ou necessidades específicas (BRITO, 2011).

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Sustentação É notável que todo o conhecimento que se é adquirido vem de algum lugar, seja ele: livro, site, enciclopédia, revista, jornal etc. Por esse motivo, é aconselhável possuir uma fonte confiável para se ter uma base forte e a Justificativa do TCC ser válida. Você concordará comigo, quando digo que o lado mais forte sempre vence. Por isso, vai aqui uma dica para você, certo? Fique atento as críticas que a banca poderá interferir, é conveniente que você esteja muito bem embasado. É recomendável que o autor prefira livros ou documentos impressos ao invés de documentos digitais, pois exercem um papel muito importante no meio acadêmicocientífico, por sistematizam a informação acumulada, dispersa e divulgada. Em geral são originados com estudos de caráter histórico, conceituais, que forneçam o “estado da arte” de um tema (ANDRADE, 2010).

A fórmula mágica Uma mente brilhante sempre produz muito mais que resultados, eles vão além, produzindo método ou fórmulas para facilitar seu cálculo sobre algo maior, essas fórmulas devem ser usadas para que possamos ganhar tempo na hora de realizar o trabalho. Em resumo, siga a fórmula que uma boa Justificativa de TCC deve responder claramente a quatro simples questões: o que vai ser feito, por que será feito, a quem se destina e qual a base será utilizada para a sustentação e validação das ideias propostas. Estas por sua vez, podem ser aplicas a seguinte fórmula: por que + o que + quem + base. Esta fórmula é demonstrada seguir com o tema Mudança de Marca, feita por Douglas Tybel no livro TCC, uma escrita em blocos e em seu canal no YouTube, Guia da Monografia: 1. Por que: para compreender que este processo é árduo e pode não ser bem sucedido; 2. O que: apresenta conceitos, definições e ferramentas necessárias às decisões dessa mudança; 3. Quem: para quem pretende mudar a marca; 4. Base: nos princípios do Marketing Moderno voltados às estratégias ligadas diretamente a Gestão de Branding.

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RECAPITULANDO De um modo geral, uma Justificativa de TCC segundo Douglas Tybel, desenvolvido no Monografis Orientador de TCC, apresenta quatro partes fundamentais: 1. Por que (motivo pelo qual este tema foi escolhido), 2. O que (qual a função do projeto), 3. Quem (público alvo da obra), 4. E base (fonte de informações onde seu trabalho está baseado). Respondendo a todos estes questionamentos, a escolha do tema será completamente esclarecida. Fonte: http://seuguiaperfeito.com.br/como-montar-uma-justificativa-de-tcc/. Acesso: 22 nov. 2016

RELEVÂNCIA Justificativas: a relevância do projeto Instituições de ensino, pesquisa e fomento exigem que os projetos a ela submetidos contenham uma breve exposição sobre a relevância da proposta. Isto porque a pesquisa científica é um empreendimento social, exigindo-se dela uma contribuição não só para a área de conhecimento na qual o projeto se insere, mas também para a sociedade de um modo mais amplo. Desta forma, ao elaborar o projeto, precisamos elencar as razões pelas quais nossa pesquisa deve ser apoiada institucionalmente. Tais razões constituem o que chamamos, no projeto, de justificativas. São dois os tipos ou critérios de justificativas em um projeto de pesquisa: a relevância social e a relevância científica. Todo projeto é relevante socialmente quando contribui, de alguma forma, para melhoria da sociedade, para compreensão do mundo em que vivemos ou ainda para desenvolvimento e emancipação do homem. Mesmo um projeto de tema absolutamente técnico deve trazer uma contribuição para a sociedade. De modo mais específico, espera-se que todo projeto de pesquisa traga uma contribuição acadêmica e científica para a sua área de conhecimento. 97 Metodologia da Pesquisa Científica

Tal contribuição é assegurada pela utilidade do trabalho aos demais, pela contribuição cumulativa (ou seja, pelo que este acrescenta ao conjunto do conhecimento científico do tema), pelo ineditismo do tema ou da abordagem e pela contribuição à superação de lacunas no conhecimento. Observe-se, ainda, que as justificativas são decisivas no processo de análise de um projeto pela instituição ao qual se apresenta. Afinal, um projeto sem relevância não merece nem ser aprovado, quanto mais posto em prática. Objetivos Gerais e Específicos Os objetivos constituem a finalidade de um trabalho científico, ou seja, a meta que se pretende atingir com a elaboração da pesquisa. São eles que indicam o que um pesquisador realmente deseja fazer. Sua definição clara ajuda em muito na tomada de decisões quanto aos aspectos metodológicos da pesquisa, afinal, temos que saber o que queremos fazer, para depois resolvermos como proceder para chegar aos resultados pretendidos. Podemos distinguir dois tipos de objetivos em um trabalho científico: os objetivos gerais e os objetivos específicos. Como o próprio nome diz, os objetivos gerais são aqueles mais amplos. São as metas de longo alcance, as contribuições que se desejam oferecer com a execução da pesquisa. Em geral, o primeiro e maior objetivo do pesquisador é o de obter uma resposta satisfatória ao seu problema de pesquisa. No entanto, para se cumprir os objetivos gerais é preciso delimitar metas mais específicas dentro do trabalho. São elas que, somadas, conduzirão ao desfecho do objetivo geral. Por exemplo, se o objetivo geral de um projeto é o de contribuir para o estudo de uma dada realidade social, os objetivos específicos deverão estar orientados para esta meta: descrever a realidade; compará-la com outras situações similares; sistematizar os pontos determinantes para sua ocorrência. Cumpridos estes objetivos parciais, certamente o pesquisador conseguirá atingir seu objetivo mais amplo. Observe-se que a formulação dos objetivos - seja dos gerais, seja dos específicos - se faz mediante o emprego de verbos no infinitivo: contribuir, analisar, descrever, investigar, comparar etc.

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Cumpre ainda dizer que os objetivos têm função norteadora no momento da leitura e avaliação do TCC ou da tese. Isto porque, um trabalho acadêmico é julgado, em grande parte, pela capacidade de cumprir os objetivos que se propõem em suas páginas iniciais. Então, o alerta é: cuidado na hora de estabelecer os objetivos. Além de claros, estes têm que ser exequíveis.

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6 TRAJETÓRIA METODOLÓGICA CONHECIMENTOS Conhecer tipos de pesquisas, normas técnicas de metodologia e construção de um projeto de pesquisa; bem como referenciais básicos para a escrita de um projeto de pesquisa.

HABILIDADES Identificar as partes de um projeto de pesquisa e aplicar os critérios básicos para uma boa redação.

ATITUDE Elaborar um projeto de pesquisa de acordo com as normas da ABNT.

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TIPOS DE PESQUISA CIENTÍFICA Uma pesquisa só existe através do levantamento de dúvidas referentes a algum tema, e as suas respostas buscam meios que levam o pesquisador a algum lugar com o seu trabalho científico. Todas as grandes invenções e acontecimentos do homem foram concluídos sempre pelo pressuposto de uma pergunta, de uma dúvida inerente que gerou análises para se chegar a uma solução. A metodologia se refere ao caminho escolhido para se chegar ao fim proposto pela pesquisa. É a escolha que o pesquisador realizou para abordar o objeto de estudo. Para todos os tipos de pesquisa é importante conhecer seus dois tipos, sendo elas a pesquisa qualitativa e a pesquisa quantitativa, que independentemente do tema e a área escolhida pelo pesquisador, possuirá uma das características presentes além do tipo de pesquisa que será apresentada na sequência. Confira abaixo a definição de pesquisa quantitativa e qualitativa: Metodologia de Pesquisa Qualitativa: Não se preocupa com relação aos números, mas sim com relação ao aprofundamento e de como ela será compreendida pelas pessoas. Os pesquisadores que utilizam este método procuram explicar o porquê das coisas, explorando o que necessita ser feito sem identificar os valores que se reprimem a prova de dados, porque os dados analisados por este método não estão baseados em números. Metodologia de Pesquisa Quantitativa: Diferente da pesquisa qualitativa, este método busca por resultados que possam ser quantificados, pelo meio da coleta de dados sem instrumentos formais e estruturados de uma maneira mais organizada e intuitiva. Confira agora alguns tipos de pesquisa, que podem ser tanto qualitativas como quantitativas: Pesquisa Acadêmica: Esta é realizada na academia, ou seja, em uma instituição de ensino superior sempre sendo conduzida por pesquisadores que geralmente são os professores universitários ou pesquisadores independentes. Este

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tipo de pesquisa visa o conhecimento para determinada disciplina que o acadêmico esteja estudando. Pesquisa Exploratória: Esta pesquisa busca constatar algo em um organismo ou em determinado fenômeno de maneira a se familiar com o fenômeno investigado de modo que o próximo passo da pesquisa possa ser melhor compreendido e com maior precisão. Pesquisa Experimental: Esta pesquisa envolve qualquer tipo de experimento que auxilie no desenvolvimento da pesquisa. Pesquisa Laboratorial: Muitas vezes confundida com a pesquisa experimental mesmo que algumas sejam de cunho experimental, porém, muitas vezes as ciências sociais e humanas deixam de lado este tipo de pesquisa por tratar de estudos que envolvem experiências. O que o denomina como laboratorial é o fato de que elas ocorrem em situações controladas. A maioria das pesquisas é realizada em locais fechados (laboratórios) e até mesmo ao ar livre ou em ambientes artificiais. Em todas as pesquisas laboratoriais necessitam de um ambiente possível de ser controlado, estabelecido de forma prévia de acordo com o estudo a ser desenvolvido. Pesquisa empírica: Realizada em qualquer ambiente, se dá por meio de tentativa e erro. A principal finalidade desta pesquisa é testar hipóteses que tratam de relações de causa e efeito. Pesquisa de campo: Este tipo de pesquisa vai muito além da observação dos fatos e fenômenos e faz uma coleta do que ocorre na realidade a ser pesquisada. Depois disso, elas são analisadas e seus dados são interpretados com base em uma fundamentação teórica sólida com o desígnio de elucidar o problema pesquisado. Pesquisa Teórica: Este tipo de pesquisa faz uma análise de determinada teoria, sempre utilizando embasamentos teóricos para explicar a pesquisa que está sendo levantada. Artigos científicos é um exemplo de uma pesquisa teórica. Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação. Técnicas de Pesquisa (Coleta de Informações): A coleta de dados é o ato de pesquisar, juntar documentos e provas, procurar informações sobre um determinado

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tema ou conjunto de temas correlacionados e agrupá-las de forma a facilitar uma posterior análise. A coleta de dados ajuda a analisar ponto a ponto os fatos ou fenômenos que estão ocorrendo em uma organização, sendo o ponto de partida para a elaboração e execução de um trabalho. Para a elaboração de um projeto com tema e delimitações já determinados o próximo passo é a coleta de dados e informações as quais estudaremos a seguir. Utilização de documentos A coleta de dados pode ser através de dados impressos como jornais, revistas, arquivos históricos, livros, diários, dados estatísticos, biografias. Para Gil (1995, p. 158) “as fontes escritas na maioria das vezes são muito ricas e ajudam o pesquisador a não perder tanto tempo na hora da busca de material em campo, sabendo que em algumas circunstâncias só é possível a investigação social através de documentos”. Entrevista As entrevistas são largamente usadas em pesquisa de mercado, de opinião pública. Existem vantagens e desvantagens na coleta de dados através de entrevistas em relação à remessa postal de um questionário, conforme Oppenheim (1993) o uso de entrevistadores é necessário quando há no questionário uma série de perguntas abertas e é fundamental escrever as respostas nas palavras do investigado. Algumas vantagens da entrevista são que possibilitam a obtenção de dados referentes aos diversos aspectos da vida social; é uma técnica muito eficiente para a coleta de dados em profundidade acerca do comportamento humano; os dados obtidos são suscetíveis de classificação e de quantificação. Por outro lado, as desvantagens são: a inadequada compreensão do significado das perguntas; o fornecimento de respostas falsas; a influência da presença do entrevistador; os custos com treinamento de pessoal para a aplicação das entrevistas entre outras. A entrevista é uma das técnicas de coleta de dados mais usada no âmbito das ciências sociais como, por exemplo, os psicólogos, sociólogos, pedagogos entre outros. Alguns autores citam a entrevista como o método fundamental de investigação nos mais diversos campos e pode-se afirmar que parte importante do desenvolvimento das ciências sociais nas últimas décadas foi obtida graças a sua aplicação. Metodologia da Pesquisa Científica

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As entrevistas podem ser classificadas em quatro tipos, a entrevista informal que é a menos estruturada por parecer uma conversação, mas se diferencia por ter o objetivo básico de coletar dados; a entrevista focalizada que é tão livre quanto a anterior, mas tem como enfoque um tema específico; a entrevista por pautas que apresenta um grau de estruturação, pois as pautas têm relação uma com a outra e devem ser guiadas pelo entrevistador para realmente haver as relações entre si e; a entrevista estruturada que como já diz parte de uma continuação de perguntas fixas e que são geralmente em grande número. E por fim, a entrevista, indiferentemente do tipo, devem ser encerradas da forma mais cordial possível, pois o entrevistado não ganha nada pela entrevista e em algumas situações há a necessidade de mais de uma entrevista por isso a necessidade de se tratar bem o interrogado. Questionários É o método mais usado em pesquisa qualitativa, principalmente em pesquisas de grande escala, como as que se propõem levantar a opinião política da população ou a preferência do consumidor. Como toda técnica, os questionários têm suas vantagens e suas limitações, atingem um grande número de indivíduos mesmo que em regiões afastadas uma das outras, gasto zero com pessoal qualificado para aplicar o questionário porque não é necessário o treinamento dos pesquisadores, permitem que as pessoas respondam ao questionário na hora que determinarem oportuna, garantir o anonimato das respostas, são algumas das vantagens de se fazer um questionário para a obtenção de dados. Por outro lado, os questionários não permitem que as pessoas que não saibam ler e escrever respondam as questões causando assim, algumas deformações nos resultados da pesquisa, impedem também que o informante tire dúvidas de entendimento nas questões pelo fato do pesquisador não estar presente, os questionários possuem um número relativamente baixo de questões, pois é sabido que os questionários com número extenso de perguntas são cansativos e muitas vezes não são respondidos totalmente. Após o questionário ter sido redigido e antes de ser aplicado definitivamente no público, ele deverá passar por um pré-teste para assegurar que esteja bem elaborado, sobretudo sobre a sua clareza e precisão de termos, forma de questões, desmembramento das questões, ordem e introdução do questionário.

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Formulários Para Vergara (2000, p. 55), “os formulários são um meio-termo entre entrevista e questionário, mas, como no questionário o formulário também é apresentado por escrito, é o pesquisador que assinala as respostas dadas oralmente pelo respondente”. Observação A observação é o instrumento básico de coleta de dados em todas as ciências, sendo importante para a construção de qualquer conhecimento. As modalidades de observação que são empregadas na investigação científica são a observação assistemática, a observação sistemática, a participante, a nãoparticipante, a individual, em equipe, na vida real e em laboratório, que variam de acordo com as circunstâncias. A observação pode ser realizada na vida real, no próprio local onde o evento ocorre, em um ambiente normal e cotidiano, registrando-se os dados à medida que forem ocorrendo, ou em laboratório, que requer condições especiais, geralmente exige organização cuidadosa e controlada, o uso de equipamentos adequados possibilita observações mais rigorosas. A observação assistemática ou não estruturada, denominada também como espontânea, informal, simples, ocasional e acidental pelo fato do conhecimento ser obtido através de uma experiência casual, sem que se tenha determinado de antemão quais os aspectos relevantes a serem observados e que meios utilizar para observá-los. A observação sistemática designada também como estruturada, planejada e controlada, o observador sabe o que procura e o que necessita de importância em determinada situação. Para Marconi e Lakatos; Thums (2003), neste tipo de observação há um planejamento de ações, sendo uma observação direcionada, ao inverso da assistemática. Quadros, anotações, escalas e dispositivos mecânicos são alguns dos instrumentos que podem ser utilizados nessa observação. A observação participante consiste na participação real e ativa do pesquisador como membro do grupo, trabalha junto como grupo e participa das atividades normais deste. Já na não participante, o pesquisador toma contato com a comunidade, grupo ou realidade estudada, mas sem integrar-se a ela, permanecendo fora, presencia o fato, mas não participa dele.

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A observação individual é a modalidade que requer a presença de apenas um pesquisador, a observação em equipe possibilita que o grupo observe a ocorrência por vários ângulos e surge a oportunidade de confrontar os dados coletados. A observação pode ser realizada na vida real, no próprio local onde o evento ocorre, em um ambiente normal e cotidiano, registrando-se os dados a medida que forem ocorrendo, ou em laboratório, que requer condições especiais, geralmente exige organização cuidadosa e controlada, o uso de equipamentos adequados possibilita observações mais rigorosas. Sociometria Conforme Lakatos e Marconi (2002, p.126), “a sociometria é uma técnica quantitativa que procura explicar relações pessoais entre indivíduos de um mesmo grupo”. Revela a estrutura interna dos grupos, indicando as posições de cada indivíduo em relação aos demais. Permite analisar os grupos, identificar seus líderes, os subgrupos e os desajustados, tem sido utilizada nos mais diversos campos de estudos. Histórias de Vida Lakatos e Marconi (2002, p.135), definem história de vida como “as experiências de alguém, suas vivências, que tenham significado importante para o conhecimento do objeto em estudo”. A técnica permite estudar o impacto da interação social sobre as crenças e decisões dos indivíduos. Por exemplo, como as pessoas agem nas organizações e como as rotinas diárias influenciam seu trabalho, assim como o efeito das decisões ao longo do tempo. Testes Testes são muito usados nas organizações, especialmente no processo de seleção e na área de desenvolvimento gerencial, quando se deseja medir o potencial dos indivíduos. Os testes possuem alguns requisitos como a sua validade, a sua precisão e sua padronização. São apresentados de várias formas como, por exemplo, verbais, de lápis e papel, visuais e podem ser feitos individualmente ou coletivamente. 107 Metodologia da Pesquisa Científica

Escalas Sociais As escalas sociais são criadas para medir a intensidade das opiniões e atitudes da maneira mais objetiva possível. Criar uma escala social é algo muito trabalhoso que requer muito esforço e disciplina para se seguir os passos corretamente, pois elas podem acarretar alguns problemas tais como: fidedignidade, validade, ponderação dos itens, natureza dos itens, igualdade das unidades, definição de um contínuo entre outras. As escalas mais usadas são as escalas de ordenação, de graduação, de distância social. Amostragem A amostragem se fundamenta em leis estatísticas que lhe conferem fundamentação científica. Conforme o pensamento de Gil (1995, p. 93): Na pesquisa social são utilizados diversos tipos de amostragem, que podem ser classificados em dois grandes grupos: amostragem probabilística e não probabilística. Os tipos do primeiro grupo são rigorosamente científicos e os do segundo grupo não apresentam fundamentação matemática ou estatística, dependendo unicamente de critérios do pesquisador (GIL, 1995, p. 93).

A Coleta de dados é de suma importância nas ciências, fundamental para qualquer trabalho, em qualquer fase de sua execução, sendo um importante instrumento para a construção de qualquer conhecimento. Sem a coleta de dados, o estudo da realidade e de suas leis seria reduzido a simples conjectura e adivinhação. Ela também possibilita meios diretos para estudar uma ampla variedade de fenômenos e permite a análise sobre um conjunto de atitudes comportamentais. Fonte: http://darleisimioni.blogspot.com.br/2010/09/metodos-de-coleta-dedados.html. Acesso: 22 nov. 2016 BUSCA EM BANCO DE DADOS Quando iniciamos um trabalho acadêmico, sempre recebemos a indicação de pesquisarmos nas Bases de Dados. Contudo, ao longo de nossa formação universitária, pouco nos explicam sobre o que são Bases de Dados. Procuraremos esclarecer, de forma clara e prática, o uso dessa importante ferramenta de recuperação de informação. Metodologia da Pesquisa Científica

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O que são as Bases de Dados? A melhor forma de explicar o que são as Bases de Dados de artigos científicos é voltar no tempo e imaginar como era feita a pesquisa nas décadas de 1960 e 1970 (sem a ampla utilização da Internet). Para o pesquisador daquela época, a pesquisa bibliográfica consistia em ir a uma biblioteca, pegar a relação de revistas de uma determinada área e folhear página por página, volume por volume e título por título do acervo de revistas. A partir da década de 1990, com o avanço da informatização, as bases passaram a ser dispostas em CD-Rom e posteriormente na Internet. Surgiram, então, as primeiras revistas com conteúdo disponível na web, o que representou um avanço considerável na área da pesquisa científica, gerando economia de tempo. Se há anos, se levava horas para encontrar um artigo, atualmente é possível localizar, em poucos minutos, os artigos do assunto de interesse usando um buscador no site da revista. Quanto às revistas impressas importadas, ocorria uma demora de até seis meses para que a publicação chegasse no Brasil. Nos dias de hoje, através do uso da Internet, esse atraso foi eliminado. Contudo, a quantidade de publicações científicas aumentou consideravelmente nos últimos 20 anos. Se anteriormente o problema era o baixo número de publicações disponíveis, agora o problema é o contrário. Há um número infindável de publicações acadêmicas e, a cada dia, novas publicações são colocadas à disposição de todos. Atualmente, é um desafio conseguir acessar todas as informações publicadas. E como pesquisar em todas essas revistas? Acessando site por site? Periódicos na área da Medicina, indicados pelo Sistema de Bibliotecas da Universidade Caxias do Sul - UCS. Antes de responder, cabe aqui uma informação: você sabia que só na área das Ciências Humanas o Sistema de Bibliotecas da UCS possui mais de 2.300 títulos, totalizando mais de 80.000 volumes? São muitos títulos e volumes para pesquisar. É nesse ponto que surgem as Bases de Dados de Artigos Científicos.

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As Bases de Dados foram criadas com o propósito de disponibilizar, em um único site, centenas de revistas científicas, evitando o desperdício de tempo por parte do pesquisador. De maneira simplificada, podemos dizer que as Bases de Dados são um local onde encontramos centenas de revistas científicas e os seus respectivos artigos, sem a necessidade de ficarmos navegando por diversos sites. É importante lembrar que todas as publicações disponíveis em Bases de Dados estão respaldadas por qualidade e originalidade, devido aos criteriosos processos de seleção. E o que diferencia uma base de dados para outra? Existem bases que oferecem o texto completo dos artigos e há Bases de Dados referenciais, ou seja, que indicam somente a existência do artigo, o seu resumo e em qual revista encontra-se este material.

Eu posso pesquisar os artigos dessas revistas no Google?

Em uma pesquisa no Google, dificilmente o usuário encontrará o texto completo. As Bases de Dados assinadas pela UCS não disponibilizam seu conteúdo gratuitamente na Internet.

Para ter acesso aos artigos na íntegra, é preciso consultar a Bases de Dados. E por que não? Por uma questão comercial. As revistas científicas cobram um determinado valor das Bases de Dados para permitir a disponibilização do seu conteúdo no site. Este valor é cobrado da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES ou da UCS no momento da assinatura com a base de dados. Tão logo, as Bases de Dados não permitem que o buscador do Google recupere os artigos contidos em seu site. Portal da Capes é uma base de dados? Sim, mas um nível acima. O Portal da Capes é o que chamamos de metabuscador e surgiu com o intuito de disponibilizar em um único site, no mesmo buscador, várias Bases de Dados.

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No Portal da Capes, você estará pesquisando em 10 diferentes Bases de Dados, ou seja, se cada base de dados disponibiliza 1.000.000 (um milhão) de artigos, multiplique isso por 10 e terás uma dimensão do seu universo de pesquisa. Outro portal que faz serviço semelhante ao Portal da Capes é a base de dados bibliográfica (Scopus), também disponibilizada pela UCS. Fonte: https://bibliotecaucs.wordpress.com/2011/10/27/voce-sabe-o-quesão-as-bases-de-dados-científicas/. Acesso: 22 nov. 2016 DESCRITORES/PALAVRAS-CHAVE As palavras-chave são utilizadas por pesquisadores e estudiosos para identificar, nos meios eletrônicos, obras e autores que discorrem sobre determinado assunto. Este artigo está sendo publicado em atenção às dúvidas de Pedagogia Sumaré, sobre “conceito-chave”. De certa forma, palavras-chave e descritores têm a mesma finalidade quando se trata da elaboração de textos acadêmico-científicos. Entretanto, utiliza-se a expressão “palavras-chave” para as diversas áreas de ensino e especialização, enquanto que o termo “descritores” é específico para estudantes e profissionais das Ciências da Saúde. Palavras-Chave são aquelas inseridas nas bases de dados relacionadas a um tema específico, através das quais, o estudante/pesquisador poderá localizar nos meios virtuais, autores que já pesquisaram e escreveram sobre o mesmo tema, ou correlatos. Já os Descritores, ou DeCS, consistem em “um vocabulário estruturado, trilingüe (português, espanhol e inglês), baseado em coleções de termos, organizados para facilitar o acesso à informação. Os vocabulários são usados como uma espécie de filtro entre a linguagem utilizada pelo autor e a terminologia da área” (PELLIZZON, 2004, p.153). O uso de palavras-chave ou descritores nos meios virtuais permitem a localização de uma infinidade de material bibliográfico, em sua grande maioria, de alta qualidade e confiabilidade, devido à indexação de palavras cuidadosamente inseridas e vinculadas aos diferentes assuntos de interesse de pesquisadores e internautas, em geral.

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É por esse motivo que a escolha das palavras a serem utilizadas quando são realizadas as buscas eletrônicas devem ser meticulosas. Fonte: http://www.abntouvancouver.com.br/2015/11/o-que-sao-palavraschave-ou-descritores.html. Acesso: Em 09 nov. 2016 Importância do uso correto dos descritores nos artigos científicos Um item importante que os autores devem atentar na submissão de um trabalho para publicação é a definição dos descritores ou palavras-chave. Tais termos são de grande valor para a indexação, pois muitos pesquisadores da área de saúde, apenas para delimitar um campo da ciência, os utilizam na busca de informações para pesquisar sobre doenças, técnicas cirúrgicas ou mesmo escrever um trabalho. Caso eles não estejam de acordo com a nomenclatura das bases de dados, o artigo corre o risco de não ser encontrado e, portanto, nem citado. Assim, a informação fica perdida. Isso traz um prejuízo grande, visto que quanto maior o número de citações, mais valorizada é a revista e, por consequência, aqueles que têm seus artigos nas suas páginas. É o que chamamos de “fator de impacto”, que á a relação entre o número de vezes que os artigos de uma revista são citados e o número total de artigos publicados a cada ano. Assim, quanto maior é o fator de impacto, maior é a importância da revista junto aos seus pares, às agências de fomento à pesquisa e aos órgãos governamentais como a CAPES. O autor também perde, pois um maior número de citações agrega reconhecimento do valor da pesquisa relatada e de seus resultados. Este artigo tem justamente o objetivo de chamar a atenção dos cirurgiões cardiovasculares que enviam seus trabalhos não apenas para a RBCCV, mas também para publicações do Exterior, para importância dos descritores e auxiliá-los a fazer a busca corretamente. Todo o esforço que tem sido feito para que a RBCCV se aprimore constantemente, mantendo um padrão compatível com as melhores revistas do gênero, passa pelo conteúdo e por uma estrita observância de suas normas. As publicações científicas mais importantes costumam especificar, nas normas aos autores, a necessidade da indicação de descritores (ou palavras-chave) e em que base de dados devem ser consultados.

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A Revista Brasileira de Cirurgia Cardiovascular (RBCCV), por exemplo, determina nas Normas para Publicação que o manuscrito deve ter de três a cinco descritores, assim como sua versão em inglês (descriptors). A consulta deve ser feita nos seguintes endereços eletrônicos: http://decs.bvs.br/, com termos em português, espanhol ou inglês, ou www.nlm.nih.gov/mesh, para termos apenas em inglês. Os DeCS (Descritores em Ciências da Saúde) foi criado, em 1986, pela Bireme a partir do MeSH (Medical Subject Headings) - que, por sua vez, surgiu em 1963 e é produzido pela U.S. National Library of Medicine. O site dos DeCS destaca a importância do vocabulário estruturado: Vocabulários estruturados são necessários para descrever, organizar e prover acesso à informação. O uso de um vocabulário estruturado permite ao pesquisador recuperar a informação com o termo exato utilizado para descrever o conteúdo daquele documento científico. Os vocabulários estruturados funcionam também como mapas que guiam os usuários até a informação. Com a expansão da Internet, e o número de potenciais pontos de acesso à informação crescendo exponencialmente, os vocabulários podem ser úteis provendo termos consistentes que permitam ao usuário selecionar a informação que necessita a partir de uma vasta quantidade de dados. Descritor x palavra-chave É importante ressaltar a diferença entre palavra-chave e descritor. A primeira não obedece a nenhuma estrutura, é aleatória e retirada de textos de linguagem livre. Para uma palavra-chave tornar-se um descritor ela tem que passar por um rígido controle de sinônimos, significado e importância na árvore de um determinado assunto. Já os descritores são organizados em estruturas hierárquicas, facilitando a pesquisa e a posterior recuperação do artigo. Por isso, é de fundamental importância que os autores consultem os DeCS e/ou o MeSH e coloquem os termos que melhor reflitam o fulcro do artigo. Mesmo que um autor escreva uma pesquisa sobre determinado tema a respeito do qual haja trabalhos de sua própria autoria já publicados anteriormente, é necessário fazer nova consulta, pois os “bancos de dados” São atualizados periodicamente.

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Só para se ter uma ideia, na sua versão para 2004 os DeCS teve o acréscimo de 664 novos termos, alteração de 109 e exclusão de 20. Além disso, foram acrescentados 3.266 sinônimos, sendo 484 em descritores MeSH e 710 em qualificadores. No total, são 159.958 descritores com sinônimos e definições nos três idiomas. No caso do MeSH, são 22.568 descritores, usados para indexar cerca de 4.600 publicações biomédicas da base do MedLine/PubMed. Com essa grande variedade de descritores à disposição, o autor tem plenas condições de escolher os termos mais adequados para que seu trabalho seja indexado de maneira que possa ser localizado sem dificuldades. Caso haja dúvida sobre quais descritores usar, a ajuda de uma bibliotecária pode ser extremamente útil. Busca Para fazer a busca nos DeCS , o autor deve acessar o site (http://decs.bvs.br/), depois clicar em “Consulta aos DeCS ”. Em seguida, vai aparecer uma tela, na qual há um quadro com o título “Consulta por palavra” com espaço em branco, onde se digita o termo a ser pesquisado. Quando o termo pesquisado for em português, deve-se escolher “Português” no “Idioma dos Descritores”. Quando for em inglês, a opção no idioma também deve ser alterada. No item “Consulta por Índice”, o ideal é escolher “Alfabético”. Ao digitar a palavra, caso ela esteja indexada, irá aparecer o descritor em português, espanhol e inglês, além dos qualificadores. No caso do MeSH (www.nlm.nih.gov.mesh), clica-se “Online searching of MeSH vocabulary”. Em seguida, coloque o termo (em inglês) no espaço em branco abaixo do item “Enter term or the beginning of any root fragments”. Na mesma página, no item Search for these record types, escolha “All of Above”. Clique em “Find Exact Term” e vai aparecer o descriptor. Os qualificadores devem ser procurados no item “Allowable Qualifiers”, no qual aparecem apenas as letras de A a Z. Riscos Infelizmente, a prática de fazer a pesquisa nas bases de dados disponíveis ainda não atingiu o patamar desejado. Muitos autores preferem consultar outros artigos e, às vezes, nem isso.

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O resultado é que caso os revisores (peer-reviewers) ou editores não façam uma checagem rigorosa, há o risco de utilizar termos equivocados com as consequências citadas acima. Trabalho publicado por Oliveira et al. (2003). Avaliou o uso dos DeCS em dois periódicos nacionais entre 1995 e 2000, na área de angiologia e cirurgia vascular, e mostrou que a maioria dos termos empregados (56,3%) não estava de acordo com a listagem dos DeCS 2001 e do MeSH 1994. Os autores chegaram a conclusão de que novos termos devem ser acrescentados aos DeCS para acompanhar o desenvolvimento da especialidade e que as Sociedades Médicas devem incentivar a busca dos termos nos DeCS, além de haver um intercâmbio entre a BIREME e estas sociedades e cursos de pós-graduação na área. O mesmo problema deve ocorrer com as demais áreas. Talvez ainda falte maior conscientização por parte das sociedades responsáveis pela publicação das revistas científicas e uma despreocupação dos autores. Esta conscientização somente virá por meio de um trabalho paciente, junto aos autores, dos revisores e editores das revistas, para esclarecer a necessidade e a importância de se buscar sempre o rigor científico, que deve começar com a definição da pesquisa e apenas terminar com a observância de todas as normas adotadas pelo órgão no qual será publicada. Ao fazerem disso um hábito, os autores e as publicações só terão a ganhar. O PAPEL DOS DESCRITORES NA BUSCA DA MELHOR EVIDÊNCIA CIENTÍFICA DISPONÍVEL A busca pela informação científica disponível na literatura pode se tornar improdutiva ou confusa sem uma compreensão básica de como o conhecimento é organizado ou indexado. Para a tarefa de indexação nas bases de dados, há equipes especializadas formadas por bibliotecários, profissionais da área da saúde, incluindo médicos, que lêem cada artigo e assinalam, em cada um deles, os descritores mais específicos e apropriados. Na definição do tema, a especificidade do assunto e a escolha correta dos descritores são decisivas para uma adequada busca da literatura. Desta forma, evita-se uma quantidade excessiva de artigos que não interessam. A aplicação destes descritores não se resume apenas na busca de artigos que possam embasar a redação de artigos científicos ou possam ser usados na sustentação de opiniões.

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Muito pelo contrário, eles têm uma aplicação muito mais ampla e devem ser incorporados à prática clínica diária. O processo de encontrar resposta apropriada a uma dúvida surgida durante o atendimento ao paciente depende de como estruturamos a pergunta. Alguns grupos têm adotado a metodologia proposta pela Universidade de Oxford, onde toda a pergunta é estruturada com base nos descritores. Esta metodologia pode ser sintetizada pelo acrônimo P.I.C.O. onde o P corresponde ao paciente ou população, I de intervenção, C de comparação ou controle e O de “outcome” ou desfecho clínico. A partir da pergunta estruturada, são identificados os descritores que irão constituir a base de busca da evidência nas diversas bases de dados, descrevendo cada um dos quatro aspectos em questão. Sem uma questão bem estruturada e com a escolha de descritores inadequados, a pesquisa nas bases de dados costuma resultar em ausência de informação ou em quantidade muito grande de informação, muitas vezes não relacionada diretamente ao interesse. Fonte:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sciarttext&pid=S010276382005000100004. Acesso: 09 nov. 2016 Local do Estudo Instituição/local onde será realizada a pesquisa. Deverá constar a descrição detalhada do local de pesquisa incluindo aspectos relevantes da cidade e da instituição/setor onde será desenvolvida a pesquisa. Participantes/Fonte de Coleta das Informações/Período da Coleta O planejamento é primordial para o desenvolvimento da pesquisa científica. Assim, definidos tema, objeto, problema, tipo e campo de pesquisa, a etapa seguinte é a coleta de dados, que também deve ser planejada. Após a definição do projeto, o desenvolvimento da pesquisa parte da coleta de dados e informações, tecnicamente levantados, analisados e interpretados visando sua correta utilização conforme o objetivo da pesquisa. Esses aspectos irão constituir a base de busca da evidência nas diversas bases de dados, descrevendo cada um dos quatro aspectos em questão. Sem uma questão bem estruturada e com a escolha de descritores inadequados, a pesquisa nas bases de dados costuma resultar em ausência de informação ou em quantidade muito grande de informação, muitas vezes não relacionada diretamente ao interesse.

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Entenda-se por técnica o conjunto de preceitos ou processos utilizados por uma ciência ou arte. No caso de pesquisas de campo, é necessário analisar e interpretar os dados obtidos, mediante técnicas estatísticas para a devida elaboração do relatório de sustentação do trabalho científico. Cabe ainda a técnica o encadeamento lógico do trabalho a ser apresentado, cuja redação deverá ser concisa, clara e objetiva, visando facilitar o entendimento pelo leitor. Definidos as fontes de dados e o tipo de pesquisa, devem-se abordar as técnicas de pesquisas e a coleta de dados. Normalmente, faz-se uma pesquisa bibliográfica prévia, de acordo com a natureza da pesquisa, passando-se em seguida aos detalhes desta, determinando-se as técnicas a serem utilizadas na coleta de dados, a fonte da amostragem, que deverá ser significativa, isto é, representativa e suficiente para apoiar conclusões e as técnicas de registro desses dados e as de análise posterior. Dentre as técnicas de pesquisa e coleta de dados destacamos as seguintes: • observação direta intensiva: Observação, entrevista, história de vida, discussão em grupo. • observação direta extensiva: Questionário, formulário, medidas de opinião e de atitudes, análise de conteúdo, testes, sociometria e pesquisa de mercado. FASES DA PESQUISA Para a elaboração de uma pesquisa científica é imprescindível conhecer os procedimentos e percursos a serem realizados, desde o início até sua finalização e a divulgação dos novos conhecimentos desenvolvidos. Assim, entende-se que uma pesquisa pode ser dividida em quatro grandes fases: 1ª) Antecede a realização da pesquisa, é denominada fase da formulação e do planejamento da pesquisa; 2ª) Momento da realização propriamente dita da pesquisa, com a coleta de dados e busca de informações sobre o tema escolhido, chama-se fase de desenvolvimento e execução da pesquisa; 3ª) Formulação da redação do texto final da pesquisa, é identificada como fase de redação do texto final do estudo;

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4ª) O pesquisador divulga os resultados obtidos com o estudo praticado para a comunidade científica e aos profissionais de sua área de atuação, intitula-se de fase de exposição do trabalho final. Cada uma dessas fases é formada por procedimentos e passos, que devem ser seguidos sistematicamente para o bom andamento da pesquisa. Veja agora quais são eles: 1 Formulação e Planejamento da Pesquisa Essa etapa é composta pela escolha do assunto, levantamento do material bibliográfico, elaboração do problema de investigação e delimitação das questões que determinam os objetos de estudo, com a investigação das produções bibliográficas relacionadas ao assunto estudado e posterior recolhimento dessas fontes de informação. Isso possibilita o primeiro contato com o material bibliográfico e permite a organização e formulação de sínteses de leitura, o que facilita a composição da revisão de literatura a que se propôs, tornando possível verificar a viabilidade e as limitações do estudo, com a indicação de suas variáveis e hipóteses da pesquisa e, consequentemente, a estipulação dos objetivos e a definição do método e dos processos a empregar no trabalho (amostra, instrumentos, procedimentos e técnicas de pesquisa). 1.1 Escolha do assunto ou do tema da pesquisa A escolha do tema é a primeira etapa de um trabalho monográfico. Essa escolha deve levar em consideração alguns pré-requisitos como a capacidade e a formação do pesquisador, as experiências e vivências profissionais, os conhecimentos anteriores, a relevância da pesquisa, ou seja, se o trabalho merece ser investigado cientificamente. Outros fatores de interesse são os recursos materiais, econômicos e pessoais necessários à execução da pesquisa. O pesquisador deve escolher um tema adequado às suas possibilidades, com material bibliográfico suficiente, disponível e atual e também que não seja muito complexo, entendendo que o trabalho depende muito do tempo disponível que o pesquisador tem para realizar a pesquisa. O assunto de pesquisa também deve ser aplicável. Ao pesquisar um tema que não pode ser aplicado em situações reais, o estudo tende a perder em significado, tornando-se árduo e maçante para o pesquisador.

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Há quem acredita que uma monografia deve trazer assuntos que nunca foram pesquisados, algo inédito, complexo e extenso; na verdade, um trabalho monográfico é o primeiro contato do pesquisador com uma pesquisa, sendo considerado mais simples do que se pensa. O aprofundamento do tema de pesquisa enfocando aspectos novos e que não foram pesquisados pode tornar-se objeto de dissertações de mestrado ou teses de doutorado. 1.2 Delimitação do tema de pesquisa: o enfoque específico do estudo Segundo Cervo e Bervian (2004), delimitar o assunto significa selecionar um tópico ou a parte dele que desperta maior interesse por parte do pesquisador, como também da comunidade acadêmica e profissional, indicando assim sobre que ponto de vista o assunto será focalizado. 1.3 Formulação do problema de pesquisa: Após a escolha do tema e delimitado seu campo de atuação, deve-se “transformar” o tema em uma questão básica. Acredita-se que é mais importante para o desenvolvimento da ciência saber formular problemas do que encontrar soluções (BERVIAN, 2004). Durante a pesquisa, é examinado, avaliado e analisado criticamente o que se estipulou e criou, ou seja, a delimitação de um problema sobre o tema estudado. É uma questão, uma dúvida que se apresenta à nossa consideração para ser respondida e solucionada. O problema envolve uma dificuldade teórica ou prática para a qual se procura solução, isto é, o questionamento do assunto, a pergunta de seu trabalho a qual você busca responder. A formulação de perguntas e o levantamento de hipóteses fazem que o pesquisador penetre no conhecimento científico buscando material bibliográfico para o aprimoramento de seu estudo. O pesquisador deve ler o que já foi escrito e publicado sobre o assunto, fazendo com que essa atividade o auxilie no momento de escolha do material para o início de seu trabalho. Deve-se ter o cuidado de respeitar as próprias tendências, referências, aptidões, tempo e recursos materiais e financeiros disponíveis para a escolha da questão básica de estudo. Enfrentar um problema de pesquisa para o qual não se está preparado é fadar-se ao fracasso e à perda irremediável de tempo.

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É preciso não confundir tema com problema. O tema é o assunto geral que é abordado na pesquisa e tem caráter amplo. O problema focaliza o que vai ser investigado dentro do tema da pesquisa. Além disso, é necessário também esclarecer o que é uma problemática e um problema. Uma problemática pode ser considerada como a colocação dos problemas que se pretende resolver dentro de certo campo teórico e prático. Um mesmo tema (ou assunto) pode ser enquadrado em problemáticas diferentes. A título de exemplo, a Industrialização da Cidade de Contagem em Minas Gerais pode ser enquadrada em problemáticas de Economia, Administração, História, Medicina, Meio Ambiente, Educação, Ciências Contábeis, Educação Física, Química e tantas outras. O problema não surge do nada, mas é fruto de leitura e/ou observação do que se deseja pesquisar. Nesse sentido, o estudante deve fazer leituras de obras que tratem do tema no qual está situada à pesquisa, bem como observar – direta ou indiretamente – o fenômeno (fato, sujeitos) que se pretende pesquisar para, posteriormente, formular questões significativas sobre o problema. A formulação mais frequente de um problema na literatura sobre metodologia da pesquisa ocorre, de maneira geral, em forma de uma questão de pesquisa ou interrogação. Por exemplo: - Como melhorar o nível de vida na região industrial de Contagem sob o enfoque ambiental? - Quais as soluções de preservação do meio ambiente, adotadas pelas empresas da região industrial de Contagem? - Quais benefícios e incentivos seriam recomendados para reduzir o turnover (índice de rotatividade) da alta administração das empresas da região industrial de Contagem? PROBLEMA é uma interrogação que o pesquisador faz diante da realidade. Assim, uma vez formulado o problema de pesquisa, o pesquisador tem mais claro os caminhos que deve percorrer, pois já delimitou o ponto de partida e de chegada do seu estudo.

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1.4 Definição dos objetos de estudo O objeto de estudo pode ser caracterizado como um desdobramento da pergunta básica do estudo, ou seja, os itens que serão pesquisados para solucionar o problema de pesquisa. Deve-se extrair os referidos objetos de pesquisa da própria questão central do estudo: com o problema formulado, pode-se verificar o direcionamento da pesquisa por meio dos objetos de estudo levantados a partir do desdobramento da questão delimitada como problema de pesquisa. 1.5 Definição dos objetivos Esse é o momento de definir com precisão o que se pretende com o trabalho. O objetivo do estudo vincula-se diretamente à própria significação da tese proposta pelo pesquisador e à colocação de propósitos que estão diretamente relacionados com o problema de pesquisa. É neste momento que se define o tipo e a natureza do trabalho, os métodos a serem empregados e as obras e documentos a serem estudados. O pesquisador precisa estar atento para verificar se, ao concluir seu trabalho, conseguirá atingir o objetivo indicado. Outro aspecto relevante na definição dos objetivos diz respeito aos resultados que o estudo pode alcançar e não-metas externas, que podem ser atingidas ao se empregarem os pressupostos teóricos ou as práticas pedagógicas e de treinamento que alicerçaram e fundamentaram a revisão de literatura da pesquisa. Uma das características dos objetivos de pesquisa: sua definição por verbos no infinitivo, como diagnosticar, verificar, observar, analisar; examinar; identificar, distinguir, constatar, comprovar, comparar, entre outros. 1.6 Levantamento de material bibliográfico Após a delimitação dos objetos de estudo da pesquisa, o pesquisador iniciará a fase de levantamento dos materiais existentes sobre o tema ou das questões que determinam os objetos de estudo. O levantamento bibliográfico é um apanhado geral sobre os principais documentos e trabalhos realizados a respeito do tema escolhido, abordados anteriormente por outros pesquisadores, para a obtenção de dados para a pesquisa.

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Essa bibliografia deve ser capaz de fornecer informações e contribuir com a pesquisa. O levantamento é realizado de acordo com um dos dois tipos de pesquisa, dependendo do tema escolhido: o método de pesquisa documental e o método de pesquisa bibliográfico. As fontes mais apropriadas e que devem ser consultadas em primeiro lugar são: - revistas científicas; - monografias, dissertações e teses de autores que estudaram assuntos que se aproximem de seu tema de pesquisa; - livros e publicações avulsas; - documentos, arquivos públicos e particulares, fotos, imagens; - revistas, jornais, apostilas, resenhas, artigos etc. O pesquisador deve sempre consultar o ano de publicação dos materiais — aconselha-se que o prazo não seja superior a dez anos de publicação. Por exemplo, se o trabalho está sendo realizado em 2007, deve-se utilizar documentos que foram publicados a partir de 1997, mesmo assim, dependendo do tipo de pesquisa, analisar se esse período não é muito longo . No momento de selecionar e catalogar o material bibliográfico a estudar, não deve ler do início ao fim todos os documentos e obras que cheguem às suas mãos. Quando se encontra um livro ou artigo que pode contribuir com a pesquisa, devese iniciar o processo de localização e busca dos assuntos referentes aos objetos de estudo pelo índice e resumo, se houver, para verificar o que se fala a respeito do tema na obra ou documento consultado e que capítulos versam sobre o tema do estudo. Após essa consulta o pesquisador deverá consultar as páginas de referências bibliográficas para verificar que fontes bibliográficas o autor do documento original consultou, o que permitirá o levantamento de mais fontes de consulta sobre a área temática investigada no estudo, possibilitando a verificação e análise de várias premissas, conceitos e pensamentos sobre os objetos estudados no trabalho. O estudo da literatura ajudará na organização do trabalho e servirá de suporte no momento do direcionamento e planificação da pesquisa, possibilitando que o pesquisador faça um recorte do que será importante ou não nas etapas do trabalho, como também no levantamento da hipótese da pesquisa. Isso permite a definição do método a ser utilizado e, consequentemente, dos procedimentos e instrumentos para a investigação científica.

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1.7 Compilação das obras e trabalhos sobre o tema: Essa é a fase em que o pesquisador procura se apropriar dos textos que abordam o assunto que pretende pesquisar; assim, deve adquirir livros e revistas científicas, fotocopiar teses e dissertações e materiais necessários à pesquisa, como leis, documentos e fotos. 1.8 Fichamento: Nesse momento, após a leitura dos textos relacionados à área temática investigada, o pesquisador deverá elaborar fichas no computador ou mesmo à mão, anotando a síntese dos conceitos e pressupostos sobre o tema abordado, que são apresentados pelos autores estudados. O fichamento é uma forma de investigar que se caracteriza pelo ato de fichar (registrar em fichas) todo o material necessário à compreensão de um texto ou tema. É uma parte importante na organização da pesquisa de documentos, permitindo um fácil acesso aos dados fundamentais para a conclusão do trabalho. O fichamento facilitará a procura do pesquisador, que terá ao seu alcance as informações coletadas nas bibliotecas públicas ou privadas, na Internet, ou mesmo em acervo próprio ou de amigos, evitando que consulte mais de uma vez a respeito de um determinado tema, uma vez que não consegue guardar em sua memória todos os dados aos quais teve acesso. O importante é que eles estejam bem organizados e de acesso fácil para que os dados não se percam. A ficha é composta com cabeçalho, referência bibliográfica, corpo ou texto-conteúdo, indicação da obra (quem deve lê-la) e o local (onde a obra se encontra).

1.9 Levantamento das limitações da pesquisa (somente para pesquisa direta de campo e laboratorial): As limitações de uma pesquisa são possíveis influências que podem ou não ser controladas pelo pesquisador. Essas limitações do estudo devem ser explicadas ao leitor, pois uma informação explícita desse gênero não só fornece um dado importante, como também protege o pesquisador contra críticas óbvias e contra a própria indiscrição.

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Como o investigador domina os dados da pesquisa em qualquer projeto, começase a perceber claramente várias relações que não podem ser comprovadas com os dados que possui. Se, porém, afirma que seus dados se referem somente a um conjunto de dados, mais limitados, indicando que as extrapolações e generalizações são indesejáveis e impossíveis limitando-se a objetivos e análise que as informações coletadas permitem evitar equívocos que comprometem, e às vezes, invalidam toda a pesquisa. Segundo Thomas e Nelson (2002, p. 64), “não existe estudo perfeito”. O pesquisador deverá ter habilidade para contornar algumas situações que ocorrem no decorrer do estudo, fazendo que sua pesquisa se torne o mais autêntico possível. Dois fatores podem ser apontados como meios que favorecem o dimensionamento e o direcionamento da pesquisa: a elaboração ou construção de hipóteses e a indicação das variáveis da pesquisa, explicitados a seguir. 1.9.1 Construção de hipótese(s) A hipótese é uma possível resposta ao problema da pesquisa e orienta a busca de outras informações. A hipótese pode ser definida como uma suposição que antecede a constatação dos fatos. Sua função é proporcionar explicações para certos fatos e, ao mesmo tempo, orientar a busca de outras informações em relação à área temática estudada. A hipótese pode também ser entendida como as relações entre duas ou mais variáveis, e é preciso que pelo menos uma delas já tenha sido fruto de conhecimento científico. Nas hipóteses não se busca estabelecer unicamente uma conexão causal (se A, então B), mas a probabilidade de haver uma relação entre as variáveis estabelecidas (A e B), relação essa que pode ser de dependência, de associação e também de causalidade. Tal como o problema, a formulação de hipóteses prioriza a clareza e a distinção. É preciso não confundir hipótese com pressuposto, com evidência prévia. Hipótese é o que se pretende demonstrar e não o que já se tem demonstrado evidente, desde o ponto de partida. [...] nesses casos não há mais nada a demonstrar, e não se chegará a nenhuma conquista e o conhecimento não avança. (SEVERINO, 2006, p. 161).

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Assim, a elaboração das hipóteses servirá como um guia na tarefa de investigação e auxiliará na compreensão e elaboração dos resultados e conclusões da pesquisa, atingindo altos níveis de interpretação. A pesquisa pode confirmar ou refutar a(s) hipótese(s) levantada(s). HIPÓTESES NÃO são perguntas, mas SIM AFIRMAÇÕES. Alguns autores utilizam a expressão “questões norteadoras” em vez hipóteses.

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1.9.2 Indicação das variáveis da pesquisa (somente para pesquisa direta de campo e laboratorial) E o que são variáveis? São características observáveis do fenômeno a ser estudado e existem em todos os tipos de pesquisa. No entanto, enquanto nas pesquisas quantitativas elas são medidas, nas qualitativas elas são descritas ou explicadas. As variáveis têm características sociais, econômicas, ideológicas, demográficas, estatísticas, matemáticas, mercadológicas etc. De acordo com o pensamento de Lakatos e Marconi (2007, p. 139), “uma variável pode ser considerada como uma classificação ou medida; uma quantidade que varia; um conceito operacional que contém ou apresenta valores; ou ainda, um aspecto, propriedade ou fator, discernível em um objeto de estudo e passível de mensuração.” Conforme os estudos mais aprofundados visto em Lakatos e Marconi (2007, p. 139-155) quando afirmam que: “Todas as variáveis que interferem no objeto que será estudado deverão ser controladas para não comprometer ou invalidar a pesquisa”. Sobre variáveis independentes e dependentes, fixidez (fixas) ou alterabilidade das variáveis, variáveis moderadoras e de controle, variáveis extrínsecas e componentes, variáveis intervenientes e antecedentes. Fonte: http://pt.slideshare.net/costafranklin/pesquisa-cientfica. Acesso: 08 nov. 2016.

Análise das Informações Deve mostrar como será feita a análise, avaliação dos dados, com o que vai comparar, vai usar algum método estatístico? Como vai poder dizer se os resultados são bons ou não, vai comparar os resultados com o quê, com especificações de alguma norma ou com resultados de algum autor, ou com que outro tipo de pesquisa?

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Análise Quantitativa A pesquisa quantitativa é a mais comum no mercado, e prioriza apontar numericamente a frequência e a intensidade dos comportamentos dos indivíduos de um determinado grupo, ou população. Estas medidas são precisas e podem ser úteis para decisões mais acertadas. Os meios de coleta de dados são estruturados, e entre eles estão a entrevista individual e os questionários (on-line, de autopreenchimento, por telefone, presencial, etc.), e muitos outros recursos, sempre com perguntas objetivas e muito claras. Neste caso, as ferramentas estatísticas devem ser aplicadas com rigor para que haja a confiabilidade necessária para, através da amostra, inferirmos resultados sobre a população de interesse. Como exemplo de Pesquisa quantitativa, podemos citar a prática constante em anos eleitorais: a pesquisa de intenção de votos, que busca estimar através da amostra o número total de eleitores que votariam em cada candidato. Fonte: http://www.institutophd.com.br/blog/pesquisa-quantitativa-epesquisa-qualitativa-entenda-a-diferença/. Acesso: 10 nov. 2016 Análise Qualitativa A pesquisa qualitativa está mais relacionada no levantamento de dados sobre as motivações de um grupo, em compreender e interpretar determinados comportamentos, a opinião e as expectativas dos indivíduos de uma população. É exploratória, portanto não tem o intuito de obter números como resultados, mas insights – muitas vezes imprevisíveis – que possam nos indicar o caminho para tomada de decisão correta sobre uma questão-problema. Os recursos mais usados na pesquisa qualitativa são as entrevistas semiestruturadas em profundidade, observação em campo (observar o comportamento do consumidor, por exemplo), entrevistas por telefone, etc. A pesquisa qualitativa é ótima para aprofundar conhecimentos já quantificados ou quando deseja-se criar uma base de conhecimentos para só depois quantificálos.

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Neste tipo de pesquisa, a atuação de um especialista é outra característica fundamental para lapidar o grande volume de informação bruta recebida e interpretar da melhor maneira possível. O tamanho da amostra pode não seguir o rigor estatístico, mas devemos ter na amostra um retrato da população estudada, refletindo suas características. A pesquisa qualitativa é indicada quando há a necessidade, por exemplo, de entender a percepção do cliente quanto a um novo produto, compreender a escolha de voto dos eleitores, analisar o modo de trabalho da concorrência, indicar as melhores ações para uma campanha de marketing, etc. Para ilustrar como é feita uma pesquisa qualitativa, vamos usar um exemplo: uma empresa que trabalha com produtos de limpeza precisa saber como está sua imagem no mercado perante a concorrência. Como não há nenhuma premissa sobre a imagem da empresa na opinião dos usuários, escolhe-se um público alvo e fazse uma série de questões abertas. Neste exemplo, a empresa escolheria diversas pessoas para saber quais são as impressões delas em relação ao produto. Fonte: http://www.institutophd.com.br/blog/pesquisa-quantitativa-epesquisa-qualitativa-entenda-a-diferenca/. Acesso: 10 nov. 2016.

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7 ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA COM SERES HUMANOS CONHECIMENTOS Compreender as normas e aspectos éticos de uma pesquisa científica.

HABILIDADES Reconhecer a ética como elemento imprescindível para a vida profissional e acadêmica.

ATITUDE Aplicar os princípios éticos estudados nos textos acadêmicos.

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RESOLUÇÃO 466/2012 Resolução Nº 466, De 12 de Dezembro de 2012. O Plenário do Conselho Nacional de Saúde em sua 240ª Reunião Ordinária, realizada nos dias 11 e 12 de dezembro de 2012, no uso de suas competências regimentais e atribuições conferidas pela Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, e pela Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990, e Considerando o respeito pela dignidade humana e pela especial proteção devida aos participantes das pesquisas científicas envolvendo seres humanos; Considerando o desenvolvimento e o engajamento ético, que é inerente ao desenvolvimento científico e tecnológico; Considerando o progresso da ciência e da tecnologia, que desvendou outra percepção da vida, dos modos de vida, com reflexos não apenas na concepção e no prolongamento da vida humana, como nos hábitos, na cultura, no comportamento do ser humano, nos meios reais e virtuais disponíveis e que se alteram e inovam em ritmo acelerado e contínuo; Considerando o progresso da ciência e da tecnologia, que deve implicar em benefícios, atuais e potenciais para o ser humano, para a comunidade na qual está inserido e para a sociedade, nacional e universal, possibilitando a promoção do bem-estar e da qualidade de vida e promovendo a defesa e preservação do meio ambiente, para as presentes e futuras gerações; Considerando as questões de ordem ética suscitadas pelo progresso e pelo avanço da ciência e da tecnologia, enraizados em todas as áreas do conhecimento humano; Considerando que todo o progresso e seu avanço devem, sempre, respeitar a dignidade, a liberdade e a autonomia do ser humano; Considerando os documentos que constituem os pilares do reconhecimento e da afirmação da dignidade, da liberdade e da autonomia do ser humano, como o Código de Nuremberg, de 1947, e a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948;

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Considerando os documentos internacionais recentes, reflexo das grandes descobertas científicas e tecnológicas dos séculos XX e XXI, em especial a Declaração de Helsinque, adotada em 1964 e suas versões de 1975, 1983, 1989, 1996 e 2000; o Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, de 1966; o Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos, de 1966; a Declaração Universal sobre o Genoma Humano e os Direitos Humanos, de 1997; a Declaração Internacional sobre os Dados Genéticos Humanos, de 2003; e a Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos, de 2004; Considerando a Constituição Federal da República Federativa do Brasil, cujos objetivos e fundamentos da soberania, da cidadania, da dignidade, da pessoa humana, dos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e do pluralismo político e os objetivos de construir uma sociedade livre, justa e solidária, de garantir o desenvolvimento nacional, de erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais e de promover o bem de todos, sem qualquer tipo de preconceito, ou de discriminação coadunam-se com os documentos internacionais sobre ética, direitos humanos e desenvolvimento; Considerando a legislação brasileira correlata e pertinente; e considerando o disposto na Resolução nº 196/96, do Conselho Nacional de Saúde, do Ministério da Saúde, que impõe revisões periódicas a ela, conforme necessidades nas áreas tecnocientífica e ética. R E S O L V E: Aprovar as seguintes diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos: I – DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES A presente Resolução incorpora, sob a ótica do indivíduo e das coletividades, referenciais da bioética, tais como, autonomia, não maleficência, beneficência, justiça e equidade, dentre outros, e visa a assegurar os direitos e deveres que dizem respeito aos participantes da pesquisa, à comunidade científica e ao Estado. Projetos de pesquisa envolvendo seres humanos deverão atender a esta Resolução.

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II - DOS TERMOS E DEFINIÇÕES A presente Resolução adota as seguintes definições: II.1 - achados da pesquisa - fatos ou informações encontrados pelo pesquisador no decorrer da pesquisa e que sejam considerados de relevância para os participantes ou comunidades participantes; II.2 - assentimento livre e esclarecido - anuência do participante da pesquisa, criança, adolescente ou legalmente incapaz, livre de vícios (simulação, fraude ou erro), dependência, subordinação ou intimidação. Tais participantes devem ser esclarecidos sobre a natureza da pesquisa, seus objetivos, métodos, benefícios previstos, potenciais riscos e o incômodo que esta possa lhes acarretar, na medida de sua compreensão e respeitados em suas singularidades; II.3 - assistência ao participante da pesquisa: II.3.1 - assistência imediata – é aquela emergencial e sem ônus de qualquer espécie ao participante da pesquisa, em situações em que este dela necessite; II.3.2 - assistência integral – é aquela prestada para atender complicações e danos decorrentes, direta ou indiretamente, da pesquisa; II.4 - benefícios da pesquisa - proveito direto ou indireto, imediato ou posterior, auferido pelo participante e/ou sua comunidade em decorrência de sua participação na pesquisa; II.5 - consentimento livre e esclarecido - anuência do participante da pesquisa e/ou de seu representante legal, livre de vícios (simulação, fraude ou erro), dependência, subordinação ou intimidação, após esclarecimento completo e pormenorizado sobre a natureza da pesquisa, seus objetivos, métodos, benefícios previstos, potenciais riscos e o incômodo que esta possa acarretar; II.6 - dano associado ou decorrente da pesquisa - agravo imediato ou posterior, direto ou indireto, ao indivíduo ou à coletividade, decorrente da pesquisa; II.7 - indenização - cobertura material para reparação a dano, causado pela pesquisa ao participante da pesquisa;

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II.8 - instituição proponente de pesquisa - organização, pública ou privada, legitimamente constituída e habilitada, à qual o pesquisador responsável está vinculado; II.9 - instituição coparticipante de pesquisa - organização, pública ou privada, legitimamente constituída e habilitada, na qual alguma das fases ou etapas da pesquisa se desenvolve; II.10 - participante da pesquisa - indivíduo que, de forma esclarecida e voluntária, ou sob o esclarecimento e autorização de seu(s) responsável(eis) legal(is), aceita ser pesquisado. A participação deve se dar de forma gratuita, ressalvadas as pesquisas clínicas de Fase I ou de bioequivalência; II.11 - patrocinador - pessoa física ou jurídica, pública ou privada que apoia a pesquisa, mediante ações de financiamento, infraestrutura, recursos humanos ou apoio institucional; II.12 - pesquisa - processo formal e sistemático que visa à produção, ao avanço do conhecimento e/ou à obtenção de respostas para problemas mediante emprego de método científico; II.13 - pesquisa em reprodução humana - pesquisas que se ocupam com o funcionamento do aparelho reprodutor, procriação e fatores que afetam a saúde reprodutiva de humanos, sendo que nesses estudos serão considerados “participantes da pesquisa” todos os que forem afetados pelos procedimentos dela; II.14 - pesquisa envolvendo seres humanos - pesquisa que, individual ou coletivamente, tenha como participante o ser humano, em sua totalidade ou partes dele, e o envolva de forma direta ou indireta, incluindo o manejo de seus dados, informações ou materiais biológicos; II.15 - pesquisador - membro da equipe de pesquisa, corresponsável pela integridade e bem-estar dos participantes da pesquisa; II.16 - pesquisador responsável - pessoa responsável pela coordenação da pesquisa e corresponsável pela integridade e bem-estar dos participantes da pesquisa;

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II.17 - protocolo de pesquisa - conjunto de documentos contemplando a descrição da pesquisa em seus aspectos fundamentais e as informações relativas ao participante da pesquisa, à qualificação dos pesquisadores e a todas as instâncias responsáveis; II.18 - provimento material prévio - compensação material, exclusivamente para despesas de transporte e alimentação do participante e seus acompanhantes, quando necessário, anterior à participação deste na pesquisa; II.19 - relatório final - é aquele apresentado após o encerramento da pesquisa, totalizando seus resultados; II.20 - relatório parcial - é aquele apresentado durante a pesquisa demonstrando fatos relevantes e resultados parciais de seu desenvolvimento; II.21 - ressarcimento - compensação material, exclusivamente de despesas do participante e seus acompanhantes, quando necessário, tais como: transporte e alimentação; II.22 - risco da pesquisa - possibilidade de danos à dimensão física, psíquica, moral, intelectual, social, cultural ou espiritual do ser humano, em qualquer pesquisa e dela decorrente; II.23 - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE - documento no qual é explicitado o consentimento livre e esclarecido do participante e/ou de seu responsável legal, de forma escrita, devendo conter todas as informações necessárias, em linguagem clara e objetiva, de fácil entendimento, para o mais completo esclarecimento sobre a pesquisa a qual se propõe participar; e II.24 - Termo de Assentimento - documento elaborado em linguagem acessível para os menores ou para os legalmente incapazes, por meio do qual, após os participantes da pesquisa serem devidamente esclarecidos, explicitarão sua anuência em participar da pesquisa, sem prejuízo do consentimento de seus responsáveis legais; e II.25 - vulnerabilidade - estado de pessoas ou grupos que, por quaisquer razões ou motivos, tenham a sua capacidade de autodeterminação reduzida ou impedida,

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ou de qualquer forma estejam impedidos de opor resistência, sobretudo no que se refere ao consentimento livre e esclarecido. III - DOS ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA ENVOLVENDO SERES HUMANOS As pesquisas envolvendo seres humanos devem atender aos fundamentos éticos e científicos pertinentes. III.1 - A eticidade da pesquisa implica em: a) Respeito ao participante da pesquisa em sua dignidade e autonomia, reconhecendo sua vulnerabilidade, assegurando sua vontade de contribuir e permanecer, ou não, na pesquisa, por intermédio de manifestação expressa, livre e esclarecida; b) Ponderação entre riscos e benefícios, tanto conhecidos como potenciais, individuais ou coletivos, comprometendo-se com o máximo de benefícios e o mínimo de danos e riscos; c) Garantia de que danos previsíveis serão evitados; e d) Relevância social da pesquisa, o que garante a igual consideração dos interesses envolvidos, não perdendo o sentido de sua destinação sócio-humanitária. III.2 - As pesquisas, em qualquer área do conhecimento envolvendo seres humanos, deverão observar as seguintes exigências: a) Ser adequada aos princípios científicos que a justifiquem e com possibilidades concretas de responder a incertezas; b) Estar fundamentada em fatos científicos, experimentação prévia e/ou pressupostos adequados à área específica da pesquisa; c) Ser realizada somente quando o conhecimento que se pretende obter não possa ser obtido por outro meio; d) Buscar sempre que prevaleçam os benefícios esperados sobre os riscos e/ ou desconfortos previsíveis;

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e) Utilizar os métodos adequados para responder às questões estudadas, especificando-os, seja a pesquisa qualitativa, quantitativa ou qualiquantitativa; f) Se houver necessidade de distribuição aleatória dos participantes da pesquisa em grupos experimentais e de controle, assegurar que, a priori, não seja possível estabelecer as vantagens de um procedimento sobre outro, mediante revisão de literatura, métodos observacionais ou métodos que não envolvam seres humanos; g) Obter consentimento livre e esclarecido do participante da pesquisa e/ou seu representante legal, inclusive nos casos das pesquisas que, por sua natureza, impliquem justificadamente, em consentimento a posteriori; h) Contar com os recursos humanos e materiais necessários que garantam o bem-estar do participante da pesquisa, devendo o(s) pesquisador(es) possuir(em) capacidade profissional adequada para desenvolver sua função no projeto proposto; i) Prever procedimentos que assegurem a confidencialidade e a privacidade, a proteção da imagem e a não estigmatização dos participantes da pesquisa, garantindo a não utilização das informações em prejuízo das pessoas e/ou das comunidades, inclusive em termos de autoestima, de prestígio e/ou de aspectos econômico-financeiros; j) Ser desenvolvida preferencialmente em indivíduos com autonomia plena. Indivíduos ou grupos vulneráveis não devem ser participantes de pesquisa quando a informação desejada possa ser obtida por meio de participantes com plena autonomia, a menos que a investigação possa trazer benefícios aos indivíduos ou grupos vulneráveis; k) Respeitar sempre os valores culturais, sociais, morais, religiosos e éticos, como também os hábitos e costumes, quando as pesquisas envolverem comunidades; l) Garantir que as pesquisas em comunidades, sempre que possível, traduzirse-ão em benefícios cujos efeitos continuem a se fazer sentir após sua conclusão. Quando, no interesse da comunidade, houver benefício real em incentivar ou estimular mudanças de costumes ou comportamentos, o protocolo de pesquisa deve incluir, sempre que possível disposições para comunicar tal benefício às pessoas e/ ou comunidades;

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m) Comunicar às autoridades competentes,

bem

como

aos órgãos

legitimados pelo Controle Social, os resultados e/ou achados da pesquisa, sempre que estes puderem contribuir para a melhoria das condições de vida da coletividade, preservando, porém, a imagem e assegurando que os participantes da pesquisa não sejam estigmatizados; n) Assegurar aos participantes da pesquisa, os benefícios resultantes do projeto, seja em termos de retorno social, acesso aos procedimentos, produtos ou agentes da pesquisa; o) Assegurar aos participantes da pesquisa as condições de acompanhamento, tratamento, assistência integral e orientação, conforme o caso, enquanto necessário, inclusive nas pesquisas de rastreamento; p) Comprovar, nas pesquisas conduzidas no exterior ou com cooperação estrangeira, os compromissos e as vantagens, para os participantes das pesquisas e para o Brasil, decorrentes de sua realização. Nestes casos deve ser identificado o pesquisador e a instituição nacional, responsáveis pela pesquisa no Brasil. Os estudos patrocinados no exterior também deverão responder às necessidades de transferência de conhecimento e tecnologia para a equipe brasileira, quando aplicável e, ainda, no caso do desenvolvimento de novas drogas, se comprovadas sua segurança e eficácia, é obrigatório seu registro no Brasil; q) Utilizar o material e os dados obtidos na pesquisa exclusivamente para a finalidade prevista no seu protocolo, ou conforme o consentimento do participante; r) Levar em conta, nas pesquisas realizadas em mulheres em idade fértil ou em mulheres grávidas, a avaliação de riscos e benefícios e as eventuais interferências sobre a fertilidade, a gravidez, o embrião ou o feto, o trabalho de parto, o puerpério, a lactação e o recém-nascido; s) Considerar que as pesquisas em mulheres grávidas devem ser precedidas de pesquisas em mulheres fora do período gestacional, exceto quando a gravidez for o objeto fundamental da pesquisa; t) Garantir, para mulheres que se declarem expressamente isentas de risco de gravidez, quer por não exercerem práticas sexuais ou por as exercerem de forma

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não reprodutiva, o direito de participarem de pesquisas sem o uso obrigatório de contraceptivos; e u) Ser descontinuada somente após análise e manifestação, por parte do Sistema CEP/CONEP/CNS/MS que a aprovou, das razões dessa descontinuidade, a não ser em casos de justificada urgência em benefício de seus participantes. III.3 - As pesquisas que utilizam metodologias experimentais na área biomédica, envolvendo seres humanos, além do preconizado no item III.2, deverão ainda: a) Estar fundamentadas na experimentação prévia, realizada em laboratórios, utilizando-se animais ou outros modelos experimentais e comprovação científica, quando pertinente; b) Ter plenamente justificadas, quando for o caso, a utilização de placebo, em termos de não maleficência e de necessidade metodológica, sendo que os benefícios, riscos, dificuldades e efetividade de um novo método terapêutico devem ser testados, comparando-o com os melhores métodos profiláticos, diagnósticos e terapêuticos atuais. Isso não exclui o uso de placebo ou nenhum tratamento em estudos nos quais não existam métodos provados de profilaxia, diagnóstico ou tratamento; c) Utilizar o material biológico e os dados obtidos na pesquisa exclusivamente para a finalidade prevista no seu protocolo, ou conforme o consentimento dado pelo participante da pesquisa; e d) Assegurar a todos os participantes ao final do estudo, por parte do patrocinador, acesso gratuito e por tempo indeterminado, aos melhores métodos profiláticos, diagnósticos e terapêuticos que se demonstraram eficazes: d.1) O acesso também será garantido no intervalo entre o término da participação individual e o final do estudo, podendo, nesse caso, esta garantia ser dada por meio de estudo de extensão, de acordo com análise devidamente justificada do médico assistente do participante.

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IV – DO PROCESSO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO O respeito devido à dignidade humana exige que toda pesquisa se processe com consentimento livre e esclarecido dos participantes, indivíduos ou grupos que, por si ou por seus representantes legais, manifestem a sua anuência à participação na pesquisa. Entende-se por Processo de Consentimento Livre e Esclarecido todas as etapas a serem necessariamente observadas para que o convidado a participar de uma pesquisa possa se manifestar, de forma autônoma, consciente, livre e esclarecida. IV.1 - A etapa inicial do Processo de Consentimento Livre e Esclarecido é a do esclarecimento ao convidado a participar da pesquisa, ocasião em que o pesquisador, ou pessoa por ele delegada e sob sua responsabilidade, deverá: a) buscar o momento, condição e local mais adequados para que o esclarecimento seja efetuado, considerando, para isso, as peculiaridades do convidado a participar da pesquisa e sua privacidade; b) prestar informações em linguagem clara e acessível, utilizando-se das estratégias mais apropriadas à cultura, faixa etária, condição socioeconômica e autonomia dos convidados a participar da pesquisa; e c) conceder o tempo adequado para que o convidado a participar da pesquisa possa refletir, consultando, se necessário, seus familiares ou outras pessoas que possam ajudá-los na tomada de decisão livre e esclarecida. IV.2 - Superada a etapa inicial de esclarecimento, o pesquisador responsável, ou pessoa por ele delegada, deverá apresentar, ao convidado para participar da pesquisa, ou a seu representante legal, o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para que seja lido e compreendido, antes da concessão do seu consentimento livre e esclarecido. IV.3 - O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido deverá conter, obrigatoriamente: a) justificativa, os objetivos e os procedimentos que serão utilizados na

pesquisa, com o detalhamento dos métodos a serem utilizados, informando a possibilidade de inclusão em grupo controle ou experimental, quando aplicável;

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b)

explicitação dos possíveis desconfortos e riscos decorrentes da participação na

pesquisa, além dos benefícios esperados dessa participação e apresentação das providências e cautelas a serem empregadas para evitar ou reduzir efeitos e condições adversas que possam causar dano, considerando características e contexto do participante da pesquisa; c) esclarecimento sobre a forma de acompanhamento e assistência a que terão

direito os participantes da pesquisa, inclusive considerando benefícios e acompanhamentos posteriores ao encerramento ou a interrupção da pesquisa; d) garantia de plena liberdade ao participante da pesquisa,

de recusar- se a participar ou retirar seu consentimento, em qualquer fase da pesquisa, sem penalização alguma; e) garantia de manutenção do sigilo e da privacidade dos participantes da

pesquisa durante todas as fases da pesquisa; f) garantia de que o participante da pesquisa receberá uma via do Termo

de

Consentimento Livre e Esclarecido; g) explicitação da garantia de ressarcimento e como serão cobertas as despesas

tidas pelos participantes da pesquisa e dela decorrentes; e h) explicitação da garantia de indenização diante de eventuais danos decorrentes da

pesquisa. IV.4 - O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido nas pesquisas que utilizam metodologias experimentais na área biomédica, envolvendo seres humanos, além do previsto no item IV.3 supra, deve observar, obrigatoriamente, o seguinte: a) explicitar, quando pertinente, os métodos terapêuticos alternativos existentes; b) esclarecer, quando pertinente, sobre a possibilidade de inclusão do participante em grupo controle ou placebo, explicitando, claramente, o significado dessa possibilidade; e

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c) não exigir do participante da pesquisa, sob qualquer argumento, renúncia ao direito à indenização por dano. O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido não deve conter ressalva que afaste essa responsabilidade ou que implique ao participante da pesquisa abrir mão de seus direitos, incluindo o direito de procurar obter indenização por danos eventuais. IV.5 - O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido deverá, ainda: a) conter declaração do pesquisador responsável que expresse o cumprimento das exigências contidas nos itens IV. 3 e IV.4, este último se pertinente; b) ser adaptado, pelo pesquisador responsável, nas pesquisas com cooperação estrangeira concebidas em âmbito internacional, às normas éticas e à cultura local, sempre com linguagem clara e acessível a todos e, em especial, aos participantes da pesquisa, tomando o especial cuidado para que seja de fácil leitura e compreensão; c) ser aprovado pelo CEP perante o qual o projeto foi apresentado e pela CONEP, quando pertinente; e d) ser elaborado em duas vias, rubricadas em todas as suas páginas e assinadas, ao seu término, pelo convidado a participar da pesquisa, ou por seu representante legal, assim como pelo pesquisador responsável, ou pela (s) pessoa (s) por ele delegada (s), devendo as páginas de assinaturas estar na mesma folha. Em ambas as vias deverão constar o endereço e contato telefônico ou outro, dos responsáveis pela pesquisa e do CEP local e da CONEP, quando pertinente. IV.6 - Nos casos de restrição da liberdade ou do esclarecimento necessários para o adequado consentimento, deve-se, também, observar: a) em pesquisas cujos convidados sejam crianças, adolescentes, pessoas com transtorno ou doença mental ou em situação de substancial diminuição em sua capacidade de decisão, deverá haver justificativa clara de sua escolha, especificada no protocolo e aprovada pelo CEP, e pela CONEP, quando pertinente. Nestes casos deverão ser cumpridas as etapas do esclarecimento e do consentimento livre e esclarecido, por meio dos representantes legais dos convidados a participar da pesquisa, preservado o direito de informação destes, no limite de sua capacidade;

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b) a liberdade do consentimento deverá ser particularmente garantida para aqueles participantes de pesquisa que, embora plenamente capazes, estejam expostos a condicionamentos específicos, ou à influência de autoridade, caracterizando situações passíveis de limitação da autonomia, como estudantes, militares, empregados, presidiários e internos em centros de readaptação, em casas-abrigo, asilos, associações religiosas e semelhantes, assegurando-lhes inteira liberdade de participar, ou não, da pesquisa, sem quaisquer represálias; c) as pesquisas em pessoas com o diagnóstico de morte encefálica deverão atender aos seguintes requisitos: c.1) documento comprobatório da morte encefálica; c.2) consentimento explícito, diretiva antecipada da vontade da pessoa, ou consentimento dos familiares ou do representante legal; c.3) respeito à dignidade do ser humano; c.4) inexistência de ônus econômico-financeiro adicional à família; c.5) inexistência de prejuízo para outros pacientes aguardando internação ou tratamento; e c.6) possibilidade de obter conhecimento científico relevante, ou novo, que não possa ser obtido de outra maneira; d) que haja um canal de comunicação oficial do governo, que esclareça as dúvidas de forma acessível aos envolvidos nos projetos de pesquisa, igualmente, para os casos de diagnóstico com morte encefálica; e e) em comunidades cuja cultura grupal reconheça a autoridade do líder ou do coletivo sobre o indivíduo, a obtenção da autorização para a pesquisa deve respeitar tal particularidade, sem prejuízo do consentimento individual, quando possível e desejável. Quando a legislação brasileira dispuser sobre competência de órgãos governamentais, a exemplo da Fundação Nacional do Índio – FUNAI, no caso de comunidades indígenas, na tutela de tais comunidades, tais instâncias devem autorizar a pesquisa antecipadamente. IV.7 - Na pesquisa que dependa de restrição de informações aos seus participantes, tal fato deverá ser devidamente explicitado e justificado pelo pesquisador responsável ao Sistema CEP/CONEP. Os dados obtidos a partir dos Metodologia da Pesquisa Científica

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participantes da pesquisa não poderão ser usados para outros fins além dos previstos no protocolo ou no consentimento livre e esclarecido. IV.8 - Nos casos em que seja inviável a obtenção do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ou que esta obtenção signifique riscos substanciais à privacidade e confidencialidade dos dados do participante ou aos vínculos de confiança entre pesquisador e pesquisado, a dispensa do TCLE deve ser justificadamente solicitada pelo pesquisador responsável ao Sistema CEP/CONEP, para apreciação, sem prejuízo do posterior processo de esclarecimento. V – DOS RISCOS E BENEFÍCIOS Toda pesquisa com seres humanos envolve risco em tipos e gradações variados. Quanto maiores e mais evidentes os riscos, maiores devem ser os cuidados para minimizá-los e a proteção oferecida pelo Sistema CEP/CONEP aos participantes. Devem ser analisadas possibilidades de danos imediatos ou posteriores, no plano individual ou coletivo. A análise de riscos é componente imprescindível à análise ética, dela decorrendo o plano de monitoramento que deve ser oferecido pelo Sistema CEP/CONEP em cada caso específico. V.1 - As pesquisas envolvendo seres humanos serão admissíveis quando: a) o risco se justifique pelo benefício esperado; e b) no caso de pesquisas experimentais da área da saúde, o benefício seja maior, ou, no mínimo, igual às alternativas já estabelecidas para a prevenção, o diagnóstico e o tratamento. V.2 - São admissíveis pesquisas cujos benefícios a seus participantes forem exclusivamente indiretos, desde que consideradas as dimensões física, psíquica, moral, intelectual, social, cultural ou espiritual desses. V.3 – O pesquisador responsável, ao perceber qualquer risco ou dano significativo ao participante da pesquisa, previstos, ou não, no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, deve comunicar o fato, imediatamente, ao Sistema CEP/CONEP, e avaliar, em caráter emergencial, a necessidade de adequar ou suspender o estudo. V.4 - Nas pesquisas na área da saúde, tão logo constatada a superioridade significativa de uma intervenção sobre outra(s) comparativa(s), o pesquisador deverá avaliar a necessidade de adequar ou suspender o estudo em curso, visando oferecer a todos os benefícios do melhor regime.

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V.5 - O Sistema CEP/CONEP deverá ser informado de todos os fatos relevantes que alterem o curso normal dos estudos por ele aprovados e, especificamente, nas pesquisas na área da saúde, dos efeitos adversos e da superioridade significativa de uma intervenção sobre outra ou outras comparativas. V.6 - O pesquisador, o patrocinador e as instituições ou organizações envolvidas nas diferentes fases da pesquisa devem proporcionar assistência imediata, nos termos do item II.3, bem como responsabilizarem-se pela assistência integral aos participantes da pesquisa no que se refere às complicações e danos decorrentes da pesquisa. V.7 - Os participantes da pesquisa que vierem a sofrer qualquer tipo de dano resultante de sua participação na pesquisa, previsto ou não no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, têm direito à indenização, por parte do pesquisador, do patrocinador e das instituições envolvidas nas diferentes fases da pesquisa. VI – DO PROTOCOLO DE PESQUISA O protocolo a ser submetido à revisão ética somente será apreciado se for apresentada toda documentação solicitada pelo Sistema CEP/CONEP, considerada a natureza e as especificidades de cada pesquisa. A Plataforma BRASIL é o sistema oficial de lançamento de pesquisas para análise e monitoramento do Sistema CEP/ CONEP. VII – DO SISTEMA CEP/CONEP É integrado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa - CONEP/CNS/ MS do Conselho Nacional de Saúde e pelos Comitês de Ética em Pesquisa – CEP compondo um sistema que utiliza mecanismos, ferramentas e instrumentos próprios de inter-relação, num trabalho cooperativo que visa, especialmente, à proteção dos participantes de pesquisa do Brasil, de forma coordenada e descentralizada por meio de um processo de acreditação. VII.1 - Pesquisas envolvendo seres humanos devem ser submetidas à apreciação do Sistema CEP/CONEP, que, ao analisar e decidir, se torna corresponsável por garantir a proteção dos participantes. VII.2 - Os CEP são colegiados interdisciplinares e independentes, de relevância

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pública, de caráter consultivo, deliberativo e educativo, criados para defender os interesses dos participantes da pesquisa em sua integridade e dignidade e para contribuir no desenvolvimento da pesquisa dentro de padrões éticos: VII.2.1 - as instituições ou organizações nas quais se realizem pesquisas envolvendo seres humanos podem constituir um ou mais de um Comitê de Ética em Pesquisa – CEP, conforme suas necessidades e atendendo aos critérios normativos; e VII.2.2 - na inexistência de um CEP na instituição proponente ou em caso de pesquisador sem vínculo institucional, caberá à CONEP a indicação de um CEP para proceder à análise da pesquisa dentre aqueles que apresentem melhores condições para monitorá-la. VII.3 - A CONEP é uma instância colegiada, de natureza consultiva, deliberativa, normativa, educativa e independente, vinculada ao Conselho Nacional de Saúde/ MS. VII.4 - A revisão ética dos projetos de pesquisa envolvendo seres humanos deverá ser associada à sua análise científica. VII.5 - Os membros integrantes do Sistema CEP/CONEP deverão ter, no exercício de suas funções, total independência na tomada das decisões, mantendo em caráter estritamente confidencial, as informações conhecidas. Desse modo, não podem sofrer qualquer tipo de pressão por parte de superiores hierárquicos ou pelos interessados em determinada pesquisa. Devem isentar-se da tomada de decisões quando envolvidos na pesquisa em análise. VII.6 - Os membros dos CEP e da CONEP não poderão ser remunerados no desempenho de sua tarefa, podendo, apenas, receber ressarcimento de despesas efetuadas com transporte, hospedagem e alimentação, sendo imprescindível que sejam dispensados, nos horários de seu trabalho nos CEP, ou na CONEP, de outras obrigações nas instituições ou organizações às quais prestam serviço, dado o caráter de relevância pública da função. VIII – DOS COMITÊS DE ÉTICA EM PESQUISA (CEP) Atribuições: VIII.1 - avaliar protocolos de pesquisa envolvendo seres humanos,

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com

prioridade nos temas de relevância pública e de interesse estratégico da agenda de prioridades do SUS, com base nos indicadores epidemiológicos, emitindo parecer, devidamente justificado, sempre orientado, dentre outros, pelos princípios da impessoalidade, transparência, razoabilidade, proporcionalidade e eficiência, dentro dos prazos estabelecidos em norma operacional, evitando redundâncias que resultem em morosidade na análise; VIII.2 - desempenhar papel consultivo e educativo em questões de ética; e VIII.3 - elaborar seu Regimento Interno. IX – DA COMISSÃO NACIONAL DE ÉTICA EM PESQUISA (CONEP) Atribuições: IX.1 - examinar os aspectos éticos da pesquisa envolvendo seres humanos, como também a adequação e atualização das normas atinentes, podendo, para tanto, consultar a sociedade, sempre que julgar necessário; IX.2 - estimular a participação popular nas iniciativas de Controle Social das Pesquisas com Seres Humanos, além da criação de CEP institucionais e de outras instâncias, sempre que tal criação possa significar o fortalecimento da proteção de participantes de pesquisa no Brasil; IX.3 - registrar e supervisionar o funcionamento e cancelar o registro dos CEP que compõem o Sistema CEP/CONEP; IX.4 - analisar os protocolos de pesquisa envolvendo seres humanos, emitindo parecer, devidamente justificado, sempre orientado, dentre outros, pelos princípios da impessoalidade, transparência, razoabilidade, proporcionalidade e eficiência, dentro dos prazos estabelecidos em norma operacional, evitando redundâncias que resultem em morosidade na análise: 1. genética humana, quando o projeto envolver: 1.1. envio para o exterior de material genético ou qualquer material biológico humano para obtenção de material genético, salvo nos casos em que houver cooperação com o Governo Brasileiro; 1.2. armazenamento de material biológico ou dados genéticos humanos no

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exterior e no País, quando de forma conveniada com instituições estrangeiras ou em instituições comerciais; 1.3. alterações da estrutura genética de células humanas para utilização in vivo; 1.4. pesquisas na área da genética da reprodução humana (reprogenética); 1.5. pesquisas em genética do comportamento; e 1.6. pesquisas nas quais esteja prevista a dissociação irreversível dos dados dos participantes de pesquisa; 2. reprodução humana: pesquisas que se ocupam com o funcionamento do aparelho reprodutor, procriação e fatores que afetam a saúde reprodutiva de humanos, sendo que nessas pesquisas serão considerados “participantes da pesquisa” todos os que forem afetados pelos procedimentos delas. Caberá análise da CONEP quando o projeto envolver: 2.1. reprodução assistida; 2.2. manipulação de gametas, pré-embriões, embriões e feto; e 2.3. medicina fetal, quando envolver procedimentos invasivos; 3. equipamentos e dispositivos terapêuticos, novos ou não registrados no País; 4. novos procedimentos terapêuticos invasivos; 5. estudos com populações indígenas; 6. projetos de pesquisa que envolvam organismos geneticamente modificados (OGM), células-tronco embrionárias e organismos que representem alto risco coletivo, incluindo organismos relacionados a eles, nos âmbitos de: experimentação, construção, cultivo, manipulação, transporte, transferência, importação, exportação, armazenamento, liberação no meio ambiente e descarte; 7. protocolos de constituição e funcionamento de biobancos para fins de pesquisa; 8. pesquisas com coordenação ou patrocínio originados fora do Brasil, excetuadas aquelas com copatrocínio do Governo Brasileiro; e 9. projetos que, a critério do CEP e devidamente justificados, sejam julgados merecedores de análise pela CONEP;

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IX.5 - fortalecer a participação dos CEP por meio de um processo contínuo de capacitação, qualificação e acreditação; IX.6 - coordenar o processo de acreditação dos CEP, credenciando-os de acordo com níveis de competência que lhes possibilitem ser delegadas responsabilidades originárias da CONEP; IX.7 - analisar e monitorar, direta ou indiretamente, no prazo estipulado em normativa, os protocolos de pesquisa que envolvam necessidade de maior proteção em relação aos seus participantes, em especial os riscos envolvidos. Deve, nesse escopo, ser considerado sempre em primeiro plano o indivíduo e, de forma associada, os interesses nacionais no desenvolvimento cientifico e tecnológico, como base para determinação da relevância e oportunidade na realização dessas pesquisas; IX.8 - analisar e monitorar, direta ou indiretamente, protocolos de pesquisas com conflitos de interesse que dificultem ou inviabilizem a justa análise local; IX.9 - analisar, justificadamente, qualquer protocolo do Sistema CEP/CONEP, sempre que considere pertinente; e IX.10 - analisar, em caráter de urgência e com tramitação especial, protocolos de pesquisa que sejam de relevante interesse público, tais como os protocolos que contribuam para a saúde pública, a justiça e a redução das desigualdades sociais e das dependências tecnológicas, mediante solicitação do Ministério da Saúde, ou de outro órgão da Administração Pública, ou ainda a critério da Plenária da CONEP/ CNS. X - DO PROCEDIMENTO DE ANÁLISE ÉTICA X.1 - Da Análise Ética dos CEP Das Competências: 1. compete ao CEP, após análise, emitir parecer devidamente motivado, no qual se apresente de forma clara, objetiva e detalhada, a decisão do colegiado, em prazo estipulado em norma operacional; 2. encaminhar, após análise fundamentada, os protocolos de competência

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da CONEP, observando de forma cuidadosa toda a documentação que deve acompanhar esse encaminhamento, conforme norma operacional vigente, incluindo a comprovação detalhada de custos e fontes de financiamento necessários para a pesquisa; 3. incumbe, também, aos CEP: a) manter a guarda confidencial de todos os dados obtidos na execução de sua tarefa e arquivamento do protocolo completo; b) acompanhar o desenvolvimento dos projetos, por meio de relatórios semestrais dos pesquisadores e de outras estratégias de monitoramento, de acordo com o risco inerente à pesquisa; c) o CEP deverá manter em arquivo o projeto, o protocolo e os relatórios correspondentes, por um período de 5 anos após o encerramento do estudo, podendo esse arquivamento processar-se em meio digital; d) receber denúncias de abusos ou notificação sobre fatos adversos que possam alterar o curso normal do estudo, decidindo pela continuidade, modificação ou suspensão da pesquisa, devendo, se necessário, solicitar a adequação do Termo de Consentimento; e) requerer a instauração de apuração à direção da instituição e/ou organização, ou ao órgão público competente, em caso de conhecimento ou de denúncias de irregularidades nas pesquisas envolvendo seres humanos e, havendo comprovação, ou se pertinente, comunicar o fato à CONEP e, no que couber, a outras instâncias; e f) manter comunicação regular e permanente com a CONEP, por meio de sua Secretaria Executiva. X.2 - Do Procedimento de Análise Ética da CONEP: 1. compete à CONEP, dentro do prazo a ser estipulado em Norma Operacional, emitir parecer devidamente motivado, com análise clara, objetiva e detalhada de todos os elementos e documentos do projeto; 2. compete, também, à CONEP, o monitoramento, direto ou indireto, dos

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protocolos de pesquisa de sua competência; e 3. aplica-se à CONEP, nas hipóteses em que funciona como CEP, as disposições sobre Procedimentos de Análise Ética dos CEP. X.3 - Das Disposições Comuns aos CEP e à CONEP: 1. os membros do CEP/CONEP deverão isentar-se da análise e discussão caso, assim como da tomada de decisão, quando envolvidos na pesquisa;

do

2. os CEP e a CONEP poderão contar com consultores ad hoc, pessoas pertencentes, ou não, à instituição/organização, com a finalidade de fornecer subsídios técnicos; 3. pesquisa que não se faça acompanhar do respectivo protocolo não deve ser analisada; 4. considera-se antiética a pesquisa aprovada que for descontinuada pelo pesquisador responsável, sem justificativa previamente aceita pelo CEP ou pela CONEP; 5. a revisão do CEP culminará em seu enquadramento em uma das seguintes categorias: a) aprovado; b) pendente: quando o CEP considera necessária a correção do protocolo apresentado, e solicita revisão específica, modificação ou informação relevante, que deverá ser atendida em prazo estipulado em norma operacional; e c) não aprovado; 6. o CEP poderá, se entender oportuno e conveniente, no curso da revisão ética, solicitar informações, documentos e outros, necessários ao perfeito esclarecimento das questões, ficando suspenso o procedimento até a vinda dos elementos solicitados; 7. das decisões de não aprovação caberá recurso ao próprio CEP e/ou à CONEP, no prazo de 30 dias, sempre que algum fato novo for apresentado para fundamentar a necessidade de uma reanálise;

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8. os CEP e a CONEP deverão determinar o arquivamento do protocolo de pesquisa nos casos em que o pesquisador responsável não atender, no prazo assinalado, às solicitações que lhe foram feitas. Poderão ainda considerar o protocolo retirado, quando solicitado pelo pesquisador responsável; 9. uma vez aprovado o projeto, o CEP, ou a CONEP, nas hipóteses em que atua como CEP ou no exercício de sua competência originária, passa a ser corresponsável no que se refere aos aspectos éticos da pesquisa; e 10. consideram-se autorizados para execução os projetos aprovados pelos CEP, ou pela CONEP, nas hipóteses em que atua originariamente como CEP ou no exercício de suas competências. XI – DO PESQUISADOR RESPONSÁVEL XI.1 - A responsabilidade do pesquisador é indelegável e indeclinável e compreende os aspectos éticos e legais. XI.2 - Cabe ao pesquisador: a) apresentar o protocolo devidamente instruído ao CEP ou à CONEP, aguardando a decisão de aprovação ética, antes de iniciar a pesquisa; b) elaborar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido; c) desenvolver o projeto conforme delineado; d) elaborar e apresentar os relatórios parciais e final; e) apresentar dados solicitados pelo CEP ou pela CONEP a qualquer momento; f) manter os dados da pesquisa em arquivo, físico ou digital, sob sua guarda e responsabilidade, por um período de 5 anos após o término da pesquisa; g) encaminhar os resultados da pesquisa para publicação, com os devidos créditos aos pesquisadores associados e ao pessoal técnico integrante do projeto; e h) justificar fundamentadamente, perante o CEP ou a CONEP, interrupção do projeto ou a não publicação dos resultados. XII - OUTRAS DISPOSIÇÕES

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XII.1 - Cada área temática de investigação e cada modalidade de pesquisa, além de respeitar os dispositivos desta Resolução, deve cumprir as exigências setoriais e regulamentações específicas. XII.2 - As agências de fomento à pesquisa e o corpo editorial das revistas científicas deverão exigir documentação comprobatória de aprovação do projeto pelo Sistema CEP/CONEP. XII.3 - A presente Resolução, por sua própria natureza, demanda revisões periódicas, conforme necessidades das áreas ética, científica e tecnológica. XIII - DAS RESOLUÇÕES E DAS NORMAS ESPECÍFICAS XIII.1 - O procedimento de avaliação dos protocolos de pesquisa, bem como os aspectos específicos do registro, como concessão, renovação ou cancelamento e, também, da acreditação de Comitês de Ética em Pesquisa serão regulamentados por Resolução do Conselho Nacional de Saúde. XIII.2 - O processo de acreditação dos Comitês de Ética em Pesquisa que compõem o Sistema CEP/CONEP será tratado em Resolução do CNS. XIII.3 - As especificidades éticas das pesquisas nas ciências sociais e humanas e de outras que se utilizam de metodologias próprias dessas áreas serão contempladas em resolução complementar, dadas suas particularidades. XIII.4 - As especificidades éticas das pesquisas de interesse estratégico para o SUS serão contempladas em Resolução complementar específica. XIII.5 - Os aspectos procedimentais e administrativos do Sistema CEP/CONEP serão tratados em Norma Operacional do CNS. XIII.6 - A tipificação e gradação do risco nas diferentes metodologias de pesquisa serão definidas em norma própria, pelo Conselho Nacional de Saúde. XIV – DAS DISPOSIÇÕES FINAIS Ficam revogadas as Resoluções CNS Nos 196/96, 303/2000 e 404/2008.

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Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação. ALEXANDRE ROCHA SANTOS PADILHA Presidente do Conselho Nacional de Saúde/Ministro de Estado da Saúde Homologo a Resolução CNS No 466, de 12 de dezembro de 2012, nos termos do Decreto de Delegação de Competência de 12 de novembro de 1991. Fonte: http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2012/Reso466.pdf. Acesso: 21 nov. 2016.

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Resolução 510/2016 Resolução Nº 510, de 07 de Abril de 2016. O Plenário do Conselho Nacional de Saúde em sua Quinquagésima Nona Reunião Extraordinária, realizada nos dias 06 e 07 de abril de 2016, no uso de suas competências regimentais e atribuições conferidas pela Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, pela Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990, pelo Decreto no 5.839, de 11 de julho de 2006, e Considerando que a ética é uma construção humana, portanto histórica, social e cultural; Considerando que a ética em pesquisa implica o respeito pela dignidade humana e a proteção devida aos participantes das pesquisas científicas envolvendo seres humanos; Considerando que o agir ético do pesquisador demanda ação consciente e livre do participante; Considerando que a pesquisa em ciências humanas e sociais exige respeito e garantia do pleno exercício dos direitos dos participantes, devendo ser concebida, avaliada e realizada de modo a prever e evitar possíveis danos aos participantes; Considerando que as Ciências Humanas e Sociais têm especificidades nas suas concepções e práticas de pesquisa, na medida em que nelas prevalece uma acepção pluralista de ciência da qual decorre a adoção de múltiplas perspectivas teórico-metodológicas, bem como lidam com atribuições de significado, práticas e representações, sem intervenção direta no corpo humano, com natureza e grau de risco específico; Considerando

que

a

relação

pesquisador-participante

se

constrói

continuamente no processo da pesquisa, podendo ser redefinida a qualquer momento no diálogo entre subjetividades, implicando reflexividade e construção de relações não hierárquicas;

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Considerando os documentos que constituem os pilares do reconhecimento e da afirmação da dignidade, da liberdade e da autonomia do ser humano, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948 e a Declaração Interamericana de Direitos e Deveres Humanos, de 1948; Considerando a existência do sistema dos Comitês de Ética em Pesquisa e da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa; Considerando que a Resolução 466/12, no artigo XIII.3, reconhece as especificidades éticas das pesquisas nas Ciências Humanas e Sociais e de outras que se utilizam de metodologias próprias dessas áreas, dadas suas particularidades; Considerando que a produção científica deve implicar benefícios atuais ou potenciais para o ser humano, para a comunidade na qual está inserido e para a sociedade, possibilitando a promoção de qualidade digna de vida a partir do respeito aos direitos civis, sociais, culturais e a um meio ambiente ecologicamente equilibrado; Considerando a importância de se construir um marco normativo claro, preciso e plenamente compreensível por todos os envolvidos nas atividades de pesquisa em Ciências Humanas e Sociais, resolve: Art. 1º Esta Resolução dispõe sobre as normas aplicáveis a pesquisas em Ciências Humanas e Sociais cujos procedimentos metodológicos envolvam a utilização de dados diretamente obtidos com os participantes ou de informações identificáveis ou que possam acarretar riscos maiores do que os existentes na vida cotidiana, na forma definida nesta Resolução. Parágrafo único. Não serão registradas nem avaliadas pelo sistema CEP/ CONEP: I - Pesquisa de opinião pública com participantes não identificados; II - Pesquisa que utilize informações de acesso público, nos termos da Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011;

155 Metodologia da Pesquisa Científica

III - Pesquisa que utilize informações de domínio público; IV - Pesquisa censitária; V - Pesquisa com bancos de dados, cujas informações são agregadas, sem possibilidade de identificação individual; e VI - Pesquisa realizada exclusivamente com textos científicos para revisão da literatura científica; VII - Pesquisa que objetiva o aprofundamento teórico de situações que emergem espontânea e contingencialmente na prática profissional, desde que não revelem dados que possam identificar o sujeito; e VIII - Atividade realizada com o intuito exclusivamente de educação, ensino ou treinamento sem finalidade de pesquisa científica, de estudantes de graduação, de curso técnico, ou de profissionais em especialização. § 1º Não se enquadram no inciso antecedente os Trabalhos de Conclusão de Curso, monografias e similares, devendo-se, nestes casos, apresentar o protocolo de pesquisa ao sistema CEP/CONEP; § 2º Caso, durante o planejamento ou a execução da atividade de educação, ensino ou treinamento surja a intenção de incorporação dos resultados dessas atividades em um projeto de pesquisa, dever-se-á, de forma obrigatória, apresentar o protocolo de pesquisa ao sistema CEP/CONEP.

CAPÍTULO I DOS TERMOS E DEFINIÇÕES Art. 2º Para os fins desta Resolução adotam-se os seguintes termos e definições: I – Assentimento livre e esclarecido: anuência do participante da pesquisa: criança, adolescente ou indivíduos impedidos de forma temporária ou não de consentir, na medida de sua compreensão e respeitadas suas singularidades, após esclarecimento sobre a natureza da pesquisa, justificativa, objetivos, métodos, potenciais benefícios e riscos. A obtenção do assentimento não elimina a necessidade do consentimento do responsável; Metodologia da Pesquisa Científica

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II - Assistência ao participante da pesquisa: é aquela prestada para atender danos imateriais decorrentes, direta ou indiretamente, da pesquisa; III

Benefícios: contribuições atuais ou potenciais da

pesquisa para o ser humano, para a comunidade na qual está inserido e para a sociedade, possibilitando a promoção de qualidade digna de vida, a partir do respeito aos direitos civis, sociais, culturais e a um meio ambiente ecologicamente equilibrado. IV Confidencialidade: é a garantia do resguardo das informações dadas em confiança e a proteção contra a sua revelação não autorizada. V - Consentimento livre e esclarecido: anuência do participante da pesquisa ou de seu representante legal, livre de simulação, fraude, erro ou intimidação, após esclarecimento sobre a natureza da pesquisa, sua justificativa, seus objetivos, métodos, potenciais benefícios e riscos; VI - Informações de acesso público: dados que podem ser utilizados na produção de pesquisa e na transmissão de conhecimento e que se encontram disponíveis sem restrição ao acesso dos pesquisadores e dos cidadãos em geral, não estando sujeitos a limitações relacionadas à privacidade, à segurança ou ao controle de acesso. Essas informações podem estar processadas, ou não, e contidas em qualquer meio, suporte e formato produzido ou gerido por órgãos públicos ou privados. VII - Dano material: lesão que atinge o patrimônio do participante da pesquisa em virtude das características ou dos resultados do processo de pesquisa, impondo uma despesa pecuniária ou diminuindo suas receitas auferidas ou que poderiam ser auferidas; VIII

- Dano imaterial: lesão em direito ou bem da

personalidade, tais como integridades física e psíquica, saúde, honra, imagem, e privacidade, ilicitamente produzida ao participante da pesquisa por características ou resultados do processo de pesquisa;

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IX - Discriminação: caracterização ou tratamento social de uma pessoa ou grupo de pessoas, com consequente violação da dignidade humana, dos direitos humanos e sociais e das liberdades fundamentais dessa pessoa ou grupo de pessoas; X - Esclarecimento: processo de apresentação clara e acessível da natureza da pesquisa, sua justificativa, seus objetivos, métodos, potenciais benefícios e riscos, concebido na medida da compreensão do participante, a partir de suas características individuais, sociais, econômicas e culturais, e em razão das abordagens metodológicas aplicadas. Todos esses elementos determinam se o esclarecimento dar-se-á por documento escrito, por imagem ou de forma oral, registrada ou sem registro; XI - Estigmatização: atribuição de conteúdo negativo a uma ou mais características (estigma) de uma pessoa ou grupo de pessoas, com consequente violação à dignidade humana, aos direitos humanos e liberdades fundamentais dessa pessoa ou grupo de pessoas; XII - Etapas preliminares de uma pesquisa: são assim consideradas as atividades que o pesquisador tem que desenvolver para averiguar as condições de possibilidade de realização da pesquisa, incluindo investigação documental e contatos diretos com possíveis participantes, sem sua identificação e sem o registro público e formal das informações assim obtidas; não devendo consideradas como projetos de pesquisas. Incluem-se nas etapas preliminares as visitas às comunidades, aos serviços, as conversas com liderança comunitárias, entre outros; XIII - Participante da pesquisa: indivíduo ou grupo, que não sendo membro da equipe de pesquisa, dela participa de forma esclarecida e voluntária, mediante a concessão de consentimento e também, quando couber, de assentimento, nas formas descritas nesta resolução; XIV - Pesquisa de opinião pública: consulta verbal ou escrita de caráter pontual, realizada por meio de metodologia específica, através da qual o participante, é convidado a expressar sua preferência, avaliação ou o sentido que atribui a temas, atuação de pessoas e organizações, ou a produtos e serviços; sem possibilidade de identificação do participante; XV - Pesquisa encoberta: pesquisa conduzida sem que os participantes sejam

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informados sobre objetivos e procedimentos do estudo, e sem que seu consentimento seja obtido previamente ou durante a realização da pesquisa. A pesquisa encoberta somente se justifica em circunstâncias nas quais a informação sobre objetivos e procedimentos alteraria o comportamento alvo do estudo ou quando a utilização deste método se apresenta como única forma de condução do estudo, devendo ser explicitado ao CEP o procedimento a ser adotado pelo pesquisador com o participante, no que se refere aos riscos, comunicação ao participante e uso dos dados coletados, além do compromisso ou não com a confidencialidade. Sempre que se mostre factível, o consentimento dos participantes deverá ser buscado posteriormente; XVI

- Pesquisa em ciências humanas e sociais: aquelas que

se voltam para o conhecimento, compreensão das condições, existência, vivência e saberes das pessoas e dos grupos, em suas relações sociais, institucionais, seus valores culturais, suas ordenações históricas e políticas e suas formas de subjetividade e comunicação, de forma direta ou indireta, incluindo as modalidades de pesquisa que envolvam intervenção; XVII - Pesquisador responsável: pessoa com no mínimo título de tecnólogo, bacharel ou licenciatura, responsável pela coordenação e realização da pesquisa e pela integridade e bemestar dos participantes no processo de pesquisa. No caso de discentes de graduação que realizam pesquisas para a elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso, a pesquisa será registrada no CEP, sob-responsabilidade do respectivo orientador do TCC; XVIII - Preconceito: valor negativo atribuído a uma pessoa ou grupo de pessoas, com consequente violação dos direitos civis e políticos e econômicos, sociais e culturais; XIX

- Privacidade: direito do participante da pesquisa de

manter o controle sobre suas escolhas e informações pessoais e de resguardar sua intimidade, sua imagem e seus dados pessoais, sendo uma garantia de que essas escolhas de vida não sofrerão invasões indevidas, pelo controle público, estatal ou não estatal, e pela reprovação social a partir das características ou dos resultados da pesquisa; XX - Processo de consentimento e de assentimento: processo pautado na construção de relação de confiança entre pesquisador e participante da pesquisa,

159 Metodologia da Pesquisa Científica

em conformidade com sua cultura e continuamente aberto ao diálogo e ao questionamento, não sendo o registro de sua obtenção necessariamente escrito; XXI - Protocolo de pesquisa: conjunto de documentos contemplando a folha de rosto e o projeto de pesquisa com a descrição da pesquisa em seus aspectos fundamentais e as informações relativas ao participante da pesquisa, à qualificação dos pesquisadores e a todas as instâncias responsáveis. Aplica-se o disposto na norma operacional do CNS em vigor ou outra que venha a substituí-la, no que couber e quando não houver prejuízo no estabelecido nesta Resolução; XXII - Registro do consentimento ou do assentimento: documento em qualquer meio, formato ou mídia, como papel, áudio, filmagem, mídia eletrônica e digital, que registra a concessão de consentimento ou de assentimento livre e esclarecido, sendo a forma de registro escolhida a partir das características individuais, sociais, linguísticas, econômicas e culturais do participante da pesquisa e em razão das abordagens metodológicas aplicadas; XXIII - Relatório final: é aquele apresentado no encerramento da pesquisa, contendo todos os seus resultados; XXIV - Ressarcimento: compensação material dos gastos decorrentes da participação na pesquisa, ou seja, despesas do participante e seus acompanhantes, tais como transporte e alimentação; XXV - Risco da pesquisa: possibilidade de danos à dimensão física, psíquica, moral, intelectual, social, cultural do ser humano, em qualquer etapa da pesquisa e dela decorrente; e XXVI - Vulnerabilidade: situação na qual pessoa ou grupo de pessoas tenha reduzida a capacidade de tomar decisões e opor resistência na situação da pesquisa, em decorrência de fatores individuais, psicológicos, econômicos, culturais, sociais ou políticos.

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CAPÍTULO II DOS PRINCÍPIOS ÉTICOS DAS PESQUISAS EM CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS

Art. 3º São princípios éticos das pesquisas em Ciências Humanas e Sociais: I - Reconhecimento da liberdade e autonomia de todos os envolvidos no processo de pesquisa, inclusive da liberdade científica e acadêmica; II - Defesa dos direitos humanos e recusa do arbítrio e do autoritarismo nas relações que envolvem os processos de pesquisa; III - Respeito aos valores culturais, sociais, morais e religiosos, bem como aos hábitos e costumes, dos participantes das pesquisas; IV - Empenho na ampliação e consolidação da democracia por meio da socialização da produção de conhecimento resultante da pesquisa, inclusive em formato acessível ao grupo ou população que foi pesquisada; V - Recusa de todas as formas de preconceito, incentivando o respeito à diversidade, à participação de indivíduos e grupos vulneráveis e discriminados e às diferenças dos processos de pesquisa; VI - Garantia de assentimento ou consentimento dos participantes pesquisas, esclarecidos sobre seu sentido e implicações;

das

VII - Garantia da confidencialidade das informações, da privacidade dos participantes e da proteção de sua identidade, inclusive do uso de sua imagem e voz; VIII - Garantia da não utilização, por parte do pesquisador, das informações obtidas em pesquisa em prejuízo dos seus participantes; IX - Compromisso de todos os envolvidos na pesquisa de não criar, manter ou ampliar as situações de risco ou vulnerabilidade para indivíduos e coletividades, nem acentuar o estigma, o preconceito ou a discriminação; e X - Compromisso de propiciar assistência a eventuais danos materiais e

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imateriais, decorrentes da participação na pesquisa, conforme o caso sempre e enquanto necessário. CAPÍTULO III DO PROCESSO DE CONSENTIMENTO E DO ASSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Art. 4º O processo de consentimento e do assentimento livre e esclarecido envolve o estabelecimento de relação de confiança entre pesquisador e participante, continuamente aberto ao diálogo e ao questionamento, podendo ser obtido ou registrado em qualquer das fases de execução da pesquisa, bem como retirado a qualquer momento, sem qualquer prejuízo ao participante. Art. 5º O processo de comunicação do consentimento e do assentimento livre e esclarecido pode ser realizado por meio de sua expressão oral, escrita, língua de sinais ou de outras formas que se mostrem adequadas, devendo ser consideradas as características individuais, sociais, econômicas e culturais da pessoa ou grupo de pessoas participante da pesquisa e as abordagens metodológicas aplicadas. § 1º O processo de comunicação do consentimento e do assentimento livre e esclarecido deve ocorrer de maneira espontânea, clara e objetiva, e evitar modalidades excessivamente formais, num clima de mútua confiança, assegurando uma comunicação plena e interativa. § 2º No processo de comunicação do consentimento e do assentimento livre e esclarecido, o participante deverá ter a oportunidade de esclarecer suas dúvidas, bem como dispor do tempo que lhe for adequado para a tomada de uma decisão autônoma. Art. 6º O pesquisador deverá buscar o momento, condição e local mais adequado para que os esclarecimentos sobre a pesquisa sejam efetuados, considerando, para isso, as peculiaridades do convidado a participar da pesquisa, a quem será garantido o direito de recusa. Art. 7º O pesquisador deverá assegurar espaço para que o participante possa expressar seus receios ou dúvidas durante o processo de pesquisa, evitando qualquer forma de imposição ou constrangimento, respeitando sua cultura.

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Art. 8º As informações sobre a pesquisa devem ser transmitidas de forma acessível e transparente para que o convidado a participar de uma pesquisa, ou seu representante legal, possa se manifestar, de forma autônoma, consciente, livre e esclarecida. Art. 9º São direitos dos participantes: I - Ser informado sobre a pesquisa; II - Desistir a qualquer momento de participar da pesquisa, sem qualquer prejuízo; III - Ter sua privacidade respeitada; IV - Ter garantida a confidencialidade das informações pessoais; V - Decidir se sua identidade será divulgada e quais são, dentre as informações que forneceu, as que podem ser tratadas de forma pública; VI - Ser indenizado pelo dano decorrente da pesquisa, nos termos da Lei; e VII - O ressarcimento das despesas diretamente decorrentes de sua participação na pesquisa. Seção I Da obtenção do Consentimento e do Assentimento Art. 10. O pesquisador deve esclarecer o potencial participante, na medida de sua compreensão e respeitadas suas singularidades, sobre a natureza da pesquisa, seus objetivos, métodos, direitos, riscos e potenciais benefícios. Art. 11. O consentimento do participante da pesquisa deverá ser particularmente garantido àquele que, embora plenamente capaz, esteja exposto a condicionamentos específicos, ou sujeito a relação de autoridade ou de dependência, caracterizando situações passíveis de limitação da autonomia. Art. 12. Deverá haver justificativa da escolha de crianças, de adolescentes e de pessoas em situação de diminuição de sua capacidade de decisão no protocolo a ser aprovado pelo sistema CEP/CONEP. 163 Metodologia da Pesquisa Científica

Parágrafo único. Nos casos previstos no caput deverão ser obtidos o assentimento do participante e o consentimento livre e esclarecido, por meio dos representantes legais do participante da pesquisa, preservado o direito à informação e à autonomia do participante, de acordo com a sua capacidade. Art. 13. Em comunidades cuja cultura reconheça a autoridade do líder ou do coletivo sobre o indivíduo, como é o caso de algumas comunidades tradicionais, indígenas ou religiosas, por exemplo, a obtenção da autorização para a pesquisa deve respeitar tal particularidade, sem prejuízo do consentimento individual, quando possível e desejável. Art. 14. Quando for inviável a realização do processo de Consentimento Livre e Esclarecido, a dispensa desse processo deve ser justificadamente solicitada pelo pesquisador responsável ao Sistema CEP/CONEP para apreciação. Seção II Do Registro do Consentimento e do Assentimento Art. 15. O Registro do Consentimento e do Assentimento é o meio pelo qual é explicitado o consentimento livre e esclarecido do participante ou de seu responsável legal, sob a forma escrita, sonora, imagética, ou em outras formas que atendam às características da pesquisa e dos participantes, devendo conter informações em linguagem clara e de fácil entendimento para o suficiente esclarecimento sobre a pesquisa. § 1º Quando não houver registro de consentimento e do assentimento, o pesquisador deverá entregar documento ao participante que contemple as informações previstas para o consentimento livre e esclarecido sobre a pesquisa. § 2º A obtenção de consentimento pode ser comprovada também por meio de testemunha que não componha a equipe de pesquisa e que acompanhou a manifestação do consentimento. Art. 16. O pesquisador deverá justificar o meio de registro mais adequado, considerando, para isso, o grau de risco envolvido, as características do processo da pesquisa e do participante.

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§ 1º Os casos em que seja inviável o Registro de Consentimento ou do Assentimento Livre e Esclarecido ou em que este registro signifique riscos substanciais à privacidade e confidencialidade dos dados do participante ou aos vínculos de confiança entre pesquisador e pesquisado, a dispensa deve ser justificada pelo pesquisador responsável ao sistema CEP/CONEP. § 2º A dispensa do registro de consentimento ou de assentimento não isenta o pesquisador do processo de consentimento ou de assentimento, salvo nos casos previstos nesta Resolução. § 3º A dispensa do Registro do Consentimento deverá ser avaliada e aprovada pelo sistema CEP/CONEP. Art. 17. O Registro de Consentimento Livre e Esclarecido, em seus diferentes formatos, deverá conter esclarecimentos suficientes sobre a pesquisa, incluindo: I - A justificativa, os objetivos e os procedimentos que serão utilizados na pesquisa, com informação sobre métodos a serem utilizados, em linguagem clara e acessível, aos participantes da pesquisa, respeitada a natureza da pesquisa; II - A explicitação dos possíveis danos decorrentes da participação na pesquisa, além da apresentação das providências e cautelas a serem empregadas para evitar situações que possam causar dano, considerando as características do participante da pesquisa; III - A garantia de plena liberdade do participante da pesquisa para decidir sobre sua participação, podendo retirar seu consentimento, em qualquer fase da pesquisa, sem prejuízo algum; IV - A garantia de manutenção do sigilo e da privacidade dos participantes da pesquisa seja pessoa ou grupo de pessoas, durante todas as fases da pesquisa, exceto quando houver sua manifestação explícita em sentido contrário, mesmo após o término da pesquisa; V - Informação sobre a forma de acompanhamento e a assistência a que terão direito os participantes da pesquisa, inclusive considerando benefícios, quando houver;

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VI - Garantia aos participantes do acesso aos resultados da pesquisa; VII - Explicitação da garantia ao participante de ressarcimento e a descrição das formas de cobertura das despesas realizadas pelo participante decorrentes da pesquisa, quando houver; VIII - A informação do endereço, e-mail e contato telefônico, dos responsáveis pela pesquisa; IX - Breve explicação sobre o que é o CEP, bem como endereço, e-mail e contato telefônico do CEP local e, quando for o caso, da CONEP; e X - A informação de que o participante terá acesso ao registro do consentimento sempre que solicitado. § 1º Nos casos em que algum dos itens não for contemplado na modalidade de registro escolhida, tal informação deverá ser entregue ao participante em documento complementar, de maneira a garantir que todos os itens supracitados sejam informados aos participantes. § 2º Nos casos em que o consentimento ou o assentimento livre e esclarecido não for registrado por escrito, o participante poderá ter acesso ao registro do consentimento ou do assentimento sempre que solicitado. § 3º Nos casos em que o consentimento ou o assentimento livre e esclarecido for registrado por escrito uma via, assinada pelo participante e pelo pesquisador responsável, deve ser entregue ao participante. § 4º O assentimento do participante da pesquisa deverá constar do registro do consentimento.

Metodologia da Pesquisa Científica

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CAPÍTULO IV DOS RISCOS Art. 18. Nos projetos de pesquisa em Ciências Humanas e Sociais, a definição e agradação do risco resultam da apreciação dos seus procedimentos metodológicos e do seu potencial de causar danos maiores ao participante do que os existentes na vida cotidiana, em consonância com o caráter processual e dialogal dessas pesquisas. Art. 19. O pesquisador deve estar sempre atento aos riscos que a pesquisa possa acarretar aos participantes em decorrência dos seus procedimentos, devendo para tanto serem adotadas medidas de precaução e proteção, a fim de evitar dano ou atenuar seus efeitos. § 1º Quando o pesquisador perceber qualquer possibilidade de dano ao participante, decorrente da participação na pesquisa, deverá discutir com os participantes as providências cabíveis, que podem incluir o encerramento da pesquisa e informar o sistema CEP/CONEP. § 2º O participante da pesquisa que vier a sofrer qualquer tipo de dano resultante de sua participação na pesquisa, previsto ou não no Registro de Consentimento Livre e Esclarecido, tem direito a assistência e a buscar indenização. Art. 20. O pesquisador deverá adotar todas as medidas cabíveis para proteger o participante quando criança, adolescente, ou qualquer pessoa cuja autonomia esteja reduzida ou que esteja sujeita a relação de autoridade ou dependência que caracterize situação de limitação da autonomia, reconhecendo sua situação peculiar de vulnerabilidade, independentemente do nível de risco da pesquisa. Art. 21. O risco previsto no protocolo será graduado nos níveis mínimo, baixo, moderado ou elevado, considerando sua magnitude em função de características e circunstâncias do projeto, conforme definição de Resolução específica sobre tipificação e gradação de risco e sobre tramitação dos protocolos. § 1º A tramitação dos protocolos será diferenciada de acordo com a gradação de risco. § 2º A gradação do risco deve distinguir diferentes níveis de precaução e proteção em relação ao participante da pesquisa.

167 Metodologia da Pesquisa Científica

CAPÍTULO V DO PROCEDIMENTO DE ANÁLISE ÉTICA NO SISTEMA CEP/CONEP Art. 22. O protocolo a ser submetido à avaliação ética somente será apreciado se for apresentada toda a documentação solicitada pelo sistema CEP/CONEP, tal como descrita, a esse respeito, na norma operacional do CNS em vigor, no que couber e quando não houver prejuízo no estabelecido nesta Resolução, considerando a natureza e as especificidades de cada pesquisa. Art. 23. Os projetos de pesquisa serão inscritos na Plataforma Brasil, para sua avaliação ética, da forma prevista nesta Resolução e na Resolução específica de gradação, tipificação de risco e tramitação dos protocolos. Art. 24. Todas as etapas preliminares necessárias para que o pesquisador elabore seu projeto não são alvo de avaliação do sistema CEP/CONEP. Art. 25. A avaliação a ser feita pelo Sistema CEP/CONEP incidirá sobre os aspectos éticos dos projetos, considerando os riscos e a devida proteção dos direitos dos participantes da pesquisa. §1º. A avaliação científica dos aspectos teóricos dos projetos submetidos a essa Resolução compete às instâncias acadêmicas específicas, tais como comissões acadêmicas de pesquisa, bancas de pós-graduação, instituições de fomento à pesquisa, dentre outros. Não cabe ao Sistema CEP/CONEP a análise do desenho metodológico em si. § 2º. A avaliação a ser realizada pelo Sistema CEP/CONEP incidirá somente sobre

os

procedimentos

metodológicos

que

impliquem

em

riscos

aos

participantes. Art. 26. A análise ética dos projetos de pesquisa de que trata esta Resolução só poderá ocorrer nos Comitês de Ética em Pesquisa que comportarem representação equânime de membros das Ciências Humanas e Sociais, devendo os relatores serem escolhidos dentre os membros qualificados nessa área de conhecimento. Art. 27. A pesquisa realizada por estudantes de graduação e de pósgraduação, que seja parte de projeto do orientador já aprovado pelo sistema CEP/Conep, pode ser apresentada como emenda ao projeto aprovado, desde que não contenha modificação essencial nos objetivos e na metodologia do projeto original. Metodologia da Pesquisa Científica

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CAPÍTULO VI DO PESQUISADOR RESPONSÁVEL Art. 28. A responsabilidade do pesquisador é indelegável e indeclinável e compreende os aspectos éticos e legais, cabendo-lhe: I - apresentar o protocolo devidamente instruído ao sistema CEP/Conep, aguardando a decisão de aprovação ética, antes de iniciar a pesquisa, conforme definido em resolução específica de tipificação e gradação de risco; II - conduzir o processo de Consentimento e de Assentimento Livre e Esclarecido; III - apresentar dados solicitados pelo CEP ou pela Conep a qualquer momento; IV - manter os dados da pesquisa em arquivo, físico ou digital, sob sua guarda e responsabilidade, por um período mínimo de 5 (cinco) anos após o término da pesquisa; e

V - apresentar no relatório final que o projeto foi desenvolvido conforme delineado, justificando, quando ocorridas, a sua mudança ou interrupção. CAPÍTULO VII DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS Art. 29. Será instituída instância, no âmbito da Conep, para implementação, acompanhamento, proposição de atualização desta Resolução e do formulário próprio para inscrição dos protocolos relativos a projetos das Ciências Humanas e Sociais na Plataforma Brasil, bem como para a proposição de projetos de formação e capacitação na área. Parágrafo único. A instância prevista no caput será composta por membros titulares das Ciências Humanas e Sociais integrantes da CONEP, representantes das associações científicas nacionais de Ciências Humanas e Sociais, membros dos CEP de Ciências Humanas e Sociais e de usuários. Art. 30. Deverá ser estimulado o ingresso de pesquisadores e 169 Metodologia da Pesquisa Científica

demais

profissionais atuantes nas Ciências Humanas e Sociais nos colegiados dos CEP existentes, assim como a criação de novos CEP, mantendo-se a interdisciplinaridade em sua composição. Art. 31. Os aspectos relacionados às modificações necessárias na Plataforma Brasil entrarão em vigor quando da atualização do sistema. CAPÍTULO VIII DAS DISPOSIÇÕES FINAIS Art. 32. Aplica-se o disposto nos itens VII, VIII, IX e X, da Resolução CNS nº 466, de 12, de dezembro de 2012, no que couber e quando não houver prejuízo ao disposto nesta Resolução. Parágrafo único. Em situações não contempladas por essa Resolução, prevalecerão os princípios éticos contidos na Resolução CNS n° 466 de 2012. Art. 33. A composição da Conep respeitará a equidade dos membros titulares e suplentes indicados pelos CEP entre a área de Ciências Humanas e Sociais e as demais áreas que a compõem, garantindo a representação equilibrada das diferentes áreas na elaboração de normas e no gerenciamento do Sistema CEP/CONEP. Art. 34. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

RONALD FERREIRA DOS SANTOS Presidente do Conselho Nacional de Saúde Homologo a Resolução CNS no 510, de 07 de abril de 2016, nos termos do Decreto de Delegação de Competência de 12 de novembro de 1991. MARCELO COSTA E CASTRO Ministro de Estado da Saúde Fonte: http://www.ufrgs.br/cep/resolucoes/resolucao-510-de-07-de-abril-de-20162013-ciencias-sociais-e-humanas/view. Acesso: 21 nov. 2016

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PLATAFORMA BRASIL A partir do dia 15 de janeiro de 2012, em vez de utilizar o Sistema Nacional de Ética em Pesquisa (SISNEP) para o registro de pesquisas envolvendo seres humanos, será utilizada a Plataforma Brasil (www.saude.gov.br/plataformabrasil). A Plataforma Brasil é uma base nacional e unificada de registros de pesquisas envolvendo seres humanos para todo o sistema CEP/CONEP. Ela permite que as pesquisas sejam acompanhadas em seus diferentes estágios - desde sua submissão até a aprovação final pelo CEP e pela CONEP, quando necessário - possibilitando inclusive o acompanhamento da fase de campo, o envio de relatórios parciais e dos relatórios finais das pesquisas (quando concluídas). O sistema permite, ainda, a apresentação de documentos também em meio digital, propiciando ainda à sociedade o acesso aos dados públicos de todas as pesquisas aprovadas. Pela Internet é possível a todos os envolvidos o acesso, por meio de um ambiente compartilhado, às informações em conjunto, diminuindo de forma significativa o tempo de trâmite dos projetos em todo o sistema CEP/CONEP. A Plataforma Brasil é um passo importante para a transparência e agilidade no processo devido à apresentação de documentos pela internet, evitando o uso do envio da tramitação de protocolos via Correios. Para cadastrar os projetos e acompanhar a submissão dos mesmos, acesse a Plataforma Brasil. Segue o link: http://aplicacao.saude.gov.br/plataformabrasil/ login.jsf. Para efetuar o cadastro do pesquisador, clique em “Cadastre-se para acessar a Plataforma Brasil” lembrando que para efetuar o cadastro é necessário fornecer um endereço de e-mail válido. Ainda, deve-se ter em mãos uma cópia digitalizada de um documento de identidade com foto para ser submetido ao sistema (recomendase o formato ‘JPG’ ou ‘PDF’ com resolução de 1000 DPI 2000PI). O não envio do documento provoca a não efetivação do cadastro. Também será necessário o envio do seu currículo vitae em formato “doc”, “docx”, “odt” e “pdf” - 2mb máximo. Após a finalização do seu cadastro, a Plataforma Brasil encaminhará, ao seu email, a senha para ter acesso às funcionalidades da Plataforma Brasil. Caso necessário, a senha poderá ser modificada posteriormente pelo próprio usuário.

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Dúvidas sobre a utilização da Plataforma Brasil podem ser encaminhadas para o e-mail [email protected] ou diretamente pelo chat online, cujo botão de acesso está localizado na parte superior direita da página inicial da Plataforma Brasil. Dúvidas sobre questões das Resoluções do Conselho Nacional de Saúde, relacionadas à ética em pesquisa, e sobre a tramitação de projetos no Sistema CEP/ CONEP podem ser encaminhadas para [email protected] . Fonte: http://portal2.saude.gov.br/sisnep/Menu_Principal.cfm. Acesso: 21 nov. 2016.

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COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA O Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) é um colegiado interdisciplinar e independente, com “munus público”, que deve existir nas instituições que realizam pesquisas envolvendo seres humanos no Brasil, criado para defender os interesses dos sujeitos em sua integridade e dignidade e para contribuir no desenvolvimento da pesquisa dentro dos padrões éticos (Normas e Diretrizes Regulamentadoras da Pesquisa Envolvendo Seres Humanos – Resolução CNS 466/12, II.4). O CEP é responsável pela avaliação e acompanhamento dos aspectos éticos de todas as pesquisas envolvendo seres humanos. Este papel está bem estabelecido nas diversas diretrizes éticas internacionais (Declaração de Helsinque, Diretrizes Internacionais para as Pesquisas Biomédicas envolvendo Seres Humanos – CIOMS) e Brasileiras (Resolução CNS 466/12), diretrizes estas que ressaltam a necessidade de revisão ética e científica das pesquisas envolvendo seres humanos, visando a salvaguardar a dignidade, os direitos, a segurança e o bem-estar do sujeito da pesquisa. Desta maneira e de acordo com a Resolução CNS 466/12, “toda pesquisa envolvendo seres humanos deverá ser submetida à apreciação de um Comitê de Ética em Pesquisa”. A missão do CEP é salvaguardar os direitos e a dignidade dos sujeitos da pesquisa. Além disso, o CEP contribui para a qualidade das pesquisas e para a discussão do papel da pesquisa no desenvolvimento social da comunidade. Contribui ainda para a valorização do pesquisador que recebe o reconhecimento de que sua proposta é eticamente adequada. Fonte: http://www.univale.br/sites/cep/informacoes_gerais/definicao/. Acesso: 21 nov. 2016.

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TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido é um documento básico e fundamental do protocolo e da pesquisa com ética. É a fonte de esclarecimento que permitirá ao participante da pesquisa tomar sua decisão de forma justa e sem constrangimentos. É a proteção legal e moral do pesquisador, posto que é a manifestação clara de concordância com a participação na pesquisa. Deve conter, de forma clara as informações mais importantes do protocolo de pesquisa. Todos os itens incluindo título, justificativas, objetivos, riscos e possíveis riscos e benefícios devem estar descritos em linguagem clara, ou seja, que seja entendida pelos eventuais participantes da pesquisa. O TCLE deve ser elaborado pelo pesquisador responsável e deve constar, no mínimo, as informações abaixo descritas: É imprescindível que o TCLE seja um CONVITE aos possíveis participantes da pesquisa. Deve informar o título completo da pesquisa. Informar claramente quem é o responsável pela pesquisa, quem fará a apresentação do TCLE e a obtenção do consentimento. Delinear a justificativa para a realização da pesquisa e os objetivos da pesquisa. Descrever, com detalhes suficientes, os procedimentos metodológicos que serão utilizados, em especial os que possam gerar desconforto ou risco aos participantes da pesquisa. Evitar descrições muito detalhadas de técnicas que não afetarão os participantes da pesquisa. Descrever os benefícios esperados, os desconfortos e riscos previsíveis, de forma clara e simples. Esclarecer as medidas cabíveis caso algum risco aconteça. Descrever a forma de acompanhamento e assistência prestada aos participantes da pesquisa, bem como aos seus responsáveis. Deixar clara a garantia de esclarecimentos antes, durante ou após a realização da pesquisa; a possibilidade de inclusão em grupo controle ou placebo.

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Esclarecer a garantia de que os eventuais participantes da pesquisa podem se recusar a participar da pesquisa em qualquer momento, sem que isto acarrete qualquer penalidade e não cause prejuízo ao seu tratamento, nem represálias de qualquer natureza. Esclarecer a garantia de sigilo de dados confidenciais ou que, de algum modo, possam provocar constrangimentos ou prejuízos ao voluntário. Deixar claro a intenção de tornar anônimos o material ou dados obtidos do voluntário. Incluir endereço, telefone e-mail ou outra forma de contato com o pesquisador responsável. A assinatura do voluntário não pode ser posta em papel à parte do corpo do TCLE. O TCLE é um documento único e deve ser sempre apresentado integralmente. Nunca o apresente inserido como parte de outro texto ou apenas parte do mesmo. O TCLE deve estar assinado por todos os pesquisadores. Após recebimento da aprovação do projeto pelo CEP/FSA e iniciada a coleta de dados, o TCLE deverá obedecer aos seguintes requisitos: ser impresso em duas vias, sendo uma retida pelo participante da pesquisa ou seu representante legal e uma arquivada pelo pesquisador. Em pesquisas envolvendo crianças, adolescentes, portadores de doença mental devem ser assinados por seus representantes legais, sem suspensão do direito de informação dos indivíduos, no limite de sua capacidade. A redação do termo de Consentimento submetida à análise do CEP/FSA deve ser idêntica àquela fornecida ao participante da pesquisa, sendo, portanto, vedada qualquer alteração após emissão de parecer final por este Comitê. Eu discuti com o (nome do pesquisador principal) sobre a minha decisão participar desta pesquisa. Ficaram claros para mim quais são os propósitos do estudo, os procedimentos a serem realizados, seus desconfortos e riscos, as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes. Ficou claro também que minha participação é isenta de despesas. Concordo voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidades ou prejuízo ou perda de qualquer benefício que eu possa ter adquirido.

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Local para assinatura do participante da pesquisa/representante legal, com data. Somente para o responsável do projeto (Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e Esclarecido deste voluntário ou representante legal para a participação neste estudo, com local para assinatura do responsável pelo estudo, com data. Conforme determinação da CONEP/CNS, através da carta circular Nº 003/2011, é obrigatória a rubrica em todas as páginas do TCLE pelo participante da pesquisa ou seu responsável e pelo pesquisador, devendo os termos de consentimento livre e esclarecido utilizados, serem anexados ao relatório final apresentado a este CEP. IMPORTANTE! Após resultado do parecer do projeto o (a) pesquisador(a), deverá encaminharse à Coordenação do CEP, para saber como deverá dar andamento à pesquisa, bem como fazer a solicitação da declaração de aprovação. Fonte: http://www.fsanet.com.br/institucional/comite-de-etica/tcle. Acesso: 21 nov. 2016.

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TERMO DE COMPROMISSO DE UTILIZAÇÃO DE DADOS (TCUD) Instruções de preenchimento: • Obrigatório para pesquisa que utilizam e coletam informações em banco de dados, prontuários médicos ou odontológicos. • Adapte o modelo conforme às peculiaridades de seu projeto, substituindo as partes em vermelho. • Todos os pesquisadores que terão acesso aos documentos do arquivo deverão ter o seu nome e R.G. informado, e também deverão assinar este termo. Será vedado o acesso aos documentos a pessoas cujo nome e assinatura não constarem no documento. • Não é necessário colher a assinatura dos responsáveis pelos bancos de dados na submissão, porém é necessário apresentar quando na coleta de dados. • Esta folha de instruções deve ser removida da versão que será postada na Plataforma Brasil, permanecendo apenas o modelo do documento abaixo.

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TERMO DE COMPROMISSO DE UTILIZAÇÃO DE DADOS (TCUD) - MODELO Eu (Nós), abaixo assinado(s), pesquisadores envolvidos no projeto de título (informar o título do projeto), me comprometo a manter a confidencialidade sobre os dados coletados nos arquivos do local do banco ou instituição de coleta, bem como a privacidade de seus conteúdos, como preconizam os Documentos Internacionais e a Resolução. 466/12 do Conselho Nacional de Saúde. Informo que os dados a serem coletados dizem respeito a citar o objeto da coleta, por exemplo: cirurgias ortopédicas ocorridos entre as datas de: (especificar o período relativo à ocorrência dos eventos, por exemplo: entre maio de 2001 e maio de 2007). Cidade, dia, mês e ano. Envolvidos na manipulação e coleta dos dados: Nome Completo CPF

Assinatura

Fonte: www.pucpr.br/arquivosUpload/5374518331437477254.docx. Acesso: 21 nov. 2016.

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LEITURA OBRIGATÓRIA Este ícone apresenta uma obra indicada pelos(as) professores(as) autores(as) que será indispensável para a formação profissional do estudante.

Propomos a leitura do livro Novos Enfoques da Pesquisa Educacional da autora Ivani Catarina Arantes Fazenda, onde faz algumas abordagens sobre a pesquisa científica. O pesquisador principiante enfrenta normalmente dificuldades perante a pesquisa. Os obstáculos mais comuns que os estudantes iniciantes têm de ultrapassar estão ligados com a expressão escrita. A apropriação do objeto da escrita implica em uma exaustiva pesquisa anterior sobre a temática. Somente após esse momento, será possível compreender os seus vários aspectos e comunicá-lo a outros. Ele deverá ter cuidado de analisar se a pesquisa é exequível e ajustada à sua competência. Por exemplo, um tema complexo exige conhecimento e capacidades mentais de um pesquisador experiente, que o pesquisador principiante ainda não desenvolveu. As situações apresentadas estão associadas aos desafios que os pesquisadores principiantes enfrentam e podem ser lidas, na obra: “Novos Enfoques da Pesquisa Educacional”, cuja leitura se recomenda. É possível ler que o pesquisador em início de carreira acadêmica, também deve ter o cuidado em ao pensar nos procedimentos metodológicos, ter clareza de sua pergunta, de seu problema e não atuar como se os procedimentos ou as técnicas de pesquisa tivessem vida própria, independentemente do objeto a ser estudado. O pesquisador principiante tende a apresentar uma delimitação muito abrangente, isto é, tem dificuldade em definir ou identificar um foco especifico de estudo, assim, por exemplo, seleciona inicialmente como problema a ser estudado: “O ensino de Ciências”. Posteriormente o reduz para “O ensino de Ciências na cidade X nos últimos 5 anos”, o qual é por sua vez transformado depois em “O ensino de Ciências na atualidade na escola Y” e que ainda pode ser restrito a “Alguns obstáculos enfrentados por estudantes da 4ª série na aprendizagem do conceito de área de sólido geométrico”, ou ainda mais restritamente, para: “Os erros mais frequentes que os da 4ª série apresentam durante o processo de aprendizagem do conceito de área de sólido geométrico”.

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É comum também que a preocupação do pesquisador principiante com a procura de encaixar os dados empíricos num molde ou estrutura adotada anteriormente, empobreça o desenvolvimento da conceituação e da formulação da teoria. FAZENDA, Ivani Catarina Arantes (Org.). Novos Enfoques da Pesquisa Educacional. São Paulo: Cortez, 2001 GUIA DE ESTUDO

Após a leitura, elabore um fichamento bibliográfico e disponibilize na sala virtual, trechos que despertaram a sua atenção, seguidos de comentários.

181 Metodologia da Pesquisa Científica

REVISANDO É uma síntese dos temas abordados com a intenção de possibilitar uma oportunidade para rever os pontos fundamentais da disciplina e avaliar a aprendizagem.

No decorrer desse estudo vimos que o conhecimento popular distinguese do conhecimento científico pelos métodos utilizados. O conhecimento popular é superficial, sensitivo, assistemático e acrítico. A ciência caracteriza-se por um conjunto de modelos de observação, identificação, descrição, investigação experimental e explanação teórica de fenômenos. O método científico envolve técnicas exatas, objetivas e sistemáticas. O conhecimento científico apresenta-se objetivo, intersubjetivo, positivo, racional, reversível e autônomo. A ciência é a atividade intelectual e prática que abrange a estrutura do comportamento do mundo físico e do natural através do empirismo e da observação. Ela é o resultado de um exame realizado com o objetivo de resolver o problema. Tem várias etapas como a pesquisa qualitativa e quantitativa. As pesquisas podem ser classificadas como base em seus objetivos, sendo que na forma tradicional de investigar o objeto no sentido de comprovar hipóteses, temos a pesquisa experimental; para descrevê-la, temos a pesquisa descritiva e para explorá-la, temos a pesquisa exploratória. A pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento de referências publicadas por meios escritos e eletrônicos. O pesquisador deve ter o cuidado de selecionar e analisar cuidadosamente as fontes de pesquisa, sempre que possível original, de modo a evitar erros resultantes de dados coletados ou processados de forma equívoca. A pesquisa documental recorre a fontes mais diversificadas e dispersas. Para desenvolver uma pesquisa é indispensável selecionar procedimentos para a coleta de dados. Nas pesquisas em que os dados são fornecidos por pessoas podemos enquadrar diversos tipos: pesquisa experimental, pesquisa Ex-Post-Facto, pesquisa com Survey, estudo de caso e levantamento. A interação entre pesquisadores e sujeitos da pesquisa caracteriza-se como pesquisa participante. Nesta o pesquisador adota uma postura mais observadora, enquanto na pesquisa-ação ele assume uma postura de intervenção junto e em conjunto com os sujeitos da pesquisa. As pesquisas que envolvem animais devem ser colocadas para análise de uma Comissão de Usos de Animais – CEUA, vinculada ao Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (CONCEA). E toda pesquisa envolvendo seres humanos deverá ser submetida à apreciação de um Comitê de Ética em Pesquisa.

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O projeto de pesquisa é uma carta de intenção e de explicitação da proposta do estudo que se pretende realizar. O projeto deve ser organizado em uma estrutura com os itens que respondam às perguntas: O que? Por que? Para que? Qual a relevância? Qual o fundamento? Como será realizada? Como será agendada? Quais as fontes? O modelo de um projeto de pesquisa deverá, de acordo com a Instituição, conter vários elementos que irão compor o modelo seguinte: introdução, justificativa, fundamentação teórica, metodologia e referências bibliográficas. Ao escrever um projeto de pesquisa, o autor deve ser cuidadoso para garantir a impessoalidade, objetividade, clareza, precisão, coerência, concisão e simplicidade. Além disso, a linguagem deve ser objetiva e clara, evitando o plágio e a utilização de terminologia técnica excessiva. As fontes utilizadas na pesquisa deverão ser referenciadas e a descrição das bibliografias deverá obedecer às normas da ABNT. A relação do trabalho exige o domínio prático de todo um instrumental técnico que deve ser utilizado devidamente. Como em outros setores da metodologia, aqui também há muitas divergências nas orientações. As diretrizes que se seguem pretendem ser as mais práticas possíveis e visam atingir os trabalhos didáticos mais comum à vida universitária. São normas gerais que, no caso de trabalhos específicos, como as dissertações de mestrado e as teses de doutorado, precisam ser complementadas com as exigências que lhes são específicas.

184 Metodologia da Pesquisa Científica

AUTOAVALIAÇÃO Momento de parar e fazer uma análise sobre o que o estudante aprendeu durante a disciplina.

1- Justifique a relação existente entre senso comum e conhecimento científico. 2 - Selecione um tipo de pesquisa para o estudo de um dos seguintes temas: - “Desafios do uso pedagógico dos novos recursos tecnológicos, tais como: email, o software didático, as bases de dados e as simulações digitais”. - “A redefinição do papel do professor face às novas linguagens multimídia e virtuais”. 3 – A partir do objetivo abaixo, classifique o tipo de pesquisa de acordo com a tipologia: pesquisa exploratória, pesquisa descritiva e pesquisa experimental. “Identificar as prováveis causas para o sucesso escolar das crianças de famílias que vivem em comunidade com predominância da cultura alemã”. 4- Como se diferencia a pesquisa bibliográfica da pesquisa documental? 5- Que cuidados deverão ser tomados na realização de uma pesquisa bibliográfica? 6- Caracterize em palavras-chave cada uma das pesquisas apresentadas no tema: pesquisa experimental, pesquisa Ex-Post-Facto, pesquisa com Survey, estudo de caso e levantamento. 7 - Justifique a cientificidade da pesquisa participante e da pesquisa - ação. 8 - Apresente a importância da impessoalidade, objetividade, clareza, precisão, corência, concisão e simplicidade para a redação do projeto de pesquisa. 9 - Qual a relevância das normas da ABNT para a escrita do projeto de pesquisa? 10 – As questões éticas da pesquisa são importantes? Quais os encaminhamentos a serem seguidos?

Metodologia da Pesquisa Científica

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BIBLIOGRAFIA Indicação de livros que foram utilizados para a construção do material didático da disciplina.

ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução a metodologia do trabalho científico: elaboração de trabalhos na graduação. 10 ed. São Paulo: Atlas, 2010. __________. Introdução a Metodologia do Trabalho Científico. 10ª Ed. São Paulo: Atlas, 2014.

AQUINO, Italo de Souza. Como escrever artigos científicos sem arrodeio e sem medo da ABNT. São Paulo: Saraiva, 2012. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724: informação e documentação: trabalhos acadêmicos: apresentação. Rio de Janeiro, 2002. BARROS, Aidil Jesus da Silveira; LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. Fundamentos de metodologia científica. 2. ed. São Paulo: Makron Books, 2007. BARBAN, A. M.; CRISTOL, S. M.; KOPEC, F. J. A essência do planejamento de mídia. São Paulo: Nobel, 2001. BERVIAN, Pedro; CERVO, Amado L. Metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2002. BOCHENSKI, J. M. Los Métodos Actuales Del Pensamiento. Madrid, Ediciones Rialp S. A., 1958. DEMO, Pedro. Introdução à metodologia da Ciência. São Paulo: Atlas, 1987. DESCARTES, René. Discurso sobre o método. São Paulo: Hemus, 1978. __________. Discurso do Método, 2ª parte, in Os Pensadores, 2ª ed., trad. J. Guinsburg & B. Prado Jr., Abril Cultural, São Paulo, 1637, pp. 37-9. __________. Discurso do Método. Rio de Janeiro, Tecnoprint Editora, 1969. FERRARI, Alfonso Trujillo. Metodologia da Pesquisa Científica. São Paulo, McGraw-Hill, 1982. ECO, Umberto. Como se faz uma Tese. São Paulo, Perspectiva, 1982. GADOTTI, Moacir.; FREIRE P.; GUIMARÃES, Sergio. Pedagogia: diálogo e

conflito. São Paulo: Editora Cortez, 1995. GIL. A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002. GRESSLER, Lori Alice. Pesquisa educacional. São Paulo: Loyola, 1989.

GOODE, William J. e HATT, Paul, K. Método em pesquisa Social. São Paulo, Companhia Editora Nacional, 1960. GUIMARÃES, A. Z. (org.). Desvendando as máscaras sociais. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves Editora, s/d. HUSSERL, Edmund. Ideen zu einer reinen Phamenologie und Phamonologischen Philosofie. 1951. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Normas de Apresentação tabular. 3. Ed. Rio de Janeiro: IBGE, 1993.p. 47-49. LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. de A. Fundamentos de metodologia científica. 3 ed. rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 2000. LEHFELD, N. A. S.; Barros, A. J. P. B. Projeto de pesquisa: Propostas metodológicas. Petrópolis: Vozes, 1991. MATIAS-PEREIRA, J. Manual de metodologia da pesquisa científica. 3. ed. rev. e atual. São Paulo: Atlas, 2012. MATOS, K. S. L.; VIEIRA, S. L. Pesquisa educacional: o prazer de conhecer. Fortaleza: Demócrito Rocha, 2001. FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Editora: Paz e Terra, 1986. __________ Pedagogia do Oprimido. Editora: Paz e Terra, 1987. __________. Cartas à Guiné-Bissau: registros de uma experiência em Processo. 2ª ed., Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1978. MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de Pesquisa: planejamento e execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisa,

elaboração, análise e interpretação de dados. 6º Ed. São Paulo: Atlas, 2007. MIGUEL, Emilio Sanches. Compreensão e Redação de Textos: Dificuldades e Ajudas. Porto Alegre: Artmed. 2002. MINAYO, Maria Cecília de Sousa (Org.). Pesquisa social: Teoria, método e criatividade. Petrópolis: Vozes, 2001. , Maria Cecília de Sousa. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. Rio de Janeiro: UCITEC-ABRASCO, 1994.

MORRIS, Charles 1946 Signs, Language and Behavior. New York: Prentice-Hall. __________. Fundamentos de Metodologia Científica. 7ª Ed. São Paulo: Atlas, 2010. MALINOWSKI, B. 1 – Objetivo, método e alcance desta pesquisa. In: PEROVANO, D. G. Manual de Metodologia Científica. – 1º ed. – Curitiba: Juruá editora, 2014. RUDIO, Franz Victor. Introdução ao projeto de pesquisa científica. Petrópolis: Vozes, 1978. SANTOS, Boaventura de Souza. Um discurso sobre as ciências. Porto: Afrontamento, 1987. SANTOS, Antônio Raimundo dos. Metodologia científica: a construção do conhecimento. 2. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2015. SANTOS, G. do R. C. M.; MOLINA, N. L.; DIAS, V. F. D. Orientações e dicas práticas para trabalhos acadêmicos. Curitiba: Ibpex, 2007. SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 21. ed. São Paulo: Cortez, 2006. SERAFINI, Maria Teresa. Como escrever textos. São Paulo: Globo, 1997. SEVERINO, Antônio Joaquim Severino. Metodologia do trabalho científico. Paulo: Cortez, 2001.

São

TOMASI, Carolina; MEDEIROS, João Bosco. Comunicação científica: normas técnicas para redação científica. São Paulo: Atlas, 2008. THOMAS, J.R.; NELSON, J.K. Métodos de pesquisa em atividade física. 3 ed. Porto Alegre, Artmed Editora, 2002. THUMS, Jorge. Acesso à realidade Técnicas de pesquisa e construção do conhecimento. Canoas: Ed. ULBRA, 2003.

VIANNA, Ilca Oliveira. Metodologia do trabalho científico: um enfoque didático da produção científica. São Paulo: EPU, 2001.

BIBLIOGRAFIA WEB Indicação de livros e sites que foram utilizados para a construção do material didático da disciplina.

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JÚNIOR, Álvaro Francisco de Britto; JÚNIOR, Nazir Feres. A utilização da técnica da entrevista em trabalhos científicos. Disponível em: http://www.uniaraxa.edu.br/ ojs/index.php/evidencia/article/view/200/186. Acessado em 16/05/2014.

LISTON, Paulo Cezar; SILVA, Maria Ivone. A importância da disciplina da Metodologia Científica na elaboração do trabalho de conclusão de curso- TCC nos cursos de graduação. Disponível em http://www.fecra.edu.br/controle/paginasrevista/ed1/a_importancia_da_disciplina_de_metodologia_cientifica_na_elaboracao_ do_trabalho_de_conclusao_de_curso tcc_nos_cursos_de_graduacao.pdf. Acessado em 17/05/2014.

PRODANOV, Cleber Cristiano; FREITAS, Ernani César. “Metodologia do Trabalho Científico: Métodos e Técnicas da Pesquisa e do Trabalho Acadêmico”. Disponível em: http://books.google.com.br/books?id=zUDsAQAAQBAJ&pg=PA274&dq=meto dologia+do+trabalho+cient%C3%ADfico&hl=pt-BR&sa=X&ei=I9N0U-izI6fNsAS3x IDIBw&ved=0CFoQ6AEwAw#v=onepage&q=metodologia%20do%20trabalho%20 cient%C3%ADfico&f=false. Acessado em 17/05/2014. PELLIZZON, Rosely de Fátima de. Pesquisa na área da saúde. Base de dados DeCS (Descritores em Ciências da Saúde). Acta Cirúrgica Brasileira - Vol 19 (2) 2004 – 153. Disponível em: [http://www.scielo.br/pdf/acb/v19n2/v19n2a13.pdf]; acesso em 05 mai 2004.

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