"Recorda-te que tu és pó, e ao pó voltarás" (cf. Gn 3, 19). Estas palavras, tiradas do Livro do Génesis, lembram a caducidade da existência e convidam a considerar a vaidade de cada projecto terrestre, quando o homem nAs cinzas simbolizam dor morte e penitência. Devemos assim,
mais uma vez, esforçarmo-nos para compreender o significado profundo das cinzas que recebemos. É um tempo de exame das nossas acções actuais e pretéritas, tendo em vista viver com a firme esperança de que o futuro nas mãos de Deus se encontra.ão fundamenta a sua esperança no Senhor.
MARIANA ALCOFORADO
Podemos concluir que as Cartas Portugueses, escritas por Madre Mariana Vaz Alcoforado, estão repletas de elementos que nos fazem perceber a literariedade na obra, é caso das metáforas, metonímias e hipérboles. O tema central, o amor, é outra característica que concede literariedade à obra. Esse tema universal favorece a função sinfronismo da literatura, em virtude do facilitamento da catarse gerada no leitor. Foi verdadeiramente uma satisfação ter sido “apresentado” à Madre Alcoforado, que mesmo sem ter intenção, gravou definitivamente o seu nome no mundo das letras; tendo sido a primeira mulher a ter o nome citado dentre os autores portugueses . Agora só cabe, mesmo que figuradamente, agradecer e parabenizar, a corajosa e destemida Madre que foi “...poeta – sonhou – e amou na vida” . Como nos mostra o professor Nicola, o Barroco é traspassado por figuras de linguagem como a metáfora , a antítese ,a hipérbole , a alegoria , dentre outras.
Se pensarmos na vida de Mariana Alcoforado, veremos que os ideais de dúvida e culto do contraste que sustentam o Barroco, habitam o seu consciente e inconsciente. Uma freira que amava um homem certamente vivia um dilema entre o amor carnal e o amor espiritual. Muito provavelmente esses sentimentos contraditórios se digladiavam causando dor e incerteza no interior atormentado de Madre Alcoforado a quinta e última carta apresenta a total transformação sofrida pela jovem, que não só não acredita mais neste amor, como, também, está determinada a esquecê-lo. Este capítulo representa a determinação de um rompimento definitivo da moça com o seu passado. Nesse intuito, ela se torna agressiva, em vez de amorosa como antes. Passa a desfazer do antigo amante, na tentativa de se convencer de que ele nada vale. Há uma gradação no comportamento da jovem, que inicia pedindo para ser amada; após, pede compaixão; em seguida, afirma ver o seu amor aumentar, demonstrando que está no limite; continua, afirmando não ousar pedir-lhe mais nada; e, finalmente, rompe em definitivo com qualquer possibilidade de esperança para o seu amor.