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A liturgia de hoje revela-nos que Deus chama sempre as pessoas para serem a sua VOZ no meio do Povo, na realização dos seus planos de salvação. Não interessa se essas pessoas são frágeis e limitadas. A força de Deus revela-se através da fraqueza e da fragilidade desses instrumentos humanos que Deus escolhe e envia.
A 1ªLeitura apresenta a vocação do Profeta Ezequiel. (Ez 2, 2-5)
Deus chama um homem comum, com os seus limites e fragilidades, para ser a sua "Voz" ao povo exilado na Babilônia, considerado "de cabeça dura". O resultado não dependia das suas qualidades, mas da força da Palavra de Deus, que ele transmitiu fielmente. Mas como sempre, Ezequiel não foi ouvido.
* O texto mostra elementos da história de uma vocação: - A Vocação profética é sempre uma iniciativa de Deus, não uma escolha do homem; - O Chamamento é dirigido a um homem, mesmo frágil e limitado; - O Profeta torna-se a "Voz" de Deus no meio do povo...
Na 2a Leitura, São Paulo reconhece e assume a sua fraqueza: (2 Cor 12, 7-10) "Para que não me ensoberbecesse, foi espetado na minha carne um espinho... Roguei três vezes ao Senhor que o afastasse de mim. Mas o Senhor me disse: Basta-te a minha graça". * O importante não são as qualidades extraordinárias do profeta. A força de Deus manifesta-se sempre através de instrumentos fracos.
No Evangelho, Jesus volta à sua cidade de Nazaré. (Mc 6, 1-6)
- O Povo admira-se pela sabedoria… pelos milagres… e, perplexo, pergunta-se: "Quem é esse homem? Não é ele o carpinteiro, o filho de Maria?" - Este Jesus não podia ser o Messias esperado. Eles esperavam um guerreiro como Davi, sábio como Salomão. Não um humilde carpinteiro. Eles conheciam-o muito bem: o carpinteiro, filho de Maria, não poderia ser o enviado de Deus…
- Os conterrâneos rejeitam Jesus por ser um homem comum do povo. Até os próprios parentes não aderiram à sua mensagem. Preferiram renunciar a Deus, mas não à imagem que dele tinham construído. - E JESUS, decepcionado, concluiu: "Um Profeta não é estimado em sua pátria". - Apesar da incompreensão de seus concidadãos, Jesus continuou, em absoluta fidelidade os planos do Pai...
+ Quem é Profeta?
- "Profeta" não é o encarregado de fazer milagres e de prever o futuro. Deus espera dele uma coisa: que transmita a sua Palavra. Deus não tem boca e serve-se da boca de alguém para ser a sua "Voz".
- Onde estão eles? Todos os Batizados foram ungidos como profetas com uma missão a cumprir.
Como desempenhar a missão de Profeta? - Ele deve estar em comunhão com Deus e atento à realidade humana. E intervém, em nome de Deus, para denunciar, para avisar, para corrigir. - A denúncia profética implica, muitas vezes, a perseguição, o sofrimento, a marginalização e, em muitos casos, a própria morte... - Normalmente, Deus não se manifesta na força, no poder, nas qualidades que os homens admiram tanto.
Ele vem ao nosso encontro na fraqueza, na simplicidade, nas pessoas mais humildes e despretensiosas... As nossas limitações humanas não podem servir de desculpa para não realizar a missão que Deus nos confia. Se ele nos pede um serviço, também nos dará a força para superar os nossos limites e para cumprir o que nos pede.
+ Jesus não fez milagres em Nazaré? Por que? "Pela falta de fé dos seus concidadãos.“ - Hoje será diferente? Afirma-se: "Santo de casa não faz milagre". - Por que será? - Pessoas, ignoradas ou rejeitadas na própria terra, lá fora fizeram grande sucesso... Por que será? A Liturgia de hoje nos apresenta três exemplos bonitos: Ezequiel, São Paulo e Jesus. Diante das dificuldades, nenhum desistiu. Lutaram e venceram.
+ Qual a nossa atitude? - Diante das contrariedades, desanimamos e largamos tudo? -Valorizamos ou rejeitamos as pessoas que atuam com dedicação em nossa comunidade? - Como acolhemos os que vêm até nós, como a “Voz” de Deus? Façamos a nossa profissão de fé, não apenas em Deus, mas também nas pessoas com quem convivemos… E veremos que os “Santos de casa” também farão milagres… Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa CS - 09.07.2006