Eu queria ser manancial de onde brote abundantemente a água, ainda que os homens teimem em manter-me oculta pelas fragas que me abraçaram inquietas, (os egoísmos), impedindo-me de ser fonte clara e límpida para
Eu queria ser seixo adormecido no fundo do rio onde banhas os teus sentimentos, para que naqueles dias em que a corrente do desânimo seja demasiado forte, eu possa erguer junto a outros seixos (os filhos) do Pai, um muro de murmúrios orantes, e assim nenhuma força da dor te arrastará pelos vales até ao oceano da morte
Eu queria ser andorinha que voa mergulhando nos teus braços de Filho e Filha amados do Pai, e ali construir eternamente um ninho para abrigar os teus sofrimentos
Eu queria ser pão que alimenta a tua fome, e ser repartido pelas tuas mãos abençoadas pelo toque do Espírito Santo, para que na mesa do Pai ainda sobre algumas migalhas de Pão para os famintos esquecidos
Eu queria ser o azeite da lâmpada do teu Sacrário, para que a luz que dela irradiar seja aquela que precisas para encontrar o teu caminho
Eu queria ser o teu silêncio, para que pudesse escutar finalmente o teu grito nele adormecido, esse grito que ecoa na tua e na minha alma e que me chama de Irmão.
Eu queria ofertar-te a oração mais bela que existe na alma, mas apenas sei orar, “Abba …Paizinho” por ti e por mim.
Eu queria ir ter aí contigo, abraçar-te e deixar-me abraçar por ti amado e amada do Pai, mas preciso que abras os teus braços para me acolher
Eu queria ser os teus olhos e olhar junto contigo essa Cruz que te olha também, e que tocou um dia a tua, a minha humanidade e fez de nós filhos e filhas libertos para o AMOR
“ Porém, temos este tesouro em vasos de barro, para que transpareça claramente que este poder extraordinário provém de Deus e não de nós.” II Cor 4,7