Marx

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE EDUCAÇÃO PROGRAMA DE PÓS- GRADUAÇÃO DISCIPLINA: FUNDAMENTOS SÓCIOECONÔMICOS E POLÍTICOS DA EDUCAÇÃO

• SEMINÁRIO: MARX, K. “PREFÁCIO PARA A CRÍTICA DA ECONOMIA POLÍTICA”, “O FETICHISMO DA MERCADORIA” IN: COLEÇÃO OS PENSADORES. SÃO PAULO: NOVA CULTURAL, 1991. • ALUNOS: CATARINA SOUZA FRANCISCO ASSIS PATROCÍNIO

CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA • Pouco a pouco, o que para Marx parecia ser uma revolução política, reclamando uma reorganização do Estado, transformou-se na idéia de uma revolução social, que deveria modificar a própria estrutura da sociedade como um todo.

• A esquerda hegeliana resolveu publicar uma revista no exílio que se chamaria “AnaisFranco-Alemães”. Ela não passou do primeiro número duplo, Marx colaborou com dois trabalhos: Introdução a uma crítica da Filosofia do Direito de Hegel e a Questão judaica. • Em fevereiro de 1845 Marx foi expulso do território francês. Refugiou-se, em Bruxelas, devido a um artigo no qual tratava sobre a greve dos tecelões da Silésia. O governo prussiano aproveitou-se disso para pressionar o governo Francês para fechar a revista e perseguir seus redatores.

• Para Marx, o Estado Alemão da sua época representava o passado dos povos modernos e a luta contra sua opressão assinalaria o esforço de livrar a humanidade de todos os laços que a alienam. Um de seus pensamentos é de que toda crítica permanece inócua se não atinge a raiz do próprio homem, enquanto ser concreto e a sociedade no qual vive e se manifesta.

• A coincidência de perspectivas e de resultados uniu Marx e Engels. No exílio, Marx e Engels redigiram “Ideologia Alemã” e, lá, Marx continuou a se preocupar com a política. Quando se estabeleceu, em Londres, que Marx entrou em contato com as teorias de Adam Smith e David Ricardo.

• Em 1859, ficou pronto o texto: “Para a Crítica da economia Política”, tais escritos somente podem ser compreendidos se considerarmos a influência do pensamento hegeliano[1] na obra de Marx e seu posterior rompimento com o hegelianismo de esquerda, que resulta na fundação do materialismo histórico[2]. [1] A filosofia hegeliana baseada no conceito idealista (isto é, apenas a mente é real, e, o que é real é racional, e tudo aquilo que é racional é real) baseava-se nas três leis do raciocínio lógico-filosófico ou lógica dialética tese, antítese e síntese. Procede dessa conseqüência lógica que a história revela progressivamente o Absoluto e tudo o que acontece na história é de caráter racional, pois tudo tem uma justificativa racional. [2] Na teoria marxista, o materialismo histórico pretende a explicação da história das sociedades humanas, em todas as épocas, através dos fatos materiais, essencialmente econômicos e técnicos. A história que se constrói através da luta de classes.

I- PRODUÇÃO, CONSUMO, DISTRIBUIÇÃO, TROCA (CIRCULAÇÃO) •

1. PRODUÇÃO a) o objeto deste estudo é em primeiro lugar a produção material • - indivíduos produzindo em sociedade, portanto a produção dos indivíduos determinada socialmente – é o ponto de partida.

• ● na sociedade de livre concorrência: • ►o indivíduo aparece desprendido dos laços naturais que, em épocas históricas remotas, fizeram dele um acessório de um aglomerado humano limitado e determinado. • ►os profetas do século XVIII imaginam este indivíduo do século XVIII, como ideal, que teria existido no passado – vêem-no não como um resultado histórico, mas como o ponto de partida da história, porque o consideram como um indivíduo conforme à natureza.

● Quanto mais se recua na história, mais dependente aparece o indivíduo, e, portanto, o indivíduo produtor, e mais amplo é o conjunto a que pertence.

• ►Indivíduo: • - primeiro: família, tribo (família ampliada) •

-mais tarde: nas diversas formas de comunidade;

• -Séc. XVIII: na sociedade burguesa, as diversas formas de conjunto social passaram a apresentar-se ao indivíduo como simples meio de realizar seus fins privados, como necessidade exterior. – indivíduo isolado.

• Todavia, a época que produz este ponto de vista, o indivíduo isolado, é precisamente aquela na qual as relações sociais (e, deste ponto de vista, gerais) alcançaram o mais alto grau de desenvolvimento.

• o homem é no sentido mais literal “zoon politikon” – animal social, mas animal que só pode isolar-se em sociedade.

• ● Quando se trata, pois de produção, trata-se da produção em grau determinado do desenvolvimento social, da produção dos indivíduos sociais.

• Todas as épocas da produção têm certas características comuns, Certas determinações comuns – época histórica.

• ● o capital é também um instrumento de produção; é também trabalho passado e objetivado. Logo, o capital é uma relação natural, universal e eterna. – mas o é com a condição de deixar de lado precisamente o que é específico, o que transforma o “instrumento de produção” “trabalho acumulado” em capital.

●Se não existe uma produção em geral, também não pode haver produção geral. ● finalmente a produção também não é apenas uma produção particular, mas é sempre, ao contrário certo corpo social... ● Representação da produção e distribuição ► a propriedade ► a proteção da propriedade pela justiça, pela polícia.

●EM RESUMO: Existem determinações comuns a todos os graus de produção, apreendidos pelo pensamento como gerais; Mas as chamadas “condições gerais” de toda a produção não são outra coisa senão esses fatores abstratos, os quais não explicam nenhum grau histórico efetivo da produção.

2- A RELAÇÃO GERAL DA PRODUÇÃO COM A DISTRIBUIÇÃO,TROCA E CONSUMO • Antes de aprofundar a análise da produção, é necessário considerar as diferentes rubricas que os economistas põem ao seu lado. Produção: os membros da sociedade apropriamse dos produtos da natureza para as necessidades humanas. Distribuição: determina a proporção dos produtos de que o indivíduo participa.

• Troca: fornece-lhes os produtos particulares em que queira converter a quantia que lhe coube pela distribuição. • Consumo: os produtos convertem-se em objetos de desfrute de apropriação individual.

• Produção

cria

objetos que correspondem às necessidades Distribuição

Os reparte de acordo com as leis sociais troca

Reparte de novo segundo a necessidade individual consumo

O produto desaparece do movimento social. Converte-se em objeto e servidor da necessidade individual

• Produção Ponto inicial

Consumo Ponto final

Distribuição e Troca Meio termo

Produção, distribuição, troca, consumo, formam assim (segundo os economistas) um silogismo correto: a produção é a generalidade; distribuição e troca, a particularidade; consumo a individualidade expressa pela conclusão

• Segundo os economistas: determinada Produção Por leis naturais gerais Distribuição

Pela contingência social

Troca acha-se situada entre ambas como movimento social social formal Consumo concebido não somente como o ponto final mas também como a própria finalidade, se encontra propriamente fora da economia.

a) Produção e Consumo • A produção é também consumo. Subjetivo: o indivíduo, que ao produzir desenvolve suas faculdades, também as gasta.

• Consumo duplo

Objetivo: produzir é consumir os meios de produção utilizados, e gastos, parte dos quais dissolve-se de novo nos elementos universais. •A

produção

idêntica

consumo

coincide

Consumo produtivo

produção

O consumo é produção

Do mesmo modo que

Produção Consumidora

Na natureza o consumo dos elementos e substancias químicas

Produz a planta

Para a Economia esta produção idêntica ao consumo é

É uma segunda produção nascida do aniquilamento do produto da primeira

• Na primeira o produtor se coisifica

• Na segunda é a coisa criada por ele que se personifica

A produção

é

Consumo

Mediadores

Ex: estrada de ferro

Consumo produz a produção de uma dupla maneira

Porque o produto não se torna produto efetivo se não no consumo

Porque o consumo cria a necessidade de uma nova produção

Do lado da produção pode-se dizer

Ela fornece materiais

Não produz, pois, unicamente o objeto do consumo, mas também o modo de consumo

Não se limita a fornecer um objeto material à necessidade, fornece ainda uma necessidade ao objeto material.

Identidades entre consumo e produção

Identidade imediata: a produção é consumo, o consumo é produção Ambos aparecem como Meio e existem Por mediação do outro

Cada um ao realizar-se cria o outro

• Entre produtor e os produtos se coloca a distribuição, a qual, por meio ou leis sociais, determina sua parte no mundo dos produtos e interpõe-se , portanto, entre a produção e o consumo.

b)Produção e Distribuição Distribuição

Renda da terra A propriedade fundiária como agente de produção Salário Determinação da distribuição Juro Lucro

O capital considerado como Agente de produção

Reprodução do capital

terra Produção

trabalho capital

Agente de produção Fonte de receitas

juro lucro

Formas nas quais o Capital aumenta

• Por isso, as relações e os modos de distribuição aparecem apenas como o inverso dos agentes de produção. Um indivíduo que participe na produção por meio do trabalho assalariado, participa na repartição dos produtos, resultado da produção, na forma de salário.

A distribuição, de outro ponto de vista, parece preceder à produção e determiná-la.

1

Povo conquistador 3 2

Partilha a terra entre si Escraviza os povos, fazendo assim do trabalho escravo a base da produção

Revolução, um povo destrói a propriedade fundiária e divide-a em parcelas

• Em todos os casos a distribuição não parece ser articulada determinada pela produção, mas, pelo contrário, é a produção que parece sê-lo pela distribuição

Distribuição dos instrumentos de produção

Antes de ser distribuição de produtos

Distribuição dos membros da sociedade pelos diferentes tipos de produção

Considerar a produção sem ter em conta distribuição, nela incluída, é manifestamente abstração vazia, visto que a distribuição produtos é implicada por esta distribuição constitui, na origem, um fator da produção.

esta uma dos que

Existem questões que procuram saber de que maneira as condições históricas gerais afetam a produção e qual é a relação desta com o movimento histórico em geral. Três possibilidades:

Povo Conquistador

Submete o povo conquistado a seu próprio modo de produção

Deixa subsistir o antigo modo e contenta-se com o tributo

Estabelece-se uma ação recíproca que produz algo novo

• Em todos os casos, o modo de produção é decisivo para a nova distribuição que se estabelece. • As leis podem perpetuar um instrumento de produção, a terra, por exemplo, em certas famílias. Estas leis adquirem uma importância econômica unicamente onde a grande propriedade territorial se encontra em harmonia com a produção social.

c) Troca e Circulação • Troca é um momento mediador entre a produção e a distribuição determinada por ela e o consumo, na medida em que, entretanto, este último aparece como momento da produção, a troca é também incluída como um momento na produção.

• Primeiro: Troca de atividades e capacidades que se efetua na produção; • Segundo: Em relação a troca de produtos, na medida em que é o meio que serve para criar o produto acabado; • Terceiro: Troca entre negociantes é, segundo sua organização, tão completamente determinada pela produção que é uma atividade produtiva.

Produção Distribuição Intercâmbio Consumo

Não é que são idênticos

Todos são elementos de uma totalidade, diferenças dentre de uma unidade

• Uma forma determinada da produção determina, pois, formas determinadas do consumo, da distribuição, da troca, assim como relações determinadas destes diferentes fatores entre si.

3- O Método da Economia Política • No Método da economia política, Marx fez a primeira incursão na crítica da Economia Política, como ela é chamada principalmente nas obras de A. Smith e D. Ricardo. O procedimento de Marx foi de refazer a análise, utilizando os próprios conceitos da economia clássica, mas partindo do ponto de vista do trabalho, com o que coloca em evidência a contradição de interesses de classes localizada na base do capitalismo. Marx faz uma sistematização do processo de elaboração teórica na economia, através da aplicação dos princípios da concepção filosófica materialista geral.

Marx inicia suas considerações a respeito de um método da economia política afirmando que: • “Ao estudarmos um determinado país do ponto de vista da sua economia política, começamos por analisar a sua população, a divisão desta em classes, a cidade, o campo, o mar, os diferentes ramos da produção, a exportação e a importação, a produção e o consumo anuais, os preços das mercadorias, etc.”.

• Aqui já fica explicitado que sua preocupação está voltada para aquilo que de concreto há na economia. Porém, a preocupação acima assinalada é contradita por Marx ao considerar que, na verdade, “a população é uma abstração quando, por exemplo, deixamos de lado as classes de que se compõe”. E que, “estas classes serão uma palavra oca se ignorarmos os elementos em que se baseiam, por exemplo, o trabalho assalariado, o capital, etc.”.

• Os termos abstrato e concreto, próprios da terminologia da filosofia clássica alemã até Hegel, divergem de significado em Hegel e em Marx, o que é mister elucidar. Em uma primeira aproximação o abstrato designa um conceito, produto do chamado método da abstração, que consiste em extrair ou remover da realidade perceptível - como representação mental - uma parte ou aspecto específico. É justamente esse o sentido em que Marx emprega o termo. O abstrato é portanto um produto do pensamento, e consiste na representação mental de um elemento da realidade empírica, tal como esta se reflete de modo direto no pensamento. Assim, o abstrato constitui uma fase fulcral do conhecimento mas não é o conhecimento em si. O conhecimento então consiste na apreensão de um objeto de estudo como um conjunto de elementos inter-relacionados de modo dinâmico.

• Por tanto, como o próprio Marx conclui, “se começássemos simplesmente pela população, teríamos uma visão caótica do conjunto”.

• Esse primeiro método de analise da economia política serviu como base para as pesquisas iniciais em economia política, tornando se depois um caminho para a descoberta de relações gerais abstratas determinantes. Conforme Marx,

• Os economistas do século XVII, por exemplo, partem sempre do todo vivo: a população, a nação, o Estado, vários Estados, etc.; no entanto, acabam sempre por descobrir, mediante a análise, um certo número de relações gerais abstratas determinantes, tais como a divisão do trabalho, o dinheiro, o valor, etc. Uma vez fixados e mais ou menos elaborados estes fatores começam a surgir os sistemas econômicos que, partindo de noções simples - trabalho, divisão do trabalho, necessidade, valor de troca - se elevam até ao Estado, à troca entre nações, ao mercado universal. Eis, manifestamente, o método científico correto. (grifo nosso)

• A relevância do concreto na análise, para Marx se dá justamente “porque [o concreto] é a síntese de múltiplas determinações e, por isso, é a unidade do diverso.” e desse modo, devendo aparecer como ponto de partida. Aqui se encontra desde já uma critica de Marx a Hegel. Pois segundo Marx,

• Hegel caiu na ilusão de conceber o real como resultado do pensamento que, partindo de si mesmo se concentra em si mesmo, se aprofunda em si mesmo e se movimenta por si mesmo; ao passo que o método que consiste em elevar-se do abstrato ao concreto é, para o pensamento, apenas a maneira de se apropriar do concreto, de reproduzi-lo na forma de concreto pensado; porém, não é este de modo nenhum o processo de gênese do concreto em si. Com efeito, a mais simples categoria econômica - por exemplo, o valor de troca - supõe uma população, população essa que produz em condições determinadas; supõe ainda um certo tipo de família, ou de comunidade, ou de Estado, etc. Tal valor não pode existir nunca senão sob a forma de relação unilateral e abstrata, no seio de um todo concreto e vivo já dado. (grifo nosso)

• Marx parece coincidir com Hegel, no sentido de que para ambos o concreto é uma categoria do pensamento. Mas há uma diferença essencial: para Hegel o real situa-se no plano das idéias, sendo o empírico apenas aparência ou fenômeno, já para Marx o real é o empírico, o mundo material, e as idéias o seu reflexo no pensamento.

• o todo, tal como aparece na mente como um todo pensamento, é produto da mente que pensa e se apropria do mundo do único modo que lhe é possível; modo que difere completamente da apropriação desse mundo na arte, na religião, no espírito prático. O sujeito real conserva a sua autonomia fora da mente, antes e depois, pelo menos durante o tempo em que o cérebro se comporte de maneira puramente especulativa, teórica. Por conseqüência, também no método teórico é necessário que o sujeito - a sociedade - esteja constantemente presente na representação como ponto de partida. (grifo nosso).

• O método de Marx contém uma visão profundamente inovadora. Insiste em que o ponto de partida do processo cognoscitivo está no concreto real. Este constitui o objeto sobre o qual o pensamento exerce sua atividade criadora e específica, que é a atividade teórica. Portanto, o conhecimento percorre escalas necessárias do intuitivo empírico ao abstrato e deste ao concreto pensado, que retorna enquanto totalidade de múltiplas determinações, ao concreto real.

4- Produção. Meios de Produção e Relações de Produção. Relações de Produção e Relações Comerciais. Formas de Estado e de Consciência em relação com as Relações de Produção e de Comércio. Relações Jurídicas. Relações Familiares.

• Pontos que devem ser mencionados e não devem ser esquecidos: • 1º a guerra é desenvolvida antes que a paz. • 2º relação entre a historiografia idealista (tal como tem sido escrita até agora) e a história real • 3º fenômenos secundários e terceários: relações de produção derivadas, transferidas, não originais.

• 4º crítica a propósito do materialismo desta concepção – relação com o materialismo naturalista. • 5º dialética dos conceitos: força produtiva (meios de produção) e relações de produção. • 6º relação desigual do desenvolvimento da produção material, face à produção artística, por exemplo.

• 7º esta concepção aparece como um desenvolvimento necessário.

• 8º naturalmente, o ponto de partida das determinidades naturais; subjetivas e objetivamente. Tribos, raças, etc.

• ● Em relação à arte: •

►certas épocas do florecimento artístico;

• ► “ nunca uma sociedade num estágio de desenvolvimento que exclua qualquer relação mitológica com a natureza (tudo o que é objetivo), qualquer relação geradora de mitos, exigindo assim do artista uma fantasia independente da mitologia.”

• ► mas, a dificuldade não está em compreender que a arte grega e a epopéia estão ligadas a certas forma de desenvolvimento social. •

A dificuldade reside no fato de nos proporcionarem ainda um prazer estético e de terem ainda para nós, em certos aspectos, o valor de normas e de modelos inacessíveis.

1. Desenvolvimento do capital a juros na base da produção capitalista. Fetichização da relações do modo capitalista de produção. O capital a juros como a mais clara expressão desse fetichismo. Os economistas vulgares e os socialistas vulgares a respeito do capital a juros.

891 • ● a forma e as fontes do rendimento (revenue) exprimem as relações da produção capitalista sob a forma mais fetichista. Sua existência como como surge na superfície, isola-se de suas conexões ocultas e dos elos intermediários mediadores. - assim, a terra se torna fonte de renda fundiária; - o capital, fonte do lucro; - e o trabalho, fonte do salário.

• ● O exprimir limitado e pedante das representações vulgares, que necessariamente se produz naqueles que sustentam esse modo de produção, é muito diferente do impulso de economistas como os fisiocratas, Adam Smith, Ricardo, no sentido de apreender as conexões internas desse modo. • ● De todas essas formas, o capital a juros constitui o fetiche mais completo.

• encontramos aqui o primeiro ponto de partida do capital – o dinheiro – e a fórmula • D—M—D’ reduzida aos seus dois extremos D—D’ • Dinheiro que cria mais dinheiro – é a fórmula mais geral e originária do capital

• ► a terra ou a natureza como fonte de renda fundiária, isto é, da propriedade agrária, é bastante fetichista; • ► o trabalho como fonte de salário, isto é, participação do trabalhador em seu produto, também é fetichista: porque aparentemente o empregador dá uma parte de seu produto como pagamento deste produto – não deixa de ser uma bela história.

• ● Do capital, a medida em que é considerado no processo de produção, sempre fica a representação do que é um instrumento de pescar trabalho alheio – fica sempre subjacente e subentendida a relação do capitalista com o trabalhador.

● o lucro se torna associado a uma surda representação de logro generalizado: ►o comerciante logrando o capitalista industrial, ►o capitalista industrial logrando o operário ►o comerciante logrando o consumidor ►os produtores logrando-se mutuamente ♦ seja como for, o lucro é explicado a partir da troca (exchange), a partir de uma relação social e não a partir de uma coisa

• ● no capital a juros, ao contrário, completa-se o fetiche. •

►este é o capital acabado – unidade do processo de produção e do processo de circulação – que, por isso, num determinado período de tempo traz um determinado lucro.

892 • ● No capital a juros se completa esse fetiche automático, de um valor que se valoriza a si mesmo, de um dinheiro que faz dinheiro, de sorte que, nesta forma, não traz mais o estigma de seu nascimento. A relação social se completa como relação da coisa (dinheiro, mercadoria) consigo mesma – capital como fetiche...(?)

• ● Como capital e juro, o capital se completa como fonte misteriosa e autoprodutiva de juros, de seu incremento. É sob essa forma que o capital também existe particularmente para a representação. É o capital por excelência. • ● na base da produção capitalista, o valor de uma determinada soma, expressa em dinheiro ou mercadoria, proporciona o poder de extrair gratuitamente um determinado quantum de trabalho dos trabalhadores, o poder de se apropriar de uma determinada mais-valia, mais-trabalho, mais-produto – de um modo tão claro que o próprio dinheiro pode ser vendido como capital, mas uma mercadoria sui generis, ou ainda, que o capital pode ser comparado sob a forma de mercadoria ou de dinheiro.

• ►graças ao dinheiro, etc., eu possibilito que o outro se aproprie de mais-valia, estando na ordem das coisas, portanto, que receba parte dessa mais-valia; • ►dinheiro e mercadoria não são vendidos como dinheiro ou mercadoria, mas, em segunda potência, como capital – como dinheiro que se incremente em valor de mercadoria.

• - a venda consiste em que um terceiro, que utiliza produtivamente o capital, há de pagar ao dono do capital uma determinada parte do lucro, obtido exclusivamente por meio desse capital. • - a coisa agora aparece como capital e o capital como mera coisa – o resultado inteiro do processo capitalista de produção e circulação como uma propriedade inerente à coisa.

893 • ● a completa coisificação, inversão e loucura do capital como capital a juros é o capital que proporciona juros acumulados. • ►o movimento característico do capital, tanto no processo de produção quanto no de circulação, é o retorno do dinheiro ou da mercadoria a seu ponto de partida, ao capitalista.

Metamorfose real----metamorfose formal - esse retorno do capital a seu ponto de partida assume, no capital a juros, uma figura totalmente exterior, separada do movimento efetivo de que constitui a forma . - cada troca de posição do dinheiro no processo efetivo de produção do capital expressa um momento da reprodução, seja a transformação do dinheiro em trabalho, seja a transformação da mercadoria pronta em dinheiro. A troca de posição do dinheiro nada mais exprime do que a transferência mesmo do dinheiro de uma para outra mão.

• - em verdade, é o outro que o transforma em capital, essa é todavia uma operação que se dá além daquela que se processa entre quem empresta e quem toma emprestado.

• Nela, se apaga a mediação, não é nem visível nem contida imediatamente.

• no caso da capacidade de trabalho, o valor de uso do dinheiro se transforma no valor da capacidade de trabalho, o valor de uso do dinheiro se transforma no valor da capacidade de criar valor de troca, valor de troca maior do que o possuído. É emprestado como valor que se valoriza a si mesmo, mercadoria, mas uma mercadoria que se distingue da propriedade como tal precisamente por essa propriedade, possuindo, portanto, também uma forma particular de alienação

894 • O ponto de partida do capital é o proprietário de mercadoria, de dinheiro, o capitalista. É para ele que o dinheiro volta. O capitalista entretanto, existe agora duplamente, como proprietário de capital e como capitalista industrial, que efetivamente transforma dinheiro em capital. De fato, o capital emana dele e volta a ele.

• ► se for emprestado como dinheiro, reflui sob a forma de capital circulante, todo o seu valor, acrescido de mais valor – a soma de dinheiro emprestada mais a soma do acréscimo que nela se origina; • ► se for emprestado sob forma de maquinaria, construções, etc, numa palavra, sob forma material, então há de retornar

• O tempo de retorno depende do processo real de produção; no capital a juros, seu retorno como capital parece depender da mera convenção entre os emprestadores e os tomadores. De maneira que o retorno do capital, no que respeita a essa transação, não parece mais resultar de terminado processo de produção, mas como se em nenhum momento o capital ficasse privado de sua forma dinheiro. Na realidade, essas transações são detemrinadas pelos retonros reais. Mas isso não aparece na própria transação.

895 • ● O juro, diferenciado do lucro, representa o valor da mera propriedade do capital, isto é, transforma a propriedade de dinheiro em si (soma de valor, mercadoria seja ela qual for) em propriedade de capital e, portanto, mercadoria ou dinheiro para si, em valor que se valoriza a si mesmo.

• ► as condições de trabalho apenas são captial se funcionarem como nãopropriedade diante do trabalhador e, portanto, como propriedade alheia. • ► o modo de existência de tais condições, opositiva frente ao trabalho, transforma seu proprietário em capitalista, e tais condições, por ele possuídas, em capital.

• ● Como dinheiro, o dinheiro não tem qualquer outro valor de uso a não ser aquele que possui como mercadoria (ouro, prata, sua substância material), ou como dinheiro, forma transformada em mercadoria. • ● o dinheiro, desde que não seja gasto para o consumo, a mercadoria, desde que não sirva novamente ao consumo do proprietário, transformam seu proprietário em capitalista e são capital para si.

• ►isto significa: que se valoriza, se conserva e se incrementa a si mesmo. • ► o empregador vende ao capitalista industrial seu dinheiro como uma coisa extratora de juros – “o juros aparece como criação de mais-valia, peculiar à mera propriedade do capital, e, portanto, devido ao capital quanto o lucro industrial, ao contrário, aparece como mero adicional que adquire quem toma emprestado, em virtude da aplicação produtiva do capital.

• O capitalista industrial, funcionando ralmente no processo de produção, aparece de fato como seu agente ativo, isto é, graças à exploração do trabalhador que se faz por meio do capital emprestado.

2. Capital a juros e comercial em sua relação com o capital industrial. Formas mais antigas, formas derivadas.

A forma comercial e a forma a juros

Mais antigas do que a produção capitalista

Capital industrial

Forma básica da formação capital enquanto domina a sociedade burguesa

Formas derivadas

Formas secundárias Capital comercial

Capital a juros Prévias pressuposições

Uma vez desenvolvida a produção capitalista

Dominante do modo de produção

O capital a juros

O capital comercial Transforma-se numa figura

É dominado

Capital Industrial

Estado

Abaixamento forçado (modo anterior de produção)

Capital a juros

Não pode mais ditar seus termos ao capital industrial

Pertence aos níveis menos desenvolvidos da produção

A verdadeira maneira de o capital industrial Subjugá-lo (cap.juros)

Criação do sistema de crédito

Própria criação

Começa com a manufatura e se elabora no modo mais completo na grande indústria

Capital comercial

Função do capital industrial

Comerciante

Ao invés de comprar mercadoria

Compra o trabalho assalariado

Produz a mercadoria

Vende no comércio

Perde a forma fixa que assumira frente à produção

• A transformação do comerciante em capitalista industrial é simultaneamente a transformação do capital comercial em mera forma do capital industrial

O produtor se torna comerciante Fabricante de roupas

Compra sua própria matéria prima Receber do comerciante sua matéria prima e trabalhar para este

Entra no processo de produção

Em vez de produzir para o comerciante individual ou freguês

Produz para o mundo comercial

Primeiro: comerciante domina Cap. comercial

Segundo: Produção

transforma

O produtor é o comerciante

A produção Indústria do artesanato e indústria camponesa caseira

Produção capitalista O cap. Comercial media o processo de circulação (reprodução do capital)

Produção agrícola feudal

Comércio é a transformação

Produção capitalista

Guildas Produção camponesa caseira

Manufatura

Fortalece quando se converte em indústria

Conquista sua parte no mercado Comércio não passa de servidor na produção industrial

O capitalista industrial O mercado mundial Compara seus custos Mercado de sua praça

Mercado mundial

Juro

Parte do lucro

Valor acrescido

Que o capitalista industrial paga ao proprietário do capital com o qual “trabalha” em todo ou em parte

É parte lucro

Fixada como categoria particular

Se separa do lucro global

Não se refere a sua origem

Em vez de ser apropriada pelo capitalista industrial

Modo de pagamento ou apropriação

Deduz parte do lucro ao seu próprio rendimento Paga ao proprietário de capital

Dada a taxa de lucro

A importância relativa da taxa de juros

Depende da proporção

Lucro se divide Lucro industrial em juros A importância absoluta da taxa de juros depende da taxa de lucro. • A formação do capital a juros, sua separação do capital industrial, é produto necessário do desenvolvimento do capital industrial, ao modo capitalista de produção.

O valor do dinheiro ou das mercadorias como capital Não é determinado pelo valor que possuem como dinheiro ou mercadorias

E sim pelo quanto de maisvalia que “produzem” para o seu possuidor

O produto do capital é o lucro.

Dinheiro Capacidade de trabalho

Capital em si É trabalho em si

1. Pode ser convertido em condições de produção 2. Os elementos objetivos da riqueza possuem em si a propriedade de serem capital

• Renda: parte da mais-valia que o capitalista industrial deve pagar. • Juro: outra parte da mais-valia que, embora recebida, deve ser paga a um terceiro

Grande diferença

Propriedade fundiária O proprietário da terra impede que o capital equalize o valor dos produtos agrícolas a seus preços de custo É possível por causa do monopólio

Embolsa a diferença entre o valor e o preço do custo

• A propriedade fundiária é apenas meio de arrebatar parte do valor acrescido, produzido pelo capital industrial.

• A abolição da propriedade fundiária, no sentido de Ricardo, a saber, sua transformação em propriedade estatal, de sorte que a venda, em vez de ser paga ao proprietário rural, seria paga ao Estado,constitui o ideal, o desejo que cresce no fundo do coração e na essência mais íntima do capital.

• A abolição do juro e do capital a juros importa, entretanto, na abolição do capital e da própria produção capitalista. Aufere juros

Não são 2 capitais diferentes

Traz lucros

Mas, o mesmo capital extrai lucro e se distribui

Aquele que se encontra fora do processo e representa, como proprietário, o capital em si

Aquele que representa o capital em funcionamento que se encontra no processo

3. SEPARAÇÃO DE VÁRIAS PARTES DA MAIS-VALIA SOB FORMA DE RENDIMENTOS DIFERENTES. RELAÇÃO ENTRE JUROS E LUCRO INDUSTRIAL. IRRACIONALIDADE DAS FORMAS FETICHIZADAS DO RENDIMENTO.

• Sobre a questão da separação de várias partes da mais-valia sob formas de rendimento diversa Marx inicia afirmado que: • “o lucro de qualquer capital — em conseqüência, também o lucro médio baseado na compensação dos capitais entre si — se divide ou se decompõe em dois componentes mutuamente independentes ou autônomos: juros e lucro industrial”...

• ...Os "juros" constituem o fruto do capital enquanto este não "trabalha", não funciona, e o lucro, seu fruto no "trabalho", em funcionamento. • ... Se, de um lado, cinco sócios dirigem uma fiação de algodão, que representa 100 000£ de capital, auferindo 10% de lucro, isto é, 10 000£, cada um receberá um "quinto desse lucro, ou seja, 2 000£. Se, de outro lado, um único capitalista empatou o mesmo capital numa fiação e aufere o mesmo lucro de 10 000 £, não faz as contas de maneira a receber 2 000£ de lucro como sócio e creditar as ou-tras 8 000£ como lucro da companhia para os quatro sócios não-existentes. Uma simples partilha de lucro entre diversos capitalistas que possuem títulos diferentes referentes ao mesmo capital, sendo, de uma ou de outra forma, co-proprietários do mesmo capital; essa partilha não estabelece de modo algum catego-rias diferentes para essas partes.

Por que então a divisão fortuita entre o emprestador e o tomador de capital?

• À primeira vista (prima fade), trata-se apenas de uma partilha do lucro, onde existem dois proprietários do capital, proprietários por força de títulos dife-rentes – parecendo um momento jurídico e não um econômico • Se um capita-lista produz com capital próprio ou alheio, ou em que proporção produz com capital próprio ou alheio, isto é, em última análise, completamente indiferente.

• Aqui existe, no fundo, um movimento real. O dinheiro [como expressão geral do valor de mercadoria] a própria mais-valia no processo, somente porque está antes do processo de produção, é pressuposto como capital. • ... isto é, como dinheiro que aufere lucro, como valor valorizante, valor criando maisvalia.

O Dinheiro... • Somente é dinheiro por meio de sua função no processo de circulação. Mas uma vez pressuposto o processo de circulação de mercadorias, a moeda não funciona apenas como dinheiro, mas constitui como tal, em cada passo parti-cular, um pressuposto para o processo de circulação, antes de entrar nele. • Dinheiro e mercadoria são, portanto, em si capital latente, capital em potência — todas as mercadorias, na medida em que são conversíveis em dinheiro; o dinheiro, na medida em que é conversível nessas mercadorias, constituintes dos elementos do processo capitalista de produção.

O que é o capital considerado como pressu-posição ao invés de resultado do processo? O que torna o dinheiro capital antes de entrar no processo, de modo que este somente desenvolva seu caráter imanente?

• A determinação social em que existe. Que o trabalho vivo se confronte com o traba-lho passado, a atividade, com o produto, o homem, com a coisa, o trabalho, com suas próprias condições objetivas enquanto personificações, sujeitos alheios, autónomos, fixos em si; em breve, como propriedade alheia sob essa figura, como "empregadores" (employers), "comandantes" (comnuinders) do próprio trabalho, os quais se apropriam dele em vez de serem apropriados por ele.

• Os juros aparecem pois como mais-valia devida ao capital como capital, à mera propriedade do capital, a mais-valia que este extrai do processo de produ-ção, porquanto nele entra como capital, cabendo, por conseguinte, ao capital como tal, independentemente do processo de produção, embora somente neste re-vele suas qualidades; uma mais-valia que portanto já está contida no capital latentemente. • essa relação é o título e o meio de apropriação do trabalho alheio, não qualquer trabalho ou compensação provenientes, da parte do capitalista.

• Já que o capitalista de dinheiro cobra sua parte na mais-valia somente como proprietário de capital, permanecendo fora do próprio processo de produção; [costitui-se aqui o lucro sobre a alienação]

Marx faz uma clara crítica a idéia do viver de rendas:

• Enquanto o juro e o capital que aufere juros exprimem a mera oposição da riqueza objetiva contra o trabalho e com isso seu modo de existência como capital; na. representação isto se inverte, na medida em que o fenómeno mostra primeiramente o capitalista de dinheiro de todo desvinculado do trabalhador assalariado, relacionando-se apenas com outros capitalistas.

• Na medida em que retira juros, está só obtendo o seu preço, o qual também obteria se não "funcionasse" como capitalista, se não "trabalhasse". E claro, portanto, que aquilo que tira propriamente do processo de produção apenas na qualidade de juros deve-o exclusivamente ao capital e não ao próprio pro-cesso de produção • Daí a bela frase que se encontra em alguns economistas vulgares: Não tiras-se o capitalista; industrial nenhum lucro além dos juros, faria seu capital render juros e viveria de rendas. De modo que todos os capitalistas cessariam de produ-zir e todo capital a funcionar como capital; embora sendo possível viver de seus juros.

iracionalidade do trabalho/salário: • Poderia parecer que na trindade terrarenda, capital-lucro (juros), trabalhosalário, fosse o último membro o mais racional. Enuncia-se ao menos a fonte donde flui o salário. Mas a útima forma é a mais irracional e fundamento das outras duas, como o trabalho assalariado e o produto como capital.

FIM

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