Manual De Todo Adepto Ligado Ao Meu Ase (reparado).doc

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  • Words: 39,709
  • Pages: 156
Regras de conduta seguido pelos filhos da Casa Obatundemim

Tata Jefferson Cruz de Oba Sango Mogba Denis Rodrigues de Iansa

É com muito carinho e amor que eu deixo este trabalho para todos que forem participar do meu ase,espero que esta apostila seja muito elucidativa pois me dediquei ao Maximo para você filho que esta tendo – a em mãos ,agradeço a você e principalmente a meu Pai Sango que permitiu chegarmos ate essa fase de sua tragetoria religiosa pois se estou lhe entregando este trabalho significa que o respeito,adimiro e quero comigo o tanto de tempo for necessário para se tornar inesquecível .Sou o Babalorisa Jefferson da Cruz(Tata Jefferson de Sango),iniciado para servir o Orisa Obaganju Ijola em 12- 01 -2000 ,no Ile Oya Messan Orun Ase Opo Ajagunna,localizado na cidade de Santos SP,pelas mãos de meu Pai Joao Klaudio Abdalla( Mogba Klaudio de Oosaala),do qual hoje devido a problemas de relacionamentos com minha família biológica eu não tenho contato com ele desde 2012 e isto me provoca muita falta,não somente ele como ser humano mas tambem como sacerdote pois sempre precisaremos de um mais velho que a gente e isto não importa quantos anos de santo temos ou o quão grande nos tornamos.Por isso se assim Sango e meu Pai Gentileiro permitir,me preservem em suas vidas como seu sacerdote pois quem caminha com seu Pai nunca estará sozinho. Fui iniciado para a religião dos Orisas no ano 2000,devido a maléfica influencia de Egun em meus caminhos,onde ate hoje esta divindade tem grande influencia sobre minha jornada espiritual.Pelas mãos de meu Sacerdote iniciador eu tomei obrigação de 1 e 3 anos,onde infelizmente eu deixei de participar da casa devido a influencia de minha família biológica.Quando em 2016 eu fui ate então a um amigo de juventude chamado Luis Felipe de Osumare (Pai Cobrinha) também sacerdote da casa Ile Ase Dan Igbo, que fica na cidade de São Vicente SP , do qual me renovou a obrigação de 3 anos e fui apontado para o cargo Oba Kini Layo, so que para o Orisa BaraLojiki,porem prevaleceu a voz e vontade de Sango meu Pai, e eu continuei sendo consagrado para meu Pai Obaganju Ijola.Devido a influencia do ancestral Tranca – Ruas de Embare no mesmo ano eu fui desconsiderado membro do Ile Ase Dan Igbo,nesta mesma época eu tinha contato com minha madrasta ate então Sacerdotisa do Ile Ase Iroko Lekwe onde por reconhecimento do próprio Pai Iroko ,por ardentes atividades ao terreiro e junto a minha Mae Preta eu fui consagrado ao cargo Mogba Sango(Sacerdote Maximo do culto do Orisa Sango), segui minha vida e me deixei levar pelo ancestral Tranca Ruas, que me levou para varias localidades quase que do Brasil inteiro,conheci diversos sacerdotes de

renome nessas caminhadas mas foi em decorrência da noticia da morte de meu Pai biológico no estado de São Paulo eu retornei para a baixada santista onde meses mais tarde fiz amizade com um sacerdote africano da cidade de Lagos na Nigeria e o mesmo me ajudou espiritualmente e treinou para ser um sacerdote de Orisas. Aos 17 de fevereiro de 2017 por influencia de meu companheiro Mogba Denis de Iansa eu entro para tomar ase no Nzo Nkisi Mutakalambo, Neto Tumbessi de Tata de Nkisis Jose Antonio dos Santos Junior (Pai Junior Ode Mikewala,filho de Mametu Nankansi) e devido o meu respeito e amor por meu PaiGentileiro e as tradições Bantu eu passo a ser conhecido como Tata de Nkisis Kibalutango N`Zambi(Tata Jefferson de Sango). Hoje não mais na baixada santista eu resido na cidade de São Paulo,estado de São Paulo do qual sou mais um entre tantos sacerdotes das tradições de matrizes africanas e com a dedicacao de meu companheiro e auxilio do Ancestral Tranca – Ruas de Embare,estou vivo ate hoje com 26 anos de idade e seguindo aquilo que estava destinado a mim segundo lançado o meu Odu de vida.Esta, esta sendo parte de minha historia e estou vivendo mais outras...Voce esta convidado a me ajudar a escrevermos esta e mais historias comigo,seguindo meu ase e sendo fiel,integro e solidário com a cultura orisas e seu próprio sagrado do qual somos muito devotos...Que meu Pai Gentileiro Mineiro lhe abencoe e permita o esclarecimento sobre nossas regras e a cultura de matrizes africanas,aseoo.

Associação Beneficiente Social Cultural Educacional e Religiosa.

Ilè Alaketu gbogbo aráalé asíwájú Ase Obatundemim

Tata Jefferson Cruz de Obaganju Isola

Manual Do Bom Filho De Santo –"O Yawo - Iao" . Conhecimentos de nossa casa de Candomblé, Cultura, Devoção, Respeito Ao Orisá E A Si Próprio.

O manual do bom filho de santo não é só para os iniciados, pois a palavra Iaô (yawo) signfica esposa, um filho de santo é yawo até seus 7 anos de obrigação paga dentro do Candomblé (isso é ele tem que tomar a obrigação de sete anos para deixar de ser um Iaô e se tornar um Egbomi, dai ele poderá deixar de cumprir várias obrigações de um yawo (novo de santo), pois deixou de ser uma criança aos olhos da cultura Candomblé e na nossa casa principalmente, e exercendo um grau acima, podendo até em alguns casos abrir seu próprio barracão (terreiro, Ilê asé, casa de santo, barracão), se tornando um babalorisá (Paii no santo), se no caso ele tiver um cargo de santo (carma espiritual que implica em cuidar de outros filhos de santo). Então vamos ao que interessa, esse texto sobre a conduta do filho de santo dentro de nossa casa é muito importante para o equilíbrio da própria, pois uma casa que cultua Orisás e ancestrais não tem prosperidade se não houver respeito e designação das hierarquias (1º Pai no santo, 2º nosso Mogba as ekedjes e ogans, 3º Egbomi, 4º filhos de santo (yawo, abian,simpatizantes de nossa casa), etc.).

Gostaria muito que os meus neofitos (filhos de santo) já iniciados dessem uma lida no conteúdo abaixo, pois será de grande proveito, e os que estão querendo se iniciar dentro da nossa casa seja ele tanto do Candomblé quanto da Umbanda leiam com atenção o que é uma vida de devoção e respeito aos nossos Ancestrais e

Orisás, o Orisá de nosso Pai de santo Pai Jefferson de Obaganju, seu Ori (sua cabeça) e os demais postos dentro do Ilê asé (casa de santo).

MANUAL DO YAO - DO BOM FILHO DE SANTO. (elegun”feito de Orisá), abian (sem obrigação, cabeça virgem) Tudo aquilo que nosso Orisá rejeita por qualquer motivo peculiar, que por vezes desconhecemos. Existem ewòs (Tabus) da própria Nação e as de Cada Orisás individulmente... Seguindo este preceito, só dependerá de você ter uma vida melhor consigo mesmo e com os demais que lhe rodeiam.

As condutas principais que todo filho de nossa casa deve seguir são: O Yawo ao chegar ao barracão, o procedimento correto é: a) Amarrar um pano no peito (mulheres); b) Ir direto para a cozinha beber um copo de água para esfriar o corpo da rua, sem fazer paradas, não falar com ninguém para bater - papo e colocar a fofoca em dia,se o ancestral de nosso Pai estiver em terra deve pedir ago a ele e seguir para longe das vistas dele; c) Tomar seu banho e ir trocar de roupa lembrando que esta deve ser branca ou mais clara possivel; d) Bater cabeça no asé, na porta do quarto de santo e pro Pai de santo e logo em seguida seguir a hierarquia depois do Pai de santo; e) Tomar a benção a TODOS os seus irmãos, sendo mais velhos e mais novos, de acordo com a ordem iniciática. Agora sim, caso não haja nada em que se possa ajudar (muito embora seja impossível, pois em nossa casa de santo sempre tem algo a ser feito), depois pode ir colocar seu tricô em dia. O Iawo de casa se dormir no Terreiro deve levantar antes do sol nascer ou junto com o nascer do sol sempre ! O Iawô de casa ao levantar não deve falar com ninguém, deve antes lavar seu rosto e boca, isso é para apagar os vestígios ou traços espirituais que eventualmente tivesse vindo rondá-lo durante a noite a fim de colher nos seus lábios o mingau das

almas numa possível alimentação. O Iawô de casa não deve falar mal e nem dar ouvidos aos que ensaie uma conversa contra a nossa casa de santo ou seus sacerdotes e sim enaltecer para agradar as forças de sua fonte e seus ancestrais que esta sendo cultuado pelo Pai Jefferson de Obaganju. O Iawô de casa não deve ocultar coisas que venha trazer prejuízo para a casa de Santo, deve expor o fato em tom normal sem demonstração de disse-me-disse. O Iawo de casa não da ouvidos a maldade e sim enaltecer sua casa pois foi ela quem lhe solucionou seus problemas e aceitou sua ancestralidade. O Iawo de casa não deve fumar na frente de Seu Zelador, e dos mas velhos que visite sua casa. O Iawo de casa nunca fica de pé em frente ao Pai de Santo e sim agachado, com a cabeça baixa em atitude de respeito. O Iawo de casa nunca interrompe o Zelador quando estiver conversando com alguém. Quando tiver visita no barracão (egbomis, ekedes, ogãs, zeladores), seja em dia de festa ou em dia corriqueiro, é de bom-tom que os filhos se abaixem próximo a ele para dirigir a palavra. Ai então disser AGÔ (Licença) e esperar ele dizer AGÔ YA. E de cabeça baixa, falar com ele em tom de voz baixa. O Iawo de casa não deve se portar de maneira desairosa no terreiro, por que do seu comportamento decorre a divulgação e o bom nome da casa. O Iawo de casa não deve falar mal da casa de santo (nem sua nem dos outros) e nem de seus componentes, isso provocaria a irá do ORISA OBAGANJU,MEU PAI GENTILEIRO (Pois esse tipo de comportamento trouxe muito problema para nosso Pai Jefferson) e trás a certeza de um pagamento futuro, a EXU a EGUN e as forças da natureza. O Iawo de casa não deve passar pelo seu Pai de santo com a cabeça erguida, e sim um pouco curvado para frente em sinal de respeito. O Iawo de casa só pode sentar em Apoti (Banquinho) mediante a autorização do seu Zelador. (Somente raspados podem sentar em apoti) O Iawo de casa não deve deixar dormir roupa em corda (pois Eguns a noite faz dela sua morada) O Iawo de casa não deve sentar em soleira de porta. O Iawo de casa não deve passar embaixo de corda que tenha roupa intima, roupa de baixo, mesmo que estas sejam suas. O Iawo de casa não passa embaixo de escadas,pois faz parte do ewo de nosso Pai de Santo. O Iawo de casa não deve pegar sol de Meio-dia, mesmo com cabeça coberta.

O Iawo de casa não deve varrer a casa dos fundos para frente e sim da frente para os fundos. O Iawo de casa não deve verter (Urinar) ou defecar, em rios, lagos, dentro de água, poço ou cachoeira (locais Sagrados). O Iawo de casa não deve defecar em mato, em cima de plantas votivas. O Iawo de casa não deve cuspir em água de espécie alguma pois provoca a revolta dos orisas relacionados ao elemento agua. O Iawo de casa deve esta com seu contra-egun toda vez que for ao barracão. O Iawo de casa deve sempre esta com O Ojá ( pano de cabeça) em sua cabeça. O Iawo de casa não deve entrar em cemitério, só em casos muito especiais, assim mesmo com a cabeça coberta. E somente com a permissão de seu Zelador. O Iawo de casa não deve entrar em Igreja, hospital, matadouro, etc, só em casos especiais, assim mesmo com a cabeça coberta. Somente com a permissão de nosso Pai de Santo. O Iawo de casa não deve ir a praia (Banho de Mar ± areia, calçada, beira de praia, beira de mar, casa de praia), sem ter suas obrigações em dia. E somente com a permissão de nosso Pai de Santo. O Iawo de casa não carrega embrulho na cabeça. O Iawo de casa não deve ser descortês, nem mesmo entre os irmãos do terreiro e com visitantes, e sim bastante paciente e educado. O Iawo de casa não deve impor seus desejos, nem mesmo entre os irmãos de barco, seus desejos ou vontades serão discutidos entre todos. O Iawo de casa não deve faltar com educação e cortesia para com todos aqueles que nos batem a porta, seja ele conhecido ou não,pois seria uma deselegancia irreparável tratar mau um sacerdote ilustre. O Iawo de casa não deve tornar publico as coisas que delas participarem em caráter de segredo na casa de santo.Temos que preservar o Awo (Segredo) que juramos perante o Igba pessoal de Sango do nosso Pai de Santo O Iawo de casa não deve menosprezar os outros e nem se colocar em falso pedestal de auto suficiente, e sim ser humilde observe nosso Pai de Santo. O Iawo de casa nunca, jamais, em tempo ou hipótese alguma, seja no seu barracão ou no barracão do alheio, deve-se sentar na mesma altura que o nosso Pai de santo,pois ele nunca fez isso. Ele já passou por vários sacrifícios para estar sentado confortavelmente ali. Você ainda está no meio do caminho. Portanto, pra que querer sentar aonde você não alcança ? Mesmo que o dono da casa chame , cabe a você recusar Iawo e abian de casa não bebem nenhum líquido em copo de vidro dentro de seu barracão ou no barracão do alheio. Deve-se esperar o bom e velho copinho de plástico ou então a conhecida DILONGA, BAN ou CANEQUINHA DE ÁGHATA, como

você preferir chamar. Copo de vidro só quem tem direito é Egbomi, Ekedje, Ogan e Sacerdote… Terminou seu ajeum (momento de comer) ? Pegue seu pratinho e sua canequinha, Não cai a mão e nem coça, sabia ? Infelizmente ainda não possuímos uma empregada que possa cuidar da limpeza geral enquanto nós descansamos. Nosso sacerdote acredita que a continuação da casa de santo esta na presença das crianças,porem a própria casa não esta acostumada com crianças inxiridas e sem educação nenhuma que fica atenta nas conversas de adultos e entidades quando no momento da possessão de nossos médiuns, entrando em locais onde não foi chamada, pois educação vem de casa e doutrina se busca na casa de santo,se for para educar seus filhos nos não temos essa obrigação. Como dissemos no item anterior, não temos uma empregada para limpar tudo. Portanto, cada um deve se conscientizar e fazer a sua parte. Ficar protelando, esperando que algum irmão de santo se encha da bagunça e vá arrumar por você não tem cabimento. Cada um fazendo um pouco fica mais fácil e rápido. Resolveu visitar o Pai de santo ? Que maravilha! Ele adorará sua visita, ainda mais se você vier com uma modesta colaboração para o ajeum do coletivo, pois como é do conhecimento de todos, o pai de santo não tem obrigação de alimentar todo mundo. Madre Teresa de Calcutá já morreu, e definitivamente, ela não vira na cabeça do Pai Jefferson. Você trabalhou feito a escrava Isaura e se cansou ? Acabou de fazer todo o serviço ? Bem, agora você pode pegar o seu maravilhoso APOTÍ(banquinho) e confortavelmente sentar-se nele. Como dissemos no item 5, cadeiras, sendo com ou sem braço, só ebomis, ekedes, ogãs ou sacerdotes que podem sentar. Existe uma variável do APOTI, que é a famosa ESTEIRA. Nela você pode se sentar, se espichar e até relaxar seus ossos. Em sua casa, quando você faz uma comemoração qualquer e é servida uma refeição, você sai atacando ferozmente o ajeum na frente de seus convidados ? Acreditamos que não, NE ? Portanto, na casa de santo é igual. Antes os mais velhos devem se servir, pra só depois os abians e yawos se servirem. Isso é mais que uma regra é etiqueta. E você não vai querer ser um deselegante, não é ? Lembrese: Estão sempre observando você... As emprestadas ? Pois é, o Pai Jefferson também não gosta. Portanto, que tal comprar um belíssimo tecido de lençol e fazer uma baiana de ração básica pro diaa-dia ? Não sai caro e fica uma gracinha. E você finalmente pára de pegar a roupa do alheio emprestado. Não é maravilhoso ? Todos na casa contentes e felizes com suas devidas roupas sem contrair o aje negativo do irmao. Quem traz dinheiro para o sustento da casa ? Você é que não é. Portanto, trate muitos bem os clientes que vão para jogar ou se consultar com o Exu de nosso Pai, pois é deles que vem boa parte do dinheiro dali. Sorrir sempre e servir um copinho de café ou de água gelada não matam ninguém. Que tal tentar? E vai rolar a festa! O povo do kétu, do jeje, da angola e até da umbanda já mandou avisar e convidar. Mas, e o dinheiro para comprar o ajeum e o otí do povo ? Com certeza o Carrefour não irá mandar as coisas de graça para o barracão, nem o Mercadão Ricoy tão pouco irá dar os bichos e todo o material restante. Portanto, que tal se todos coçassem o bolso um pouco e

ajudassem ? Você acha que só por este local ser uma casa de santo, a Enel Electro, e a Sabesp irão fornecer água, luz e gás de graça? É claro que não. Portanto,contribua sempre com a sua módica mensalidade. Economizar um pouco na Skol e no cigarro no final de semana já irá ajudar muito no barracão onde esta sendo cultuados seus ancestrais que equilibram sua vida e de sua familia. O mundo está em guerra, existe muita gente por aí passando fome. Portanto, por que desperdiçar comida ? Fazer a quantidade exata só para quem trabalhou dignamente e contribuiu com este maravilhoso ajeum é o coerente, pois você não está no programa da Ana Maria Braga para comer de graça. Por falar em Ana Maria Braga, lembre-se que você não é o Louro José para dar palpites no barracão. Se você tem alguma sugestão, leve-a antes ao Pai de santo. Espalhar a corrupção sobre a Terra era coisa das novelas da Rede Globo . Ficou cansado depois da festa ? Nada de ir pegando sua bolsa e ir saindo de fininho. Lembre-se da limpeza do barracão. Roda de candomblé, seja em sua casa ou na casa do alheio, não é lugar de ficar de cochicho e risinhos irônicos e não tão pouco paquerando...Estes locais tem valor sagrados! Se você quer fuxicar, vá para um botequim ou pro Whatsapp. Anágua encardida, só se for depois da festa do candomblé. Antes, NUNCA, JAMAIS, NEM PENSAR! Devem ser brancas como a neve, salve anágua de ráfia ou entretela. Você, irmãozinho, que vê o mundo cor de rosa-choque com bolinhas amarelas, deve deixar esta sua visão progressiva e moderna do lado de fora do barracão. Ali dentro você tem que ver tudo branco. O mesmo vale para as coleguinhas que vêem tudo azulzinho. Casa de orisá é para louvar e cuidar do Orisá, e não para arrumar casório. Vai rolar um churrasquinho de gato na casa do seu coleguinha no meio da semana, no mesmo dia de função do barracão ? Então, peça para ele guardar uma garrinha de carne para você e venha cumprir suas obrigações junto a seus irmãos. Lembre – se que seu Pai de Santo perdeu muitos eventos sociais do qual ele gosta muito,para lhe dar cuidados e auxílios. Se sua irmã de santo tem uma baiana mais humilde do que a sua, nada de ficar xoxando. Lembre-se, o mundo dá voltas e o feitiço pode virar contra o feiticeiro. Amanhã pode ser você com uma baiana de chita e ela com uma belíssima saia de rechilieu. Caso assista fora do seu barracão a algo diferente do que ocorre em sua casa, nada de ficar xoxando e chamando de marmoteiro. Você não é o dono da verdade e nem ninguém o é. O que pode parecer maluquice pra você, pode não ser pro próximo. Não é errado, é diferente de sua casa. Além do mais, comentários sempre são feitos depois. Vai que tem alguém conhecido escutando? Ninguém tem mais ou menos santo que ninguém. Isso é regra. Sempre. Respeito é bom e conserva os dentes. Portanto, deve-se pensar duas vezes antes de envolver o Pai de santo e irmãos mais velhos em determinadas brincadeiras de mau-gosto. Apelidos e avacalhações são da porta do barracão pra fora. Além do mais, a próxima vítima pode ser você.

Roupa de barracão é saia comprida, camisú e pano da costa. Shortinhos e tops devem ser usados somente pra ir ao baile funk. Sempre que for servir algum mais velho de santo, deve-se levar o pedido numa bandeja ou prato e abaixar-se para servir. Acredito que pelo menos uma vez seu Pai de santo o serviu assim,Sempre que for servir algum mais velho de santo, deve-se levar o pedido numa bandeja ou prato e abaixar-se para servir. Benção foi feita para ser trocada. Sempre que você pede a benção, você está na realidade pedindo a bênção ao Orisá da pessoa, e não a ela própria. Portanto,todos devem trocar a benção, mais velhos com mais novos e vice-versa. Quando você estiver em uma roda de pessoas dentro da sua casa de santo ou de outro barracão qualquer, abaixe o seu ori e peça a benção até o periquito que estiver chegando, você não sabe quem é ele e ele pode ser bem mais velho que você, um tio de santo ou qualquer outro egbomi, é preferível você pedir a benção a alguém mais novo do que errar passando por cima dos mais velhos. Lembre -se que para nosso Zelador (a) seremos sempre YAWO.(Como para nossa Mãe carnal, seremos sempre crianças).

Nossa casa segue o Candomblé de Ketu/Nagô Ketu é o nome de um antigo reino da África, na região agora ocupada pela República Popular do Benin e pela Nigéria. Seu rei tem o nome de Alaketu, de onde vem o sobrenome da conhecida Iyalorixá Olga de Alaketu. Também indica o nome do povo dessa região, que veio como escravo para o Brasil. Em termos de identidade cultural, forma uma subdivisão da cultura iorubana. Em geral, membros

de origem ketu são responsáveis por boa parte dos terreiros mais tradicionais da Bahia. É a maior e mais popular nação do Candomblé, e a diferença das outras nações está no idioma utilizado, no caso o Yorubá, no toque dos seus atabaques, nas cores e símbolos dos nossos Ancestrais e Orisás, e nas cantigas; Os fundamentos são passados oralmente por sacerdotes de Orisás que são chamados de Babalorisás (masculino) Yalorisá (feminino). Os rituais mais conhecidos são: Ipadê, Sacrifício, Oferenda, lavar contas, Ossé, Sirê, Olubajé, Águas de Osalá, Ipeté de Osun, Amala de Sango (em nossa casa)fogueira de Ayirá, Asesê, etc. Uma outra grande diferença é em relação ao culto dos Eguns; existe um sacerdote preparado para este ritual especifico chamado Ojé ou Baba Ojé, que faz o uso de um ixãn para dominar os Eguns; conforme informações de um antigo sacerdote de Ketu, chamado Balbino de Sangô, quem lida com Orisás não lida com Eguns; Já no Rio Grande do Sul, é o próprio Sacerdote de orisá quem faz os rituais de Eguns. Os cargos principais de nossa casa nação Ketu/Nagô são: – Babalorisá ou Yalorisá: autoridades máximas no Candomblé – Iyakekerê: mãe pequena – Babakekerê: pai pequeno – Yalaxé: mulher que cuida dos objectos ritual. – Babalasé: homem que cuida dos objetos ritual. – Ajibonã ou jíbonan: mãe/pai criadeira (o) supervisiona e ajuda na iniciação. – Egbomi: pessoa que já cumpriu sete anos de obrigação. – Iyabassê: mulher responsável pela preparação das comidas de santo. – Iyawo: filha (o) de santo (que já incorpora Orixá). – Abian: novato. – Asogun: responsável pelo sacrifício de animais. – Alagbê: responsável pelos atabaques e pelos toques. – Ogan: tocadores de atabaques. – Ajoiê ou Ekedi: camareira de Orixá. Os Orisás cultuados na nação Ketu são: Esu, Ogun, Oxossi, Logun Edé, Sangô, Obaluaiyê, Osumaré, Ossain, Oyá , Osun, Yemanjá, Nanã, Ewa, Oba, Osalá, Ibeji, Irôco, Orunmila. Na nação Ketu, existente principalmente na Bahia, predominam os Orisás de origem Yorubá, e os terreiros mais conhecidos são: a Casa Branca do Engenho Velho, o Ilê Axé Opô Afonjá, o Gantois; o Candomblé de Alaketu e o Ilê Axé Opô Aganjú localizado em Lauro de Freitas; Asé Oxumarê.

O Candomblé de origem ketu já se espalhou por todos os grandes centros urbanos do Brasil e também para o exterior, e nota-se um movimento de recuperação de raízes africanas, que rejeita o sincretismo católico, procurando reaprender o yorubá como língua original e tenta reproduzir os rituais que estavam perdidos ao longo do tempo, há casos em que muitos sacerdotes procuram viajar até África para descobrir mais sobre a cultura dos Orisás

Candomblé de Angola Religião afro-brasileira, de origem bantu, que compreende as nações de Angola e Congo (Cassanges, Kikongos, Kimbundo, Umbundo e Kiocos), e se desenvolveu entre os escravos africanos que falavam a linguagem Kimbundo e Kikongo e são facilmente reconhecidos pela maneira diferente de cantar, dançar e percutir seus tambores. Na hierarquia de Angola o cargo de maior importância é para homem Tata Nkisi (tata de inquinces) e para mulher Mametu Nkisi (Mametu de inquices), que correspondem ao Babalorisá e a Yalorisá dos Yorubás, e o Deus supremo é Zambi (Nzambi) ou Zambiapongo (Ndala Karitanga).

O Candomblé de Caboclo é uma modalidade desta nação, e cultua os antepassados indígenas. Há uma nação que faz parte do Batuque do Rio Grande do Sul que descende de Angola, que é a Cabinda. Os rituais da nação Angola começam com o Massangá, que é o batismo na cabeça do iniciado, feito com água doce e Obi; Bori com sacrifício de animais para o uso do sangue (menga); ritual de raspagem, conhecido como feitura de santo; ritual de obrigação de 1 ano; ritual de obrigação de 3 anos, onde muda o grau de iniciação; ritual de obrigação de 5 anos, com o uso de frutas, obrigação de 7 anos, quando o iniciado recebe seu cargo, é elevado ao grau de Tata Nkisi (zelador) ou Mametu Nkisi (zeladora). Após 7 anos de obrigações, será renovado a cada ano com o rito de Obi ou Bori, conforme o caso, e de 7 em 7 anos se repete as obrigações para conservar o individuo forte, se transformando em Kukala Ni Nguzu, que quer dizer um ser forte. Além dos búzios, outro sistema antigo de consulta é o Ngombo, no qual o adivinhador recebe o nome de Kambuna. Os principais Nkisi são: Aluvaiá (também conhecido como: Nkuyu Nfinda, Tata Nfinda, Tona e Cubango), Bombo Njila(Bombojira), Vangira(feminino), Pambu Njila, Pambuguera; Nkisi Nkosi Mukumbe, Roxi Mukumbe, Burê; Nkisi Kabila, Mutalambô, Gongobila, Lambaranguange; Nkise Katendê; Nkisi Zaze (Nsasi, Mukiamamuilo, Kibuco, Kiassubangango) Loango; Nkisi Kaviungo ou Kavungo, Kafungê; Nkise Angorô e Angoroméa; Nkisi Kitembo ou Tempo; Nkisi Tere-Kompenso; Nkisi Matamba, Bamburussenda, Nunvurucemavula; Nikisi Kisimbi, Samba; Nkisi Kaitumbá,Kaitimba (Meus respeitos ao Pai Junior Ode Mikewala) Mikaiá; Nkisi Zumbarandá; Nkise Wunge; Nkisi Lembá Dilê, Lembarenganga, jakatamba, Kassuté Lembá, Gangaiobanda; Nkisi Nwunji, Nkisi Kaitumbá, Mikaiá, Kukueto; Nkisi Ndanda Lunda; Nkisi Kaiangu; Kariepembe, Pungu Wanga; Kobayende; Pungu Kasimba; Nkita Kiamasa; Nkita Kuna; Lukankazi, Luganbe, Nzambi Bilongo; Mutalambô, Katalombô, Gunza, Nkuyo Watariamba;

Os cargos e divisão do poder espiritual são:

Mam’etu ria Mukixi – Sacerdotisa chefe (Angola) Nengua ia Nkisi – Sacerdotisa chefe (Congo) Tat’etu ria Mukixi – Sacerdote chefe (Angola) Dise ia Nkisi – Sacerdote chefe (Congo) Tata Kivonda – Pai sacrificador de animais (Congo) Kambodu Pokó – Sacrificador de animais (Angola)

Muxikiangoma – Tocador de atabaque Njimbidi – Cantador (Angola) Ntodi – Cantador (Congo)

Aos olhos do leigo, Umbanda e Candomblé são duas formas de denominar um mesmo culto. Mas na verdade, são duas religiões distintas, unidas apenas pelas roupas, pelos atabaques e pelo uso do transe mediúnico. A começar pelas origens, o Candomblé é uma religião africana que existe desde os tempos mais remotos daquele continente e foi trazida para o Brasil através do fluxo da escravatura. Escravos de diversas tribos e nações Africanas continuaram a cultuar no Brasil os Orisás negros, suas divindades, e estiveram na origem da criação das chamadas “Casas de Santo” (Ilê), onde continuaram com os seus rituais e preceitos Africanos. As diversas origens das tribos, e as diversas regiões do Brasil onde se implantaram, deram origem às diversas Nações do Candomblé, onde o Ketu é tido como o mais tradicional. A Umbanda, é até ao momento, a única religião criada no Brasil, foi fundada em 1917 na cidade de Niterói e reúne na sua filosofia, conhecimentos do Catolicismo, do Kardecismo, do Budismo, do Islamismo e do Candomblé, de onde tirou a forma de vestir dos médiuns (roupas de baianas), o uso dos atabaques (instrumentos de percussão) e a nomenclatura de sete dos Orisás (Osalá, Iyemonjá, Osun, Sangô, Oxósse, Esú e Nanã) – adotando também para estes Orisás cores diferentes das utilizadas no Candomblé. A Umbanda portanto advém do sincretismo católicofeitichista, necessário numa época de grande repressão das religiões africanas no Brasil, em que era proibido o culto dos Orisás na sua forma de origem, e esta adaptação tornou-se necessária. No Candomblé os cânticos são em línguas africanas (Iorubá ou Bantu), dependendo da nação de origem daquele grupo. Os cânticos da Umbanda são em português. No Candomblé o culto é voltado unicamente aos Orisás que são considerados ancestrais divinizados e não espíritos. Na Umbanda trabalham com espíritos como caboclos, pretos-velhos e ciganos, entre outros. No candomblé, só os Orisás e ancestrais podem provocar a possessão; a nenhum espírito que tenha tido vida na terra, é permitido este fenómeno. Na Umbanda é permitida a incorporação de qualquer tipo de entidade.

Um dos pontos em que também Candomblé e Umbanda têm pontos de vista diferentes é no que se refere ao culto de uma das divindades mais conhecidas popularmente, por tanto se recorrer a ela para a realização de todo o tipo de trabalhos: Esú. De tal forma que suscitou o comentário que se segue por parte das Associações Brasileiras de Candomblé em congresso recente: “É preciso que reconheçamos e respeitemos as diferenças regionais do Candomblé, mas devemos também separar as coisas. O Candomblé Ketu tradicional não cultua pombagira, que é uma entidade comum em alguns terreiros, muito provavelmente por influencia da Umbanda. Convém desfazer a confusão entre Exús (entidades) e Esú (Orisá). Os primeiros que muitas vezes possuem nomes que ressaltam características negativas e assustadoras, (…), são entidades que devem ser respeitadas, que tem o seu valor, mas que não pertencem, de fato, ao Candomblé, cabendo à Umbanda (ou a quem as cultua) explicar as suas origens e funções.” ( L. Candomblé A Panela do Segredo-84) Umbanda e candomblé são duas religiões respeitáveis, porém tão distintas quanto o protestantismo e o catolicismo. Anúncios

O sacerdócio e organização dos ritos para o culto dos orisás são complexos, com todo um aprendizado que administra os padrões culturais de transe, pelo qual os deuses se manifestam no corpo de seus iniciados durante as cerimónias para serem admirados, louvados, cultuados. Os iniciados, filhos e filhas-de-santo (iaô, em linguagem ritual), também são popularmente denominados “cavalos dos deuses” uma vez que o transe consiste basicamente em mecanismo pelo qual cada filho ou filha se deixa cavalgar pela divindade, que se apropria do corpo e da mente do iniciado, num modelo de transe inconsciente bem diferente daquele do kardecismo, em que o médium, mesmo em transe, deve sempre permanecer atento à presença do espírito. O processo de se transformar num “cavalo” é uma estrada longa, difícil e cara, cujos estágios na “nação”Ketu podem ser assim sumariados: Para começar, o Pai-de-santo deve determinar, através do jogo de búzios, qual é o orixá dono da cabeça daquele indivíduo (Braga, 1988). Ele ou ela recebe então um fio de contas sacralizado, cujas cores simbolizam o seu orisá,dando-se início a um

longo aprendizado que acompanhará o mesmo por toda a vida. A primeira cerimónia privada a que a noviça (abiã) é submetida consiste num sacrifício votivo à sua própria cabeça (ebori), para que a cabeça possa se fortalecer e estar preparada para algum dia receber o orisá no transe de possessão. Para se iniciar como cavalo dos deuses, a abiã precisa juntar dinheiro suficiente para cobrir os gastos com as oferendas (animais e ampla variedade de alimentos e objetos peculiares), roupas cerimoniais, utensílios e adornos rituais e demais despesas suas, da família-de-santo, e eventualmente de sua própria família durante o período de reclusão iniciática em que não estará, evidentemente, disponível para o trabalho no mundo profano. Como parte da iniciação, a noviça permanece em reclusão no terreiro por um número em torno de 21 dias. Na fase final da reclusão, uma representação material do orisá do iniciado (assentamento ou ibá-orisá) é lavada com um preparado de folhas sagradas trituradas (amassi). A cabeça da noviça é raspada e pintada, assim preparada para receber/abrigar o orisá no curso do sacrifício então oferecido (orô). Dependendo do orisá, alguns dos animais seguintes podem ser oferecidos: cabritos, ovelhas, pombas, galinhas, galos, caramujos. O sangue é derramado sobre a cabeça da noviça, no assentamento do orisá e no chão do terreiro, criando este sacrifício um laço sagrado entre a noviça, o seu orisá e a comunidade de culto, da qual o Pai-de-santo é a cabeça. Durante a etapa das cerimónias iniciáticas em que a noviça é apresentada pela primeira vez à comunidade, seu orisá grita seu nome, fazendo-se assim reconhecer por todos, completando-se a iniciação como iaô (iniciada jovem que “recebe” orisá). O orisá está pronto para ser festejado e para isso é vestido e paramentado, e levado para junto dos atabaques, para dançar, dançar e dançar. No candomblé sempre estão presentes o ritmo dos tambores, os cantos, a dança e a comida (Motta, 1991). Uma festa de louvor aos orisás (toque) sempre se encerra com um grande banquete comunitário (ajeum, que significa “vamos comer”), preparado com carne dos animais sacrificados. O novo filho ou filha-de-santo deverá oferecer sacrifícios e cerimónias festivas ao final do primeiro, terceiro e sétimo ano de sua iniciação. No sétimo aniversário, recebe o grau de senioridade (ebômi, que significa “meu irmão mais velho”), estando ritualmente autorizado a abrir sua própria casa de culto. Cerimônias sacrificiais são também oferecidas em outras etapas da vida, como no vigésimo primeiro aniversário de iniciação.

Quando o ebômi morre, rituais fúnebres (asesê) são realizados pela comunidade para que o orisá fixado na cabeça durante a primeira fase da iniciação possa desligar-se do corpo e retornar ao mundo paralelo dos deuses (Orun) e para que o espírito da pessoa morta (egun) liberte-se daquele corpo, para renascer um dia e poder de novo gozar dos prazeres deste mundo.

Nossos Orisas...? Os orisás são Ancestrais africanos divinizados que correspondem a pontos de força da Natureza e os seus arquétipos estão relacionados às manifestações dessas forças. As características de cada Orisá aproxima - os dos seres humanos, pois eles manifestam-se através de emoções como nós. Sentem raiva, ciúmes, amam em excesso, são passionais. Cada orisá tem ainda o seu sistema simbólico particular, composto de cores, comidas, cantigas, rezas, ambientes, espaços físicos e até horários. Como resultado do sincretismo que se deu durante o período da escravatura no Brasil, cada orisá foi também associado a um santo católico, devido à imposição do catolicismo aos negros. Para manterem os seus deuses vivos, viram-se obrigados a disfarçá-los na roupagem dos santos católicos, aos quais cultuavam apenas aparentemente. Estes deuses da Natureza são divididos em 4 elementos – água, terra, fogo e ar. Alguns estudiosos ainda vão mais longe e afirmam que são 400 o número de Orisás básicos divididos em 100 do Fogo, 100 da Terra, 100 do Ar e 100 da Água, enquanto que, na Astrologia, são 3 do Fogo, 3 da Terra, 3 do Ar e 3 da Água. Porém os tipos mais conhecidos entre nós formam um grupo de 16 ancestrais. Eles também estão associados à corrente energética de alguma força da natureza. Assim, Iansã é a dona dos ventos, Osum é a mãe da água doce, Sangô domina raios e trovões, e outras analogias. No Candomblé cultuam-se muitos outros orisás, desconhecidos por leigos, por serem menos populares do que Sangô, Iansã, Osossi e outros, mas com um significado muito forte para os adeptos dos cultos afro-brasileiros. Alguns são necessariamente cultuados, devido à ligação com trabalhos específicos que regem, para a saúde, morte, prosperidade e diversos assuntos que afligem o dia-a-dia das

pessoas. Estes ancestrais africanos são considerados intermediários entre os homens e Deus, e por possuírem emoções tão próximas dos seres humanos, conseguem reconhecer os nossos caprichos, os nossos amores, os nossos desejos. É muito frequente dizer-se que as personalidades dos seus filhos são consequência dos orisás que regem as suas cabeças, desenvolvendo características iguais às destes deuses africanos. Apresento a seguir as descrições dos 16 Orisás mais cultuados. Recordo no entanto que existem diversas correntes familiares no Candomblé e por essa razão as informações poderão ser diferentes de acordo com a tradição ou região. Erê do Candomblé Ketu/Nagô No Candomblé o Erê é uma energia oriunda do Orisá ligada ao inconsciente infantil do noviço, o Erê participa como sendo um elo de incorporação. É também por meio do Erê que o Orisá se interioriza ao noviço aprendendo as coisas fundamentais do candomblé, como as danças e os ritos e toda a liturgia. O Erê é o mensageiro do Orisá em qualquer situação, inclusive, podendo substituílo momentaneamente em várias circunstâncias, inclusive no sirê. Em casos raros em que o Orisá foge (desincorporar subitamente) é o Erê que toma a frente, até de forma lúdica, mantendo o iyawo em transe para posterior retorno do Orisá. O Erê também cumpre funções que o zelador determinar dentro da Casa de Santo, podendo lavar, cozinhar, passar e cumprir as multas ou chimbas aplicadas ao filho. A palavra Erê vem do Yorubá, iré, que significa “brincar”. O Erê também recebe oferendas que são as comidas do seu Orisá, e também, simbolicamente, brinquedos infantis, festas, bolos, aí já dentro do sincretismo religioso. O Erê é responsável pelo cumprimento litúrgico do ronkó independente do iyawo estar virado ou não, é o vigia do Orisá. O Erê também responsável pelo resguardo do iyawo defendendo-o contra tudo e em qualquer momento em que estiver fora da Casa de Santo.

O Erê quando muito bem educado e doutrinado, pode ocupar depois de algum tempo, lugar de destaque na Casa de Candomblé podendo dar eventualmente, consultas, indicar ebós, etc. O Erê estará sempre ligado as determinações do Orisá, pois sem a presença do Orisá não haverá Erê, é condição básica a presença do Orisá para o que o mesmo deixe o Erê chegar, como também para o Erê ir embora, o Orisá também retornará realinhando as energias. O Erê acompanhará sempre o sentimento do Orisá com os mesmos Ewós, kizilas, ajeuns e indumentária básica. No dia seguinte a festa da saída do Iyawo, um novo ritual acontece chamado Panan, que é o reaprendizado do dia dia, quebra de ewós, readaptação a vida social, onde pode haver a participação do Erê, o Erê ganhará um nome que esteja intimamente ligado ao seu Orisá, escolhido por quem o apadrinhou. Todos os iniciados tem Erê, porém nem todo Orisá deixa o Erê, ainda assim existe um orô para chamar o Erê. Erê Mi! Os Erês podem participar e serem vistos em algumas casas antigas no ritual chamado “Carurú de Ibeji”, onde são homenageados os Orisás gêmeos que regem o nascimento do Orisá no ronkó. Só não podemos confundir Erê de Orisá de personalidade infantil com os Orisás Ibeji. Hoje em dia quase não se vê mais um orô de Erê, o sincretismo os uniu as crianças da Umbanda, Ibejadas, Cosme e Damião, etc. Erê cura, reza, faz ebó, presente, passado, futuro e fala sério brincando !

Exú

DIA : Segunda-feira. CORES: Colorido ou Preto (ou seja, a fusão das cores primárias) e vermelho. SÍMBOLOS: Ogó de forma fálica, falo erecto. ELEMENTOS: Terra e fogo. DOMÍNIOS Sexo, magia, união, poder e transformação. SAUDAÇÃO Laroyié!

Exu (Èsù) é a figura mais controversa do panteão africano, o mais humano dos orisás(Ancestrais divinizados), senhor do princípio e da transformação. Deus da terra e do universo; na verdade, Esu é a ordem, aquele que se multiplica e se transforma na unidade elementar da existência humana. Esu é o ego de cada ser, o grande companheiro do homem no seu dia-a-dia. Muitas são as confusões e equívocos relacionados com Esu, o pior deles associa-o à figura do diabo cristão; pintam-no como um deus voltado para a maldade, para a perversidade, que se ocuparia em semear a discórdia entre os seres humanos. Na realidade, Esu contém em si todas as contradições e conflitos inerentes ao ser humano. Esu não é totalmente bom nem totalmente mau, assim como o homem: um ser capaz de amar e odiar, unir e separar, promover a paz e a guerra. O maniqueísmo, próprio das grandes religiões monoteístas, não se aplica ao Candomblé, muito menos a Esu. A cultura africana desconhece oposições, em

especial a oposição entre bem e mal; sabe-se aqui que o bem de um pode perfeitamente ser o mal de outro, portanto, cada um deve dar o melhor de si para obter tudo de bom na sua vida, sempre cultuando, agradando e agradecendo a Esu, para que ele seja, no seu quotidiano, a manifestação do amor, da sorte, da riqueza e da prosperidade. Esu é o orisá que entende como ninguém o princípio da reciprocidade, e, se agradado como se deve, saberá retribuir; quando agradecido pela sua retribuição, torna-se amigo e fiel escudeiro. No entanto, quando esquecido é o pior dos inimigos e volta-se contra o negligente, tirando-lhe a sorte, fechando-lhe os caminhos e trazendo catástrofes e dissabores. Esu é a figura mais importante da cultura iorubá. Sem ele o mundo não faria sentido, pois só através de Esu é que se chega aos demais orisás e ao Deus Supremo Olodumaré. Esu fala toda as línguas e permite a comunicação entre o orum e o aiê, entre os orisás e os homens. Esu é o dono do mercado, o seu guardião, por isso todo o comerciante e aqueles que lidam com venda devem agradar a Esu. As vendedoras de acarajé, por exemplo, oferecem sempre o primeiro bolinho a Esu, atirando-o à rua, não só para vender bem, mas também par afastar as perturbações, evitar assaltos etc., ou seja, para que Esu seja de facto um guardião e proteja o seu negócio. É importante ressaltar que Esu não tem amigos nem inimigos. Esu protege sempre aqueles que o agradam e sabem retribuir os seus favores. Esu foi a primeira forma dotada de existência individual. Não se sabe ao certo a sua região de origem em África, pois em todos os reinos se presta culto a Esu. Sabe-se, no entanto, que chegou a ser rei de Kêtu. Esu renasceu várias vezes e a sua história revela que é filho de Orunmilá ou de Yemanja, dependendo do momento em que renasce. Características dos filhos de Esu Os filhos de Esu são alegres, sorridentes, estão sempre de bem com a vida, são ambiciosos, extrovertidos, espertos, inteligentes, atentos. Sabem como ninguém ser sociáveis e diplomáticos, pois conhecem o valor de uma boa amizade, fazem questão de manter o maior número possível de amigos. Rapidamente, os filhos de Esu se tornam pessoas populares, amadas por uns, odiadas por outros. Extremamente dinâmicos, os filhos deste orisá não se desanimam nunca, mantêm sempre a certeza de que as coisas, mais cedo ou mais tarde, acabam por mudar a seu favor.

Pessoas com impressionante facilidade de comunicação, boa lábia, com charme conseguem tudo o que querem. Irónicas e perigosas, costumam manter uma vida sexual bastante agitada, sem pudores. São pessoas extremamente rápidas, que não pensam: fazem. Os filhos de Esu possuem uma facilidade impressionante para entrar e sair de confusões, são do tipo que arma a bagunça, sai ileso e ainda se diverte com as consequências. Esquecem facilmente as ofensas, não guardam rancor, mas não perdem a oportunidade de se vingar. Gostam da rua, das festas e das conversas intermináveis, comportamento próprio de um orisá que é só alegria

Ibeji

Dia: Domingo Cores: Azul, Rosa e Verde Elemento: Ar Domínios: Nascimento e Infância Símbolos: 2 Bonecos Gémeos, 2 Cabacinhas Saudação: Bejiróó! Ibeji é o Orisá-Criança, em realidade, duas divindades gémeas infantis, ligadas a todos os orisás e seres humanos.

Por serem gémeos, são associados ao princípio da dualidade; por serem crianças, são ligados a tudo que se inicia e nasce: a nascente de um rio, o nascimento dos seres humanos, o germinar das plantas, etc. Ibeji na nação Ketu, ou Vunji nas nações Angola e Congo. É o Orisá Erê, ou seja, o Orisá criança. É a divindade da brincadeira, da alegria; a sua regência está ligada à infância. Ibeji está presente em todos os rituais do Candomblé pois, assim como Esú, se não for bem cuidado pode atrapalhar os trabalhos com as suas brincadeiras infantis, desvirtuando a concentração dos membros de uma Casa de Santo. É o Orisá que rege a alegria, a inocência, a ingenuidade da criança. A sua determinação é tomar conta do bebé até à adolescência, independentemente do Orisá que a criança carrega. Ibeji é tudo o que existe de bom, belo e puro; uma criança pode-nos mostrar o seu sorriso, a sua alegria, a sua felicidade, o seu falar, os seus olhos brilhantes. Na natureza, a beleza do canto dos pássaros, nas evoluções durante o voo das aves, na beleza e perfume das flores. A criança que temos dentro de nós, as recordações da infância. Feche os olhos e lembre-se de um momento feliz, de uma travessura, e você estará a viver ou revivendo uma lenda deste Orixá. Pois tudo aquilo de bom que nos aconteceu na nossa infância, foi regido, gerado e administrado por Ibeji. Portanto, Ibeji já viveu todas as felicidades e travessuras que todos nós, seres humanos, vivemos. A lenda e a história de Ibeji, acontece a cada momento feliz de uma criança. Ao menos para manter vivo este importante Orisá, procure dar felicidade a uma criança. Faça você mesmo o encantamento de Ibeji. É fácil: faça gerar dentro de si a felicidade de estar vivo. Transmita esta felicidade, contagie o seu próximo com ela. Encante Ibeji com a magia do sorriso, com o amor de uma criança. E seja Ibeji, feliz! Características dos filhos de Ibeji Os filhos de Ibeji são pessoas com temperamento infantil, jovialmente inconsequentes; nunca deixam de ter dentro de si a criança que já foram. Costumam ser brincalhões, sorridentes, irrequietos – tudo, enfim, o que se possa associar ao comportamento típico infantil. Muito dependentes nos relacionamentos amorosos e emocionais em geral, podem revelar-se teimosamente obstinados e possessivos. Ao mesmo tempo, a sua leveza perante a vida revelase no seu eterno rosto de criança e no seu modo ágil de se movimentar, a sua dificuldade em permanecer muito tempo sentado, extravasando energia.

Podem apresentar bruscas variações de temperamento, e uma certa tendência a simplificar as coisas, especialmente em termos emocionais, reduzindo, às vezes, o comportamento complexo das pessoas que estão em seu torno a princípios simplistas como “gosta de mim – não gosta de mim”. Isso pode fazer com que se magoem e se decepcionem com alguma facilidade. Ao mesmo tempo, as suas tristezas e sofrimentos tendem a desaparecer com facilidade, sem deixar grandes marcas. Como as crianças, em geral, gostam de estar no meio de muita gente, das actividades desportivas, sociais e das festas.

Ogun

DIA: Terça-Feira CORES: Verde ou Azul-escuro, Vermelho (algumas qualidades) SÍMBOLOS: Bigorna, Faca, Pá, Enxada e outras ferramentas de ferro ELEMENTOS: Terra (florestas e estradas) e Fogo DOMÍNIOS: Guerra, Progresso, Conquista e Metalurgia SAUDAÇÃO: Ògún ieé!! Ogum (Ògún) é o temível guerreiro, violento e implacável, deus do ferro, da metalurgia e da tecnologia; protector do ferreiros, agricultores, caçadores, carpinteiros, escultores, sapateiros, talhantes, metalúrgicos, marceneiros, maquinistas, mecânicos, motoristas e de todos os profissionais que de alguma forma lidam com o ferro ou metais afins.

Orisá conquistador, Ogum fez-se respeitar em toda a África negra pelo seu carácter devastador. Foram muitos os reinos que se curvaram diante do poder militar de Ogum. Entre os muitos Estados conquistados por Ogun estava a cidade de Iré, da qual se tornou senhor após libertar a cidade da tirania do rei e substituí-lo pelo seu, próprio filho, regressando glorioso com o título de Oníìré, ou seja, Rei de Iré. Não é por acaso, portanto, que nas orações dedicadas a Ogun o medo fica tão evidente e a piedade é um pedido constante, pois como diz uma das suas cantigas:

Ògún pá lélé pá Ògún pá ojaré Ògún pá, lélé pá Ògún pá ojaré. Ogum mata/extingui com violência Ogum mata/extingui com razão Ogum mata/extingui e destrói completamente.

Ogum é o filho mais velho de Odudua, o herói civilizador que fundou a cidade de Ifé. Quando Odudua esteve temporariamente cego, Ogun tornou-se seu regente em Ifé. Ogun é um orisá importantíssimo em África e no Brasil. A sua origem, de acordo com a história, data de eras remotas. Ogun é o último imolé. Os Igba Imolé eram os duzentos deuses da direita que foram destruídos por Olodumaré após terem agido mal. A Ogun, o único Igba Imolé que restou, coube conduzir os Irun Imole, os outros quatrocentos deuses da esquerda. Foi Ogun quem ensinou aos homens como forjar o ferro e o aço. Ele tem um molho de sete instrumentos de ferro: alavanca, machado, pá, enxada, picareta, espada e faca, com as quais ajuda o homem a vencer a natureza. Em todos os cantos da África Ogun é conhecido, pois soube conquistar cada espaço daquele continente com a sua bravura. Matou muita gente, mas matou a fome de muita gente, por isso antes de ser temido Ogun é amado. Espada ! Eis o braço de Ogun.

Características dos filhos de Ogun Fisicamente, os filhos de Ogun são magros, mas com músculos e formas bem definidas. Compartilham com Esu o gosto pelas festas e conversas que não acabam

e gostam de brigas. Se não fizerem a sua própria briga, compram a dos seus camaradas. Sexualmente os filhos de Ogun são muito potentes; trocam constantemente de parceiros, pois possuem dificuldade de se fixar a uma pessoa ou lugar. São do tipo que dispensa um confortável colchão de molas para dormir no chão; gostam de pisar a terra com os pés descalços. São pessoas batalhadoras, que não medem esforços para atingir os seus objetivos, são pessoas que mesmo contrariando a lógica lutam insistentemente e vencem. Não se prendem à riqueza, ganham hoje, gastam amanhã. Gostam mesmo é do poder, gostam de comandar, são líderes natos. Essa necessidade de estar sempre à frente pode torná-los pessoas egoístas e desagradáveis, mas nem sempre. Geralmente, os filhos de Ogun são pessoas alegres, que falam e riem alto para que todos se divirtam com suas histórias e que adoram compartilhar a sua felicidade.

Oxóssi

DIA: Quinta-feira COR: Azul-Turquesa SÍMBOLOS: Ofá (arco), Damatá (flecha), Erukeré ELEMNTO: Terra (florestas e campos cultiváveis) DOMÍNIOS: Caça, Agricultura, Alimentação e Fartura SAUDAÇÃO: Òké Aro!!! Arolé!

Oxóssi (Òsóòsi) é o deus caçador, senhor da floresta e de todos os seres que nela habitam, orixá da fartura e da riqueza. Atualmente, o culto a Oxóssi está praticamente esquecido em África, mas é bastante difundido no Brasil, em cuba e em outras partes da América onde a cultura iorubá prevaleceu. Isso deve-se ao fato de a cidade de Kêtu, da qual era rei, ter sido destruída quase por completo em meados do século XVIII, e os seus habitantes, muitos consagrados a Oxossi, terem sido vendidos como escravos no Brasil e nas Antilhas. Esse fato possibilitou o renascimento de Kêtu, não como estado, mas como importante nação religiosa do Candomblé. Oxóssi é o rei de Kêtu, segundo dizem, a origem da dinastia. A Oxóssi são conferidos os títulos de Alakétu, Rei, Senhor de Kêtu, e Oníìlé, o dono da Terra, pois em África cabia ao caçador descobrir o local ideal para instalar uma aldeia, tornando-se assim o primeiro ocupante do lugar, com autoridade sobre os futuros habitantes. É chamado de Olúaiyé ou Oni Aráaiyé, senhor da humanidade, que garante a fartura para os seus descendentes.

Na história da humanidade, Oxóssi cumpre um papel civilizador importante, pois na condição de caçador representa as formas mais arcaicas de sobrevivência humana, a própria busca incessante do homem por mecanismos que lhe possibilitem se sobressair no espaço da natureza e impor a sua marca no mundo desconhecido. A coleta e a caça são formas primitivas de busca de alimento, são os domínios de Oxóssi, orisá que representa aquilo que há de mais antigo na existência humana: a luta pela sobrevivência. Oxóssi é o orisá da fartura e da alimentação, aquele que aprende a dominar os perigos da mata e vai em busca da caça para alimentar a tribo. Mais do que isso, Oxóssi representa o domínio da cultura (entendendo a flecha como utensílio cultural, visto que adquire significados sociais, mágicos, religiosos) sobre a natureza. Astúcia, inteligência e cautela são os atributos de Oxóssi, pois, como revela a sua história, esse caçador possui uma única flecha, por tanto, não pode errar a presa, e jamais erra. Oxóssi é o melhor naquilo que faz, está permanentemente em busca da perfeição. Em África, os caçadores que geralmente são os únicos na aldeia que possuem as armas,

têm

a

função

de

salvar

a

tribo,

são

chamados

de Oxô,

que

significa guardião e wúsí que significa popular, ouseja Osowusí e na expressão popular acabou virando Oxóssi. Oxóssi também foi um Òsó, mas foi um guardião especial, pois salvou seu povo do terrível pássaro das Iyá-Mi.

Outras histórias relacionadas com Oxóssi apontam-no como irmão de Ogun. Juntos, eles dominaram a floresta e levaram o homem à evolução. Além de irmão, Oxóssi é grande amigo de Ogun – dizem até que seria seu filho, e onde está Ogun deve estar Oxóssi, as suas forças completam-se e, unidas, são ainda mais imbatíveis. Oxóssi mantém estreita ligação com Ossaim (Òsanyìn), com quem aprendeu o segredo das folhas e os mistérios da floresta, tornou-se um grande feiticeiro e senhor de todas as folhas, mas teve que se sujeitar aos encantamentos de Ossaim. A história mostra Oxóssi como filho de Iemanjá, mas a sua verdadeira mãe, segundo o mais antigos, é Apaoká a jaqueira, que vem a ser uma das Iyá-Mi, por isso a intimidade de Oxóssi com essa árvore. A rebeldia de Oxóssi é algo latente na sua história. Foi desobedecendo às interdições que Oxóssi se tornou orixá. Tal como nosso Patrono Oba Sangô, Oxóssi é um orisá avesso à morte, porque é expressão da vida. A Oxóssi não importa o quanto se viva, desde que se viva intensamente. O frio de Ikú (a morte) não passa perto de Oxóssi, pois ele não acredita na morte. Características dos filhos de Oxóssi Os filhos de Oxóssi são pessoas de aparência calma, que podem manter a mesma expressão quando alegres ou aborrecidas, do tipo que não exterioriza as suas emoções, mas não são, de forma alguma, pessoas insensíveis, só preferem guardar os sentimentos para si. São pessoas que podem parecer arrogantes e prepotentes, e às vezes são. Na realidade, os filhos de Oxóssi são desconfiados, cautelosos, inteligentes e atentos, selecionam muito bem as amizades, pois possuem grande dificuldade em confiar nas pessoas. Apesar de não confiarem, são pessoas altamente confiáveis, das quais não se teme deslealdade; são incapazes de trair até um inimigo. Magoam-se com pequenas coisas e quando terminam uma amizade é para sempre. São do tipo que ouve conselhos com atenção, respeita a opinião de todos, mas sempre faz o que quer. Com estratégia, acabam por fazer prevalecer a sua opinião e agradando a todos. Altos e magros, os filhos de Oxóssi possuem facilidade para se mover, mesmo entre obstáculos. O seu andar possui leveza e elegância. A sua presença é sempre notada, mesmo que não façam nada para isso acontecer. Os filhos de Oxóssi gostam de solidão, isolam-se, ficam à espreita, observam atentamente tudo que se passa à sua volta. Curiosos, percebem as coisas com

rapidez,

são

introvertidos

e

discretos,

vaidosos,

distraídos

e

prestativos,

comportamento típico de um caçador, provedor do seu povo

Omolú

DIA: Segunda-feira CORES: Preto, branco e vermelho. SÍMBOLOS: Xaxará ou Íleo, lança de madeira, lagidibá. ELEMENTOS: Terra e fogo do interior da Terra. DOMÍNIOS: Doenças epidémicas, cura de doenças, saúde, vida e morte. SAUDAÇÃO: Atotoó!!! Omolú é a Terra! Essa afirmação resume perfeitamente o perfil deste orixá, o mais temido entre todos os deuses africanos, o mais terrível orixá da varíola e de todas as doenças contagiosas, o poderoso “Rei Dono da Terra”. È preciso esclarecer, no em tanto, que Omolú está ligado ao interior da terra (ninù ilé) e isso denota uma íntima relação com o fogo, já que esse elemento, como comprovam os vulcões em erupção, domina as camadas mais profundas do planeta. Toda a reflexão em torno de Omolú ocorreu colocando-o como um orixá ligado à terra, o que é correto, mas não deixa de ser um erro desconsiderar a sua relação com o fogo do interior da terra, com as lavas vulcânicas, como os gases etc. o que

pode ser mais devastador que o fogo? Só as epidemias, as febres, as convulsões lançadas por Omolú! Orisá cercado de mistérios, Omolú é um Ancestral de origem incerta, pois em muitas regiões da África eram cultuados deuses com características e domínios muito próximos aos seus. Omolú seria rei dos Tapas, originário da região de Empé. Em território Mahi, no antigo Daomé, chegou aterrorizando, mas o povo do local consultou um babalaô que lhes ensinou como acalmar o terrível orixá. Fizeram então oferendas de pipocas, que o acalmaram e o contentaram. Omolú construiu um palácio em território Mahi, onde passou a residir e a reinar como soberano, porém não deixou de ser saudado como Rei de Nupê em pais Empê (Kábíyèsí Olútápà Lempé). As pipocas, ou melhor, deburu, são as oferendas prediletas do orixá Omolú; um ancestral poderoso, guerreiro, caçador, destruidor e implacável, mas que se torna tranquilo quando recebe sua oferenda preferida. Em África são muitos os nomes de Omolú, que variam conforme a região. Entre os Tapas era conhecido Xapanã (Sànpònná); entre os Fon era chamado de SapataAinon,que significa ‘Dono da Terra’; já os Iorubás o chamam Obaluaiê e Omolú. Omolú nasceu com o corpo coberto de chagas e foi abandonado pela sua mãe, Nanã Buruku, na beira da praia. Nesse contratempo, um caranguejo provocou graves ferimentos na sua pele. Iemanjá encontrou aquela criança e criou-a com todo amor e carinho; com folhas de bananeira curou as suas feridas e pústulas e transformou-a num grande guerreiro e hábil caçador, que se cobria com palha-dacosta (ikó) não porque escondia as marcas de sua doença, como muitos pensam, mas porque se tornou um ser de brilho tão intenso quanto o próprio sol. Por essa passagem, o caranguejo e a banana-prata tornaram-se os maiores ewò de Obaluaiê. O capuz de palha-da-costa-aze (aze) cobre o rosto de Obaluaiê para que os seres humanos não o olhem de frente (já que olhar diretamente para o próprio sol pode prejudicar a visão). A história de Omolú explica a origem dessa roupa enigmática, que possui um significado profundo relacionado à vida e à morte. O aze guarda mistérios terríveis para simples mortais, revela a existência de algo que deve ficar em segredo, revela a existência de interditos que inspiram cuidado medo, algo que só os iniciados no mistério podem saber. Desvendar o aze, a

temível máscara de Omolú, seria o mesmo que desvendar os mistérios da morte, pois Omolú venceu a morte. Debaixo da palha-da-costa, Obaluaiê guarda os segredos da morte e do renascimento, que só podem ser compartilhados entre o iniciados. A relação de Omolú com a morte dá-se pelo fato de ele ser a terra, que proporciona os mecanismos indispensáveis para a manutenção da vida. O homem nasce, cresce, desenvolve-se, torna-se forte diante do mundo, mas continua frágil diante de Omolú, que pode devorá-lo a qualquer momento, pois Omolú é a terra, que vai consumir o corpo do homem por ocasião da sua morte. Obaluaiê andou por todos os cantos de África, muito antes, inclusive, de surgirem algumas civilizações. Do ponto de vista histórico, Omolú é a idade anterior à Idade dos Metais, peregrinou por todos os lugares do mundo, conheceu todas as dores do mundo, superou todas. Por isso Omolú se tornou médico, o médico dos pobres, pois, muito antes da ciência, salvava a vida dos necessitados; durante a escravidão, só não pôde superar a crueldade dos senhores, mas de doenças livrou muitos negros e até hoje muitos pobres só podem recorrer a Omolú que nunca lhes falta. Características dos filhos de Obaluaiê/Omolú Os filhos de Omolú são pessoas extremamente pessimistas e teimosas que adoram exibir os seus sofrimentos, daqueles que procuram o caminho mais longo e difícil para atingir algum fim. Deprimidos e depressivos, são capazes de desanimar o mais otimista dos seres; acham que nada pode dar certo, que nada está bom. Às vezes, são doces, mas geralmente possuem manias de velho, como a rabugice. Gostam da ordem, gostam que as coisas saiam da maneira que planearam. Não são do tipo que levam desaforo para casa e se se sentirem ofendidos respondem no ato, não importa a quem. Pensam que só eles sofrem, que ninguém os compreende. Não possuem grandes ambições. Podem apresentar doenças de pele, marcas no rosto, dores e outros problemas nas pernas. São pessoas sem muito brilho, sem muita beleza. São perversos e adoram irritar as pessoas; são lentos, exigentes e reclamam de tudo.

São reprimidos, amargos e vingativos. É difícil relacionar-se com eles. Parece que os filhos de Omolú são pessoas que possuem muitos defeitos e poucas qualidades, mas eles têm várias, e uma qualidade pode compensar qualquer defeito: são extremamente prestáveis e trabalhadores. São amigos de verdade. O lado positivo da maioria dos filhos de Omolú supera em muito esse lado autodestrutivo que todos têm uns mais, outros menos, mais tem sim. São extremamente alegres, perseverantes, pacientes e amorosos, tiram a roupa do corpo para agradar uma pessoa, tratam o dinheiro pelo lado do prazer, da satisfação. Extremamente fiéis a uma causa. A justiça para os filhos de Omolú não é a dos homens e sim a de Deus (Olorun), super limpos e vaidosos, ao contrário de muitos arquétipos, são na maioria muito bonitos, se não fisicamente, são espiritualmente e ainda tem grande afinidade pela atração que exercem nas pessoas. Tem uma capacidade mental atualizada ao seu tempo, raramente adoecem e quando acontece se recuperam mais rápido ainda. As pessoas de Omolú têm a tendência da mudança propriamente dita, para qualquer coisa que desejarem, parecem dançar Opanijé o tempo todo, procurando por tudo. Trabalhadores incansáveis, filhos de Omolú numa roça fazem de um tudo, apenas não os magoem nem os tratem com indiferença, ciumentos são capazes de exageros, se sentem incompreendidos e, muitas vezes não sabemos o que lhes causam repentinas depressões. Filhos do Sol e da Terra de Orisá vivo, os filhos de Omolú são maravilhosamente despretensiosos. Um tanto radicais, podem mudar de opinião de uma hora para outra. Também, céticos em sua fé, intuitivos, andarilhos e aguçados

Ossain

DIA: Quinta-feira. CORES: Verde e Branco. SÍMBOLOS: Haste ladeada por sete lanças com um pássaro no topo (árvore estilizada). ELEMENTOS: Floresta e Plantas selvagens (Terra). DOMÍNIOS: Medicina e Liturgia através das folhas. SAUDAÇÃO: Ewé ó! Kó si ewé, kó sí Òrìsà, ou seja, sem folhas não há orisá, elas são imprescindíveis aos rituais do Candomblé. Cada orisá ou ancestral possui suas próprias folhas, mas só Ossaim (Òsanyìn) conhece os seus segredos, só ele sabe as palavras (ofó) que despertam o seu poder, a sua força. Ossaim desempenha uma função fundamental no Candomblé, visto que sem folhas, sem a sua presença, nenhuma cerimónia pode realizar-se, pois ele detém o axé que desperta o poder do ‘sangue’ verde das folhas. Ossaim é o grande sacerdote das folhas, grande feiticeiro, que por meio das folhas pode realizar curas e milagres, pode trazer progresso e riqueza. È nas folhas que está à cura para todas as doenças, do corpo ou do espírito. Portanto, precisamos lutar por sua preservação, para que consequências desastrosas não atinjam os seres humanos.

A floresta é a casa de Ossaim, que divide com outros orisás do mato, como Ogun e Oxóssi, o seu território por excelência, onde as folhas crescem em seu estado puro, selvagem, sem a interferência do homem; é também o território do medo, do desconhecido, motivo pelo qual nenhum caçador deve penetrar na floresta na mata sem deixar na entrada alguma oferenda, como alho, fumo ou bebida. Medo de que? Medo dos encantamentos da floresta, medo do poder de Ogun, de Oxóssi, de Ossaim; respeito pelas forças vivas da natureza, que não permitem a pessoas impuras ou mal-intencionadas penetrar em sua morada. Se nela entrarem, talvez jamais encontrem o caminho de volta. Ossaim teria um auxiliar que se responsabilizaria por causar o terror em pessoas que entram na floresta sem a devida permissão. Aroni seria um misterioso anãozinho perneta que fuma cachimbo (figura bastante próxima ao Saci-Pererê), possui um olho pequeno e o outro grande (vê com o menor) e tem uma orelha pequena e a outra grande(ouve com a menor). Muitas vezes Aroni é confundido com o próprio Ossaim, que, segundo dizem, também possui uma única perna. Não se pode por isso confundir Ossaim com o Saci-Pererê, que é um personagem do folclore brasileiro. Ossaim é orisá de grande fundamento, que possui uma só perna porque a árvore, base de todas as folha possui um só tronco. De acordo com a história desse orisá, há uma rivalidade entre Ossaim e Orunmilá, que reflete, na verdade, a antiga disputa entre os Oníìsegùn – mestres em medicina natural que dominavam o poder das folhas – e os Babalawó – sacerdotes versados nos profundos mistérios do cosmo e do destino dos seres, os pais do segredo. Ossaim é um orisá originário da região de Iraó, na Nigéria, muito próxima com a fronteira com o antigo Daomé. Não faz parte, como muitos pensam, do panteão Jeje assimilado pelos Nagô, como Nana, Omolú, Oxumaré e Ewá. Ossaim é um ancestral originário da etnia Ioruba. Contudo, é evidente que entre os Jeje havia um deus responsável pelas folhas, e Ágüe é o seu nome, por isso Ossaim dança bravun e sató, a exemplo dos deuses do antigo Daomé. Uma confusão latente refere-se ao sexo de Ossaim; é preciso esclarecer que se trata de um orisá do sexo masculino. Entretanto, como feiticeiro e estudioso das plantas, não teve tempo de relacionamentos amorosos. Sabe-se que foi parceiro de Iansã, mas o controvertido relacionamento com Oxóssi, que ninguém pode afirmar se foi ou não amoroso, é o mais comentado.

Na verdade, Ossaim e Oxóssi possuem inúmeras afinidades: ambos são orisás do mesmo espaço, da floresta, do mato, das folhas, grandes feiticeiros e conhecedores dos segredos da mata, da Terra. Características dos filhos de Ossaim Os filhos de Ossaim são pessoas extremamente equilibradas e cautelosas, que não permitem que as suas simpatias ou antipatias interfiram nas suas opiniões sobre os outros. Controlam perfeitamente os seus sentimentos e emoções. Possuem grande capacidade de discernimento e são frios e racionais nas suas decisões. São pessoas extremamente reservadas, não se metem em questões que não lhe dizem respeito. Participam em poucas atividades sociais, preferindo o isolamento. Elas evitam falar sobre a sua vida, sobre o seu passado, preferem manter certa aura de mistério. Geralmente, não têm nada de mais a esconder, mas desejam manter reserva. Pressa e ansiedade não fazem parte das suas características, pois são pessoas dadas aos detalhes e caprichosas no cumprimento das suas tarefas. Possuem gosto por atividades artesanais que exigem isolamento e paciência; não gostam de ter chefe nem subalternos, não se prendem a horários, apreciam a independência para fazer o que gostam na hora que querem. São pessoas fascinadas com as regras e tradições, adoram questioná-las. Possuem um gosto exacerbado pela religiosidade

Oxumarê

DIA: Terça-feira

CORES: Amarelo e verde (ou preto) e todas as cores do arco-íris SÍMBOLOS: Ebiri, serpente, círculo, bradjá. ELEMENTOS: Céu e terra DOMÍNIOS: Riqueza, vida longa, ciclos, movimentos constantes. SAUDAÇÃO: A Run Boboi!!!

Oxumaré (Òsùmàrè) é o orisá de todos os movimentos, de todos os ciclos. Se um dia Oxumaré perder suas forças o mundo acabará, porque o universo é dinâmico e a Terra também se encontra em constante movimento. Imaginem só o planeta Terra sem os movimentos de translação e rotação; imaginem uma estação do ano permanente, uma noite permanente, um dia permanente. É preciso que a Terra não deixe de se movimentar, que após o dia venha a noite, que as estações do ano não se alterem, que o vapor das águas suba aos céus e caia novamente sobre a Terra em forma de chuva. Oxumaré não pode ser esquecido, pois o fim dos ciclos é o fim do mundo. Oxumaré mora no céu e vem à Terra visitar-nos através do arco-íris. Ele é uma grande cobra que envolve a Terra e o céu e assegura a unidade e a renovação do universo. Filho de Nanã Buruku, Oxumaré é originário de Mahi, no antigo Daomé, onde é conhecido como Dan. Na região de Ifé é chamado de Ajé Sàlugá, aquele que proporciona a riqueza aos homens. Teria sido um dos companheiros de Odudua por ocasião de sua chegada a Ifé. Dizem que Oxumaré seria homem e mulher, mas, na verdade, este é mais um ciclo que ele representa: o ciclo da vida, pois da junção entre masculino e feminino é que a vida se perpetua. Oxumaré é um Orisá masculino. Oxumaré é um ancestral ambíguo, duplo, que pertence à água e à terra, que é macho e fêmea. Ele exprime a união de opostos, que se atraem e proporcionam a manutenção do universo e da vida. Sintetiza a duplicidade de todo o ser: mortal (no corpo) e imortal (no espírito). Oxumaré mostra a necessidade do movimento da transformação. Omulú é o irmão mais velho de Oxumaré, mas foi abandonado por sua mãe por ter nascido com o corpo coberto de chagas. Em tempo, não se pode condenar Nanã por esse ato, já que era um costume, quase uma obrigação ritual da época, que se

abandonassem as crianças nascidas com alguma deformidade. O deus do destino disse a Nanã que ela teria outro filho, belíssimo, tão bonito quanto o arco-íris, mas que jamais ficaria junto dela. Ele viveria no alto, percorreria o mundo sem parar. Nasceu Oxumaré. Oxumaré que fica no céu Controla a chuva que cai sobre a terra. Chega à floresta e respira como o vento. Pai venha até nós para que cresçamos e tenhamos longa vida . Características dos filhos de Oxumaré

São pessoas que tendem à renovação e à mudança. Periodicamente mudam tudo na sua vida (de maneira radical): mudam de casa, de amigos, de religião, de emprego; vivem rompendo com o passado e buscando novas alternativas para o futuro, para cumprir seu ciclo de vida: mutável, incerto, de substituições constantes. Geralmente são magras. Como as cobras possuem olhos atentos, salientes, difíceis de encarar, mas ‘não enxergam’. São pessoas que se prendem a valores materiais e adoram ostentar suas riquezas; São orgulhosas, exibicionistas, mas também generosas e desprendidas quando se trata de ajudar alguém. Extremamente ativas e ágeis, estão sempre em movimento e ação, não podem parar. São pessoas pacientes e obstinadas na luta pelos seus objetivos e não medem sacrifícios para alcançá-los. A dualidade do orixá também se manifesta nos seus filhos, principalmente no que se refere às guinadas que dão nas suas vidas, que chegam a ser de 180 graus, indo de um extremo a outro sem a menor dificuldade. Mudam de repente da água para o vinho, assim como Oxumaré, o Grande Deus do Movimento. Um lindo Itan sobre esse grande Orixá:

“A grande Divindade do Arco-Íris era um reconhecido Babalawo (Pai do Segredo). Diante de sua sapiência, prestava serviços somente ao Rei da cidade de Ifé, que de certa maneira o explorava de forma contumaz. Para o Rei de Ifé, o fato de Òsùmàrè ser o seu Babalawo pessoal já era o grande pagamento pelos serviços que ele lhe prestara, afinal ele era o Rei e, muitos queriam estar no lugar de Òsùmàrè, razão pela qual dava pequenas esmolas ao sábio Babalawo, que em nada ajudavam em seu sustento.

Assim, mesmo sendo o Babalawo do Rei, Òsùmàrè estava passando por grandes dificuldades e já não conseguia sustentar a sua família. Dessa forma, resolveu consultar Ifá (o oráculo sagrado) para outras pessoas e não somente para o Rei, assim ele conseguiria novamente poder oferecer uma vida melhor à sua esposa e filhos. Contudo, o Rei de Ifé não aprovou o que Òsùmàrè estava fazendo e, solicitou que fosse ao seu palácio. O Rei disse a Òsùmàrè que ele poderia estar feliz consultando Ifá para as outras pessoas, mas ele o Rei, estava insatisfeito e, por isso, não iria mais lhe “pagar” e não queria mais que ele fosse o seu Babalawo. Òsùmàrè ficou desesperado, pois ele sabia que bastava uma ordem do Rei e ninguém iria procurar pelos seus serviços. No mesmo dia a Divindade da Riqueza e Prosperidade Olokun Seniade, ordenou que todos os Babalawos da cidade fossem até o seu reino, para saber o que deveria fazer para ter filhos. Apesar da grande experiência dos Babalawos que lá estavam, nenhum conseguiu responder à Olokun Seniade aquilo que tanto lhe tirava o sono. No entanto, alguém lhe disse que Òsùmàrè, o Babalawo pessoal do Rei de Ifé não estava presente, recomendando-lhe que procurasse a ajuda dele por desencargo de consciência. Assim Olokun Seniade o fez, ordenou à um mensageiro que fosse buscar Òsùmàrè no palácio do Rei de Ifé. Chegando lá, o Rei afirmou que havia dispensado os serviços de Òsùmàrè, pois ele não lhe servia mais. O mensageiro de Olokun Seniade percorreu às ruas de Ifé, perguntando por Òsùmàrè, até que finalmente ele o encontrou, o levando até o palácio de Olokun. Chegando lá, Òsùmàrè consultou Ifá e disse para Olokun que teria filhos bonitos e fortes, mas que para isso, seria necessário realizar uma determinada oferenda. Como forma de gratidão e agradecimento, Olokun convidou Òsùmàrè para ser o Babalawo do seu palácio, que ele seria reconhecido e valorizado pelo seu grande conhecimento. Olokun presenteou Òsùmàrè com aquilo que tinha de mais precioso, as sementes do dinheiro (Owo Eyo – Búzios) e com um pano colorido. Olokun Seniade disse à Òsùmàrè que, sempre que ele usasse aquele pano, as suas cores refletiriam no céu, nascendo dessa forma, o Arco-Íris. Essa linda história ilustra algumas importantes lições, seja sobre nossas vidas, seja sobe as Divindades. Mostra que apesar das dificuldades que parecem insolúveis, sempre existe a possibilidade de uma reviravolta em nossas vidas. Mostra ainda a

razão de o Arco-Íris representar o nosso Pai Òsùmàrè, bem como, a razão da utilização dos búzios por ele e seus filhos, um grande presente de Olokun.”

Nanã

Dia: Terça-feira Cores: Anil, Branco e Roxo Símbolo: Bastão de hastes de palmeira (Ibiri) Elemento: Terra, Água, Lodo Domínios: Vida e Morte, Saúde e Maternidade Saudação: Salubá! Nanã, a deusa dos mistérios, é uma divindade de origem simultânea à criação do mundo, pois quando Odudua separou a água parada, que já existia, e liberou do “saco da criação” a terra, no ponto de contacto desses dois elementos formou-se a lama dos pântanos, local onde se encontram os maiores fundamentos de Nana. Senhora de muitos búzios, Nana sintetiza em si morte, fecundidade e riqueza. O seu nome designa pessoas idosas e respeitáveis e, para os povos Jeje, da região do antigo Daomé, significa “mãe”. Nessa região, onde hoje se encontra a República do Benin, Nana é muitas vezes considerada a divindade suprema e talvez por essa razão seja frequentemente descrita como um orixá masculino.

Sendo a mais antiga das divindades das águas, ela representa a memória ancestral do nosso povo: é a mãe antiga (Iyá Agbà) por excelência. É mãe dos orixás Iroko, Obaluaiê e Oxumaré, mas por ser a deusa mais velha do candomblé é respeitada como mãe por todos os outros orixás. A vida está cercada de mistérios que ao longo da História atormentam o ser humano. Porém, quando ainda na Pré-História, o homem se viu diante do mistério da morte, em seu âmago irrompeu um sentimento ambíguo. Os mitos aliviavam essa dor e a razão apontava para aquilo que era certo no seu destino. A morte faz surgir no homem os primeiros sentimentos religiosos, e nesse momento Nana faz-se compreender, pois nos primórdios da História os mortos eram enterrados em posição fetal, remetendo a uma ideia de nascimento ou renascimento. O homem primitivo entendeu que a morte e a vida caminham juntas, entendeu os mistérios de Nana. Nana é o princípio, o meio e o fim; o nascimento, a vida e a morte. Ela é a origem e o poder. Entender Nana é entender o destino, a vida e a trajectória do homem sobre a terra, pois Nana é a História. Nana é água parada, água da vida e da morte. Nana é o começo porque Nanã é o barro e o barro é a vida. Nana é a dona do axé por ser o orixá que dá a vida e a sobrevivência, a senhora dos ibás que permite o nascimento dos deuses e dos homens. Nana pode ser a lembrança angustiante da morte na vida do ser humano, mas apenas para aqueles que encaram esse final como algo negativo, como um fardo extremamente pesado que todo o ser carrega desde o seu nascimento. Na verdade, apenas as pessoas que têm o coração repleto de maldade e dedicam a vida a prejudicar o próximo se preocupam com isso. Aqueles que praticam boas acções vivem preocupados com o seu próprio bem, com a sua elevação espiritual e desejam ao próximo o mesmo que para si, só esperam da vida dias cada vez melhores e têm a morte como algo natural e inevitável. A sua certeza é a imortalidade da sua essência. Nana, a mãe maior, é a luz que nos guia, o nosso quotidiano. Conhecer a própria vida e o próprio destino é conhecer Nana, pois os fundamentos dos orixás e do Candomblé estão ligados à vida. A nossa vida é o nosso orixá.

É na morte, condição para o renascimento e para a fecundidade, que se encontram os mistérios de Nana. Respeitada e temida, Nana, deusa das chuvas, da lama, da terra, juíza que castiga os homens faltosos, é a morte na essência da vida. Características dos filhos de Nana Burukú Os filhos de Nana são pessoas extremamente calmas, tão lentas no cumprimento das suas tarefas que chegam a irritar. Agem com benevolência, dignidade e gentileza. As pessoas de Nana parecem ter a eternidade à sua frente para acabar os seus afazeres; gostam de crianças e educam-nas com excesso de doçura e mansidão, assim como as avós. São pessoas que no modo de agir e até fisicamente aparentam mais idade. Podem apresentar precocemente problemas de idade, como tendência a viver no passado, de recordações, apresentar infecções reumáticas e problemas nas articulações em geral. As pessoas de Nana podem ser teimosas e “ranzinzas”, daquelas que guardam por longo tempo um rancor ou adiam uma decisão. Porém agem com segurança e majestade. As suas reações bem equilibradas e a pertinência das suas decisões mantêm-nas sempre no caminho da sabedoria e da justiça. Embora se atribua a Nana um carácter implacável, os seus filhos têm grande capacidade de perdoar, principalmente as pessoas que amam. São pessoas bondosas, decididas, simpáticas, mas principalmente respeitáveis, um comportamento digno da Grande Deusa do Daomé.

Ewá

Dia da semana: Sábado Cores: Vermelho Vivo, Coral e Rosa Símbolos: Lira, arpão, Ofá Elementos: Florestas, Céu Rosado, Astros e Estrelas, mata virgem Domínios: Beleza, Vidência (sensibilidade, sexto sentido), Criatividade, possibilidades Saudação: Ri Ro Ewá!

O Orixá Ewá ou Iyewá, é uma bela virgem que Sangô se apaixonou, porém não conseguiu conquistá-la, Ewá fugiu de Xangô e foi acolhida por Obaluaiye que lhe deu refúgio. Ewá mora nas matas inalcançáveis, ligada a Iroko e Oxóssi, e tornou-se uma guerreira valente e caçadora habilidosa. Ewá é casta, a Senhora das possibilidades. Euá é representada pelo igbá àdó kalabá (cabaça com tiras de ráfia). Oferendas: Eja isu – peixe com inhame, salada de milho/feijão/côco As virgens contam com a proteção de Ewá e, aliás, tudo que é inexplorado conta com a sua proteção: a mata virgem, as moças virgens, rios e lagos onde não se pode nadar ou navegar. A própria Ewá, acreditam alguns, só é iniciada na cabeça de mulheres virgens, pois ela mesma seria uma virgem, a virgem da mata virgem filha dileta de Oxalá e Oduduwá Ewá domina a vidência, atributo que o deus de todos os oráculos, Orunmilá lhe concedeu. Em África, o rio Yewá é a morada desta deusa, mas a sua origem gera polémica. Há quem diga que, tal como Oxumaré, Nanã, Omulú e Iroko, Ewá era cultuada inicialmente entre os Mahi, foi assimilada pelos Iorubas e inserida no seu panteão. Havia um Orixá feminino oriundo das correntes do Daomé chamado Dan. A força desse Orixá estava concentrada numa cobra que engolia a própria cauda, o que denota um sentido de perpétua continuidade da vida, pois o círculo nunca termina. Ewá teria o mesmo significado de Dan ou uma das suas metades – A outra seria Oxumaré. Existem no entanto, os que defendem que Ewá já pertencia à mitologia Nagô, sendo originária na cidade de Abeokutá. Estes, certamente, por desconhecer o panteão Jeje – No qual o Vodun Eowa, seria o correspondente da Ewá dos Nagô -Confundem Ewá com uma qualidade de Iemanjá, Oyá e Oxun. Ewá é um Orixá independente, mas é conhecida entre os jejes de Eowá e no povo de língua Yorubá por Ewá.

Características dos filhos de Ewá

Pessoas de beleza exótica, diferenciam-se das demais justamente por isso. Possuem tendência a duplicidade: Em algumas ocasiões podem ser bastante simpáticas, em outras são extremamente arrogantes; às vezes aparentam ser bem mais velhas ou parecem meninas, ingénuas e puras. Apegadas à riqueza, gostam de ostentar, de roupas bonitas e vistosas, e acompanham sempre a moda, adoram elogios e galanteios. São pessoas altamente influenciáveis, que agem conforme o ambiente e as pessoas que as cercam, assim, podem ser contidas damas da alta sociedade quando o ambiente requisitar ou mulheres populares, falantes e alegres em lugares menos sofisticados. São vivas e atentas, mas sua atenção está canalizada para determinadas pessoas ou ocasiões, o que as leva a desligar-se do resto das coisas. Isso aponta uma certa distracção e dificuldades de concentração, especialmente em actividades escolares

Iansã

Dia: Quarta-feira Cores: Marrom, Vermelho e Rosa Símbolos: Espada e Eruexin Elementos: Ar em movimento,qualquer tipo de vento, Fogo Domínios: Tempestades, Ventanias, Raios, Morte Saudação: Epahei!

O maior e mais importante rio da Nigéria chama-se Níger, é imponente e atravessa todo o país. Rasgado, espalha-se pelas principais cidades através de seus afluentes por esse motivo tornou-se conhecido com o nome Odò Oya, já que ya, em iorubá, significa rasgar, espalhar. Esse rio é a morada da mulher mais poderosa da África negra, a mãe dos nove orum, dos nove filhos, do rio de nove braços, a mãe do nove, Ìyá Mésàn, Iansã (Yánsàn).

Embora seja saudada como a deusa do rio Níger, está relacionada com o elemento fogo. Na realidade, indica a união de elementos contraditórios, pois nasce da água e do fogo, da tempestade, de um raio que corta o céu no meio de uma chuva, é a filha do fogo-Omo Iná. A tempestade é o poder manifesto de Iansã, rainha dos raios, das ventanias, do tempo que se fecha sem chover. Iansã é uma guerreira por vocação, sabe ir à luta e defender o que é seu, a batalha do dia-a-dia é a sua felicidade. Ela sabe conquistar, seja no fervor das guerras, seja na arte do amor. Mostra o seu amor e a sua alegria contagiantes na mesma proporção que exterioriza a sua raiva, o seu ódio. Dessa forma, passou a identificar-se muito mais com todas as actividades relacionadas com o homem, que são desenvolvidas fora do lar; portanto não aprecia os afazeres domésticos, rejeitando o papel feminino tradicional. Iansã é a mulher que acorda de manhã, beija os filhos e sai em busca do sustento. O facto de estar relacionada com funções tipicamente masculinas não afasta Iansã das características próprias de uma mulher sensual, fogosa, ardente; ela é extremamente feminina e o seu número de paixões mostra a forte atracção que sente pelo sexo oposto. Iansã (Oyá) teve muitos homens e verdadeiramente amou todos. Graças aos seus amores, conquistou grandes poderes e tornou-se orixá. Assim, Iansã tornou-se mulher de quase todos os orixás. Ela é arrebatadora, sensual e provocante, mas quando ama um homem só se interessa por ele, portanto é extremamente fiel e possessiva. Todavia, a fidelidade de Iansã não está necessariamente relacionada a um homem, mas às suas convicções e aos seus sentimentos. Algumas passagens da história de Iansã relacionam-na com antigos cultos agrários africanos ligados à fecundidade, e é por isso que a menção aos chifres de novilho ou búfalo, símbolos de virilidade, surgem sempre nas suas histórias. Iansã é a única que pode segurar os chifres de um búfalo, pois essa mulher cheia de encantos foi capaz de transforma-se em búfalo e tornar-se mulher da guerra e da caça. Oyá é a mulher que sai em busca do sustento; ela quer um homem para amá-la e não para sustentá-la. Desperta pronta para a guerra, para a sua lida do dia-a-dia, não tem medo do batente: luta e vence.

Características dos filhos de Iansã / Oyá Para os filhos de Oyá, viver é uma grande aventura. Enfrentar os riscos e desafios da vida são os prazeres dessas pessoas, tudo para elas é festa. Escolhem os seus caminhos mais por paixão do que por reflexão. Em vez de ficar em casa, vão à luta e conquistam o que desejam. São pessoas atiradas, extrovertidas e directas, que jamais escondem os seus sentimentos, seja de felicidade, seja de tristeza. Entregam-se a súbitas paixões e de repente esquecem, partem para outra, e o antigo parceiro é como se nunca tivesse existido. Isso não é prova de promiscuidade, pelo contrário, são extremamente fiéis à pessoa que amam, mas só enquanto amam. Estas pessoas tendem a ser autoritárias e possessivas; o seu génio muda repentinamente sem que ninguém esteja preparado para essas guinadas. Os relacionamentos longos só acontecem quando controlam os seus impulsos, aí, são capazes de viver para o resto da vida ao lado da mesma pessoa, que deve permitir que se tornem os senhores da situação. Os filhos de Oyá, na condição de amigos, revelam-se pessoas confiáveis, mas cuidado, os mais prudentes, no entanto, não ousariam confiar-lhe um segredo, pois, se mais tarde acontecer uma desavença, um filho de Oyá não pensará antes de usar tudo que lhe foi contado como arma. O seu comportamento pode ser explosivo, como uma tempestade, ou calmo, como uma brisa de fim de tarde. Só uma coisa o tira do sério: mexer com um filho seu é o mesmo que comprar uma briga de morte: batem em qualquer um, crescem no corpo e na raiva, matam se for preciso. Orikí de Oyá. Eèpàrìpàà! Odò ìyá! “ORI O! ORI OYA, MO GBE DE. OYA MESAN, MESAN, MESAN. OYA ORIRI, O, O, O. OYA MESAN, A JI LODA ORISA. ORI O ORI OL’ OYA, MO GBE DE.

ORI MI! ORI OYA , MO GBE DE.” “O ORI do iniciado, O ORI daquele que é iniciado em OYA está aqui. OYA , que se desdobra em nove partes. OYA , a grande mulher, charmosa e elegante. OYA , que se desdobra em nove partes. ORISA que usa a espada ao acordar. O ORI do iniciado, O ORI daquele que é iniciado em OYA está aqui. Meu ORI. O ORI daquele que é iniciado em OYA está aqui.” Oxun

Dia: Sábado Cores: Amarelo – Ouro Símbolo: Leque com espelho (Abebé) Elemento: Água Doce (Rios, Cachoeiras, Nascentes, Lagoas)

Domínios: Amor, Riqueza, Fecundidade, Gestação e Maternidade Saudação: Òóré Yéyé ó! Na Nigéria, mais precisamente em Ijesá, Ijebu e Osogbó, corre calmamente o rio Oxum, a morada da mais bela Iyabá, a rainha de todas as riquezas, a protectora das crianças, a mãe da doçura e da benevolência. Generosa e digna, Oxum é a rainha de todos os rios e cachoeiras. Vaidosa, é a mais importante entre as mulheres da cidade, a Ialodê. É a dona da fecundidade das mulheres, a dona do grande poder feminino. Oxum é a deusa mais bela e mais sensual do Candomblé. É a própria vaidade, dengosa e formosa, paciente e bondosa, mãe que amamenta e ama. Um de seus oriquis, visto com mais atenção, revela o zelo de Oxum com seus filhos: O primeiro filho de Oxum chama-se Ide, é uma verdadeira jóia, uma argola de cobre que todos os iniciados de Oxum devem colocar nos seus braços. Oxum não vê defeitos nos seus filhos, não vê sujidade. Os seus filhos, para ela, são verdadeiras jóias, e ela só consegue ver seu brilho. É por isso que Oxum é a mãe das crianças, seres inocentes e sem maldade, zelando por elas desde o ventre até que adquiram a sua independência. Seus filhos, melhor, as suas jóias, são a sua maior riqueza. Características dos filhos de Oxum Dão muito valor à opinião pública, fazem qualquer coisa para não chocá-la, preferindo contornar as suas diferenças com habilidade e diplomacia. São obstinadas na procura dos seus objectivos. Oxum é o arquétipo daqueles que agem com estratégia, que jamais esquecem as suas finalidades; atrás da sua imagem doce esconde-se uma forte determinação e um grande desejo de ascensão social. Têm uma certa tendência para engordar, a imagem do gordinho risonho e bemhumorado combina com eles. Gostam de festas, vida social e de outros prazeres que a vida lhes possa oferecer. Tendem a uma vida sexual intensa, mas com muita discrição, pois detestam escândalos.

Não se desesperam por paixões impossíveis, por mais que gostem de uma pessoa, o seu amor-próprio é muito maior. Eles são narcisistas demais para gostar muito de alguém. Graça, vaidade, elegância, uma certa preguiça, charme e beleza definem os filhos de Oxum, que gostam de jóias, perfumes, roupas vistosas e de tudo que é bom e caro. O lado espiritual dos filhos de Oxum é bastante aguçado. Talvez por isso, algumas das maiores Yalorixás da história do Candomblé, tenham sido ou sejam de Oxum

Obá

Dia: Quarta-feira Cores: Marron raiado, Vermelho e Amarelo Símbolos: Ofange (espada) e Escudo de Cobre, Ofá (arco e flecha) Elementos: Fogo e Águas Revoltas Domínios: Amor e Sucesso Profissional Saudação: Obà Siré! Obá é um Orixá ligado à água, guerreira e pouco feminina. As suas roupas são vermelhas e brancas, usa um escudo, uma espada e uma coroa de cobre. 0 tipo psicológico dos filhos de OBA, constitui o estereotipo da mulher de forte temperamento, terrivelmente possessiva e carente, é mulher de um homem só, fiel e sofrida. São combativas, impetuosas e vingativas. Obá é um ORIXÁ que raramente se manifesta e há pouco estudo sobre ela. Obá é a mulher consciente do seu poder, que luta e reivindica os seus direitos, que

enfrenta qualquer homem – menos aquele que tomar o seu coração. Ela abraça qualquer causa, mas rende-se a uma paixão. Obá é a mulher que se anula quando ama. Obá filha de Iemanjá e Oxalá. Em toda a África Obá era cultuada como a grande deusa protectora do poder feminino, por isso também é saudada como Iyá Agbá, e mantém estreitas relações com as Iya Mi. Era uma mulher forte, que comandava as demais e desafiava o poder masculino. Embora Obá se tenha transformado num rio, é uma deusa relacionada ao fogo. Obá é saudada como o Orixá do ciúme, mas não se pode esquecer que o ciúme é o corolário inevitável do amor, portanto, Obá é um Orixá do amor, das paixões, com todos os dissabores e sofrimentos que o sentimento pode acarretar. Obá tem ciúme porque ama. O lado esquerdo (Osì) sempre esteve relacionado à mulher e, por uma razão muito elementar, é o lado do coração. Quando Obá é saudada como guardiã da esquerda, isso quer dizer que é a guardiã de todas as mulheres, aquela que compreende os sentimentos do coração, pois Obá pensa com o coração, por isso dança sempre com a mãe esquerda apontando para o lado esquerdo na latura da orelha, poder genitor feminino, rainha em África da sociedade Elecô, onde homem não entra, as grandes amazonas de Oba. Oba não conhece a cabeça de homem. Ligadas a Oxóssi pela caça e grande arqueira, ligada a Xangô através do fogo a luta pela vida. Como pode uma deusa ligada a esses sentimentos, dedicar-se à guerra? Toda a energia das suas paixões frustradas é canalizada por ela para a guerra, tornando-se a guerreira mais valente, que nenhum homem ousa enfrentar. Obá supera a angústia de viver sem ser amada. Obá troca um palácio por uma cabana, troca todas as riquezas do mundo por uma frase: “Eu te amo”. Características dos filhos de Obá Os filhos de Obá não tem muito jeito para se comunicar com as pessoas, chegam a ser duros e inflexíveis. Têm dificuldade em ser gentis e estabelecer um canal de comunicação afectiva com os outros; às vezes são brutos e rudes afastando as pessoas. Isso deve-se ao fato de os filhos de Obá, na maioria das vezes, sofrerem um certo complexo de inferioridade achando que as pessoas que se aproximam

querem tirar partido de alguma coisa. De facto, isso tende a acontecer com os filhos de Obá. A sua sinceridade chega a ferir; expressam as suas opiniões, fazem críticas e acabam por magoar as pessoas, pois não se preocupam em ser agradáveis. Mas essa agressividade é puramente defensiva. São bons companheiros e amigos fiéis, são ciumentos e possessivos no amor, por isso não têm muita sorte. Quando apaixonados, nunca são senhores da relação, cedem em tudo, abdicam de todas as suas convicções. Algumas vezes infelizes no amor, investem todas as suas cartas nas suas carreiras e, de entre as mulheres que se destacam profissionalmente numa sociedade machista, podem-se encontrar muitas filhas de Obá excelentes juizas, advogadas, comandando quartéis, etc. Muitas vezes despertam a inveja dos seus inimigos e podem sofrer algumas emboscadas, por isso devem vencer a tendência que possuem para a ingenuidade

Yemanjá

Dia: Sábado Cor: Branco, Prateado, Azul e verde Símbolo: Abebé prateado, Alfange Elementos: Águas doces que correm para o mar, Águas do mar

Domínios: Inteligência,Maternidade, Saúde mental e Psicológica Saudação: Erù-Iyá, Odó-Iyá Yemonjá, por presidir à formação da individualidade, que como sabemos está na cabeça, está presente em todos os rituais, especialmente o Bori. Ìyá Orí. É a rainha de todas as águas do mundo, seja dos rios, seja do mar. O seu nome deriva da expressão YéYé Omó Ejá, que significa, mãe cujo filhos são peixes. Na África era cultuada pelos egbá, nação Iorubá da região de Ifé e Ibadan onde se encontra o rio Yemojá. Esse povo transferiu-se para a região de Abeokutá, levando consigo os objectos sagrados da deusa, e foram depositados no rio Ogum, o qual, diga-se de passagem, não tem nada a ver com o Orixá Ogum, apesar de no Brasil Yemojá ser cultuada nas águas salgadas, a sua origem é de um rio que corre para o mar. Inclusive, todas as suas saudações, orikís e cantigas remetem a essa origem, Odó Iyà por exemplo, significa mãe do rio, já a saudação Erù Iyà faz alusão às espumas formadas do encontro das águas do rio com as águas do mar, sendo esse um dos locais de culto a Yemonjá. Yemonjá é a mãe de todos os filhos, mãe de todo mundo. É ela quem sustenta a humanidade e, por isso, os órgãos que a relacionam com a maternidade, ou seja, a sua vulva e seus seios chorosos, são sagrados. Yemonjá é o espelho do mundo, que reflecte todas as diferenças, pois a mãe é sempre um espelho para o filho, um exemplo de conduta. Ela é a mãe que orienta, que mostra os caminhos, que educa, e sabe, sobre tudo, explorar as potencialidades que estão dentro de cada um, como fez com os guerreiros de Olofin, mostrando o quanto eram bons nos seus ofícios, mas dizendo, ao mesmo tempo, que a guerra maior é a que travamos contra nós mesmos. A energia de Yemanjá juntou-se a Orugan. Dessa interação nasceram diversos omo- Orixás e dos seus seios rasgados jorraram todos os rios do mundo. Yemonjá é a própria água, suas lágrimas transformaram transformar num rio que correu em direcção ao oceano. Portanto, não é por acaso que as lágrimas e o mar tem o mesmo sabor. Dissimulada, e aridlosa, Yemonjá faz uso da chantagem afectiva para manter os filhos sempre perto de si. É considerada a mãe da maioría dos Orixás de origem Iorubá. É o tipo de mãe que quer os filhos sempre por perto, que tem uma palavra

de carinho, um conselho, um alívio psicológico. Quando os perde é capaz de se desequilibrar completamente. Yemonjá é a mãe que não faz distinção dos seus filhos, sejam como forem, tenham ou não saído do seu ventre. Quando humildemente criou, com todo amor e carinho, aquele menino cheio de chagas, fez irromper um grande guerreiro. Yemonjá criou Omulu, o filho e senhor, o rei da terra, o próprio Sol. Características dos filhos de Yemonjá São imponentes, majestosos e belos, calmos, sensuais, fecundos, cheios de dignidade e dotados de irresistível fascínio (o canto da sereia). São voluntariosos, fortes, rigorosos, protectores, altivos e, algumas vezes, impetuosos e arrogantes; têm o sentido da hierarquia, fazem-se respeitar e são justos mas formais; põem à prova as amizades que lhes são devotadas, custam muito a perdoar uma ofensa e, se a perdoam, não a esquecem jamais. Preocupam-se com os outros, são maternais e sérios. Sem possuírem a vaidade de Oxum, gostam do luxo, das fazendas azuis e vistosas, das jóias caras. Eles têm tendência à vida sumptuosa, mesmo se as possibilidades do quotidiano não lhes permitem um tal fausto. As filhas de Yemonjá são boas donas de casa, educadoras pródigas e generosas, criando até os filhos de outros (Omulu). Não perdoam facilmente, quando ofendidas. São possessivas e muito ciumentas. São pessoas muito voluntariosas e que tomam os problemas dos outros como se fossem seus. São pessoas fortes, rigorosas e decididas. Gostam de viver em ambientes confortáveis com certo luxo e requinte. Põe à prova as suas amizades, que tratam com um carinho maternal, mas são incapazes de guardar um segredo, por isso não merecem total confiança. Elas costumam exagerar nas suas verdades (para não dizer que mentem) e fazem uso de chantagens emocionais e afectivas. São pessoas que dão grande importância aos seus filhos, mantêm com eles os conceitos de respeito e hierarquia sempre muito claros. Nas grandes famílias há sempre um filho de Yemonjá, pronto a envolver-se com os problemas de todos, pois gosta tanto disso que pode revelar-se um excelente psicólogo. Fisicamente, os filhos de Yemonjá tendem à obesidade, ou a uma certa desarmonia no corpo. As mulheres, por exemplo, acabam por ficar com os seios caídos e as nádegas contidas e preferem os cabelos compridos. São extrovertidos e sabem sempre de tudo (mesmo que não saibam).

Oba Sangô

DIA: Quarta-Feira CORES: Vermelho (ou marrom) e branco COMIDA: Amalá SÍMBOLOS: Oxés (machados duplos), Edún-Àrá, xerê ELEMENTOS: Fogo (grandes chamas, raios), formações rochosas. DOMÍNOS: Poder estatal, justiça, questões jurídicas. SAUDAÇÃO: Kawó Kabiesilé!! Nem seria preciso falar do poder de Sangô (Sòngó), porque o poder é a sua síntese. Sangô nasce do poder morre em nome do poder. Rei absoluto, forte, imbatível. O prazer de Sangô é o poder. Sangô manda nos poderosos, manda em seu reino e nos reinos vizinhos. Sangô é rei entre todos os reis. Não existe uma hierarquia entre os orisás, nenhum possui mais asé que o outro, apenas Osalá, que representa o patriarca da religião e é o orisá mais velho, goza de certa primazia. Contudo, se preciso fosse escolher um orisá todo-poderoso, quem, senão Sangô para assumir esse papel? Sangô gosta dos desafios, que não raras vezes aparecem nas saudações que lhe fazem seus devotos na África. Porém o desafio é feito sempre para ratificar o poder de Sangô.

A maneira como todos devem se referir a Sangô já expressa o seu poder. Procure imaginar um elefante, mas um Elefante-de-olhos-tão-grandes-quanto-potes-deboca-larga: esse é Sangô e, se o corpo do animal segue a proporção dos olhos, Sangô realmente é o Elefante-que-manda-na-savana, imponente, poderoso. Percebe-se que a imagem de poder está sempre associada a Sangô. O poder real, por exemplo, lhe é devido por ter se tornado o quarto alafim de Òyó, que era considerada a capital política dos iorubas, a cidade mais importante da Nigéria. Sangô destronou o próprio meio-irmão Dadá-Ajaká com um golpe militar. A personalidade paciente e tolerante do irmão irritavam Sangô e, certamente, o povo de Òyó, que o apoiou para que ele se tornasse o seu grande rei, até hoje lembrado. O trono de Òyó já pertencia a Sangô por direito, pois seu pai, Oranian, foi fundador da cidade e de sua dinastia. Ele só fez apressar a sua ascensão. Sangô é o rei que não aceita contestação, todos sabem de seus méritos e reconhecem que seu poder, antes de ser conquistado pela opressão, pela força, é merecido. Sangô foi o grande alafim de Òyo porque soube inspirar credibilidade aos seus súbditos, tomou as decisões mais acertadas e sábias e, sobretudo, demonstrou a sua capacidade para o comando, persuadindo a todos não só por seu poder repressivo como por seu senso de justiça muito apurado. Não erram, como se viu, os que dizem que Sangô exerce o poder de uma forma ditatorial, que faz uso da força e da repressão para manter a autoridade. Sabe-se, no entanto, que nenhuma ditadura ou regime despótico mantém-se por muito tempo se não houver respaldo popular. Em outros termos, o déspota reflete a imagem de seu povo, e este ama o seu senhor, seja porque nos momentos de tensão responde com eficiência, seja por assumir a postura de um pai. No caso de Sangô, sua retidão e honestidade superam o seu caráter arbitrário; suas medidas, embora impostas, são sempre justas e por isso ele é, acima de tudo, um rei amado, pois é repressor por seu estilo, não por maldade. Fato é que não se pode falar de Sangô sem falar de poder. Ele expressa autoridade dos grandes governantes, mas também detém o poder mágico, já que domina o mais perigoso de todos os elementos da natureza: o fogo. O poder mágico de Sangô reside no raio, no fogo que corta o céu, que destrói na Terra, mas que transforma, que protege, que ilumina o caminho. O fogo é a grande arma de Sangô, com a qual castiga aqueles que não honram seu nome. Por meio do raio ele atinge a casa do próprio malfeitor. Sangô é bastante cultuado na região de Tapá ou Nupê, que, segundo algumas versões históricas, seria terra de origem de sua família materna.

Tudo que se relaciona com Sangô lembra realeza, as suas vestes, a sua riqueza, a sua forma de gerir o poder. A cor vermelha, por exemplo, sempre esteve ligada à nobreza, só os grandes reis pisavam sobre o tapete vermelho, e Sangô pisa sobre o fogo, o vermelho original, o seu tapete. Sangô sempre foi um homem bonito extremamente vaidoso, por isso conquistou todas a mulheres que quis, e, afinal, o que seria um ‘olhar de fogo’senão um olhar de desejo ardente? Quem resiste ao olhar de “flirt” de Sangô e seus filhos ? Sangô era um amante irresistível e por isso foi disputado por três mulheres. Iansã foi sua primeira esposa e a única que o acompanhou em sua saída estratégica da vida. È com ela que divide o domínio sobre o fogo. Osun foi à segunda esposa de Sangô e a mais amada. Apenas por Osun, Sangô perdeu a cabeça, só por ela chorou. A terceira esposa de Sangô foi Oba, que amou e não foi amada. Oba abdicou de sua vida para viver por Sangô, foi capaz de mutilar o seu corpo por amor ao seu rei. Sangô decide sobre a vida de todos, mas sobre a sua vida (e sua morte) só ele tem o direito de decidir. Ele é mais poderoso que a morte, razão pela qual passou a ser o seu anti-símbolo. Características dos filhos de Sangô É muito fácil reconhecer um filho de Sangô apenas por sua estrutura física, pois seu corpo é quase sempre muito forte, com uma quantidade razoável de gordura, apontando a sua tendência à obesidade; mas a sua boa constituição óssea suporta o seu físico avantajado. Há também os magros e muito elegantes. Com forte dose de energia e auto-estima, os filhos de Sangô têm consciência de que são importantes e respeitáveis, portanto quando emitem sua opinião é para encerrar definitivamente o assunto. Sua postura é sempre nobre, com a dignidade de um rei. Sempre andam acompanhados de grandes comitivas; embora nunca estejam sós, a solidão é um de seus estigmas. Conscientemente são incapazes de ser injustos com alguém, mas um certo egoísmo faz parte de seu arquétipo. São extremamente austeros (para não dizer sovinas), portanto não é por acaso que Sangô dança alujá com a mão fechada. Gostam do poder e do saber, que são os grandes objetos de sua vaidade. São amantes vigorosos, em seu lado negativo, pobre das mulheres cujos maridos são de Sangô. Um filho de Sangô está sempre cercado por amigos, auxiliares, no caso de governantes, empresários, mas a tendência é que aqueles que decidem ao seu lado sejam sempre homens.

Os filhos de Sangô são obstinados, agem com estratégia e conseguem o que querem. Tudo que fazem marca de alguma forma sua presença; fazem questão de viver ao lado de muita gente e têm pavor de ser esquecido, pois, sempre presentes na memória de todos, sabem que continuarão vivos após a sua ‘retirada estratégica’.

Logun Edé

DIA: Quinta-feira CORES: Azul-turquesa e Amarelo-ouro SÍMBOLOS: Balança, Ofá, Abebè e Cavalo-marinho ELEMENTOS: Terra (floresta) e Água (de rios e cachoeiras) DOMÍNIOS: Riqueza, Fartura e Beleza SAUDAÇÃO: Erua ô loci akorun !!! Logun Edé (lógunèdè) é o orixá da riqueza e da fartura, filho de Oxum e Oxóssi, deus da guerra e da água. É, sem dúvida, um dos mais bonitos orixás do Candomblé, já que a beleza é uma das principais características dos seus pais. Rei de Ilexá,caçador habilidoso e príncipe soberbo, Logun Edé reúne os domínios de Oxóssi e Oxum e quase tudo que se sabe a seu respeito gira em torno de sua paternidade.

Apesar de sua história, é preciso esclarecer que Logun Edé não muda de sexo a cada seis meses, ele é um orixá do sexo masculino. Sua dualidade se dá em nível comportamental, já que em determinadas ocasiões pode ser doce e benevolente como Oxum e em outras, sério e solitário como Oxóssi. Logun Edé é um orixá de contradições; nele os opostos se alternam, é o deus da surpresa e do inesperado. Na Nigéria, a cidade de Logun Edé chama-se Ilexa e é uma das mais ricas e prósperas da África, anualmente fazem encontros com vários festivais vindo pessoas de toda as partes da África. Na África negra, dizem que Logun Edé seria na verdade Ólògún Ode – o guerreiro caçador – o maior entre todos os caçadores, pai de todos eles, inclusive de Oxóssi. E se observarmos a cantiga de Oxóssi, veremos que expressão Omo ode, ou seja, filho do caçador, é constante, podendo inferir certa lógica nas histórias contadas pelos africanos, como também sua ligação com Ogun. Oxum Yéyé Ipondá e Odé Erinlé Ibò, respectivamente, as qualidades de Oxum e Oxóssi que se consideram os pais de Logun Edé. A história revela que Oxóssi, feliz pelo filho vindouro, declarou a Oxum o seu amor e pediu a ela posse do menino: – Oxum, por amor a você, quero que Logun Edé fique comigo, vou ensiná-lo a caçar. Comigo ele aprenderá os segredos da floresta. Mas Oxum também amava Logun Edé e por maior que fosse seu amor por Oxóssi ela não poderia separar-se de seu filho então declarou: – Logun Edé viverá seis meses com sua mãe e seis meses com o seu pai, comerá do peixe e da caça. Ele será Oxóssi e será Oxum, mas sem deixar de ser ele mesmo, Logun Edé: um príncipe na floresta e um grande caçador! Características dos filhos de Logun Edé Os filhos de Logun Edé possuem as características de Osun, ou seja, narcisismo, vaidade, gosto pelo luxo, sensualidade, beleza, charme, elegância. Tem também características em comum com Oxóssi, ou seja, beleza, vaidade, cautela, objetividade e segurança. No entanto, há características de Logun Edé que não pertencem nem a Osun nem a Oxóssi. Na verdade, ele reúne o arquétipo de ambos, mas de forma superficial. A superficialidade é a marca dos filhos de Logun Edé, porque eles, ao contrário dos

filhos de Oxóssi e de Osun não têm certeza do que são nem do que querem. As qualidades de Osun e de Oxóssi amenizam-se em Logun Edé, mas, em compensação, os defeitos são exacerbados. Dessa forma, os filhos de Logun Edé são extremamente soberbos arrogantes e prepotentes. Mas algo não se pode negar: os filhos de Logun Edé são bonitos e possuem olhode-gato, algo que atrai e repele ao mesmo tempo. São mandões, os donos da verdade, os mais belos, cujo ego não cabe em si. Melhor não lhes fazer elogios em sua presença, a não ser que queira ver sua imensa cauda de pavão abrindo-se em leque. Quando têm consciência de que conseguem controlar os seus defeitos, os filhos de Logun Edé tornam-se pessoas muito agradáveis. Os filhos de Logun Odé não andam! Pairam sobre o ar! Logun Edé pertence ao panteão dos caçadores, é único, não tem qualidade ou culto diferenciado,por isso só pode existir um iniciado numa casa de candomblé

Irôko

Dia da Semana: Terça-feira. Cores: Branco, Verde /castanho Símbolo: Árvore/tronco Domínios: Ancestralidade Saudação: Iroko Issó! Eró!Iroko Kissilé.

Iroko é um Orisá muito antigo. Iroko foi à primeira árvore plantada e pela qual todos os restantes Orisás desceram à Terra. Iroko é a própria representação da dimensão Tempo. Iroko é o comandante de todas as árvores sagradas, o vanguardeiro, os demais Osa Iggi devem-lhe obediência porque só ele é Iggi Olórun, a árvore do Senhor do Céu. Iroko, Iroco ou Roko (do iorubá Íròkò) é um ancestral cultuado no candomblé do Brasil pela nação Ketu e, como Loko, pela nação Jeje. Corresponde ao Nkisse Tempo na nação Angola ou Congo. Em todas as reuniões dos Orisás está sempre presente Iroko, calado num canto, anotando todas as decisões que implicam diretamente na sua ação eterna. É um Orisá pouco conhecido dos seres vivos ou mortos, nascidos ou por nascer. Toda a criação está nos seus desígnios. É o Orisá Iroko, implacável e inexorável, que governa o Tempo e o Espaço, que acompanha, e cobra, o cumprimento do Karma de cada um de nós, determinando o início e o fim de tudo. Conhecido e respeitado na Mesopotâmia e Babilónia como Enki, o Leão Alado, que acompanha todos os seres do nascimento ao infinito; cultuado no Egito como Anúbis, o deus Chacal que determina a caminhada infinita dos seres desde o nascimento até atravessar o Vale da Morte. Também venerado como Teotihacan entre os Incas e Viracocha entre os Maias como o Senhor do Início e do Fim; também presente no Panteão Grego e Romano, onde era conhecido e respeitado como Cronus, o Senhor do Tempo e do Espaço, que abriga e conduz a todos inexoravelmente ao caminho da Eternidade. É o Tempo também das mudanças climáticas, as variações do tempo-clima. Guardião das florestas centenárias é o coletivo das árvores grandiosas, guardião da ancestralidade. Em África, a sua morada é a árvore iroko, Milicia excelsa (antes classificada como Chlorophora excelsa), chamada “amoreira africana” na África de língua portuguesa. É uma árvore majestosa, encontrada da Serra Leoa à Tanzânia, que atinge 45 metros de altura e até 2,7 metros de diâmetro. No Brasil, onde essa árvore não existe, diz-se que Iroko habita a gameleira branca, Ficus gomelleira ou Ficus doliaria (também chamada figueira-branca, guapoí, ibapoí, figueira-brava e gameleira-branca-de-purga). Nos terreiros, costuma-se

manter uma dessas árvores como morada de Iroko, assinalada por um “ojá” (laço de pano branco) ao seu redor. Iroko representa a ancestralidade, os nossos antepassados, pais, avós, bisavós, etc., representa também o seio da natureza, a morada dos Orisás. Desrespeitar Iroko (a grande e suntuosa árvore) é o mesmo que desrespeitar a sua dinastia, os seus avós, o seu sangue… Iroko representa a história do Ilê (casa), assim como do seu povo… protegendo-o sempre das tempestades. Ao contrário da maioria dos orisás, este não costuma “baixar” nas festas de santo. É reverenciado por meio de oferendas à árvore que o representa. Os animais a ele consagrados são a tartaruga e o papagaio. Iroko é um Orisá pouco cultuado tanto no Brasil como em Portugal, e os seus filhos também são muito raros. Os seus filhos, no entanto, são sempre muito protegidos pelo seu Orisá. É importante dizer que esta árvore faz parte do culto de Ifá e foi sobre ela que as feiticeiras pousaram e não tiveram sorte. Há um grande fundamento dessa árvore ancestral ligada diretamente a Obatalá em um orikí: “Iroko Olúwére, Ògìyán Èèijù”. Qualidade: Iroko Olúwére, a energia que mora dentro da árvore Iroko. Características dos filhos de Iroko Os filhos de Iroko são tidos como eloquentes, ciumentos, camaradas, inteligentes, competentes, teimosos, turrões e generosos. Gostam de diversão: dançar e cozinhar; comer e beber bem. Apaixonam-se com facilidade e gostam de liderar em tudos os sentidos. Dotados de senso de justiça, são amigos queridos, mas também podem ser inimigos terríveis, no entanto, reconciliam-se facilmente. Um defeito grande, é o fato de não conseguirem guardar segredos. Iroko Kisselé; Eró Iroko issó, eró

Oosaalá

Dia: Sexta-feira Cor: Branco leitoso. Simbolo: Opáxoró Elementos: Atmosfera,Vida humana e Céu Domínios: Poder procriador masculino, Criação, Vida e Morte Saudação: Epa Bàbá

OSALÁ é o detentor do poder procriador masculino. Todas as suas representações incluem o branco. É um elemento fundamental dos primórdios, massa de ar e massa de água, a protoforma e a formação de todo o tipo de criaturas no AIYE e no ORUN. Ao incorporar-se, assume duas formas: OSOGUIÃ jovem guerreiro, e OXALUFÃ, velho apoiado num bastão de prata (OPAXORÓ). OSALÁ é alheio a toda a violência, disputas, brigas, gosta de ordem, da limpeza, da pureza. A sua cor é o branco e o seu dia é a sexta-feira. Os seus filhos devem vestir branco neste dia. Pertencem a OSALÁ os metais e outras substâncias brancas. Em África, todos os Orisás relacionados com a criação são designados pelo nome genérico de Orisá FunFun. O mais importante entre todos eles chama-se Orisalá (Òrìsanlà), ou seja, o grande Orisá, que nas terras de Igbó e Ifé é cultuado como Obatalá, rei do pano branco. Eram cerca de 154 Orisás FunFun, mas no Brasil e na Europa a quantidade reduz-se significativamente, sendo que dois, Orisá Olùfón, rei

de Ifón (Oxalufã) e Orisá Ógìyán, o comedor de inhame e rei de Egigbó (Oxoguiã), se tornaram as suas expressões mais conhecidas. A designação de Orisá FunFun deve-se ao fato de a cor branca se configurar como a cor da criação, guardando a essência de todas as demais. O branco representa todas as possibilidades, a base de qualquer criação. O nome Orisanlá foi contraído e deu origem à palavra Osalá, e com esse nome o grande Pai de todos passou a ser conhecido no Brasil e na Europa. Todos os Orisás FunFun foram reunidos em Osalá e divididos em várias qualidades das suas duas configurações principais: Òsálufón, Osagiyan, sendo este último, jovem e guerreiro, filho do primeiro mais velho e paciente. Todas as histórias que relatam a criação do mundo passam necessariamente por Osalá, que foi o primeiro Orisá concebido por Olodumaré e encarregado de criar não só o universo, como todos os seres, todas as coisas que existiriam no mundo. A maior interdição de Osalá é de fato o azeite-de-dendê, que jamais deve macular as suas roupas, os seus objetos sagrados e muito menos o seu Alá. A única coisa vermelha que Osalá permite, é a pena de Ikodidè, prova de sua submissão ao poder genitor feminino. O Alá representa a própria criação, está intimamente relacionado com a concepção de cada ser; é a síntese do poder criador masculino. A sua função primeira já remete ao seu significado profundo. A ação de cobrir não evoca somente proteção, zelo, denota a atividade masculina no ato sexual. No Sirê, Osalá é homenageado por último porque é o grande símbolo da síntese de todas as origens. Ele representa a totalidade, o único Orisá que, como Esú, reside em todos os seres humanos. Todos são seus filhos, todos são irmãos, já que a humanidade vive sob o mesmo teto, o grande Alá que nos cobre e protege, o céu.

Características do filho de Oxalufã

O tipo físico de OXALUFÃ é frágil, delicado, friorento, sujeito-a resfriados. Compensa sua debilidade física com grande força moral, e seu alvo à realizar a condição humana no que tem de mais nobre. É fiel no amor e na amizade. Oxalufã é o poente.

Características do filho de Oxoguiã

O tipo OXOGUIÃ é um jovem guerreiro combativo. Normalmente tem boa aparência, podem ser altos, baixos, forte e magros, pois seu arquetipo não o traduz, não é agressivo nem brutal, teimosos, individualistas e altruístas. Não despreza o sexo e cultiva o amor livre. É alegre, gosta profundamente da vida, é falador, brincalhão e ao mesmo tempo teem muita seriedade e não perdoam a Injustiça. Ao mesmo tempo é idealista, defendendo os injustiçados, os fracos e os oprimidos. Orgulhosos, gostam da boa briga pela boa causa, às vezes, uma espécie de D. Quixote. Os seus pensamentos originais geralmente antecipam os da sua época. Ele é o nascente e o dono das manhãs

O Culto dos Ancestrais – Egungun

Segundo a tradição do culto de Egungun, que é originário da África, região de Oyò. O culto de Egungun, é exclusivo de homens, sendo Alápini o cargo mais elevado dentro do culto, tendo como auxiliares os Ojés. Todo integrante do culto de Egungun é chamado de Mariwó. Sangô (Sòngó), é o fundador do culto a Egungun, somente ele tem o poder de controla-los, como diz um trecho de um Itan: “Em um dia muito importante, em que os homens estavam prestando culto aos ancestrais, com Sangô a frente, as Yàmi fizeram roupas iguais as de Egungun,

vestiram-na e tentaram assustar os homens que participavam do culto, todos correram mas Sangô não o fez, ficou e as enfrentou desafiando os supostos espíritos. As Yàmi ficaram furiosas com Sangô e juraram vingança, em um certo momento em que Sangô estava distraido atendendo seus súditos, sua filha brincava alegremente, subiu em um pé de Obi, e foi aí que as Yàmi atacaram, derrubaram a Adubaiyni filha de Sangô que ele mais adorava. Sangô ficou desesperado, não conseguia mais governar seu reino que até então era muito próspero, foi até Orunmilà, que lhe disse que Yàmi é que havia matado sua filha, Sangô quiz saber o que poderia fazer para ver sua filha só mais uma vez, e Orunmilà lhe disse para fazer oferendas ao Orisá Ikù(Oniborun), o guardião da entrada do mundo dos mortos, assim Sangô fez, seguindo a risca os preceitos de Orunmilà. Sangô conseguiu rever sua filha e pegou para sí o controle absoluto dos Egungun (ancestrais), estando agora sob domínio dos homens este culto e as vestimentas dos Egungun, e se tornando estremamente proibida a participação de mulheres neste culto, provocando a ira de Olorun, Sangô, Ikú e os próprios Egungun, este foi o preço que as mulheres tiveram que pagar pela maldade de suas ancestrais as Yami”. Culto aos Egungun é uma das mais importantes instituições, tem por finalidade preservar e assegurar a continuidade do processo civilizatório africano no Brasil, é o culto aos ancestrais masculinos, originário de Oyo, capital do império Nagô, que foi implantado no Brasil no início do século XIX. O culto principal aos Egungun é praticado na Ilha de Itaparica no Estado da Bahia mas existem casas em outros Estados. Quanto ao aspecto físico, um terreiro de Egungun ou Egun apresenta basicamente as seguintes unidade: um espaço público, que pode ser freqüentado por qualquer pessoa, e que se localiza numa parte do barracão de festas; uma outra parte desse salão, onde só podem ficar e transitar os iniciadores, e para onde os Egun vêm quando são chamados, para se mostrar publicamente; uma área aberta, situada entre o barracão e o Ilê Igbalé (ou Ilê Awô – a casa do segredo), onde também se encontra um montículo de terra preparado e consagrado, que é o assentamento de Onilé; um espaço privado ao qual só têm acesso os iniciados da mais alta hierarquia, onde

fica o Ilê Awô, com os assentamentos coletivo, e onde se guardam todos os instrumentos e paramentos rituais, como os Isan pronuncia-se (ixan), longas varas com as quais os Ojé invocam (batendo no chão) e controlam os Egungun. O Culto à Egun ou Egungun veio da África junto com os Orisás trazidos pelos escravos. Era um culto muito fechado, secreto mesmo, mais que o dos Orisás por cultuarem os mortos. A primeira referência do Culto de Egun no Brasil segundo Juana Elbein dos Santos foram duas linhas escritas por Nina Rodrigues, refere-se a 1896, mas existem evidências de terreiros de Egun fundados por africanos no começo do século XIX. Os Terreiros de Egun mais famosos foram: Terreiro de Vera Cruz, fundado +/- 1820 por um africano chamado Tio Serafim, em Vera Cruz, Ilha de Itaparica. Ele trouxe da África o Egun de seu pai, invocado até hoje como Egun Okulelê, faleceu com mais de cem anos. Terreiro de Mocambo, fundado +/- 1830 por um africano chamado Marcos-oVelho para distingui-lo do seu filho, na plantação de Mocambo, Ilha de Itaparica. Teria comprado sua carta de alforria, anos mais tarde teria voltado à África junto com seu filho Marcos Teodoro Pimentel conhecido como Tio Marcos, lá permanecendo por muitos anos aperfeiçoando seus conhecimentos litúrgicos, onde também seu filho foi iniciado. Quando voltaram trouxeram com eles o assento do Baba Olukotun, considerado o Olori Egun, o ancestre primordial da nação nagô. Terreiro de Encarnação, fundado +/- 1840 por um filho do Tio Serafim, chamado João-Dois-Metros por causa de sua altura, no povoado de Encarnação. Foi nesse terreiro que se invocou pela primeira vez no Brasil o Egun Baba Agboula, um dos patriarcas do povo Nagô. Terreiro de Tuntun, fundado +/- 1850 pelo filho de Marcos-o-Velho, chamado Tio Marcos, num velho povoado de africanos denominado Tuntun, Ilha de Itaparica. Marcos possuiu o título de Alapini, Ipekun Ojé, Sacerdote Supremo do Culto aos Egungun, na tradição histórica Nagô, o Alapini representa os terreiros de Egun ao afin, palácio real. Tio Marcos, Alapini, faleceu por volta de 1935, e com sua morte desapareceu o terreiro do Tuntun, porém a tradição do culto a Baba Olokotun continuou através de seu sobrinho Arsênio Ferreira dos Santos, que possuia o título de Alagba, este migrou para o Rio de Janeiro levando o assento de Baba Olokotun para o município de São Gonçalo. Depois do falecimento de Arsênio, os assentos dos Baba retornaram para Bahia, através do atual Alapini, Deoscoredes M. dos Santos,

conhecido como Mestre Didi Axipá, presidente da Sociedade Cultural e Religiosa Ilê Axipá. Mestre Didi foi iniciado na tradição do culto aos Egungun por Marcos e Arsênio. Terreiro do Corta-Braço, na Estrada das Boiadas, ponto de reunião de praticantes da capoeira, atualmente bairro da Liberdade, cujo chefe era um africano conhecido como Tio Opê. Um dos Ojé, sacerdotes do culto aos Egungun, conhecido como João Boa Fama, iniciou alguns jovens na Ilha de Itaparica, que se juntariam com os descendentes de Tio Serafim e Tio Marcos para fundarem o Ilê Agboulá, no bairro Vermelho, próximo à Ponta de Areia. Outros terreiros de Egungun foram registrados no final do século XIX, um localizado em Quitandinha do Capim, que cultuava os Egun Olu-Apelê e Olojá Orum, o de Tio Agostinho, em Matatu que se tornou ponto de concentração de vários Ojés de outras casas inclusive o Alapini Tio Marcos, o Terreiro da Preguiça, ao lado da Igreja da Conceição da Praia. Ilê Agboulá, Localizado em Ponta de Areia, na Ilha de Itaparica, o Ilê Agboulá é, hoje, no Brasil, um dos poucos lugares dedicados exclusivamente ao culto dos Egun. Sua fundação remonta ao primeiro quarto do século XX por Eduardo Daniel de Paula, Tio Opê, Tio Serafim e Tio Marcos, mas a comunidade que lhe deu origem e que lhe mantém os fundamentos está estabelecida na Ilha, como já vimos há cerca de duzentos anos. Ilê Olokotun, na Ilha de Itaparica Ilê Axipá – Sociedade Cultural e Religiosa Ilê Axipá. Hierarquia Nas casas de Egungun a hierarquia é patriarcal, só homens podem ser iniciados no cargo de Ojé ou Babá Ojé como são chamados, essa hierarquia é muito rígida, apesar de existirem cargos femininos para outras funções, uma mulher jamais será iniciada para esse cargo. Masculinos: Alapini (Sacerdote Supremo, Chefe dos alagbás), Alagbá (Chefe de um terreiro), Atokun (guia de Egum), Ojê agbá (ojê ancião), Ojê (iniciado com ritos completos), Amuixan (iniciado com ritos incompletos), Alagbê (tocador de atabaque). Alguns oiê dos ojê agbá: Baxorun, Ojê ladê, Exorun, Faboun, Ojé labi, Alaran, Ojenira, Akere, Ogogo, Olopondá. Femininos: Iyalode (responde pelo grupo feminino perante os homens), Iyá egbé (cabeça de todas as mulheres), Iyá monde (comanda as ató e fala com os Babá),

Iyá erelu (cabeça das cantadoras), erelu (cantadora), Iyá agan (recruta e ensina as ató), ató (adoradora de Egun). Outros oiê: Iyale alabá, Iyá kekere, Iyá monyoyó, Iyá elemaxó, Iyá moro. RITUAL Tanto a tradição Nagô como a Jeje e a Congo-Angola cultuam os ancestrais. Para os Nagôs existem no Brasil três formas de cultuar os ancestrais, os Esa, os Egungun e as Iya-mi Agba. Os terreiros de Candomblé possuem um local apropriado de adoração do espírito de seus mortos ilustres, esse local é denominado de Ilê ibo aku, casa de adoração aos mortos, enfim todos iniciados no culto aos Orisás. Os Esa são considerados os ancestrais coletivos dos afro-brasileiros. Seu culto se refere à comunidade em geral. O que destaca o Esa é o fato dele ter-se destacado em vida por servir a comunidade e de continuar atuando em outro plano, contribuindo para o bom desenvolvimento do destino dos fiéis e da casa. O Ilê ibo aku onde são assentados e cultuados os Esa é afastado do templo onde são cultuados os Orisás. Os sacerdotes que são iniciados especialmente para cuidar do Ilê ibo aku não são adoxu, isso é, não manifestam Orisá. Os ancestrais cultuados no Ilê ibo aku são diferentes dos cultuados no Culto aos Egungun, no primeiro são os espíritos dos falecidos da casa de Candomblé e o segundo são os ara-orun em geral e aos espíritos dos Ojé africanos ou brasileiros. Os Esa são invocados e cultuados em diversas situações, especialmente no Ipadê, e no axexê quando é constituído o assentamento de um adoxu ou dignitário ilustre falecido. O assento de Esa se caracteriza pela representação da existência genérica, e o Egungun pela representação do espírito individualizado, o Egungun se caracteriza pela aparição no aiyê. Os Esa e os Egun são invocados no ipadê. Oloje Iku Ike Obarainan

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A Comida para os Orisás

”Certo que os Orisás comem o que os homens comem, porém, recebem a seus pés, nos terreiros, comidas onde os modos de preparar, ao lado dos saberes: palavras de encantamentos (ofó), rezas (àdúrà), evocações (oriki) e cantigas (orin) ligadas a estórias sagradas (itan), são elementos essenciais e vitais para a transmissão do asé ” Vilson Caetano de Souza Junior

Dividir o alimento com os deuses é ter a insigne hora de comer com eles, garantindo, dessa forma, a presença dos Orisás e ancestrais em nossas vidas e da refeição em nossa mesa. Ao preparar as comidas de santo, deve-se observar os tabus de cada um deles. Por exemplo, o azeite de dendê nunca deve ser oferecido a Oosaalá, o mel é proibido a Oxóssi, o carneiro não pode sequer entrar em uma casa consagrada a Iansã etc. Os filhos de santo devem observar todas as kizilas/ewos dos seus Orisás e, sendo parte do Orisá, também não podem consumi-las. A ijoyé encarregada de preparar as comidas dos Orisás é a Ìyá Basé, um cargo outorgado apenas a mulheres de grande sabedoria e respeito junto à comunidade. Ela é a mãe que conhece todos os segredos da cozinha e que sabe que o principal ingrediente para uma boa comida de santo, capaz de alcançar as mais altas dádivas, é o amor. O primeiro Orisá cultuado também é o primeiro a comer, Esu ele come tudo que a nossa boca come, as oferendas dadas a ele mais comumente são os padês a base de farinha de mandioca branca, combinada com azeite de dendê ou mel de abelha, água, bebida alcoólica e acaçá vermelho feito com farinha de milho amarelo e enrolado em folha de bananeira. em algumas ocasiões também são utilizados pimenta, cebola, bife e moedas nas oferendas a este Orisá. Nas oferendas a Ogun são dados inhame assado com azeite de dendê e feijoada.

Oxóssi come asosó feito com milho vermelho cozido decorado com fatias de coco. Ele também aprecia frutas e feijão fradinho torrado. As comidas devem ser colocadas sob o telhado ou aos pés de uma arvore. A oferenda dada a Obaluaiê é a pipoca. Utilizando areia da praia para estoura-las e enfeitando com fatias de coco. Osumare prefere que sejam dados em oferenda a ele, bata doce amassada e modelada em forma de cobra e também farofa de farinha de milho com ovos, camarões e dendê. Ossain prefere acaçá, feijão, milho vermelho, farofa e fumo de corda. O acarajé de forma arredondada com dendê é a oferenda consagrada a Iansã, mas também é do agrado de Obá. Obá também tem preferência por um bolinho de nome abará que consiste em uma massa de feijão fradinho temperado com dendê enrolado em folha de bananeira e cozido em banho-maria. O omolocum, feijão fradinho cozido com cebola, camarões e azeite de oliva e decorado com ovos cozidos e descascados é de Osun. Iemanjá prefere peixe de água salgada, regados ao azeite e assados, milho branco cozido e temperado com camarões, cebola e azeite doce, manjar com leite de coco e acaçá. A Nanã é oferecido efó, mungunzá, sarapatel, feijão com coco e pirão com batata roxa. O amalá pertence a Sangô. O amalá (pirão de inhame) deve untar o fundo da gamela e sobre ele é colocado o caruru decorado com pedaços de carne, camarões, acarajé e quiabo, doze unidades de cada e enfeitado com um orobô. É válido lembrar que a oferenda deve ser servida quente. Osalufã só aceita comidas brancas e tem preferência por milho branco cozido e sem tempero. O inhame pilado é oferenda de Osoguiã. As comidas oferecidas a Orisás Funfun, devem ser sempre colocadas em louças brancas

Comidas rituais são as comidas específicas de cada Orixá, que para serem preparadas são submetidas a um verdadeiro ritual. Esses alimentos depois de prontos são oferecidos aos Orixás acompanhados de rezas e cantigas, durante a festa ou no final, em grande parte são distribuídas para todos os presentes, são chamadas comida de asé pois acredita-se que o Orisá aceitou a oferenda e impregnou de asé as mesmas. Eis então algumas das principais comidas: Abará O abará tem a mesma massa que o acarajé: a única diferença é que o abará é cozido no vapor envolto na folha de bananeira, enquanto o acarajé é frito. Aberém é feito de milho moído, macerado em água, salgado e cozido em folhas de bananeira secas, oferecidas a Omulu e Osumaré. O Acaçá é feito com milho branco que fica de molho em água por um bom tempo, e depois passar no moedor para formar a massa que será cozida em uma panela com água, sem parar de mexer, até ficar no ponto. Ainda quente, pequenas porções da massa devem ser embrulhadas em folha de bananeira já limpa, passada no fogo e cortada em pedaços de igual tamanho e de forma piramidal.Todos os orisás recebem o acaçá como oferenda, é indispensávem e acompanha várias comidas dos Orisás. Tem também o acaçá vermelho feito com fubá de farinha que acompanha a mesa de Ogun, Ossãe e Oxóssi. Acarajé Comida principal do ritual do orisá Iansã. Na África, é chamado de àkàrà que significa bola de fogo, enquanto je possui o significado de comer. No Brasil foram reunidas as duas palavras numa só, acara-je, ou seja, “comer bola de fogo”..O acarajé é feito com feijão-fradinho, que deve ser quebrado em um moinho em pedaços grandes e colocado de molho na água para soltar a casca. Após retirar toda a casca, passar novamente no moinho, desta vez deverá ficar uma massa bem fina. A essa massa acrescenta-se cebola ralada e um pouco de sal. Para fritar, use um tacho com bastante azeite-de-dendê. O azeite deve estar bem quente antes de colocar o primeiro acarajé para fritar.Os primeiros 7 acarajés são oferecidos imediatamente a Esú na rua no portão de Casa. Além de Oyá, Sangô, Obá e Esú aceitam e apreciam o Acarajé.

Adro – é uma Comida ritual feita de milho vermelho torrado e moído em moinho e temperado com azeite de dendê e mel, é oferecido principalmente à Orisá Osun. Ajebo ou ajébo é comida ritual do Orisá Sangô Aira, é feito com seis quiabos cortado em “lasca”, batido com quatro clara de ovos e pode ser regado com gotas de mel de abelha e azeite doce. Há também o Abeoajebó para Osalá que é batido sem nenhum ingrediente, Amalá é comida ritual votiva do Orisá Sangô, Iansã, Ibeji e Obá, é feito com quiabo bem picado, orobo,cebola ralada, camarão seco ralado, sal, azeite de dendê,bastante pimenta de atare ou dedo de moca. Pode ser feito de várias maneiras para cada Orisá, inclusive no ritual de Ibeji é chamado de Carurú. Axoxô é como é conhecida a comida ritual do Orisá Oxóssi no candomblé que consiste em milho vermelho cozido e enfeitado com fatias de coco sem casca. Deburú – é a comida ritual do Orisá Obaluaiyê/Omolu, é o milho de pipoca estourado em uma panela forrda com areia da praia lavada e seca. Ao final, a pipoca é enfeitado com pedacinhos de coco. Pode-se forrar o alguidá com uma folha de mamona. Ebô, palavra oriunda do iorubá, consiste num alimento religioso e votivo para os orisás funfun (branco) Osalá, dentro das religiões afro-brasileiras. É o milho branco bem lavado, cozido sem tempero e sem sal. Ebôya, pode-se utilizar o milho branco ou fava de iemanjá é uma comida ritual feito com fava cozido refogado com cebola, camarão, azeite de dendê ou azeite doce. Tem também o Dibô,feita com arroz branco cozido temperado com camarão seco, e cebola. Essas comidas são oferecidas para Yemanjá e também para o Orí substituindo o azeite de dendê pelo azeite doce. Erã peterê preparado com cubos de carne de boi de preferência 21 tipos de carne,refogada no dendê e cebola, prato que Ogun aprecia muito. Ekuru é uma comida ritual. A massa é preparada da mesma forma que a massa do acarajé, feijão fradinho sem casca triturado, envolto em folhas de bananeira como o acaçá e cozido no vapor e sem sal, apreciado por Osalá. Pade Farofa-de-dendê, farofa amarela, farofa vermelha, farofa de azeite ou farofa, farofa de cachaça, de água, farofa de ocvos, etc, vários orixás apreciam a farofa, menos Oxalá. Furá, são bolas de farinha crua, farinha de milho, farinha de acarajé,etc. Tem também as bolas de Insú (inhame do norte) muita apreciada por Osoguiã . Ipeté Ipeté, é uma comida especial de Osun determinando o fim do ciclo de uma obrigação ou das águas, oferecida especialmente ao Orisa Osun. Inhame, azeite de dendê, cebola ralada, gengibre, camarão sêco e sal. Lelê – milho vermelho, coco ralado, açúcar e leite de coco, muito apreciado por Odé, Oyá.

Omolocum – comida ritual da Orisá Osum, é feito com feijão fradinho cozido, refogado com cebola ralada, camarão seco, sal, azeite de dendê ou azeite doce.Enfeitado com camarões inteiros e 5 ovos cozidos inteiros sem casca.

Efó – é uma comida ritual e da culinária baiana , pode ser feita com a folha chamada língua de vaca ou com folha de mostarda

As Quizilas de Santo – Preceitos, Rituais e Alimentos

Dá-se o nome de kizila ou èèwò, ou seja, são as energias contrárias a energia positiva dos orisás. Estas energias negativas podem estar em alimentos, cores, situações, animais e até mesmo na própria natureza. A kizila é uma forma de reação negativa que atinge as pessoas, não apenas causando algum mal estar fisicamente, como também gerando algum transtorno na vida pessoal. Em suma, todos os orisás tem suas quizilas e seus filhos devem respeitá-las. Só para ilustrar, a kizila, em alguns casos, é como se fosse uma alergia natural, a qual se manifestará imediatamente. No entanto, a mais perigosa é aquela reação alérgica que não é imediata. Mas, isto acontece quando se come ou se faz algo que não se deve. Os iniciados sabem o que devem respeitar, embora existam casos de desconhecimento decorrente de uma iniciação mal feita. As proibições mais comuns são determinadas comidas, temperos, folhas, bebidas, cores, as quais também são chamadas de preceitos. No entanto, todo iniciado (feito no santo) convive com as kizilas e, por certo, deve respeitar os preceitos. Por outro lado, na casa de santo, a ingestão de comidas de santo é não apenas permitida, mas sim obrigatória. Pois é imprescindível participar do ritual do banquete sagrado. Se, naquele momento, o filho não comer do mesmo material de que sua cabeça é feita, o orisá oferecer-se-á. Sobretudo, o iniciado participa do banquete dos orisás, para nutrir-se do mesmo material de que é feita a sua cabeça e reforçar a sua identidade como parente de determinada divindade. Mas, fora do espaço sagrado, é proibido ingerir estes mesmos alimentos. Todavia, o seu corpo também é um espaço que, pelo cumprimento dos preceitos, é mantido em condições para se tornar receptáculo da divindade e de suas energias. Por isso, tem de abster-se de ingerir comidas rejeitadas pelos seus orisás. Quebrar kizila, nessa perspectiva, é praticamente uma autodestruição. Pois faz mal e a pessoa adoece.

Confira algumas kizilas dos orisás. Antes de tudo, é importante lembrar que a intenção não é dar conta da totalidade das proibições possíveis, pois cada casa tem um fundamento. Sobretudo é uma lista de kizilas gerais, normalmente presentes em quase todas as nações:

Kizilas de Oxalá: Bebida alcóolica (cachaça), azeite de dendê, muito sal, pimenta, roupa escura, sangue, pombo, bagre, sardinha. Kizilas de Oxóssi: Mel, carne de caça, bode, cabrito, banana, carambola, tangerina milho vermelho. Kizilas de Iemanjá: Banana-figo, peixe de pele, inhame, uva branca. Kizilas de Osun: Tangerina, carcaça da galinha, camarão vermelho, cavalinha, feijão, tapioca, galinha, Pombo. Kizilas de Osumaré: Ovos, tudo que rasteja, abobrinha, amendoim, fruta-doconde, grão de bico, pipoca. Kizilas de Sangô: Rabada, cágado, carneiro. Kizilas de Iansã: Fígado, miúdos, abóbora, feijão fradinho, beterraba. Kizilas de Obaluaiê/Omulú: Porco, sardinha, abacaxi, caranguejo, pipoca. Kizilas de Obá: Galinha branca, taioba. Kizilas de Ogun: Perdiz, cana, inhame, manga-espada, feijão preto. Kizilas de Logun Edé: Galo, bode, cabrito, mel, manga-espada. Kizilas de Esú: Ovos, cabeça e pés de qualquer bicho, banana d’água, beterraba, frutas ácidas, sapoti, farofa de galinha. Kizílas de Ewá: Cajá-manga. Kizílas de Nanã: Ovos, farofa de galinha, rã, miúdos, tutano, berinjela, beterraba, uva preta. Kizílas de Ossain: Pato, carne de caça, fígado. Kizilas de Iroko: Caranguejo, cabeça e pé de galinha, peixe sem escamas. Kizilas Comuns entre os orisás (Kizila de todo povo do santo): Arraia, caranguejo, lula, polvo, peixe de pele,sardinha, galinha d’angola (cabeça).

Alimentos de origem animal Galinha

Ketu

Ijesá

Djedje

Orisá

Orisá

Vodun

Osun, Ewá

Galinha branca

Obá

Galinha, pedaços (carcaça e pescoço)

Todos os filhos de “santo homem”

Galinha d’angola

Obaluaiê, Nanã

Obaluaiê, Nanã

Galinha d’angola (cabeça)

Todos

Todos

Bichos de dois Galo pés Pato

Logunedé Ossaim

Perdiz

Gu (Ogum)

Pombo

Osalá, Osun

Ovos

Osun, Osumaré Osun

Osun, Bessém (Osumaré)

Ovos, farofa de cabeça e pés de qualquer ave

Nanã, Esu

Esu

Legba (Esu)

Bode, cabrito

Oxóssi, Ogun

Oxóssi, Logunedé

Odé (Oxóssi)

Caça em geral

Oxóssi, Odé, Ossain, Ogun, Logunedé

Oxóssi, Logunedé

Odé (Oxóssi)

Sangô, Iansã

Sangô

Sobô (Sangô)

Porco

Obaluaiê

Obaluaiê

Sapatá (Obaluaiê)

Cabeça e pés de qualquer bicho

Esu

Exu

Exu

Cágado

Xangô

Xangô

Sobô (Xangô)

Bicho de quatro pés Carneiro

Répteis

Sapatá (Obaluaiê)

Lagarto (inclusive o Oxóssi corte de boi com esse nome)

Bichos de água

“Tudo o que rasteja” Oxumaré

Oxumaré

Bessém (Oxumaré)

Arraia

Todos

Todos

Todos

Bagre

Oxalá

Oxalá

Lissa (Oxalá)

Camarão vermelho

Iemanjá, Oxum

Caranguejo

Todos

Todos

Todos

Cavalinha

Oxum

Oxum

Lula e assemelhados Todos

Todos

Todos

Peixe de pele

Todos

Todos

Todos

Peixe vermelho

Iemanjá



Nanã

Nanã

Nanã

Sardinha

Oxalá, Obaluaiê Todos

Fígado

Iansã, Ossaim

Miúdos em geral

Iansã, Nanã

Sangue, miúdos Rabada

Xangô

Sangue

Todos

Tutano

Nanã

Mel

Oxóssi, Logunedé

Outros

Todos

Todos

Alimentos de origem vegetal

Ketu

Ijexá

Jeje

Orixá

Orixá

Vodum

Abóbora

Iansã

todos

Todos

Abacaxi

Obaluaiê

Obaluaiê

Sapatá (Obaluaiê)

Abobrinha

Bessém (Oxumaré)

Amendoim

Oxumaré

Banana-d’água

Oxóssi

Banana-figo

Iemanjá

Legba (Exu)

Banana-maçã

Oxóssi

Banana-prata

Oxóssi, Obaluaiê

Batata-doce

Oxumaré

Berinjela

Nanã

Beterraba

Nanã, Iansã

Cachaça

Exu, Oxalá

Exu, Oxalá

Lissa (Oxalá)

Cajá-Manga

Oxóssi, Ogum

Todos

Todos

Cana

Exu, Ogum

Carambola

Oxóssi

Coco

Oxóssi, Ossaim

Oxóssi

Dendê

Oxalá

Oxalá

Lissa (Oxalá)

Feijão fradinho

Oxum, Iansã, Oxumaré

Oxum,Iansã

Oxum

Feijão “mulata gorda”

Oxóssi

Feijão preto

Ogum

Folhas em geral (alface, salsa, etc.)

Oxóssi, Ossaim

Oxóssi,Ossaim

Odé (Oxóssi), Agué (Ossaim)

Exu

Legba (Exu)

Frutas ácidas ( limão, etc.) Exu

Bessém (Oxumaré)

Legba (Exu)

Fruta-do-conde Fumo de rolo

Bessém (Oxumaré) Ossaim

Ossaim

Grão de bico

Bessém (Oxumaré)

Inhame

Ogum, Iemanjá

Ogum

Manga-espada

Ogum

Ogum, Logunedé

Melancia

Obaluaiê

Milho vermelho

Oxóssi, Ossaim

Milho derivados (fubá, etc.)Oxóssi

Oxóssi

Odé (Oxóssi)

Oxóssi

Odé (Oxóssi)

Milho, pipoca

Obaluaiê, Oxumaré

Mostarda, folha de

Obaluaiê

Oiti

Oxóssi

Polvilho

Oxum

Sapoti

Exu

Taioba

Obá

Tangerina

Oxóssi

Tapioca

Oxum

Uva branca

Iemanjá

Uva preta

Nanã

Obaluaiê, Nanã

Bessém (Oxumaré)

Todos

Este quadro foi montado a partir de dados recolhidos em 13 terreiros jeje-nagô, mas não pretende dar conta da totalidade das proibições possíveis. Haja vista a relativa autonomia das casas de santo, é bem provável que outra pesquisa de campo, em novos terreiros, possa permitir acrescentar outras tantas quizilas alimentares de filhos de santo. Aqui foram apenas retiradas informações convergentes fornecidas por iniciados das diversas casas, como primeira etapa de ordenação das proibições alimentares. A equivalência dos nomes dos voduns jejes com os orixás nagôs foi estabelecida baseando-se em Araújo (1984, p.40).

No texto a seguir falaremos o que é um assentamento de Orisá (IGBÁ) dentro do conceito da religião yoruba no caso o Candomblé. Igbás (Ibá) (awọn igbá) são assentamentos de orisás (òrìṣàs). Um assentamento é uma representação do orisá (òrìṣà) no espaço físico, no mundo, no aìyé (terra). Sob o ponto de vista sacro não existem representações humanas de orisá (òrìṣà). A religião Yorùbá não tem imagens para representar suas divindades, o que representa uma divindade é o seu Igbá (assentamento), ao olharmos um Igbá é como se estivéssemos olhando para a divindade. Secularmente existem representações em forma de desenhos e esculturas mas que são frutos apenas de criatividade de artistas e não tem uso sacro. Os orisás (awọn òrìṣàs) são adequadamente representados por símbolos e grafismos próprios de cada um e por extensão por outros elementos como folhas, arvores, favas e contas. Mas o Igbá é a sua representação mais adequada.

Vale refazer a afirmação, já explicada em outro material que eu havia disponibilizado anteriormente para meus filhos de santo, de que o orisá (òrìṣà) não são elementos da natureza, assim “olhar” o vento não significa olhar para Oya, olhar uma pedra não significa olhar para Sango (ṣàngó), olhar para o mar não significa olhar para Yemoja, etc.. O mesmo sentimento que um católico tem ao olhar para uma imagem de um santo em sua igreja e altar, o povo de santo tem ao olhar para um igbá. É muito comum as pessoas, nos seus quartos de santo, “vestirem” seus Igbá com suas roupas de orisá (òrìṣà) como se fosse o próprio orisá). Contudo, igbá são de acesso muito restrito, de uso exclusivamente sacro e ritualístico, não tem visibilidade pública e ficam guardados dos olhos de todos.

Dessa maneira, cada Igbá representa uma divindade através de um continente (Vaso, invólucro, recipiente) e seu conteúdo, e esse conjunto, continente e conteúdo é específico de cada divindade. Esses continentes podem ser de porcelana (substituindo cabaças), barro ou madeira e serão empregados distintamente para cada divindade que ele representa. São usados elementos físicos comuns, como tigelas, sopeiras, pratos, bacias e alguidares. O iniciado no seu processo de feitura (que é distinto de uma iniciação mas muitas vezes essas expressões se confundem) poderá receber um ou vários Igbás, dependendo do seu status na religião e da própria tradição da casa em conduzir este ritual. Mas o igbá não é o orisá no aìyé. Essa religião não coloca um orisá dentro de uma sopeira, não é uma religião animista. O igbá representa apenas a ligação entre os 2 espaços, o espaço físico aìyé e o espaço espiritual o Orun (Ceú espiritual). É uma “ponte” entre os 2 espaços. Sua função não é trazer o orisá (òrìṣà) para o aìyé porque os orisás (òrìṣà) já estão presentes em nossa vida o tempo todo, não existe secularismo na religião. Sua função é completamente ritualística.

O igbá é, de fato, dentro de toda a religião Yorùbá um dos elementos mais importantes e significativos por traduzir a contínua relação entre o Orun (ọọ̀run) e o aìyé. Ele representa o reconhecimento da existência do espaço espiritual, o Orun (ọọ̀run), e a ligação perene que existe entre os 2 espaços (ọọ̀run-aìyé) na forma de um contínuo duplamente alimentado e da circulação, transformação e reposição de axé (Dessa maneira o seu valor não esta somente na sua existência como instrumento ritualístico, como foi ressaltado no início, mas também no que ele representa. Toda religião tem símbolos e simbolismos. Uma cruz para os católicos representa muito também: todo o significado da paixão e do sacrifício de Jesus. Assim esse símbolo traduz em sí muito mais do que somente a lembrança da crucificação de Jesus e sim um todo da sua doutrina, poderíamos falar muito apenas olhando para uma cruz. O mesmo vale para um Igbá. Nada é mais sagrado por sí só pelo seu uso e nada pode traduzir tanto da doutrina que cobre a religião Yorùbá como o entendimento da sua função.

O Igbá é uma manifestação de Fé, e por isso um reconhecimento de nossa Fé na religião. De acordo com a metafísica Yorùbá, para tudo que existe no aìyé existe um duplo no Orun (ọọ̀run). O Igbá é um elemento de ligação entre essas 2 porções e

um instrumento de concentração de energia. É usado para nos ligarmos às divindades, liga o físico à dimensão espiritual, a dimensão aìyé à dimensão Orun (espaço espiritual). O objetivo de um Igbá é potencializar a ligação Orun-aìyé (ọọ̀run-aìyé) sendo o instrumento que no aìyé representa o duplo do Orun (ọọ̀run). O Igbá esta vinculado diretamente à uma pessoa no aìyé mas não a representa e sim ao duplo do Orun (Ceú). Como já foi dito ele não armazena um orisá (òrìṣà), ele não é uma lâmpada mágica que esfregamos para dali sair um orisá. Ele é a ponte de ligação direta entre o aìyé e o Orun (ọọ̀run) entre o iniciado no aìyé e suas energias e divindades no Orun (ọọ̀run). Um dos principais usos que se dá a ele é receber os Ebósque são sacrifícios de todo o tipo, entendendo que o sentido de sacrifício na religião não envolve o uso de sangue em sí. Um sacrifício por ser qualquer oferenda que vai se converter em axé (àṣẹ). Um Obi é um sacrificio, um Acaça é um sacrifício e pode substituir um boi. Esse aspecto de participar ativamente de Ebós (ẹbọ) é uma finalidade muito importante, mas não imprescindível. Não se precisa de um Igbá para fazer uma oferenda, mas, todo sacerdote (Babalorisá/Yalorisá) tem e usa os seus para isso. Isso tem todo o sentido, sendo o Igbá um elemento de ligação ou de potencialização dessa ligação como esta sendo dito realizar isso junto a eles é fazer esse instrumento funcionar. Em outro material esta muito bem explicado essa questão do Ebós (ẹbọ) mas é importante lembrar que um Ebós (ẹbọ), uma oferenda é um parte de um processo de transmissão e reposição de asé (àṣẹ) e os elementos utilizados são transmutados em energia, em asé (àṣẹ). Dessa maneira ao se fazer isso através de um Igbá esta se fazendo chegar ao duplo do Orun (ọọ̀run) referenciado por aquele Igbá a transmutação da energia dos elementos afins a ele que foram usados no sacrifício. O ponto que esta sendo ressaltado é que o Igbá em um Ebó (ẹbọ) é o instrumento que direciona, potencializa e agiliza a este ase chegar ao Orun (ọọ̀run). O Igbá não é um instrumento para “alimentar” o iniciado no aìyé (o feito de Orisá/ Elegun). O Igbá pode ser coletivo ou individual. Quando coletiva chama-se Ajobó (ajọbọ) e liga uma comunidade a sua comunidade espiritual, ao coletivo que ela representa e a divindade que a protege. Quando individual liga a pessoa ao seu reflexo no Orun. Do Que É Feito Um Igbá De Orisá?

O Igbá é feito usando materiais que estão ligados à divindade que ele representa. Assim o material e o seu conteúdo ajudam a estabelecer a relação, devendo ser utilizados sempre elementos completamente afins com a divindade e que traduzem a matéria original do Orun (ọọ̀run). Conhecer essas relações e afinidades é parte do aprendizado de um iniciado durante sua vida e somente aqueles que as conhecem terão verdadeiro sucesso no seu trabalho ritualístico. O principal elemento dentro de um Igbá é a pedra, o okuta. Acima de todos os demais componentes ela receberá todo o trabalho ritual de preparação e por essa razão muitos dizem que é a única coisa importante, todo o demais é apenas decorativo. A pedra para os Yorùbá significa a longevidade a existência perene. Os demais elementos fazem parte do enredo do orisá de maneira que não são apenas decorativos. Entretanto muitos itens que são colocados em um igbá pode ser meramente decorativos.

Os demais elementos em um Igbá variam entre metais, favas, folhas e outros materiais que remetem ao orisá original. O elemento escolhido para o continente do Igbá também terá relação direta com ele. Tudo dentro de um Igbá é feito para traduzir a matéria original do Orun que foi materializada no aìyé através do iniciado ou da comunidade que o Igbá representará. A escolha de cada elemento depende de para quem será feita a ligação. Cada orisá (òrìṣà) tem os seus elementos correspondentes no aìyé. Adornos e enfeites exteriores que apenas agradam ao ego de quem faz não ajudam nisso. O importante são as folhas, as favas, os metais e outros elementos genéricos como os búzios. Entendo que moedas, muito presentes, deveriam ser representadas apenas pelos búzios, que eram dinheiro, mas muita gente coloca mais como um desejo de prosperidade do que um elemento de ligação de fato. O material do recipiente externo é escolhido entre algumas opções. A cabaça é substituída pela porcelana branca para os orisá (òrìṣà) fun fun, o barro e excepecionalmente a madeira para um orisá (òrìṣà) específico. As cores desses materiais e elementos decorativos vão compor esse conjunto de forma harmoniosa. Para os caso das cores existe muita criativade. Os Yorùbá reconhecem apenas 3 cores, o branco, o vermelho e o preto. Todas as demais cores são elementos de uma dessas 2 famílias e as representam da mesma maneira. Assim o verde e o azul são elementos da cor preta. O amarelo do vermelho e por assim vai.Todo Igbá individualizado é composto de um recipiente com tampa (continente) contendo a pedra, okuta, o núcleo do Igbá e os demais elementos com água, óleos e outros elementos líquidos. O igbá sem tampa são usados em assentos coletivos, não individualizados, eventualmente casas e axé (àṣẹ) podem fazer variações disso. BORI — pronúncia correta BÓRÍ (alguns pronunciam BÔRÍ) — A palavra vem de bo + ori: adorar a cabeça, comida a cabeça; cerimônia através da qual a pessoa passa a ser consagrada aos Orisás. Oferenda à cabeça. Ritual no qual é cultuado o Ori (cabeça), o princípio da individualidade, considerado por muitos sacerdotes como a grande iniciação.

Bori ou Bori significa “alimentar o Orí”, é uma cerimônia adepta também no candomblé e em Casas de Santo (orixá) de Nação (candomblé, Jejê, Nagô, Angola, etc..), onde nós homenageamos (alimentamos) um dos mais importantes Orisás. O Bori é feito em muitas situações, tais como: antes de qualquer grande oferenda ao nosso Orisá (incluindo iniciação), quando nos sentimos enfraquecidos — sem poder de concentração, confusos, quando os búzios nos dizem para que o façamos, etc.

Como É A Iniciação De Orisá Na Africa

As oferendas são oferecidas à Orí ( Orisá que representa nossa cabeça) devem ser decididas através de consulta ao oráculo de Ifá, (ou jogo de buzios no candomblé) sendo classificados de acordo com os elementos integrantes de cada individuo em particular. O destino de uma pessoa depende de sua titude para com a vida. O Orí é uma dinvindade que tem o objetivo de servir a uma pessoa à qual está ligado por força do poder de Olodumare.

Enquanto os Orisas (Orisa) são os intermediários entre os homens e Olodumare o Orí é o intermediário entre o homem e seu Orisá.

Neste ritual, a cabeça é quem fala e decide. Orí tem desejos próprios.

Veja uma reza de Ori “ Adura Orí ”(orin, reza, louvação, saudação), dedicada a Orí, ver que traduzido também fica muito bonito o que se está cantando, e pedindo no ato de uma reza, o que se está pedindo para aquela pessoa, e os que estão presente em um fundamento altamente religioso do culto afro (culto de adoração aos Orisás).

Saudação A Cabeça: Oriki APÉ RÉ ORI Ô – Nos pedimos boa sorte ao Orí ADA NIXE WE – por que a cabeça tem muita luta MO JUBÁ BE O ORÍ O – eu lhe saúdo minha cabeça ADA NIXE WE – que tem muito a fazer A N LÉSÉ ORISÁ. – aos pés do Orisá

O Orisá Ori é o mais poderoso de todos os orisás, conta-se nessa lenda que um belo dia, Olodumare (Deus) convocou todos os Irunmolé para transmitir o Asé do destino a cada um deles.

Todos os Orisás queriam o Asé e foram procurar seus adivinhos para saber como fariam para obter esta força. Então foi recomendado que, ao levantar antes do sol nascer, cada um deveria oferecer um Obi e com dele jogar.

O único que conseguiu acordar antes do sol nascer foi Ori, e fez o que havia sido prescrito.

Ori Venceu Todos os outros Orisás

Os outros Orisás (Esú, Ogun, Oxossi, Ossain, Obaluaê, Osumarê, Iroko, Sangô, Osum, Yansã, Logum Edé, Yewá, Nanã, Obá, Ibejii, Osalá e até o mais sábio Orumnilá), só conseguiram acordar depois que o sol havia nascido, e, Orí já se encontrava diante de Olorun (Deus) aprendendo a manipular o destino.

Os outros Orisas ficaram inconformados e foram procurar Eledunmare (Deus) este concordou em transmitir o mesmo Asé a eles também. Então chamou Ori e juntos transmitiram asé aos Orisás do panteão yoruba.

Orisá Oya (Iansã) ficou com os raios e ventanias, a Sangô ficou o domínio dos raios e ventos, a Osun a fertilidade, as águas, a riqueza, a Ogun o domínio das guerras, da caça, dos metais e dos caminhos, aOssain/Osãe o domínio das matas, das ervas, folhas e curas medicinais, etc, (sem folha, não há orisá)...

A partir dai nós podemos entender que cada ser humano possui seu Ori (cabeça) e, e o homem foi criado por Olorun (Deus), o Ori (cabeça) é o único ser individual de cada um, é como uma impressão digital, não existe igual, é sua própria identidade. Pois o Ori é o único orisá que acompanha o homem desde que ele nasce até sua morte. Conta a lenda (iton) a grande importância de Ori (cabeça), Ifá, Orunmilá, Eleguá(Esú), e as determinações do Oraculo e a relevância de obdecer as determinações dadas por um sarcerdote (Babalawo, Babalorisá, Yalorisá). Na terra de IBITI NI ELE, vivia ORISHEKU o filho de OGUN, ORILOMERE o filho de ORUN e AFAWAKUE o filho de ORUNMILÁ. Os três eram grandes amigos e decidiram ir à casa de OLODUNMARÉ para escolher suas cabeças. Juntos baixaram à Terra e foram ver ODUDUWÁ que era o sábio mais velho da terra EBITI. Ele lhes disse: para conseguir suas cabeças vocês têm de ir à casa de AJALA, pois é ele quem constrói as cabeças com o ASÉ que lhe deu OLODUMARÉ. Agora, vocês para baixar à Terra têm que guardar uma proibição quando estiverem no caminho da casa de AJALAODE. No momento seguinte lhes perguntou, se vocês ouvirem a voz de seus pais que os chamam, o que farão? Seguiremos reto para a casa de AJALA a fim de conseguir nossas cabeças e então depois veremos o que queriam nossos pais. Ajoelharam-se e juraram

diante ODUDUWÁ que assim o fariam.

A CAMINHO DA CASA DE AJALÁ Prepararam-se para sair para a casa de AJALA, o oleiro que construía as cabeças no mundo, e saíram ao caminho. Chegaram até a terra de AFABERE UNYARE NIBITEBO UNYAN KUELU OBINI e quando entraram cantaram:

EGUN AWÁ INLÉ O BABA EJÓ QUINTOLÉ ONÁ FUN ODÉ AJALA INLÉ.

Então o chefe daquelas terras que macerava inhame, lhe mostrou o caminho para chegar à casa de AJAALA. Ele lhes pediu ajuda para pilar o inhame e AFAWAKUE, o filho de ORUNMILÁ, ficou três dias pilando inhame. Ao final, partiram. Os acompanhou um trecho AFABERE, GUYAN AWÁ, que era o chefe daquelas terras dos EGUNS. Ao final de um tempo, viraram à direita e se encontraram com um porteiro e lhe perguntaram pelas cabeças de AJALA.

Este lhes mostrou o caminho (mas não o verdadeiro). Eles caminharam por um bom trecho e chegaram a um lugar que estava cheio de armas. ORISHEKU o filho de OGUN, reconheceu que estava numa terra de seu pai, como estes se moviam com seus arcos, flechas, espadas e cantava:

OGUN TOMÚ OFÁ TOMÚ, ORUN NI BARA, NI AUN KUALÉ, OGUN MOBÁ SHISHE EGUN.

Então ORISHEKU disse para AFAWAKUÉ que ele deveria ficar ali ajudando seu pai OGUN a preparar a guerra, mas eles lhe disseram que não deveriam desviar-se, segundo ODUDUWÁ, de seu caminho. ORISHEKU disse a eles: é verdade e fez oferendas a seu pai OGUN e continuaram o seu caminho. Chegaram à casa de ORUNMILÁ e ouviram que este golpeava o AJEPON com seu IROFÁ, pois estava fazendo EBÓ. Então AFAWAKUE lhes disse: Necessito ver meu pai. Os outros lhe

responderam, nós não vamos ficar, seguimos viagem.

Quando ORUNMILÁ viu seu filho lhe disse: O que está fazendo? E este lhe respondeu: vamos para à terra EBITI a ver primeiro a AJALA para encontrar nossas cabeças. Então ORUNMILÁ pegou o seu OPELÉ IFÁ e disse a seu filho: Se cabeças buscas, aproxime-se. E com suas ferramentas, OPELÉ IFÁ e IGBOS lhe tocou a cabeça dizendo: “AFIKAN AGO LERI OMOFÁ LORA ERI ODÉ”.

Então lhe fez um OSODE (consulta), onde IFÁ dizia a ORUNMILÁ que um de seus filhos ia pelo caminho de algum lugar em busca de uma boa cabeça, mas teria que fazer sacrifícios com tudo que era alimento de AJALA: EPÓ, OBI, EFUN, IYÓ, ADIÉ, ETÚ, EYÁ, AKUKÓ e OPOLOPO OWÓ. ORUNMILÁ fez os sacrifícios para seu OMO (filho) e lhe deu tudo o que levava nesses sacrifícios para que ele levasse consigo. Com isso ele se pôs no caminho da terra de AJALA. Entretanto, os filhos de ORUN e OGUN voltaram onde estava o primeiro porteiro e lhe perguntaram pela casa de AJALA e este lhes disse que era muito longe. Eles responderam que não importava e seguiram seu caminho. Quando chegaram à casa de AJALA, este não estava e decidiram esperar por ele. Quando viram que passavam os dias e este não voltava, saíram a perguntar para o povo sobre AJALA, pois o necessitavam para que lhe desse suas cabeças. Então no povo disseram que esta era a missão de AJALA, e que muitas cabeças estavam dispostas. Então decidiram esperar por AJALAODE, mas por seus próprios meios encontrariam suas cabeças e entraram no templo de AJALA. Quando entrou ORISHEKU, este escolheu uma cabeça de recente construção, a qual AJALA não havia endurecido.

ORILOMERE entrou também e escolheu uma cabeça, sem saber que esta estava quebrada. Os dois colocaram suas brilhantes cabeças e felizes empreenderam o regresso para suas terras.

ORI (CABEÇA) É CASTIGADO POR MUITA CHUVA

Quando chegaram começou a chover muito fortemente e a chuva começou a golpear violentamente as cabeças de ORILOMERE e ORISHEKU, fazendo com que as cabeças deles amolecessem e rachassem, se deformando por todos os lados e ficassem amassadas e pequenas. Eles em virtude disso, começaram a passar dificuldades e decidiram ir ver a ORUNMILÁ, onde este lhes fez uma consulta com IFÁ e lhes disse:

Vocês se precipitaram e escolheram as más cabeças, as que não estavam terminadas, além do que não obedeceram a ODUDUWÁ, que lhes indicou o que tinham de fazer. Além do que não sabiam que OGBE YONO é o IFÁ de AJALA e não podem sair embaixo de chuva, por isso ele não regressou à sua casa, até que parasse de chover e vocês não o esperaram, tomando a iniciativa e pegando as más cabeças e por isso se desbarataram com a chuva. Agora terão de usar o resto delas para construir uma nova e boa, para assim prosperar.

Então tiveram que fazer OBORI ELEDA para poder restaurar suas cabeças. Entretanto, AFAWAKUE, o filho de ORUNMILÁ, se pôs no caminho da casa de AJALA e se encontrou com ELEGUÁ, que era o porteiro e lhe perguntou pelo caminho e ELEGUÁ (BARA ESÚ) lhe disse que teria que esperar que ele cozinhasse primeiro sua sopa KALALU. AFAWAKUE esperou pacientemente e o ajudou a acender o fogo e notou que ELEGUÁ colocava cinzas dentro de KALALU.

Então AFAWAKUE lhe perguntou por que ele fazia isso e este lhe respondeu: para que se possa comer e tenha gosto. AFAWAKUE tomou todas as coisas que tinha lhe dado ORUNMILÁ de seu sacrifício e colocou na KALALU de ELEGUÁ e a cabeça de OWUNKÓ que estava comendo e quando ELEGUÁ provou disse: Que coisa mais saborosa é esta. Dá-me mais, e AFAWAKUE disse: Eu sempre te darei quando comer, agora leva-me a casa de AJALA. ELEGUÁ se pôs no caminho muito feliz e cantando:

AWÓ ASHÉ BEBÉ ABERÉ LUBE AWÓ ODARA AJALA MALONA.

Quando chegaram à casa de AJALA sentiram um ruído muito grande e ELEGUÁ disse: É a casa de AJALA, então, se queres, podes servir a AJALA e ele lhe pagará quando você for embora.

O credor de AJALA desceu do teto e saudou a AFAWAKUE e este saudou a AJALA, onde ELEGUÁ disse que ele era filho de ORUNMILÁ e havia pago suas dívidas. Então AJALA disse:

Como posso pagar-te? AFAWAKUE respondeu: Eu vim de muito longe em busca da cabeça mais perfeita. AJALA lhe disse: Está bem, entre todas buscarei a mais perfeita, mas tenho que comer.

ELEGUÁ lhe deu LERI de AKUKÓ e KALALU e ao provar disse: que tem isso que está tão saboroso? Este é o segredo do filho de ORUNMILÁ e então AFAWAKUE deu a AJALA e enquanto comia cantava:

EPÓ MALERO EPÓ MALERO AJALA EPÓ MALERO IYÓ MALERO, IYÓ MALERO, AJALA IYÓ MALERO E AJALA se sentiu fortalecido e disse a AFAWAKUE, vamos a meu templo. Ali tinham 101 cabeças. AJALA pegou um pedaço de ferro e uma LERI e a rompeu em pedaços. Assim fez com várias, até que uma não se rompeu e viu que estava muito dura e perfeita. Então pegou e a fez beber ASHÉ MODUN ERI e a deu para o filho de ORUNMILÁ.

AFAWAKUE a fixou em cima dele e este saiu para sua terra. Aquela terra era de tocas e sempre chovia e ele saiu da toca cantando embaixo de chuva:

“ERI NIKAN BIMBOBA MUINE LAYÓ UMBO ODARA OBE YONO AWÓ ODÉ AJALA”.

Sua cabeça, apesar da água, se manteve intacta e começou a adivinhar e a ter muitos ganhos. Quando chegou a sua terra, já estava afortunado. Teve uma boa casa e muitas OBINIS (mulheres) e OMOS (filhos) e lhe deram o nome de OGBE YONO ERI SAMI AWÓ OGBE YONO (o da cabeça batizada).

ORISHEKU E ORILOMERE, ao vê-lo disseram: Como é possível, se ele trouxe a cabeça da casa de AJALA como nós, a dele seja boa e a nossa má? AFAWAKUE lhes respondeu: que por sua obediência a IFÁ, que ainda que nossas cabeças tenham saído do mesmo lugar, nossos destinos são distintos. E assim pode OGBE YONO ser grande.

Na Iniciação (de santo) Òsù (adoxé, Adoxu) é um amalgamado de substâncias secretas, algumas in-natura, outras secas, algumas torradas mas tudo isto reduzidos a pó, este conhecido como iye. Ele serve de veículo para transmitir o axé do Orisá a ser consagrado no futuro iniciado dentro do Candomblé de Nação (culto ao Orisá).

O òsù será formado pelos elementos constitutivos e carrega não somente o àse mas a individualização de cada Orisá, sendo assim há uma expressiva diferença entre os òsù, cada qual leva suas substâncias distintas e específicas, ou seja, um diferente do outro. É a preparação mística de uma base apta a receber o Òrìsà. Tutelar quando ele manifestar-se no iniciado. Para que possa veicular o àse pretendido, deve ser consagrado ritualisticamente em um odo (almofariz/pilão) devidamente preparado para este tipo de cerimônia.

O almofariz, onde os remédios e elementos sagrados são triturados é considerado um objeto sagrado feito apenas com determinados tipos de madeira. Simboliza as duas forças fundamentais: o almofariz representa o pólo feminino , enquanto o pilão representa o pólo masculino. O que se obtém destes dois é o terceiro elemento "O elemento criado, o elemento procriado". O ritual para o preparo do òsù, onde são recitados a cerimônia adúrà (rezas) são de competência única e exclusiva dos Babalòrìsà, Ìyálòrìsà , Ìyálàse e Òsùpin.

Em determinado estágio da iniciação, a Ìyálàse transfere esta massa do almofariz e a fixa em formato cônico, sobre o crânio raspado do noviço, mais especificamente em um pequeno corte ritualístico denominado de gbéré, por intermédio de um ciclo ritual que culmina quando esta profere algumas palavras, afim de consagrar o òsù.

Estas palavras são conhecidas como ofò. Uma vez sacralizado corretamente e por quem de direito, o òsù fortalece o àse do Orixá consagrado no iniciado e este passa ser chamado de Adòsù. O denominação Adosu (Adoxu) , resulta na forma contraída das palavras: A – dá – òsù, o que poderíamos interpretar como: "Aquele que carrega o òsù" ou "O Portador do òsù".

De suma importante lembrar, que a gramática Yoruba na prática de sua linguagem é comum usar o sinal diacrítico o "apóstrofo". Consiste em que, se numa mesma frase a palavra termina com uma vogal e a palavra seguinte começa com uma vogal, uma destas duas vogais sofre supressão, então duas ou mais palavras tornam-se apenas uma.

O Adósù é um símbolo de submissão ao grande Aláàfin (o soberano da cidade de Òyó). Os seus seguidores, portam este tufo de cabelo, que situa-se no alto da cabeça para que todos possam visualizar, o mesmo ocorre com os iniciados que carregam este símbolo para que sejam reconhecidos como os seguidores e submissos de Sàngó em território Yorùbá, sabe-se que é um dos símbolos mais importantes e sagrados para os iniciados desta divindade, origem Yorùbá.

O mesmo simbolo é usado em algumas religiões da cultura Afro-brasileira.

Mais Sobre O Adósù. (Adoxu) A galinha de Angola, chamada Etun ou Konkém no Candomblé; ela é o maior símbolo de individualização e representa a própria iniciação. A Etun é adoxu (adosú), ou seja, é feita nos mistérios do Orisá. Ela já nasce com Esù, por isso se relaciona com o começo e com o fim, com a vida e a morte, por isso está no Bori e no Asésê.

Osun recebeu de Obatalá, a ordem de iniciar o primeiro ser humano no culto aos Orisás. Conta um itan do Odu Oxefun, que certo dia: Havendo selecionado entre muitos, aquele que viria a ser o primeiro iniciado, Oxun grande

tratou de seguir as orientações fornecidas pelo

Orixá-Funfun,

contando

de Elegbara(Esú) e Osaiyn

para

(Osain),

isto além

com das

o

auxílio

orientações

de Orunmilá.

Todos os preceitos foram seguidos à risca e era Orunmilá, através da consulta ao oráculo, quem traduzia as orientações emanadas de Obatalá.

Ao fim da cerimônia, verificou-se uma total mudança na personalidade do iniciado que, de pessoa comum, transformou-se num ser excepcional, dotado de profundo sentimento religioso e plena dedicação ao culto para o qual havia sido preparado.

Diante deste fato, Osun, percebendo que jamais seria possível a obtenção de um ser humano de tantas qualidades, intercedeu junto ao Grande Orisá para que o sacerdote fosse preservado do toque de Iku (a morte).

Obatalá (lenda), em sua imensa sabedoria, não querendo interferir na lei natural que determina que todos os seres vivos devem um dia ser entregues aos cuidados de Iku(lenda de Iku), admitiu a possibilidade de eternizar, apenas simbolicamente, aquele a quem foi confiada a propagação de sua própria religião e desta forma, ordenou que sobre sua cabeça fosse colocado o oxú, transformando-o, imediatamente, numa ave a que deu o nome de Etú (galinha d'Angola) O por que se usa OVO e sua importância e utilidade dentro da nossa Liturgia, Preceitos e Fundamentos dentro do culto ao Orisá, Ifá, Santeria (Lukumi), Candomblé entre outras religiões. O ovo é o principal e maior símbolo da fertilidade, utilizado amplamente nos rituais de INICIAÇÃO, EBORÍ, EBO para reativar a energia positiva como também retirar as energias negativas. Existem vários ITAN dos Tratados de IFÁ relatando a grande importância do EYIN. Um deles conta que OLÓDÙMARÈ estava para dar origem ao universo, tinha num pote de barro “4 ovos” . O OVO (EYIN) E SUA IMPORTÂNCIA DENTRO DO CULTO AOS ÒRÌSÀS

Com o 1º ovo, deu origem a ÒÒSÀÀLÁ, ÒRÌSÀNLÁ ou OBÀTÁLÁ, surgindo na explosão da luz, sem forma, assim ÒÒSÀÀLÁ (Osalá) surgiu no mundo. Com o 2º ovo, deu origem a ÒGÚN, a forma. Com o 3º, deu origem a OBALÚWÀIYÉ (Obaluaiê), a estrutura. O 4º ovo acidentalmente cai de suas mãos, estourando-se no chão e revelando sua riqueza. Originou-se assim, a primeira Mãe ancestral chamada ÌYÁMI-ÒSÒRÓNGÁ, expondo o segredo de sua riqueza para o grande PAI, ou seja, mostrando seu poder de fertilidade sobrenatural, exposto a olho nu, diante do Deus Supremo, nascendo assim a fonte mantenedora da vida.

O Ovo possui três diferentes cores, associado às cores principais e primordiais do universo: – o ovo de casca azul, representando a cor preta DÚDÚ relacionada com a escuridão (a falta de luz nas profundezas da terra e dos mares). – O ovo de casca branca, relacionada a explosão da luz. – O ovo de casca vermelha, relacionada ao ÀSE = fogo mantenedor da fertilidade totalmente relacionado ao poder astral. Seu conteúdo possui diversas características e a maioria das vezes, é branco, frágil e oval; dele nasce um novo ser associado à idéia de que o universo surgiu primordialmente dele próprio, na forma de um protótipo do mundo, como um filho de asas negras = ÌYÁMI-ÒSÒRÓNGÁ, que foi cortejada pelo FUN FUN (branco) = ÒÒSÀÀLÁ, ÒRÌSÀNLÁ ou OBÀTÁLÁ. O ovo é uma célula reprodutora feminina dos animais, chamada macro-gameta ou seja, rudimento de um novo ser organizado e primeiro produto do encontro dos dois sexos, pelos quais desenvolve a possibilidade de existência do feto. Origem e princípio, uma imagem viva do grande mundo (O Universo), em oposição ao microcosmo (o homem).

O Ovo É Resultante Da Composição E Fecundação De Óvulos, Possuindo 4 Partes: A 1ª parte é a casca, que representa o útero (invólucro mítico). A 2ª parte é a membrana interna, que representa a bolsa, placenta uterina (parede defensora). A 3ª parte é a clara, matéria viscosa e esbranquiçada, do grupo das proteínas que representa o útero. A 4ª parte é a gema amarela, parte intima central e globular, suscetível de reproduzir, a qual representa o feto, um novo ser esta sendo gerado, preparado para nascer e atuar no que for necessário. O mito do ovo está presente em todas as culturas antigas, entre elas a Africana, Fenícia, Chinesa, Eslava, Polinésia, Hindu, Hebraica e demais. A força germinal contida no ovo, esta associada à energia vital com grande desenvolvimento através de ÈSÙ, motivo pelo qual, tanto o ovo, quanto ÈSÙ desempenham uma função importantíssima no CULTO aos ORISAS, principalmente no culto de ÌYÁMI-ÒSÒRÓNGÁ, ÒXUN, YEWÀ, OYA, OBALÚWÀIYÉ. Confirmando uma total conexão com a fertilidade, magias para o amor, purificando e quebrando forças maléficas. A gema, sangue germinal unida à clara vamos ter nutrientes e hidratação, transformados num único ser vivo individual no interior do ovo; plagiando o mesmo processo no interior do útero, que indiscutivelmente é o mesmo processo que acontece nos nossos rituais, a mesma idéia de união do casal universal OBÀTÁLÁ e YEMOWO.

Mas no contexto do ovo acontece mais rapidamente, não existindo nenhum tipo de vínculo biológico entre a mãe e o filho, ou seja, não existe cordão umbilical. Isto explica o poder contido no ovo por si só, o qual foi um elemento criado diretamente pelo todo poderoso OLÓDÙMARÈ, que colocou primeiramente o Ovo no mundo, logo depois surgindo dele a vida, ou seja, a ave. Por isso, o ovo é um elemento originado diretamente pelo Criador, o símbolo mais importante que representa o poder de ÌYÁMI-ÒSÒRÓNGÁ, Mãe Ancestral, que necessita intrinsecamente do poder masculino de ÒÒSÀÀLÁ, ÒRÌSÀNLÁ ou OBÀTÁLÁ, o qual faz do ovo um elemento de muito ÀSE (poder realizador). O ovo é utilizado amplamente em vários rituais dos nossos preceitos, que depois de encantados com os OFÒ, ORÍKÌ ou GBÀDÚRÁ; tem a finalidade de neutralizar o mal, as energias negativas e purificar o ORÍ dos OMO ORIXÁ KON. Sendo um elemento de manipulação, atua como agente de purificação nos EBO entes da INICIAÇÃO dos OMO ÒRÌSÀ KON; melhora assim o ORÍ que ira receber as oferendas do EBORÍ; para que o nosso ÒRÌSÀ ORÍ que é a central de ligação entre o nosso corpo com o nosso ÒRÌSÀ ÈLÉÈDÁ esteja em perfeita harmonia; é o caminho para podermos superar os obstáculos em nossa vida, para que esta possa estar em harmonia e energeticamente positiva. O ovo também é utilizado com a finalidade de se obter fertilidade, atrair dinheiro, produtividade nos negócios e serenidade em certas situações. O ovo cozido é utilizado inteiro sobre os EBO ( oferendas) para os Orisá. Quando cozido e esfarinhado e misturado ao EKURU também esfarinhado, é espalhado sobre o solo da casa dos ÒRÌSÀ, tendo a finalidade de agradar as ÁJÈ ( feiticeiras astrais), neutralizando as energias negativas, quando é invocado neste ritual. As ÁJÈ, sob o domínio de ÌYÁMI-ÒSÒRÓNGÁ, ÈSÚ e OBALÚWÀIYÉ, propiciarão abundancia e prosperidade para a Casa Templo. O ovo cru quando utilizado inteiro em oferendas, tem a função de tranquilizar e acalmar. Por isso é comum vermos muitos ovos crus colocados nos pés de certos OJÙBÓ (assentamentos dos ÒRÌSÀ). A finalidade será de atrair abundância e proteção, fazendo com que todos os ÒRÌSÀS compreendam perfeitamente que o EBO é uma suplica, e, dependendo da força energética e essência de cada ORISA, esta não só atuará no tocante a fertilidade mais também proporcionara dinheiro, sorte, saúde e desenvolvimento na vida. Já quando quebrados diretamente na cabeça, têm a função poderosa de purificar e livrar até 80% de qualquer tipo de feitiço ou qualquer outro tipo de negatividade que esteja sobre o Orí de uma pessoa. Quando em um EBÓ, ovos crus são atirados no chão ou quebrados em cima do corpo de uma pessoa, que vulgarmente este ato é chamado de descarrego; terá a finalidade fazer uma modificação nos caminhos desta, tirando as dificuldades da vida da pessoa ou qualquer força energética negativa. Ao ser quebrado, ele revela sua riqueza e seu poder; pois no exato momento que é quebrado, o ovo não terá mais a possibilidade de germinar, ou seja, nascer algo dele, em uma substituição ou troca, que acabará com o problema que aflige a pessoa, possibilitando o fim uma situação negativa. Por este motivo é que o ovo cru deve ser quebrado, principalmente no ORÍ dos OMO ÒRÌSÀ KON, em uma preparação do ORÍ, que logo depois irá receber os

outros elementos que fazem parte para a veiculação e transmissão do poder do Àse. Começando primeiramente pelo ÈJÈ DÚDÚ o ÀGBO, em seguida o ÈJÈ PUPA das aves ou quadrúpedes, e, finalmente o ÈJÈ FUNFUN do ÌGBÍN, colocado por cima de tudo; purificando e possibilitando a existência e a veiculação e transmissão do ÀSE (AXÉ). Com a união dos três sangues primordiais, após ter sido purificada com o ovo cru, possibilita assim a pessoa a obter sorte, dinheiro, felicidade, prosperidade, saúde, tranquilidade e paz. Quando um ovo é quebrado em qualquer ritual, o nome das ÌYÁMI-ÒSÒRÓNGÁ é respeitosamente citado e reverenciado, porque, qualquer que seja o ovo, este lhe pertencerá, como relata vários ITAN dos Tratados de IFÁ – Corpo Literário de IFÁ. Quebrar um ovo na rua atirando ao chão pela manhã, por três ou sete dias consecutivos, chamando por ELÉGÁRA e ÌYÁMI-ÒSÒRÓNGÁ, e espargindo dendê por cima do ovo, é um simples e poderoso ritual do Culto a ÌYÁMI-ÒSÒRÓNGÁ; com a finalidade de afastar qualquer tipo de dificuldade ou prejuízo, acalmando qualquer energia desfavorável no caminho de uma pessoa. O OVO DE PATA(PÉPÉYE) O “Ovo de pata” é o símbolo da vida e umas das proibições de Ikú. A utilização do ovo de pata cru é essencial em certos rituais, tendo como finalidade quebrar as forças da morte, das doenças e das perdas. Quando cozido e esfarinhado, é utilizado como agente purificador, quando é passado pelo corpo de uma pessoa em EBO de EGÚNGÚN ou ONÍLÈ. Com casca e seco ao sol, transformado em pó, é utilizado no IGBÁ-Orí e assentamentos de ÒRÌSÀ que tenham relação com Ikú. “Ovo de pata cru:” enfraquece a força da morte, doenças graves e perdas. Assim, o ovo de pata pode ser utilizado nos EBO IKÚ, tirando qualquer tipo de morte, seja material, espiritual, financeira ou sentimental. OVO Ovo de Ovo de Ovo de galinha prosperidade OVO Ovo

de

DE GALINHA – ABO galinha cru: purifica e galinha cozido: tira esfarinhado: neutraliza negatividade do e codorna:

Neutraliza

ADIE tranquiliza. doenças. ambiente, atrai abundância. DE CODORNA feitiços.

OVO DE GALINHA D’ ANGOLAETÙ Ovo de D’ Angola: traz dinheiro, sorte, prosperidade, riqueza e sucesso nos negócios. OVO Ovo de pomba: traz tranquilidade e fertilidade.

DE POMBA-EYELÉ

Essa lenda (pataki) conta por que se leva o yawo ao rio nas iniciações de santo (Candomblé, Santeria, etc.), a etimologicamente a palavra de origem Yorubá IBEJISprovém dos vocábulos “IB”, que traduzido significa nascer e “EJIS”,

que significa duplo, seu significado seria “Duplo Nascimento” em alusão aos gêmeos que foram concebidos por Oxum e Xangô no Odú do corpus de Ifá “OSHÉ BARA”.

Conta-se em um dos Iton (lendas – Patakis) desse Odú, no caminho de “Por que se leva o Omo Orishá ao Rio” que Oxum e Xangô viviam juntos. Xangô teve que ir à guerra e OSHÚN ficou sozinha, mas além disso estava grávida e com o tempo teve dois filhos homens gêmeos, aos que deu o nome de TAIWÓ ao primeiro (TO-AYÉWÓ) “o que vem provar a vida” e o segundo que nasceu é chamado de KAINDÉ (KO-EIN-DE) “aquele que vem atrás do outro” e é o maior dos dois. O povo Yorubá disse que KAINDÉ sempre envia a TAIWÓ na frente para descobrir se a vida vale à pena.

OSHÚN foi severamente criticada pelas pessoas daquelas terras, porque diziam que ela tinha sido infiel a SHANGÓ, que um filho seria dele, mas o outro quem sabe de quem, já que nesse povo jamais se havia visto um parto de IBEJIS ou GÊMEOS.

Osun (Oxum) desesperada levou seus filhos a um MALANGAL (Matas de Taioba) e os deixou escondido embaixo das folhas de EWÉ IKOKO (Taioba) e se foi até onde estava ORUNMILÁ e não levou seus filhos por medo de que ORUNMILÁ também a criticasse. ORUNMILÁ realizou uma consulta com IFÁ (Osode) e sacou o Odú OSHÉ BARA, onde disse que tinha a língua e a calúnia em cima dela e com isso fez algumas obras em IFÁ e a mandou para o ILÉ DE OLÓFIN, onde este a recebeu e a recriminou dizendo: “pariste dois filhos e os deixastes escondidos embaixo das matas de EWÉ IKOKO (Taioba) por medo de ORUNMILÁ, e Ele e Eu te recriminaremos” e sentenciou:

“Seguirás parindo, terás outro filho ao qual chamarás “ILDEU” (IDEU) e para que possas parí-lo, terás que ir com um KUEKUEYE (pato) ao rio, com ele é que tu

farás Ebó e o dará em sacrifício na beira do rio e nesse mesmo lugar o enterrará e chamarás assim: “Ideu onido edún omo edún omo obayi edún yobi edún agbogbo”

“Por Que Se Leva O Yawo Ao Rio Na Iniciação”

E seguiu dizendo: “os filhos que pariste, TAIWÓ e KAINDÉ, não os busques mais, porque estão agora no poder de OYÁ ao qual os pegou e levou, mas quando fizer a obra que te ensinei, terás outro filho”. OSÚN fez o indicado por OLÓFIN e pariu seu terceiro filho.

OLÓFIN chamou SANGÓ e a todos os habitantes daquelas terras e lhes disse: “Agora todos aprenderam, inclusive tu SHANGÓ que te deixaste levar por comentários e fofocas de todas essas más línguas do povo. Devem saber que toda mulher está na faculdade de parir GÊMEOS ou IBEJIS, TRIGÊMEOS e até mais filhos em um mesmo parto e não será por infidelidade dela para com seu marido e de agora em diante para parir OMÓ ORISÁS (Iyawós – filhos de santo) terão de estar presentes EWÉ IKOKO (Taioba), para tapar todo os ARAYÉS (inimigos), ELEGUEDÉ (Abóbora) para que SANGÓ saiba e reconheça esse nascimento e deve-se levar o OMÓ ORISÀ (futuro Iyawó) ao ILÉ IBÚ (o rio), para banhá-lo e que OSUN e IDEU reconheçam que está nascendo um novo OMÓ ORISÁ (Iyawó) e para que lhe lavem todo o mal que teve antes de nascer. E que assim se faça desde então”.

É por isso que o OMÓ ORISÁ (Iyawó) é levado ao rio para banhar-se e correr seu segredo no qual se verá envolto em EWÉ IKOKO. (Hoje em dia se coloca em um porrãozinho de barro). Põe-se um cacho de bananas verdes na casa onde se está

fazendo o plante de OSHA (feitura de Orisás ) e IFÁ, para que SANGÔ reconheça esse nascimento.

As Ewê (folhas, ervas, plantas) dentro do culto ao Orisá, suas atribuições e usos medicinais, lembrando que o dono de todas as folhas (ervas) é o Orisá Ossain e seu companheiro Aroni, que como conta o Iton (lenda) foi dado para cada Orisá a sua erva particular, mas o Orisá Osayin é o detentor de todo o segredo das mesmas. Também não devemos esquecer de uma das regras mais importantes dentro do culto ao Orixá(Candomblé) “ Ko si ewe, Ko si Orixá”, “sem erva, não há orisá”.

Amendoeira ou Arvore de Cuca: Seus galhos são usados nos locais em que o homem exerce suas atividades lucrativas. Na medicina caseira, seus frutos são comestíveis, porém em grandes quantidades causam diarreia de sangue. Das sementes fabrica-se o óleo de amêndoas, muito usado para fazer sabonetes por ter efeitos emolientes, além de amaciar a pele.

Amoreira: Planta que armazena fluidos negativos e os solta ao entardecer; é usada pelos sacerdotes no culto a Eguns. Na medicina caseira, é usada para debelar as inflamações da boca e garganta.

Angelim – amargoso: Muito usado em marcenaria, por tratar-se de madeira de lei. Nos rituais, suas folhas e flores são utilizadas nos abô dos filhos de Nanã, e as cascas são utilizadas em banhos fortes com a finalidade de destruir os fluidos negativos que possa haver, realizando um excelente descarrego nos filhos de Seu e Sango. A medicina caseira indica o pó de suas sementes contra vermes. Mas cuidado! Deve ser usada em doses pequenas.

Aroeira: Nos terreiros de Candomblé este vegetal pertence a Exu e tem aplicação nas obrigações de cabeça, nos sacudimentos, nos banhos fortes de descarrego e nas purificações de pedras. É usada como adstringente na medicina caseira, apressa a cura de feridas e úlceras, e resolve casos de inflamações do aparelho genital. Também é de grande eficácia nas lavagens genitais.

Arrebenta Cavalo: No uso ritualístico esta erva é empregada em banhos fortes do pescoço para baixo, em hora aberta. É também usado em magias para atrair simpatia. Não é usada na medicina caseira.

Arruda: Planta aromática usada nos rituais porque Esu a indica contra maus fluidos e olhogrande. Suas folhas miúdas são aplicadas nos bori, banhos de limpeza ou descarrego, o que é fácil de perceber, pois se o ambiente estiver realmente carregado a arruda morre. Ela é também usada como amuleto para proteger do mau-olhado. Seu uso restringe-se à Umbanda. Em seu uso caseiro é aplicada contra a verminose e reumatismos, além de seu sumo curar feridas.

Avelós – Figueira-do-diabo: Seu uso se restringe a purificação das pedras do orixá antes de serem levadas ao assentamento; é usada socada. A medicina caseira indica esta erva para combater úlceras e resolver tumores.

Azevinho: Muito utilizada na magia branca ou negra, ela é empregada nos pactos com entidades. Não é usada na medicina popular.

Bardana: Aplicada nos banhos fortes, para livrar o sacerdote das ondas negativas e eguns. O povo utiliza sua raiz cozida no tratamento de sarnas, tumores e doenças venéreas.

Beladona: Nas cerimónias litúrgicas só tem emprego nos sacudimentos domiciliares ou de locais onde o homem exerça actividades lucrativas. Trabalhos feitos com os galhos desta planta também provocam grande poder de atracção. Pouco usada pelo povo devido ao alto princípio activo que nela existe. Este princípio dilata a pupila e diminui as secreções sudorais, salivares, pancreáticas e lácteas.

Beldroega: Usada na purificação das pedras de Exu. O povo utiliza suas folhas, socadas, para apressar cicatrizações de feridas.

Brinco-de-princesa: É planta sagrada de Exu. Seu uso se restringe a banhos fortes para proteger os filhos deste orixá. Não possui uso popular.

Cabeça-de-nego: No ritual a rama é empregada nos banhos de limpeza e o bolbo nos banhos fortes de descarrego. Esta batata combate reumatismo, menstruações difíceis, flores brancas e inflamações vaginais e uterinas.

Cajueiro: Suas folhas são utilizadas pelo axogun para o sacrifício ritual de animais quadrúpedes. Em seu uso caseiro, ele combate corrimentos e flores brancas. Põe fim a diabetes. Cozinhar as cascas em um litro e meio de água por cinco minutos e depois fazer gargarejos põe fim ao mau hálito.

Cana-de-açúcar: Suas folhas secas e bagaços são usados em defumações para purificar o ambiente antes dos trabalhos ritualísticos, pois essa defumação destrói eguns. Não possui uso na medicina caseira.

Cardo-santo: Essa planta afugenta os males, propicia o aparecimento do perdido e faz cair os vermes do corpo dos animais. Na medicina caseira suas folhas são empregadas em oftalmias crónicas, enquanto as raízes e hastes são empregadas contra inflamações da bexiga.

Catingueira: É muito empregada nos banhos de descarrego. Seu sumo serve para fazer a purificação das pedras. Entretanto, não deve fazer parte do axé de Exu onde se depositam pequenos pedaços dos axé das aves ou bichos de quatro patas. Na medicina caseira ela é indicada para menstruações difíceis.]

Cebola-cencém-: Essa cebola é de Exu e nos rituais seu bolbo é usado para os sacudimentos domiciliares. É empregada da seguinte maneira: corta-se a cebola em pedaços miúdos e, sob os cânticos de Exu, espalha-se pelos cantos dos cómodos e em baixo dos móveis; a seguir, entoe o canto de Ogum e despache para Exu. Este trabalho auxilia na descoberta de falsidades e objectos perdidos. O povo utiliza suas folhas cozidas como emoliente.

Cunanã: Seu uso restringe-se aos banhos de descarrego e limpeza. Substituiu em parte, os sacrifícios a Exu. A medicina caseira indica os galhos novos desta planta para curar úlceras.

Erva-preá: Empregada nos banhos de limpeza descarrega sacudimentos pessoais e domiciliares. O povo usa o chá desta erva como aromatizante e excitante. Banhos quentes deste chá melhoram as dores nas articulações, causadas pelo artritismo.

Facheiro-Preto: Aplicada somente nos banhos fortes de limpeza e descarrego. Na medicina caseira, ela é utilizada nas afecções renais e nas diarreias.

Fedegoso Crista-de-galo: Esta erva é utilizada em banhos fortes, de descarrego, pois é eficaz

na destruição de Eguns e causadores de enfermidades e doenças. Seus galhos envolvem os ebó de defesa. Com flores e sementes desta planta é feito um pó, o qual é aplicado sobre as pessoas e em locais; é denominado “o pó que faz bem”. Na medicina caseira actua com excelente regulador feminino. Além de agir com grande eficácia sobre erisipelas e males do fígado. É usada pelo povo, fazendo o chá com toda erva e bebendo a cada duas horas uma xícara.

Fedegoso: Misturada a outras ervas pertencentes a Exu, o fedegoso realiza os sacudimentos domiciliares. É de grande utilidade para limpar o solo onde foram riscados os pontos de Exu e locais de despacho pertencentes ao deus da liberdade.

Figo Benjamim: Erva usada na purificação de pedras ou ferramentas e na preparação do fetiche de Exu. É empregada também em banhos fortes nas pessoas obsidianas. No uso popular, suas folhas são cozidas para tratar feridas rebeldes e debelar o reumatismo.

Figo do Inferno: Somente as folhas pertencentes a este vegetal são de Exu. Na liturgia, ela é o ponto de concentração de Exu. Não possui uso na medicina popular.

Folha da Fortuna: É empregada em todas as obrigações de cabeça, em banhos de limpeza ou descarrego e nos abôs de quaisquer filhos-de-santo. Na medicina caseira é consagrada por sua eficácia, curando cortes, acelerando a cura nas cicatrizações, contusões e escoriações, usando as folhas socadas sobre os ferimentos. O suco desta erva puro ou misturado ao leite, ameniza as consequências de tombos e quedas.

Juá – Juazeiro: É usada para complementar banho forte e raramente está incluída nos banhos de limpeza e descarrego. Seus galhos são usados para cobrir o ebó de defesa. A medicina caseira a indica nas doenças do peito, nos ferimentos e contusões, aplicando as cascas, por

natureza, amargas.

Jurema Preta: Tanto na Umbanda quanto no Candomblé, a Jurema Preta é usada nos banhos de descarrego e nos ebó de defesa. O povo a indica no combate a úlceras e cancros, usando o chá das cascas.

Jurubeba: Utilizada em banhos preparatórios de filhos recolhidos ao ariaxé. Na medicina caseira, o chá de suas folhas e frutos propiciam um melhor funcionamento do baço e fígado. É poderoso desobstruíste e tónico, além de prevenir e debelar hepatites. Banho de assentos mornos com essa erva propiciam melhores às articulações das pernas.

Lanterna Chinesa: Utilizada em banhos fortes para descarregar os filhos atacados por Eguns. Suas flores enfeitam a casa de Exu. Popularmente, é usada como adstringente e a infusão das flores é indicada para inflamação dos olhos.

Laranjeira do Mato: Seu uso se restringe a banhos fortes, de limpeza e descarrego. Na medicina caseira ela actua com grande eficácia sobre as cólicas abdominais e também menstruais.

Mamão Bravo: Planta utilizada nos banhos de limpeza descarrega e nos banhos fortes. Além de ser muito empregada nos ebó de defesa, sendo substituída de três em três dias, porque o Orixá exige que a erva esteja sempre nova. O povo a utiliza para curar feridas.

Maminha de Porca: Somente seus galhos são usados no ritual e em sacudimentos domiciliares. O povo a indica como restaurador orgânico e tonificador do organismo. Sua casca cozida tem grande eficácia sobre as mordeduras de cobra.

Mamona: Suas folhas servem como recipiente para arriar o

ebó de Exu. Suas sementes

socadas vão servir para purificar o otá de Exu. Não tem uso na medicina popular.

Mangue Cebola: No ritual, a cebola é usada nos sacudimentos domiciliares. Corte a cebola em pedaços miúdos e, entoando em voz alta o canto de Exu, a espalhe pela casa, nos cantos e sob os móveis. Na medicina caseira, a cebola do mangue esmagada cura feridas rebeldes.

Mangueira: É aplicada nos banhos fortes e nas obrigações de Ori (cabeça), misturada com aroeira, pinhão-roxo, cajueiro e vassourinha-de-relógio, do pescoço para baixo. Ao terminar, vista uma roupa limpa. As folhas servem para cobrir o terreiro em dias de abaçá. Na medicina caseira é indicada para debelar diarreias rebeldes e asma. O cozimento das folhas, em lavagens vaginais, põe fim ao corrimento.

Manjerioba: Utilizada nos banhos fortes, nos descarregos, nas limpezas pessoais e domiciliares e nos sacudimentos pessoais, sempre do pescoço para baixo. O povo a indica como regulador menstrual, beneficiando os órgãos genitais. Utiliza-se o chá em cozimento.

Maria Mole: Aplicada nos banhos de limpeza e descarrego, muito procurada para sacudimentos domiciliares. O povo a indica em cozimento nas dispepsias e como excelente adstringente.

Mata Cabras: Muito utilizado para afugentar eguns e destruir larvas astrais. As pessoas que a usam não devem tocá-la sem cobrir as mãos com pano ou papel, para depois despachá-la na encruzilhada. O povo indica o cozimento de suas folhas e caules para tirar dores dos pés e pernas, com banho morno.

Mata Pasto: Seus galhos são muito utilizados nos banhos de limpeza, descarrego, nos sacudimentos pessoais e domiciliares. O povo a indica contra febres malignas e incómodos digestivos.

Mussambê de Cinco Folhas: Obs.: Sejam eles de sete, cinco, ou três folhas, todos possuem o mesmo efeito, tanto nos trabalhos rituais, quanto na medicina caseira. Esta erva é utilizada por seus efeitos positivos e por serem bem aceitas por Exu no ritual de boas vindas. Na medicina caseira é excelente para curar feridas.

Ora-pro-nobis: É erva integrante do banho forte. Usada nos banhos de descarrego e limpeza. É destruidora de eguns e larvas negativas, além de entrar nos assentamentos dos mensageiros Exus. No uso caseiro, suas folhas actuam como emolientes.

Palmeira Africana: Suas folhas são aplicadas nos banhos de descarrego ou de limpeza. Não possui uso na medicina caseira.

Pau-d’alho: Os galhos dessa erva são utilizados nos sacudimentos domiciliares e em banhos fortes, feitos nas encruzilhadas, misturadas com aroeira, pinhão branco ou roxo. Na encruzilhada em que tomar o banho, arreie um mi-ami-ami, oferecido a Exu, de preferência em uma encruzilhada tranquila. Na medicina caseira ela é usada para exterminar abcessos e tumores. Usa-se socando bem as folhas e colocando-as sobre os tumores. O cozimento de suas folhas, em banhos quentes e demorados, é excelente para o reumatismo e hemorróidas.

PEREGUN - Uma das folhas mais antigas é o “Pèrègún”, que é utilizada na grande maioria dos rituais aos Orixás. Diz o mito: Pèrègún presenciou o crescimento da humanidade. Sempre há de nos trazer a sorte. Pèrègún segura nossa sorte, segura a sua presa no dia de caça e assim, alimenta os seus filhos.

Pèrègún nos protege de nossos opositores e faz com que nos harmonizemos com os nossos semelhantes.

Pèrègún fez pacto com “Aje” para a sua vinda à Àiyé ( Terra ou o mundo físico, paralelo ao orun ) Ifá dissera, quando Pèrègún o procurava pela sorte, se você quiser ter sorte, deverá ajudar a humanidade, fazendo um pacto com “Aje”, para poder sempre ter e poder emanar sorte, para quem lhe procurar por sua ajuda. Foi então, que Pèrègún tinha feito pacto com “Aje” antes de vir ao mundo, mas não tinha quem o pudesse levar para Àiyé. Novamente foi a Ifá, e este dissera:

Pèrègún se você quiser realizar o seu trabalho em Àiyé procure por “Ògún”, pois ele sempre está indo para Àiyé. Pèrègún procurou por “Ògún”, mas ele só levaria Pèrègún, se ele dividisse a sua sorte com ele. Foi então que Pèrègún tinha aceitado, e por essa razão “Ogum” lhe dissera: “Vou dizer a toda humanidade, que Pèrègún emana a sorte, e quem com ele ficar será agraciado com a mesma”. Desde e Pèrègún então foi conhecido, e muito procurado por todos em Àiyé.

Picão da Praia: Não possui uso ritualístico. A medicina caseira o indica como diurético e de grande eficácia nos males da bexiga. Para isso utilize-o sob a forma de chá.

Pimenta Darda: Aplicada em banhos fortes e nos assentamentos de Exu. Na medicina caseira, suas sementes em infusão são anti-helmínticas, destruindo até ameba.

Pinhão Branco: Aplicada em banhos fortes misturadas com aroeira. Esta planta possui o grande valor de quebrar encantos e em algumas ocasiões substitui o sacrifício de Exu. Suas sementes são usadas pelo povo como purgativo. O leite encontrado por dentro dos galhos é de grande eficácia colocado sobre a erisipela. Porém, deve-se Ter cuidado, pois esse leite contém uma terrível nódoa que inutiliza as roupas.

Pinhão Coral: Erva integrante nos banhos fortes e usadas nos de limpeza e descarrego e nos ebó de defesa. Na medicina caseira o pinhão coral trata feridas rebeldes e úlceras malignas.

Pinhão Roxo: No ritual tem as mesmas aplicações descritas para o pinhão branco. É poderoso nos banhos de limpeza e descarrego, e também nos sacudimentos domiciliares, usando-se os galhos. Não possui uso na medicina popular.

Pixirica – Tapixirica: No ritual faz parte do axé de Exu e Egun. Dela se faz um excelente pó de mudança que propicia a solução de problemas. O pó feito de suas folhas é usado na magia maléfica. Na medicina caseira ela é indicada para as palpitações do coração, para a melhoria do aparelho genital feminino e nas

doenças das vias urinárias.

Quixambeira: É aplicada em banhos de descarrego e limpeza para a destruição de eguns e ao pé desta planta são arriadas obrigações a Exu e a Egun. Na medicina caseira, com suas cascas em cozimento, actua como energético adstringente. Lavando as feridas, ela apressa a cicatrização.

Tajujá – Tayuya: É usada em banhos fortes, de limpeza ou descarrego. A rama do tajujá é utilizada para circundar o ebó de defesa. O povo a indica como forte purgativo.

Tamiaranga: É destinada aos banhos fortes, banhos de descarrego e limpeza. É usada nos ebó de defesa. O povo a indica para tratar úlceras e feridas malignas.

Tintureira: Utilizada nos banhos fortes, de limpeza ou descarrego. Bem próximo ao seu tronco são arriadas as obrigações destinadas a Exu. O povo utiliza o cozimento de suas folhas como um energético desinflamatório.

Tiririca: Esta plantinha de escasso crescimento apresenta umas pequeninas batatas aromáticas. Estas são levadas ao fogo e, em seguida, reduzida a pó, o qual funciona como pó de mudança no ritual. Serve para desocupar casas e, colocadas

em baixo da língua, desodoriza o hálito e afasta eguns.

Urtiga-branca: É empregada nos banhos fortes, nos de descarrego e limpeza e nos ebó de defesa. Faz parte nos assentamentos. O povo a indica contra as hemorragias pulmonares e brônquicas.

Urtiga Vermelha: Participa em quase todas as preparações do ritual, pois entra nos banhos fortes, de descarrego e limpeza. É axé dos assentamentos de Exu e utilizada nos ebó de defesa. Esta planta socada e reduzida a pó, produz um pó benfazejo. O povo indica o cozimento das raízes e folhas em chá como diurético.

Vassourinha de Botão: Muito empregada nos sacudimentos pessoais e domiciliares. Não possui uso na medicina popular.

Vassourinha de Relógio: Ela somente participa nos sacudimentos domiciliares. Não possui uso na medicina caseira.

Xiquexique: Participa nos banhos fortes, de limpeza ou descarrego. São axé nos assentamentos de Exu e circundam os ebó de defesa. O povo indica esta erva para os males dos rins.

O Que É Asé? E Quais Sãos Eles. Para entendermos melhor O que é Asé? e Quais são eles, precisaremos falar a respeito do asé, e para discorrer falaremos a respeito da natureza e destino humanos é interessante iniciar esclarecendo o significado de asé (asè), nome dado pelos iorubas à força vital. O Asé é um termo muito utilizado no Candomblé, mas também não é incomum na Umbanda. Segundo Maupoil (citado por E. dos Santos, 1986) asé é a força invisível, a força mágico-sagrada de toda divindade, de todo ser animado, de toda coisa. Não aparece espontaneamente. Precisa ser transmitida. Qualquer chance de realização na existência depende do asé que, enquanto força, obedece a algumas leis: (1) é absorvível, desgastável, elaborável e acumulável;

(2) é transmissível através de certos elementos materiais, de certas substâncias; (3) uma vez transferido por essas substâncias a seres e objetos, neles mantém e renova o poder de realização; (4) pode ser aplicado a diversas finalidades; (5) sua qualidade varia segundo a combinação de elementos que o constituem e que são, por sua vez, portadores de uma determinada carga, de uma particular energia e de um particular poder de realização. O asé dos orisás, por exemplo, é realimentado através de oferendas e de ação ritual, transmitido por

intermédio da iniciação e ativado pela conduta individual e ritual; (6) pode diminuir ou aumentar.

O Asé O asé encontra-se numa grande variedade de elementos do reino animal, vegetal e mineral. Encontra-se em elementos da água doce e salgada e da terra. Acha-se contido nas substâncias essenciais de seres animados ou não. Elbein dos Santos (1986) apresenta uma classificação do asé em categorias: sangue vermelho, sangue branco e sangue preto .

Asé De Animal

- No reino animal o sangue vermelho compreende o sangue propriamente dito, animal e humano, aí incluído o fluxo menstrual; no reino vegetal, inclui o epo, azeite de dendê, o ossun, pó vermelho extraído de pterocarpus erinacesses e o mel, sangue das flores. - Quanto ao sangue branco, incluem-se, no reino animal, o hálito, o plasma, o sêmen, a saliva, o suor e outras secreções;

O Asé Vegetal - no reino vegetal, a

seiva, o sumo, o álcool e as bebidas brancas extraídas de

palmeiras e de alguns vegetais, o Ori, manteiga vegetal e o iyerosun, pó esbranquiçado extraído do irosun;

O Asé Mineral - no reino mineral, os sais, o giz, a prata, o chumbo, etc. O sangue preto compreende, no reino animal, as cinzas de animais; no vegetal, o sumo escuro de certas plantas, o ilu, índigo extraído de diferentes tipos de árvores, pó azul escuro chamado waji; no reino mineral, o carvão, ferro, etc. Para poder atuar, o asé deve ser transmitido através de uma combinação particular que contém representações materiais e simbólicas do branco, do vermelho e do preto, do aiye e do orun (terra e céu), competindo ao oráculo a definição da composição necessária do asé a ser implantado ou restituído. O sangue - animal, vegetal ou mineral - é substância indispensável para a restauração da força. Todo ritual, seja uma oferenda, um processo iniciativo ou uma consagração, realiza implante da força ou revitalização. O que vive, para

poder realizar-se ou realizar, precisa de asé e, não sendo a fonte inesgotável, a reposição se faz necessária e é obtida através da prática ritual que reatualiza a força do tempo primordial, tempo da criação. A importância da regularidade dos ritos reside no fato de que a presença das entidades sobrenaturais é favorecida pela atividade ritual, ocasião privilegiada da transferência e redistribuição do asé.

Este, oriundo das mãos e do hálito dos mais antigos, na relação interpessoal, é recebido através do corpo e atinge níveis profundos, incluídos os da personalidade, através do sangue mineral, vegetal e animal das oferendas.

QUAL O FUNDAMENTO DA COBRANÇA DO JOGO DE BÚZIOS?

Muitas pessoas me crucificam e questionam por que cobramos para jogar búzios, e não entendem quando um sacerdote se nega a abrir o jogo sem o valor estipulado para o mesmo. Então resolvi relatar aqui, a história de nossos antepassados, e que governa o Oráculo Sagrado de Ifá: Conta-se que em determinada época, há muitos e muitos séculos, em um tempo do qual não nos lembramos mais, um determinado moço, vivia nas esquinas com uns objetos nas mãos e com eles, fazia uma espécie de adivinhação da vida de todos que por ali passavam em troca de algum pagamento. Interessada em aprender aquele ofício, Osun solicitou que aquele rapaz se apresentasse em seu castelo, e esse rapaz era Esú. Após uma conversa amigável, Osun perguntou a ele como ele fazia para que pudesse “consultar” as pessoas que por ali passavam, então, Esú lhe mostrou os búzios com os quais praticava seu dom e esses eram 21. Imediatamente Osun, mostrou interesse em aprender com ele o manuseio daquelas “conchas” encantadas, mas ele disse-lhe que de graça não poderia lhe conceder os mistérios, mesmo sabendo que Olorún assim desejava. Ela disse-lhe que desse seu preço e ele cobrou dela sete barris de ouro. Ao efetuar o pagamento, Esú começou então a passar para ela os mistérios do Ifá, mas com uma condição: de que ela jamais passasse os segredos do jogo dos 21 búzios para a humanidade, pois assim teríamos o dom da imortalidade. Osun foi conversar com Ifá e este disse que Esú estava certo e acrescentou mais: que todos o que desejassem se beneficiar dos segredos do Oráculo pagassem tributo a ela, a Esú e a ele mesmo, Ifá, e assim nasceu o pagamento pelo jogo de búzios, e Osun passou e a ser a verdadeira senhora desse processo juntamente com Esú.

Quando um sacerdote joga os búzios sem receber a salva de seu anjo de guarda, Osun lhe tira a visão, pois ela teve que pagar a Esú para que ele lhe passasse seus segredos e com o dinheiro ali arrecadado, esse sacerdote deve retirar uma parte para pagar tributos ás divindades se quiser continuar enxergando o que falam os búzios em sua queda. Assim, quando se dirigir a uma casa de santo para um jogo, lembre-se de que, ali está um segredo muito grande e é obrigação do sacerdote cobrar para fazer uso do mesmo, sob pena de perder a visão do jogo. A cobrança do jogo, não é comércio como pensam muitos, mas sim, um preceito religioso e deve ser obedecido à risca.

O ritual do Ipade ( Reuniao) O Ipadé (também ritual executado antes de qualquer cerimónia interna ou pública do Candomblé, Esú é sempre o primeiro a ser homenageado. De manhã, consuma-se o sacrifício; os preparativos culinários e a oferenda às divindades ocupam o restante do dia; a cerimónia pública propriamente dita começa ao fim da tarde, quando o sol se põe e prolonga-se por muito tempo, noite adentro. Qualquer cerimónia tem início, obrigatoriamente, com o Ipadê de Esú.Costuma-se dizer que essa cerimónia é para despachar Esú, mas isso não é correto, pois com esta cerimónia apenas colocamos Esú como guardião e mensageiro, para avisar os Orisás de que estaremos precisando das suas presenças no Aiyé (Terra). Esú é, na verdade, o Mercúrio africano, o intermediário necessário entre o homem e o sobrenatural, o intérprete que conhece ao mesmo tempo a língua dos mortais e a dos Orisás. É pois ele o encarregado – e o Ipadé não tem outra finalidade – de levar aos Orisás o chamamento dos seus filhos.

A cerimônia do Ipade Esu O Ipadé é celebrado por duas das filhas-de-santo mais antigas da casa, a Dagã e a Sidagã, ao som de cânticos em língua Iorubá, cantados sob a direção da Iyà Têbêxê e sob o controle do Babalorisá ou Yalorisá, diante de uma quartinha com água e um prato de barro contendo o alimento de Esú, e um outro recipiente com o alimento favorito dos ancestrais. Embora o Ipadé se dirija antes de tudo a Esú, comporta também obrigatoriamente uma cantiga aos mortos (Essá) ou para os antepassados do Candomblé, alguns de entre eles são mesmo designados pelos seus títulos sacerdotais.

A quartinha, o recipiente e o prato serão levados para fora do barracão onde se desenrolarão as restantes cerimónias. A festa propriamente dita pode então começar. Obs.: Não confundir Padê (que significa a comida de Esú) com Ipadé (que significa Encontro) que é a cerimónia propriamente dita.

Ègbé òrun (A sociedade das crianças do céu) Egbé òrun são companheiros espirituais. Cada pessoa tem a sua preferência de companhia no òrun antes de vir ao ayè, quando uma pessoa vem do òrun ela pode estar associada a muitos grupos. Um destes grupos é chamado Ègbé Emere um dos mais poderosos. O destino de uma pessoa já está traçado antes dele vir a Terra. Seu espírito já fez seus acordos com os poderes constituídos. Este acordo pode ser por dinheiro, vida longa, filhos e etc. Este acordo depende do individuo. Em alguns casos uma pessoa pode ter marido/esposa durante seu tempo no òrun e ter feito uma promessa significativa para ele/ela. Eles podem ter prometido não se casar com ninguém enquanto viverem na Terra. Como podem ter prometido passar apenas um dia, mês ou ano na terra. Se o acordo foi quebrado quando esta pessoa estava na Terra, esta pessoa vai ter muitos problemas em sua vida terrena. É importante que uma pessoa faça um sacrifício relevante para Ègbé Emere, Ègbé Eru Didi ou Ègbé òrun, para sua situação em particular quando chegar a este mundo. Alguns prometem fazer este sacrificio quando estão no òrun, mas quando chegam a Terra não buscam estas informações e não fazem o sacrificio combinado. Algumas pessoas tem acordo com Egbé òrun no oceano, outros em árvores, todos tem seus companheiros de Ègbé ou espiritos que estavam junto dele enquanto permaneciam no òrun.

No Odù Òyékú’Ogbè vemos

Ìjì Àjí a ko jiré Isun asùn a ko sun ire Ebo Òyèkú-L’ogbè la o mon.

Foi divinado para Òrúnmìlá quando ele guardava seu dinheiro no quarto. Um dia ele voltou de viagem e descobriu que estava faltando dinheiro. Ele pensou que fossem seus Áwo que estavam lhe roubando. O dinheiro continuava sumindo e Òrúnmìlá descobriu que era seu Egbé que estava perturbando sua vida. Ele realizou sacrificio, alimentou-os. Após fazer isso o dinheiro deixou de sumir. Ele então começou a alimentá-los periodicamente e não teve mais problema.

Os problemas das pessoas se manifestam de maneiras diferentes. Alguns perdem emprego, outros têm problemas no parto, no casamento ou no relacionamento, isto depende da circunstância individual. Tudo isto poderia ser uma promessa quebrada com seu Egbé ou o descontentamento deles com algo que a pessoa esteja fazendo na Terra. É o Egbé que tem o poder de levar coisas essenciais a alguém para fazer sua vida infeliz, é feito por causa de um acordo quebrado. Nem todos são Abiku, nem todos vão morrer na cerimônia do nome ou no dia do casamento. Porém para alguns pode ser o caso. Quando Egbé òrun vem buscá-lo é por causa do acordo original.

Em Òsé-Ògúndá temos:

Òsé Omolú Òsí ko mo áwo Agada ko mo Orí Eni o da oru

Foi feita divinação para ómó Asode, ómó Aroko e ómó Asawo, estas três crianças vieram do òrun, no mesmo período e com a mesma promessa. Eles fizeram promessa antes de vir a Terra e iriam voltar para o òrun depois de ficar apenas sete dias. As três mães fizeram jogo com babalawo. Apenas uma das mães fez o sacrificio prescrito. Elas foram orientadas a não fazer a cerimônia do nome e nem fazer festa, elas deveriam apenas dar um nome a criança e nada mais. As outras duas mães usaram o dinheiro para uma grande festa em vez de fazer o sacrificio. Durante a cerimônia do nome, Ègbé òrun chamou suas crianças de volta para casa. Quando chegaram a ómó Asawo eles foram incapazes de levá-lo. É destino de algumas pessoas serem muito poderosas na Terra. É através do Egbé que seus aspectos positivos se manifestarão. Para algumas pessoas uma coisa pequena e insignificante se transformará em algo muito grande através da influencia de Ègbé. É sempre importante que as pessoas cuidem de Ègbé. Em casos de crianças doentes é importantíssimo, pois problemas na infância podem estar ligados e sendo causados por Ègbé òrun.

Texto de: Owolabi Aworeni

Dicionário

–A– Ados = comida feita com farinha de milho de pipoca e mel Abá = pessoa idosa, velho. Abadá = para sempre ou roupa Abadó = milho híbrido, canjica Abará = bolinhos feitos com massa de feijão fradinho Abébé = leque. Aberem- embrulhinhos enrolados na folha velha de bananeira Abiodum = um dos Obá da direita de Sango. Àbaja = marca facial do povo de Òyó Ade = coroa. Adetá = nome sacerdotal de uma sacerdote Enhgenho Velho. Afonjá = uma qualidade de Sango que dá nome ao Axé Opo Afonjá. Agboulá = Egun que dá nome a uma casa Ilha de Itaparica. Agôgô = instrumento musical cônico feito de ferro. Ayabá = orisá feminino, senhora idosa. Aiyê = o mundo terrestre. Airá = um Orixá da família de Xangô Ajá = campainha, sino, cachorro Ajimudá = título sacerdotal ligado a Egungun e Oyá Akoro = uma qualidade de Ogun. Aku = obrigação funerária. akikó = galo. Alá = espécie de pano branco, universo Alabá = nome de um sacerdote do culto aos ancestrais. Alabê = Ogan confirmado que canta e toca o candomblé Alafiá = felicidade; tudo de bom. Alafin = o mesmo que o rei – Nigéria. Alapini = nome sacerdotal do culto aos ancestrais, egungun Alase = pessoa que tem autoridade. Alé = noite ou qualidade de Exú Apaoká = jaqueira. Aramefá = conselho de Osòóssi, composto de seis pessoas. Aré = nome do primeiro Obá de Sango. Ararekolê = como vai? Aresá = um dos Obá da esquerda de Sango.

Ariasé = local onde se dá o início das obrigações. Arô = Título de honra enre autoridades civís em Ketu Arôlu = o total Asobá = cargo no culto de Obaluaiyê. Ati = e (conjunção). Atin- pó, energia ligada a um Orixá Atori = vara pequena usada no culto de Osalá e usada para tocar atabaque. Awá = nós. Awon = eles. Asedá = babalawo iniciado por Òrúmìlá. Asó = roupa. Asogun = Ogan de ogun encarregado dos sacrifícios. A-ian-madê = como vão os meninos? Adupé-lewô-Olorun = graças a Deus por ter conservado minha vida e a minha saúde até hoje. Alabasé = companheiro, colega de trabalho. Alaiyè = possuidor da vida. Asé = força vital e que assim seja. Aiyê = Terra. Ago = licença. Am-nó = o misericordioso. Aba-lasé-di = cerimônia de iniciação. Asesê = cerimônia fúnebre. Amadosi d’Orisá = cerimônia do dia do òrìsá dar o nome. Amasi no ori = cerimônia de lavar a cabeça com ervas sagradas. Ataré = pimenta da costa. Ata = pimenta Afurá = bolo feito com arroz. Ambrozó = feito de farinha de milho. Agbon = côco. Ajé = poder feiticeiro.(a) Ajeun = comida. Agusó = espécie de legumes. –B– Bàbá = papai. Babalawo = sacerdote, pai do segredo

Badá = título sacerdotal. Babá Kekere = Pai Pequeno Baiani = Orisá da família de Xangô. Balé = chefe de comunidade. Balué = Banheiro. Bamgbosê = sacerdote do culto de Sango. Bé = pular, pedir. Bi = nascer, perguntar. Bibá = está aceito. Bibé = está seco. Biwá = nasceu para nós. Biyi = nasceu aqui, agora. Bó = adorar Bo = cobrir. Bode = portão. Borogun = aquele que adora Ogun, saudação da família. –D– Dagan = cargo importante ligado ao Axé Dagô = dê licença. Dê = chegar. Deiyi = chegou agora. Dodo = banana da terra frita. Duro = esperar. –E– Ebá = pirão de farinha de mandioca ou inhame. Ègbé = sociedade. Ebo = comida feita de milho branco, especial para Oxalá. Ebó = sacrifício ou oferenda. Ebori = cerimonia de dar ebó a cabeça (Ori) Edun = nome próprio. Edun ara = pedra de raio. Egun = espírito ancestral. Eiye = pombo. Ejé = sangue.

Ejilaeborá = Décimo segundo odú no meredinloguno. Ejionilé = Oitavo Odu no meredinlogun. Ekó = comida feita com milho branco; akasa. Eku = rato. Elebó = aquele que faz o sacrifício. Eledá = o Deus supremo ou aquele que lhe mantém vivo Elemasó = título de um sacerdote no culto de Oxaguian Elerin = um dos Obá da esquerda de Sàngo. Elessé = que está aos pés, seguidor. Êpa = amendoim. Éran = carne. Êre = as esculturas de madeiras ou energia infantil ligada ao orixá Eru = carrego. Erúkéré = chicote feito com crina de cavalo, usado por Osóssi. Eruexin- Chicote de crina de búfalo usado por Oyá . Etu = galinha D’angola. Ewá = nome de um orixá. Esu = nome de um importante orisá erroneamente associado ao diabo católico. –F– Fatumbi = título de um sacerdote de ifá. Filá = gorro. Fun = dar, trazer, soprar Funké = a que veio para cuidar. –G– Gan = outro nome do agogô na Nação ioruba. –I– Yangui = pera de laterita, simboliza Esù, o primeiro criado lama/ar/hálito Ianlé = as partes da comida que são oferecidas ao orixá. Iansan = orixá patrono dos ventos, do rio Niger e dos relâmpagos. Igbá = recipiente onde se colca os objetos do òrìsá. Ibi = aqui, quando o Odu está negativo. ibiri = objeto de mão, usado pela orixá Nanã, feito em palha, couro e contas. Ibó = lugar de adoração.

Igbô = floresta. Iemonjá = orisá dos rios e das águas salgadas. Ijesá = nome de uma região da Nigéria e de um toque para orisá Osum, Osála e Ogum. Iká = modo de deitar-se das pessoas de orixá feminino, para saudação, nome de um Odu. Iku = morte. Ilè = casa. Ilé = terra. Ina = fogo. Ipeté = inhame cozido,temperado com camarão seco, sal, azeite de dendê e cebola, de Oxun Ire = felicidade. Iuindejà = título sacerdotal. Iuintonã = título sacerdotal. Isu = inhame. Iyá = mãe. Iyabasé = cargo responsavel pela cozinha do Orixá.. Iyalaxé = mulher mais importante da casa. Iyalodé = um alto título, líder entre as mulheres. Iyalorisá = Zeladora do culto. Iyamasê = orisá mãe de Sango. Iya Kekere= Mãe pequena Iyamoro =rpesponsável pelo Ipade Iyawo = nome dado aos iniciados, noiva. –J– Ji = despertar Jinsi = título sacerdotal. Jô = dançar. Jobi = título sacerdotal. –K– Kaiodé = nome de uma sacerdotisa de Osòóssi. Kan = um (número cardinal). Kankanfô = um dos obá da direita de Sango. general Kefá = sexto número ordinal. Kejilá = décimo segundo (numero ordinal). Kekerê = pequeno. Ketà = terceiro (nº. ordinal).

Kolabá = nome de uma sacerdotisa do culto de Sango. Kopanijê = um toque especial do orixá Obaluaiyê. Koserê = que seja feliz, e que tudo de bom aconteça. Labá = bolsa de couro usada no culto de Sango. –L– Lara = no corpo. Lê = forte. Lesé = aos pés (lesé orisá – seguidores do orisá). Ló = ir. Lode = lado de fora; lá fora. Lodo = no rio. Logun = corrupitela de Logunèdé. Logunedé = nome de um òrìsá. Lonon = no caminho. –M– Mariwo = tala do olho do dendezeiro desfiada. Mode = cheguei. Mogbá = título de um sacerdote do culto de Sango. Mo jubá = meus respeitos. –N– Nanã = nome da orisá Nilè = na casa. –O– Obá = rei. Obaluwaiyê = nome do orisá patrono das doenças epidêmicas. Obarayi = nome de uma sacerdotisa filha de Sango. Obatalá = òrìsá do pano branco, O supremo. Obatelá = nome de um dos obá da direita de Sango. Obasorun = nome de um dos obá da esquerda de Sango. Obi = fruto africano utilizado nos rítuais. Obitikô = Sango. Oburo = irmão (ã) mais novo.

Ode = fora, rua. Odé = caçador; nome que também é dado ao orixá Osòóssi. Odi = nome de um odu, jogo de ifá. Odo = rio. Odófin = nome de um dos obá da direita de Sango. Odu = òrìsá que indicam seu momento ou destino Oduduwá = orisá que participou da criação da terra. Ofun = nome de um odu. Ogã ou Ogan = cargo de alta importancia no culto. Ogoda = uma qualidade de Sangô. Ogue = instrumento de percussão feito de chifres de boi. Ogun = orixá patrono do ferro, do desbravamento e da guerra. Oyn = mel. Oyakebe = nome de uma sacerdotisa de Iansan. Ojá = ornamento feito com tira de pano. Ojé = sacerdote do culto de Egun ou Egungun. Ojó = dia da semana. Oju = olho. Ojubó = lugar de adoração. Oke = montanha. Oke-Aro = saudação para Osòóssi. Okó = marido. Oko = roça, fazenda. òrìsá da agricultura. Olelé = bolo feito com feijão fradinho; abará. Olodê = o senhor da rua, do espaço, de fora. Olorum = entidade suprema, força maior, que está acima de todos os orisás. Olouwo = cargo dentro do culto de Ifá. Olùwá = senhor. Oluwayê = senhor do mundo Olubajé = cerimônia onde Obaluwaiye reparte sua comida com seus filhos e seguidores. Olukotun = o nome do ancestral mais velho, cabeça do culto de Egun. Omi = água. Omo = filho. Omode = criança Omolu = vodun djedje ou Nação efon. Omorisá = filho de orisá.

Onon = caminho. Onãsokun = um dos obá da esquerda de Sango. Onìkòyi = um dos obá da esquerda de Sango. Onilé = órìsá da terra. Onilè = dona da casa. Opasorô = cajado de Osalá. Opo = pilastra. Ori = cabeça. Oro = preceito, costume tradicional. Orobô = fruto africana que se oferece à Sango e outros òrìsás. Orukó = nome do iniciado. Osoniyn = orisá que vive dentro das folhas (ewe). Osé = semana; rito semanal. Osi = esquerda, ou a terceira pessoa de um cargo. Osá = nome de um odu ifá Oti = aguardente. Otun = direita, ou segunda pessoa de um cargo. Ówó = dinheiro. Osogiyan = uma qualidade de Osalá relacionado com o inhame novo. Osalá = o mais respeitado, o pai de todos orisás. Osalufã = uma qualidade de Oxalá; Oxalá velho. Ose = sabão da costa africana. Osòóssi = orisá igbo, patrono da floresta e da caça. Ososo = milho cozido com pedaços de coco; comida do orixá Ogun. Osum = òrìsá das águas do rio. Osumare = nome do orisá relacionado a chuva, babalawo do Orun. –P– Pá = matar. Pade = encontrar. Pe = chamar. Peji = altar. Pepeiye = pato. Pepelê = banco. Peté = plano, chato, horizontal. –S–

Si = para. Sòrò = falar. Sun = dormir. –T– Tanã = vela, lâmpada, fifo. Temi = nome sacerdotal. To = suficiente, basta. –U– Uwá = vir. Unbó = está vindo, está chegando. Unjé = comida. Uwo = olhar, reparar. –X– Xaorô = pequenos guizos Xarará = emblema do orixá Obaluaiyê. Xê = fazer. Xekeré = cabaça revestida com contas de Santa Maria ou búzios. Xerê = chocalho especial para saudar Xangô, em cabaça com cabo ou em cobre. Xirê = festa, brincadeira. Xokotô = calças. Xorô = fazer ritual.

Seguem agora algumas palavras e expressões, derivadas do yoruba e de outras influências linguísticas, igualmente de origem africana, mas provenientes de outras nações e que já sofreram entretanto alteração e adaptação fonética por força do português. No entanto, estas palavras e expressões são utilizadas correntemente no dia a dia das casas de santo. Isto para explicar porque algumas letras que não se encontram acima, se encontram abaixo, pois letras como o Cnão fazem parte da língua Yoruba.

A Abadá – Blusão usado pelos homens africanos. Abadô – Milho torrado Abebé – Leque.

Abassa – Salão onde se realizam as cerimônias públicas do camdomblé, barracão. Adé – Coroa. Adie – Galinha. Adupé = Dupé – Obrigado. Afonja – É uma qualidade de Xangô. Agbô – Carneiro. Aguntam – Ovelha. Ajeum – Comida. Alabá – Título do sacerdote supremo no culto aos eguns. Aledá – Porco. Alaruê – Briga. Alubaça – Cebola. Axó – Roupa. Axogum – Auxiliar do terreiro, geralmente importante na hierarquia da casa, encarregado de sacrificar os animais que fazem parte das oferendas aos orixás. B Baba – Pai. Babaojê – Sacerdote do culto dos eguns; Ojé é o nome de todos iniciados no culto aos eguns. Babassá – Irmão gêmeo. Balê – Casa dos mortos. Balé – Chefe de comunidade. Beji – Orixá dos gêmeos. Biyi – Nasceu aqui, agora. Bô – Adorar. C Conguém – Galinha da Angola. Cambaú – Cama. Cafofo – Túmulo. Caô – É um tipo de Xangô. Catular – Cortar o cabelo com tesoura, preparando para o ritual de raspagem para iniciação no Candomblé. Cutilagem – É o corte que se faz na cabeça do iniciado; é realizado para abrir o canal energético principal que o ser humano tem no corpo, exatamente no topo da cabeça,(no Ori), por onde vibra o axé dos Orixás para o interior de uma pessoa. D

Dã – Orixá das correntes oriundas do Daomé. Dara – Bom, agradável. Dide – Levantar. Dagô – Dê licança. Dê – Chegar. Dudu – Preto. E Edu – Carvão. Eiyele – Pombo. Elebó – Aquele que está de obrigação. Eledá – Orixá guia. Erú – Carrego; carga. Equê – Mentira. Esan – Vingança. Emi – Vida Enu – Boca Eran – Carne Ejó – Cobra. Egun – Alma, espírito. Epô – Azeite Epô-pupa – Azeite de dendê Eró – Segredo F Fá – Raspar Fadaka – Prata Filá – Gorro Funfun – Branco Fenukó – Beijar Ferese – janela Fo – Lavar Fún – Dar Farí – Raspar cabeça. G Ga – Alta, grande Ge – Cortar

Gari – Farinha Gururu – Pipoca I Iya – Mãe Iya iya – Avó Iyalorixá – Mãe de santo (sacerdote de orixá) Iban – Queixo Idí – Ânus, nádega Ibô – Mato Ibó – Lugar de adoração Ilê – Casa Ibá – Colar, cheio de objetos ritualístico Inã – Fogo Ijexá – Nome de uma região da Nigéria e de um toque para os Orixás Oxum, Ogum e Oxala. Ipadê – Reunião Ida – Espada Ida-oba – Espada do Rei Ideruba – Fantasma Idodo – Umbigo Ifun – Intestino Idunnu – Felicidade Igi – Árvore Ijo – Dança Iku – Morte Iyabasé – Cargo, pessoa que cozinha para Orixá Iyalaxé – Mãe do axé do terreiro J Jajá – Esteira Jalè – Roubar Ji – Acordar, roubar Jimi – Acorda-me Joko – Sentar Jade – Sair Jagun – Guerreiro, Soldado K

Kà – Ler, contar Kan – Azedo Kekerê – Pequeno Koró – Fel, amargo Kòtò – Buraco Kuru – Longe Ko Dara – Ruim Ku – Morrer Kosi – Nada L Là – Abrir Lê – Forte Lile – Feroz, violento Liló – Partir Larin – Moderado Ló – Ir Lailai – Para sempre Lowo – Rico Lu – Furar Lodê – Lado de fora, lá fora Lodo – No rio Lonan – Senhor do caminho M Malu – Boi Meje – Sete Mun – Beber Muló – Levar embora Mojubá – Apresentando meu humilde respeito Mo – Eu Mí – Viver Mejeji – Duas vezes Mi-amiami – Farofa oferecida para exu Modê – Cheguei N Ná – Gastar Ní – Ter

Níbi – No lugar Nítorí – Por que Nu – Sumir Najé – Prato feito com argila Nipa – Sobre Nipon – Grosso. O Obé – Faca Obé fari – Navalha Oberó – Alguidar Obirim – Mulher, feminino Ojiji – Sombra Oju ona – Olho da rua, ( caminho ) Okó – Pênis Omin – Água Omin Dudu – Café preto Otín – Álcool Owo – Dinheiro Oyin – Mel Obá – Rei Odé – Caçador Orun – Céu Ofá – Arco e flecha Olorum – Deus Ota e Okuta – Pedra Odo – Rio Obo – Vagina Otin nibé – Cerveja Otin Dudu – Vinho tinto Otin fum-fum – Aguardente Odê – Fora, rua Olodê – Senhor da rua Omo – filho, criança. Ongé – Comida P

Pá – Matar Pada – Voltar Padê – Encontrar Paeja – Pescar Peji – Altar Pelebi – Pato Pupa – Vermelho Paki – Sala Patapá – Burro Pepelê – Banco R Rà – Comprar Rere – Muito bem Re – Ir Rìn – Trabalhar Rí – Ver Ronu – Pensar Roboto – Redondo S Sanro – Gordo Sare – Rápido, correr Sínun – Dentro Sise – Trabalho Sun – Dormir Sarapebé – Mensageiro Sòrò – Falar Si Ori – Abrir a Cabeça T Tata – Gafanhoto Tèmi – Meu, minha Toto – Atenção Titun – Novo Tóbi – Grande, maior Tàbá – Tabaco, fumo Tete – Aplicado Tanã – Vela, lâmpada

Tún – Retorno Taya – Esposa Tutu – Frio, gelado W Wa – Nosso Wèrè – Louco Wúrà – Ouro Wu – Desenterrar Wun ni – Gostar Wakati – Hora Wara – Leite X Xaorô – Tornozeleira de palha da costa usada durante o recolhimento para o processo de iniciação. Xarará – Instrumentoque contém o axé do Orixá Obaluaiyê Xê – Fazer Xirê – Festa, brincadeira Y Yan – Torrar Yaro – Ficar aleijado Yiyan – Assado Yonrin – Areia Yama – Oeste Yara-ypejo – Sala

Cargos na casa de Candomble segundo minhas tradicoes

Olóyè , Ogá e Àjòyè  Iyalorisá/Babalorisá: Mãe ou Pai em Orisá, é o posto mais elevado do ILê; tem a função de iniciar e completar o ato de iniciação dos olorisás.  Iyaegbé/Babaegbé: É a conselheira ou conselheiro responsável pela manutenção da Ordem, Tradição e Hierarquia. Posto somente dado a egbomis muito antigas.  Iyalasé: Mãe do asé, a que distribui o asé. É quem escolhe os Oloyes de acordo com as determinações superiores.

 Iya kekere ou baba kekere: Mãe pequena e Pai pequeno do asé ou da comunidade. Sempre pronta a ajudar e ensinar a todos no Ilê, substituto evenual da Iyá ou Babalorisá.  jibonan: o cargo de jibonã (ji- dar/bí-nascer/onã-caminho — “dá caminho ao nascimento”,é a mãe ou pai /que cria e são responsáveis pela reclusão do iyawo.  Iyamoro: Responsável pelo Ipadê de Esú. Junto com a Agimuda, Agba e Igèna.  Iyaefun/Babaefun: Responsável pela pintura dos Iyawos.  Iyadagan: Auxilia a Iyamoro e vice-versa. Também possui sub-postos Otun-Dagan e Osi-dagan.  Iyabassé: Responsável no preparo dos alimentos sagrados. Todos Olorisás podem auxiliá-la, sendo ela a única responsável por qualquer falha eventual.  Iyarubá: Carrega a esteira para o iniciando. E usa toalha de Orisá no ombro.  Aiyaba Ewe: Responsável em determinados atos em obrigações de “cantar folhas”.  Aiybá: Bate o ejé em grandes obrigações. Tem sub-posto Otun e Osi.  Ològun: Cargo masculino, despacha aos Ebós das grandes obrigações, a preferência é para os filhos de Ogun, depois Odé e Oluwaiyê.  Oloya: Cargo feminino, despacha os Ebós das grandes obrigações, na falta de Ològun. São filhas de Oya.  Mayê: Mexe com as coisas mais secretas do Asé, ligadas a iniciação do Adosú.  Agbeni Oyê: Posto paralelo a Mayê, divide a mesma causa.  Olopondá: Grande responsabilidade na inicição, no âmbito altamente secreto ligado a Osun.  Kólàbá: Responsável pelo Làbá, simbolo de Sângo.  Ajimuda: Ajuda a Yamoro com o Ipadê de Esú. Titulo usado no culto de Oya e Geledé, também é um cargo que cuida da casa de Omolú.  Iyatojuomó: Responsável pelas crianças do Asé.  Iyasíhà Aiyabá: é quem segura o estandarte de Oosaalá.  Sarapegbé: Mensageiro de coisas civis e de awo.  Akòwe: É a Secretária da casa da administração e compras.  Babalossayn: Responsável pela colheita das folhas. Cargo de extrema importância.

 Asogun: Responsável pelos sacrifícios, Ogan de Ogun. Não pode errar. Responsável direto pelos sacrifícios do ínicio ao fim do ato. Soberano nestas obrigações, é quem se comunica com o Orisá para quem se destina a obrigação, transmitindo à Iyalasé as respostas e mandamentos. Deve ser chamado de Pai. E também possui sub-posto Otun e Osi.  Ogalá Tebessê: Dono dos toques, cânticos e danças. Trabalha em conjunto com o Alagbê, possui sub-posto Otun e Osi.  Iyá Tebesê: responsável e porta voz do Orisá patrono da casa.  Alagbê: Responsável pelos toques rituais, alimentação, conservação e preservação dos Ilùs, os instrumentos musicais sagrados. Se um autoridade de outro Asé chegar ao Ilê, o Alagbê, tem de lhe prestar as devidas homenagens “dobrar o Ilù”. Também possui sub-posto Otun e Osi.  Alagbá: Âmbito civil do Axé.  Àjòiè: Camareira do Orisá. O mesmo que Ekédi, Iyárobá e Makota.  Ojuoba: Posto de honra no Ilê Sangô e possui sub-posto Otun e Osi.  Mawo: Grande confiança.  Balógun: Título ligado ao Ilê Ogun.  Alagada: Ogan que cuida das ferramentas de Ogun.  Balóde: Ogan de Odé.  Afikodé: Chefe do Aramefá (6 corpos) ligado ao Ilê Odé.  Ypery: Ogan ou Àjòiè de Odé  Irànsé- iyá responsável pelo ronkó e o iyawo.  Alajopa: Pessoa de Odé, que leva a caça para ele.  Alugbin: Ogan de Osalufan e Osaguian que toca o Il¦ù dedicado a Oosaalá.  Assogbá: Ogan ligado ao Ilê Omolú e cultos de Obaluaiye, Nanã, Egun e Esú.  Alabawy: Pessoa que trabalha na área jurídica e que cuida dos interesses civis do Asé.  Alagbede: Pessoa que trabalha no ramo de ferro e metais e forja as ferramentas do Asé.  Elémòsó: Ogan ou Àjòiè de Osoguian, ligados ao Ilê Oosaalá e toda sua indumentária.

 Oba Odofin: Ligado ao Ilê Oosaalá.  Iwin Dunse: Ligado ao Ilê Oosaalá.  Apokan: Ligado ao Ilê Omolú.  Abogun: Ogan que cultua Ogun.  Iyá Otun / Babá Otun: braço direito do zelador, pessoa de confiança do zelador. Iyá Osí / Babá Osí: braço esquerdo zelador, pessoa de confiança do zelador. Asògbá- Homem responsável pelo quarto de Omolú. Axopí- cargo do Ogan da casa.  Obs: Todos os cargos são intransferíveis, uma vez dado através da confirmação no jogo de Orunmilá e o Orisá da casa, não podem mais serem retirados, os cargos são vitalícios e confirmados em orô interno, só podem serem substituídos na morte da pessoa.Existem cargos transitórios dados pelos zeladores e não estão aqui descritos.

Os Toques no Candomblé

“O som é a primeira relação com o mundo, desde o ventre materno. Abre canais de comunicação que facilitam o tratamento. Além de atingir os movimentos mais primitivos, a música atua como elemento ordenador, que organiza a pessoa internamente” O som é o condutor do Asé do Orisá, é o som do couro e da madeira vibrando que trazem os Orisás e Ancestrais para o nosso mundo, são sinfonias africanas sem partitura.

Os Atabaques, são os principais instrumentos da música do Candomblé, cuja execução é da responsabilidade dos Onilus/Ogãs. São de origem africana, usados em quase todos rituais, típicos do Candomblé. De uso tradicional na música ritual e religiosa, são utilizados para convocar os Orisás e Ancetrais.

O Atabaque maior tem o nome de Hum, o segundo tem o nome de Humpi e o menor tem o nome de Lè. Os atabaques no candomblé são objetos sagrados e renovam anualmente esse Asé. São usados unicamente nas dependências do terreiro, não saem para a rua como os que são usados nos Afoxés, estes são preparados exclusivamente para esse fim. As membranas dos atabaques são feitas com os couros dos animais que são oferecidos aos Orisás: independente da cerimónia que é feita para consagração dos mesmos quando são comprados (o couro que veio da loja geralmente é descartado), só depois de passar pelos rituais é que poderão ser usados no terreiro. Os atabaques do candomblé só podem ser tocados pelo Alagbê (nação Ketu), Xicarangoma (nações Angola e Congo) e Runtó (nação Jeje) que é o responsável pelo Hum (o atabaque maior), e pelos Ogãs nos atabaques menores sob o seu comando. É o Alagbê que começa o toque, e é através do seu desempenho no Hum que o Orisá vai executar a sua coreografia de dança, sempre acompanhando o floreio do Hum. O Hum é que comanda o Humpi e o Le. O Agogô, tocado para marcar o Candomblé, também de tradição Alaketu, chama-se Gan. As Varetas usadas para tocar o Candomblé nos Atabaques, chamam-se Aguidavis. Também se utiliza ainda o Xequerê. Nomes dos Toques dos Orisás na Nação Ketu: ADABI – Bater para nascer é seu significado. Ritmo sincopado dedicado a Esú. ADARRUM – Ritmo invocatório de todos os Orisás. Rápido, forte e contínuo marcado junto com o Agôgô. Pode ser acompanhado de canto especialmente para Ogun. AGUERE – Em Yorubá significa “lentidão”. Ritmo cadenciado para Oxóssi com andamento mais rápido para Iansã. Quando executado para Iansã é chamado de “quebra-pratos” ALUJÁ – Significa orifício ou perfuração. Toque rápido com características guerreiras. É dedicado a meu Pai Sangô.

BRAVUM – Dedicado a Osumaré .Ritmo marcado por golpes fortes do Hun. HUNTÓ ou RUNTÓ – Ritmo de origem Fon executado para Osumaré. Pode ser executado com cânticos para Obaluaiê e Sangô IGBIN – Significa Caracol. Execução lenta com batidas fortes. Descreve a viagem de um Ancião. É dedicada a Osalufã. IJESA – Ritmo cadenciado tocado só com as mãos. É dedicado a Osun quando sua execução é só instrumental. ILU – Termo da língua Yorubá que também significa atabaque ou tambor BATA – Batá significa tambor para culto de Egun e Sangô . Ritmo cadenciado especialmente para Sangô. Pode ser tocado para outros Orisás. Tocado com as mãos. KORIN- EWE – Originário de Irawo, cidade onde é cultuado Ossain na Nigéria. O seu significado é “Canção das Folhas”. OGUELE – Ritmo atribuído a Obá. Executado com cânticos para Ewá. OPANIJE – Dedicado a Obaluaiê, Onile e Sapanã. Andamento lento marcado por batidas fortes do Hun. Significa “o que mata e come” SATÓ – A sua execução lembra o ritmo Bata com um andamento mais rápido e marcado pelas batidas do Hun. Dedicado a Osumaré , Nanã e toda a família Karejegbe. Significa a manifestação de algo sagrado. TONIBOBÉ – Pedir e adorar com justiça é o seu significado. Tocado para Sangô

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