Lado Escuro Da Lua - Capitulo 5

  • June 2020
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  • Words: 4,472
  • Pages: 10
Nota da autora Me desculpe pelo atraso, mas os próximos três capítulos devem vir bem mais rápido. Sim, três... O sofrimento de Edward é longo e doloroso… Eu espero que vocês consigam agüentá-lo. Inspiração musical… With or Without You do U2 e The Reason do Hoobastank. Sim, eu sou bem eclética quando se trata de música, eu sei. Obrigada a todos vocês que choraram, suspiraram e comentaram. Eu vou escrever “O Fim”, mas depois eu vou precisar de uma pausa (e provavelmente algumas sessões com um psiquiatra).

Separação Eu estacionei o mesmo Volvo, na mesma vaga, no mesmo estacionamento de ontem. Nada parecia diferente de apenas vinte e quatro horas atrás, mas tudo estava mudado. As coisas haviam sido tão diferentes, tão inocentes. Se eu simplesmente tivesse aceitado o desejo de Bella, deixando-a ter o aniversário calmo que ela queria, talvez... Mas não, isso teria acontecido mais cedo ou mais tarde. Eu tive sorte que Bella saiu daquela festa desastrosa somente com alguns pontos e não morta. O déjà vu continuou à medida que Bella se aproximava de mim, embora hoje seu rosto não demonstrasse ansiedade. Eu sabia que ela estava me encarando, tentando decifrar qual era meu humor. Quando seu pulso acelerou, eu fiquei tentado a ver qual emoção seu rosto mostrava, mas eu desviei o olhar. Não, seus sentimentos, seus pensamentos, não eram mais minha preocupação - e sim somente sua segurança. Enquanto eu abria a porta, dei uma olhada no seu braço machucado que estava escondido debaixo de camadas de tecido, ninguém mais saberia o que eu havia feito a ela. “Como você está?” eu perguntei, sem perceber o quanto essa pergunta era perigosa. “Ótima,” ela disse, quase cuspindo a palavra em mim. Ela bateu a porta da picape enquanto eu pegava sua mochila. Sem uma palavra nós fomos para a classe. Ainda que eu tivesse receado ter que conversar com Bella, seu silêncio era infinitamente pior. E sua irritação era palpável. Embora minha garganta estivesse queimando mais do que o inferno, eu tremi. Pela primeira vez em toda minha vida imortal eu senti frio. Eu merecia seu silêncio, e não tinha nenhuma intenção de quebrá-lo, mas isso era uma barreira entre nós, uma barreira há muito esquecida. Esse primeiro obstáculo tinha sido superado tão facilmente – mas esse não podia. Ele tinha que durar para sempre, me separando de seu calor. Eu deveria ser frio – era o que eu merecia.

O lado escuro da lua – Escrito por Blondie aka Robin – Traduzido por nnfarias e beatrice_sudoski

Mas eu continuava lutando contra a verdade. Eu ansiava para sentir seu calor contra mim, sabendo que com um único beijo eu a deslumbraria e ela sairia desse mau humor. Eu abri a porta para nossa primeira aula, e quando ela passou, seu calor me inundou. Minha mão se levantou, quase tocando suas costas, mas eu parei bem a tempo, colocando meu pulso traidor no bolso. Não. Se ela estivesse pronta para se libertar de mim, melhor ainda. O humor de Bella não melhorou a manhã toda. Eu mantive meus olhos distantes, fingindo estar ocupado prestando atenção em qualquer professor que estivesse na nossa frente, mas me concentrando na minha visão periférica. Eu estava me enganando, pensando que eu a estava ignorando; e eu acho que ela sabia. Bella não parava de se remexer na cadeira, olhando o relógio ou ajustando as mangas. Quando eu perguntei sobre seu braço, ela tentou se livrar de mim, não querendo falar, assim como eu. Ela parecia distraída, tão desinteressada nas aulas quanto eu. Pare de prestar atenção nela... Enquanto eu a acompanhava até a quadra, eu lhe entreguei um pedaço de papel. Eu havia falsificado a letra de Carlisle e feito um atestado para a educação física. “Pegue,” eu disse sem olhar para ela. Bella pegou o papel sem uma palavra, cuidando para não tocar na minha pele. O circulo agora estava completo, eu percebi, lembrando daquele primeiro toque na aula de Biologia no passado. Aquela vez eu tinha evitado seu toque, agora ela evitava o meu. Ela era tão perceptiva, mas será que ela estava consciente de que eu estava lentamente dizendo adeus? Nossa conversa mais longa foi no almoço quando Bella me perguntou sobre o paradeiro de Alice. Quando ela ouviu que Alice tinha ido embora, seu rosto se contorceu em uma expressão de vergonha e mágoa. Minha decisão era testada mais uma vez – eu queria tanto colocar meu braço ao seu redor e confortá-la – dizer que tudo ficaria bem, mas é claro que não ficaria. Eu não podia segurá-la – no momento em que eu colocasse meus braços ao seu redor, eu não iria querer soltá-la. Ela tinha que ter sua vida, segura longe de mim. Era a única coisa certa a se feita. A última aula do dia foi a mais difícil, uma das únicas que eu não tinha com Bella. Eu passei à hora tentando me forçar a imaginar as palavras que eu diria, o último adeus. Quando eu me imaginava indo embora pela última vez, um novo pensamento surgiu em meio à agonia. O que eu faria assim que eu fosse embora? Para onde eu iria? Para muito longe... Minha mente se voltou para a classe de Bella, esperando conseguir um olhar de segunda mão para ela, e eu me contive mais uma vez. Não importa o quão longe eu fosse, ela sempre seria o centro de meu mundo, constantemente me chamando de volta. O que conseguiria me fazer parar de pensar nela? Finalmente o sinal tocou, acabando com a tortura.

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Eu encontrei Bella do lado de fora da sala, e nós andamos silenciosamente na direção de sua picape. Seu humor tinha mudado, talvez para frustração? Sem perguntar, eu nunca iria saber. Eu meio que esperava que ela me repreendesse, lembrando de uma vaga promessa que eu havia feito há tanto tempo atrás... “... me avise da próxima vez que você for me ignorar, para o meu próprio bem...” Naquela hora, eu havia achado o pedido engraçado, na verdade feliz, por que ela não gostava de não ter minha atenção. Essa era apenas mais uma das muitas promessas que eu quebrei, e que eu ainda quebraria. Mas eu nunca tinha prometido que iria ficar indefinidamente... “Eu vou ficar enquanto você precisar de mim,” eu dissera. Claramente ela não precisava que eu a machucasse mais ainda. Ela não precisava que eu a matasse. Quando nos chegamos à picape, foi ela quem interrompeu nosso silêncio. “Você vai aparecer mais tarde hoje à noite?” ela perguntou. Seu tom era cheio de certeza. Eu deveria saber por que ela não esperava que eu a seguisse até sua casa, mas eu não podia entender a mudança na sua rotina. O que ela iria fazer hoje a tarde sozinha? Eu tentei me lembrar do que havia de especial hoje, mesmo que isso não importasse. “Mais tarde?” “Eu tenho que trabalhar. Preciso compensar a Sra. Newton por ter faltado ontem.” Ela parecia orgulhosa de ter me pego desprevenido. “Oh,” foi tudo em que eu consegui pensar para dizer. Eu tinha planejado passar à tarde fazendo lição de casa, que era um desperdício de grafite e de papel, na mesa da cozinha com ela. Depois eu iria deixá-la antes do jantar, avançando mais um passo em minha despedida estendida. Hoje á noite ela iria dormir sozinha. Bella ter que trabalhar era somente um desvio secundário em meu plano. Adaptação era somente mais dos pontos fortes de minha espécie, então eu deveria conseguir lidar com uma mudança tão trivial e dizer adeus pelo dia agora, e não depois. Porém, respirar se tornou mais difícil com esse pensamento. “Então, você vai quando eu estiver em casa, não vai?” Não, eu te vejo amanhã. Isso era o que eu deveria dizer. Que diferença algumas horas fariam? Mas restavam tão poucos minutos, como eu poderia desistir de uma hora? Eu me perguntava se ela conseguiria ouvir a fraqueza em minha resposta. “Se você quiser que eu vá.” “Eu sempre quero,” ela disse com tanta convicção que eu tive que me esforçar para manter meu rosto sem expressão nenhuma. Eu sempre quero. “Tudo bem, então,” eu respondi friamente, e ajudei-a entrar em na picape. Assim como em cada despedida, o desejo de beijá-la me dominou, mas eu evitei seus lábios do

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mesmo modo como eu tinha feito pela manhã. Sua testa estava quente, e mechas de cabelo formavam uma fina cortina entre sua pele e meus lábios. Meus olhos se fecharam automaticamente, me desligando do mundo ao redor enquanto eu saboreava esse momento de intimidade. Surpreendentemente, minha sede não estava lá, e meus lábios foram à única coisa que se aqueceu com o beijo. Eu fui para meu carro, lutando para olhar á frente, recusando-me a vê-la ir embora. Porém, o som de sua picape não podia ser ignorado, e eu ouvi o freio ranger enquanto ela se preparava para sair do estacionamento. Os pensamentos que zumbiam ao meu redor se perderam no barulho de trovão que já desaparecia, à medida que ela ia embora para cidade. Minhas mãos pararam no teto do carro enquanto eu ouvia o som desaparecer no vazio. Edward parece pior ainda do que no almoço. O que será que aconteceu? Parece que ele perdeu alguém muito querido. A preocupação gentil de Angela Weber era mais próxima da verdade do que ela podia imaginar. Ela sorriu amigavelmente enquanto passava, e eu acenei para ela antes de entrar no meu carro. Mas não era Bella que estava morrendo, era eu. O estacionamento estava quase vazio, mas eu não liguei o carro. Aonde eu iria? Eu não conseguiria agüentar ficar sentado na parte de fora da loja dos Newtons e ouvir os pensamentos do meu mais provável sucessor, mas meus ouvidos clamavam pela voz de Bella novamente. Eu liguei o som, tentando encontrar alguma distração. A música que eu havia escolhido enquanto saía essa manhã encheu o carro: o Réquiem de Mozart. Se eu não consigo preencher nem essas poucas horas longe de Bella, como eu vou conseguir ficar dias, semanas, e décadas longe dela? Meu coração se transformou em uma pesada pedra dentro do meu peito enquanto eu pensava no meu futuro. Tinha que haver alguma coisa que eu pudesse fazer para diminuir meu fardo, mesmo que só por pouco tempo. Eu estava tão perdido em meus próprios pensamentos que quando a porta do passageiro abriu, eu pulei. “Uau! Eu consegui assustar o Edward. Tirem uma foto!” Emmett disse enquanto sentava no banco do meu lado. “O que você está fazendo aqui?” Emmett era a última pessoa que eu esperaria que fosse ficar me perturbando – eu não conseguia acreditar que Rosalie tinha perdido ele de vista. “Ah, vai! A gente sempre fazia alguma coisa juntos quando a Bella está trabalhando.” Ele lembrava com carinho do tempo que nós passamos juntos sem ninguém, e queria passar mais tempo comigo. A perspectiva de diversão não aliviou minha ansiedade.

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“Olha, foi você quem escolheu se esconder. Eu fiquei surpreso que Rosalie não te deixou ocupado planejando a próxima excursão de vocês.” Minhas palavras saíram mais ásperas do que eu pretendia. Me desculpa por não estar por perto, Edward... Eu senti muito a sua falta. Seu arrependimento era genuíno, e me fez sentir remorso. “Não, eu é que deveria me desculpar. Eu sempre me ressenti por causa do jeito que Rosalie tem você na palma da mão, mas eu acho que posso entender.” O centro do meu universo também era uma mulher. Os riscos de se apaixonar, ele pensou, e eu olhei para longe, o peso em meu peito se tornando insuportável. “Então, o que a gente tá fazendo, sentado aqui ouvindo essa música de enterro? Vamos achar alguma coisa divertida para fazer antes que eu tenha que ir embora.” Então isso era uma pausa antes que Rosalie roubasse meu irmão e o levasse para longe de novo. “Aonde vocês vão dessa vez – África de novo?” eu tentei demonstrar algum entusiasmo com a pergunta. “Não, Nova York, eu acho. Nós vamos ficar com vocês e ajudar a arrumar a casa nova. Rosalie está ajudando Esme a escolher as cores... para roupas de cama, toalhas, cortinas, ou alguma coisa assim.” Como se alguém ligasse para se as paredes vão ser creme, off-white ou baunilha. “Você é um imbecil tão insensível, Em. Você não sabe que a cor favorita de Esme é amêndoa-clara?” Mas minha tentativa de provocá-lo saiu errada. Me dói te ver tão triste, mano. Tem alguma coisa que eu posso fazer pra te ajudar? Eu suspirei, soprando ar frio em cima do volante. “Não, eu acho que não há. Sem ela não existe alegria para mim. Eu não sei o que eu vou fazer depois de deixá-la.” Eu vou te ajudar, Edward, eu prometo. Nós vamos achar algo prá manter sua mente longe dela. Perplexo, eu olhei para o meu irmão. “Você não está tentando me convencer a ficar?” Ele resmungou. “Eu te disse que eu iria apoiar sua decisão, não disse? Então eu vou. Você está tentando proteger Bella do melhor jeito que você conseguir. Eu faria o mesmo por Rosalie, não importa o que Esme e Alice, ou até mesmo você diga. Eu não vou para África por que eu quero – você sabe disso. Mas eu vivo para ela, eu vivo por causa dela. Eu só queria que você pudesse ter a mesma felicidade.”

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“Você não acha que eu deveria transformar Bella?” “Seria muito mais fácil se você fizesse isso... mas o que eu acho não importa, importa?” Eu não conseguia falar. Emmett realmente entendia, e por um breve momento o clima ficou mais leve. Ele se moveu e começou a mexer no rádio, precisando de algo para melhorar o humor. É lógico que a caça na África é demais. Você ia amar um leopardo. Eles são um desafio para perseguir. O som do rap encheu o carro, e eu gemi. “Isto não está ajudando, Emmett.” As palavras sem sentido e o ritmo pulsante do baixo eram suficientes para dar uma dor de cabeça em um imortal. Cada um dos seus dentes brancos mortíferos apareceram enquanto ele sorria de orelha a orelha. “Eu aposto que você não esta pensando nela agora,” ele praticamente gritou, colocando a mão no botão do volume. Eu dei um tapa na sua mão e desliguei a música. “Não...” E o que você vai fazer para me impedir? Ele cruzou os braços com um sorriso convencido no rosto. Sua tentativa de me distrair quase funcionou, e eu tive que admitir que nem tudo sobre ser um vampiro era uma maldição. Eu nunca teria um irmão, muito menos um tão leal quanto Emmett, se Carlisle não tive me tornado imortal. “Eu reconheço o que você está tentando fazer, Em.... e obrigado. Mas eu acho que não serei uma boa companhia.” Ele não deveria sofrer comigo. Nem mesmo por pouco tempo? Nós vamos pegar o avião daqui algumas horas... “Não, você pode ir e ser divertir. Eu vou ficar bem,” eu menti. Seu rosto ficou abatido, e ele abriu a porta. Não, eu não acho que você vai ficar bem, Edward. Eu espero te ver em breve. Na sua mente, era claro que ele não esperava realmente me ver tão cedo... talvez nunca mais. Apesar de seu temperamento, ás vezes Emmett tinha uma percepção muito clara das coisas. “Adeus, Em,” eu disse tranquilamente. Ele estava certo, eu não iria desfrutar da companhia dele em breve, talvez nunca mais. Eu liguei o carro, sem saber para onde eu estava indo, relembrando as palavras de Emmett. Talvez a África fosse um bom lugar para recomeçar – era o

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mais longe possível de Forks. Embora eu duvidasse que perseguir um leopardo seria tão difícil para mim. Rastrear… a palavra me trouxe de volta lembranças desagradáveis. O último rastreador que eu encontrei havia tentado tirar Bella de mim, e eu ainda lamentava o fato que não havia sido eu quem tinha arrancado a cabeça dele fora. Seus outros companheiros fugiram; Laurent antes da luta começar e Victoria depois que tudo terminou. Ela foi leal a James até o fim. Ela era tão cruel quanto ele. Victoria ainda estava por ai, em algum lugar caçando humanos. Era discutível se por muitos anos ela voltaria para esta parte do país – nômades fogem de serem expostos, tomando apenas um pouco de cuidado para encobrir seus assassinatos. Sabendo que esta área havia sido reivindicada pela nossa família seria o suficiente para impedir uma vampira sozinha como Victoria de se aventurar aqui de novo. Mas ela encontraria novas vítimas, e pelo que eu sabia de suas memórias, ela seria brutal com elas. Quando me dei conta eu já havia estacionado em frente à casa de Bella, e eu percebi que eu havia achado minha distração. Caçar Vitória seria a única coisa capaz de manter minha mente longe de Bella. Talvez... Olhando para a pequena casa, para as velhas cortinas de renda de uma janela em particular, todos os meus pensamentos sumiram. Eu podia lembrar de cada vez que eu havia escalado a parede e aberto a janela, entrando no único céu que eu conheci. Eu liguei o CD de novo, tentando encontrar algum alívio nas minhas memórias. Ainda bem que Charlie chegou em casa cedo, e me convidou para entrar. “Bella estará em casa logo,” ele disse olhando no relógio. “Você está com fome?” Eu apenas encolhi os ombros e o segui para dentro da casa. Nós trocamos algumas palavras sobre minhas aulas e o dia calmo que ele teve na delegacia. Todo o tempo, eu era bombardeado com imagens e tentações do passado. A casa trazia o perfume de Bella nas paredes, no piso, na sua essência, e o cheiro inflamava minha garganta como sempre. Nós sentamos na cozinha – o lugar onde eu a assistia viver. Eu me lembrei do prazer que aparecia em seu rosto quando ela provava a comida; como ela ficava corada quando nossas mãos se tocavam enquanto nós lavávamos a louça; e o sentimento de pura alegria que eu sentia todas ás vezes que ela me cumprimentava na porta de trás, seus olhos castanhos cheios de adoração. Era errado eu estar aqui, esperando por ela, mas este era outro pedaço do meu amor que eu iria destruir essa noite. Ela não me veria novamente. Sua vida pertenceria somente a ela, livre do mundo mau que eu carregava como uma segunda pele. Charlie não estava consciente do meu estado, e me serviu uma fatia de pizza fria enquanto nós esperávamos por Bella. Na verdade eu tive que engolir alguns pedaços quando ele me olhou curiosamente. Eu não tinha jantado sozinho com ele antes, e parecia que ele estava

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surpreso com a minha falta de entusiasmo pela comida. Embora eu não pudesse estar completamente seguro, a obscuridade de seus pensamentos era apenas outro lembrete do mistério da mente de Bella. Tudo neste lugar me levava de volta para ela. Por sorte, o jantar não durou muito, e nós fomos para a sala. Enquanto nós passávamos pelas escadas que iam para o quarto de Bella eu não conseguia fazer com que minhas memórias parassem de me torturar. Na minha mente ela vinha descendo as escadas, totalmente maravilhosa, usando minha blusa azul favorita, literalmente caindo em meus braços como uma pena. Eu empurrei para longe essa imagem, antes que isso pudesse continuar... Eu sentei na poltrona – o lugar de sempre de Charlie – mas ele não reclamou. Bella chegaria em casa logo, e se eu estivesse no sofá ela sentaria do meu lado, testando minha decisão de novo. Charlie ligou a TV no canal de esportes e prestou atenção nos resultados que eram exibidos na tela. Ele estava comentando algo sobre o aquecimento dos Mariners quando eu ouvi a picape. Ela estava em casa. Ela correu pelo jardim, seus passos uma batida suave no caminho. A porta bateu na parede quando ela entrou. “Pai, Edward?” ela chamou, sua voz desesperada. Quando eu percebi o som, eu mordi o interior do meus lábios. Mas era responsabilidade de Charlie cuidar dela – eu não podia mais preencher esse papel. “Aqui,” Charlie respondeu, não percebendo a urgência dela. Ela apareceu, examinando a sala com seus olhos preocupados. Ela se acalmou quando me viu, mas eu não encontrei o seu olhar. “Oi,” ela disse timidamente. Eu não me movi, com medo de responder e perder a batalha contra o meu corpo que estava desesperado para saltar e abraçá-la. Uma ponta de preocupação passou pela mente de Charlie, mas ele nem sequer olhou para mim. “Ei, Bella. Nós acabamos de comer pizza fria. Eu acho que ainda está na mesa.” “Tudo bem,” ela disse, eu senti seus olhos ainda em mim. Ela não se moveu, esperando que eu a cumprimentasse. Eu tinha que dizer alguma coisa. Eu olhei para ela e sorri, lembrando da minha educação. “Vou logo depois de você,” eu disse, e olhei para longe. Outra mentira – eu não iria sair da poltrona que eu estava até a hora de ir embora. Ela percebeu minha mentira e me encarou, imóvel. Finalmente, ela se virou e foi para a cozinha, rasgando outra pequena parte do meu coração no momento que ela fez isso.

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A cadeira arranhou o linóleo quando ela puxou-a e sentou-se. Eu não podia vê-la, mas eu podia ouvir cada movimento seu. Charlie me perguntou alguma coisa sobre os números do jogo da TV, e eu respondi sem prestar muita atenção. Bella estava na cozinha, apenas sentada. Eu não tinha ouvido o barulho da caixa de pizza sendo aberta, nem o cheiro forte e repugnante de peperoni. Sua respiração era difícil e seu coração estava acelerado. No que será que ela estava pensando? Eu cruzava e descruzava minhas pernas, lutando contra o desejo de ir até ela, mas por fim ela se acalmou. Seja o que for que a estava incomodando deve ter se resolvido sozinho. Ela era forte, ela iria se curar. Eu ouvi barulho na cozinha, e esperava que ela tivesse finalmente pegado algo para comer. Enquanto eu me ajeitava na poltrona de novo, desejando que eu tivesse a mesma capacidade de me recuperar, seu pulso acelerou novamente. Eu fiquei tenso, mas ela subiu as escadas correndo para o quarto dela. Eu vi seu rosto de relance enquanto ela corria e tudo que eu pude ver foi determinação. O barulho que eu ouvi a seguir deveria ter me surpreendido, mas o clique da câmera era apenas uma das muitas reações imprevisíveis de Bella. Pelo menos algo bom havia saído dos presentes de aniversário que ela havia ganhado. Eu estava começando a pensar que eu teria que subir para dizer boa noite quando ela desceu as escadas, muito mais devagar dessa vez. Foi a câmera que apareceu primeiro, enquanto Bella tirava outra foto. Eu não reagi, mas ela tinha toda a minha atenção. Ela insistiu para que eu tirasse uma foto dela com seu pai, e eu comecei a suspeitar. Bella não era do tipo sentimental, por que esse súbito interesse em preservar o momento? Charlie ser voluntariou para tirar uma foto de nós dois, e eu toquei seu ombro levemente posando para a foto. Ela me abraçou forte, e eu me perguntei se ela havia descoberto meu plano de ir embora. Será que Alice encontrou-a no trabalho? Eu forcei meus lábios em um sorriso vazio quando a câmera disparou. Ainda bem que Charlie pôs um ponto final na sessão de fotos e eu sentei novamente na poltrona. Apenas mais uns minutos e eu iria embora. Eu mantinha os olhos na TV e longe da escada a apenas alguns metros. Ela se sentou no chão perto de mim, sua respiração era difícil. Não havia cheiro de lágrimas, portanto ela não poderia estar chorando – o que a estava deixando perturbada? Era eu, claro. Fosse medo, raiva, ou apenas frustração, tinha que ser minha presença o que causava tanto desconforto. Eu tinha que ir embora.

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A visão dela no chão, curvada como uma bola me arrasava. Ela era tão pequena, tão vulnerável e estava tremendo. Por que eu estava fazendo-a passar por isso? “É melhor eu ir para casa,” eu disse, esperando que ela ficasse aliviada. “Tchau”, Charlie disse sem tirar os olhos da TV. Bella lentamente se colocou de pé, se apoiando no sofá para manter o equilíbrio. Era difícil resistir ao desejo de ajudá-la, mas quando ela conseguiu ficar de pé, eu sai pela porta da frente. Fui direto para o meu carro, enquanto ela lutava para me acompanhar. “Você vai ficar?” ela perguntou, mas seu tom deprimido me disse qual resposta ela esperava. Por mais que eu tivesse esperado que ela quisesse que eu fosse, era claro que o contrário era verdade. Mas desta vez eu não seria um covarde. “Esta noite não.” Nem nunca mais. A chuva começou a cair junto com as minha palavras, provendo as lágrimas que eu não podia chorar. Bella não fez nenhum movimento para me tocar, ao invés disso ela ficou imóvel, seus braços cruzados sobre o peito. Ela conteve todas suas emoções, do mesmo modo que eu havia feito, apenas olhando enquanto eu entrava no carro e ia embora. Eu tentei não olhar pelo espelho, mas eu não pude resistir. Bella permaneceu parada na chuva até não conseguir mais me ver, implorando silenciosamente para eu retornasse para o seu lado. Poucas das minhas noites foram passadas longe dela; eu a havia deixado apenas para ir caçar. Apenas o pensamento que eu passaria esta noite sozinho, sem o som do seu coração para me confortar, trouxe o aperto de volta para minha garganta. Tinha que ser desse modo – ela tinha que estar segura… Bella não me deixaria ir facilmente, e eu teria que esconder os meus sentimentos dela se eu quisesse convencê-la a viver sua vida sem mim. Contudo essa era a tarefa de amanhã, por que esta noite eu ia enfrentar meu pai.

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