Justificativa Do Projeto Povo Xavante

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO - UNEMAT Campus Universitário de Nova Xavantina/MT Departamento de Biologia PROJETO: POVO XAVANTE - EDUCAÇÃO, CULTURA E MEIO AMBIENTE

Nova Xavantina-MT., 20 de Maio de 2005.

JUSTIFICATIVA DO PROJETO POVO XAVANTE: EDUCAÇÃO, CULTURA E MEIO AMBIENTE E SOLICITAÇÃO DE CONTINUIDADE

O Projeto Povo Xavante: Educação, Cultura e Meio Ambiente teve sua aprovação no primeiro semestre de 2004 e seu início no mês de junho daquele mesmo ano, tendo como Coordenador o Professor MSc. Perillo José Sabino Nunes, lotado no Departamento de Biologia; e como Colaboradora a Professora Especialista Giselma Dias da Cunha, lotada no Departamento de Turismo, ambos do Campus Universitário da UNEMAT, em Nova Xavantina. Posteriormente, a Professora Giselma Dias da Cunha foi substituída pela Professora MSc. Clarissa Fernandes-Bulhão, lotada no Departamento de Biologia. Os bolsistas, selecionados através de teste seletivo aberto a toda comunidade acadêmica foram os alunos: Aislan da Silva Gomes e Amanda Lacerda Galler, ambos do Curso de Turismo deste Campus Universitário. O Projeto tem como objetivo geral, discutir as relações do povo de etnia Xavante sediado nos municípios de Nova Xavantina e Água Boa, no Estado de Mato Grosso, com a Educação, Cultura e ambiente em que se insere. Além disso, pretende também analisar a formação histórica do Povo Xavante e suas relações com o ambiente em que viviam; verificar se a postura atual do índio é a mesma em relação ao passado. Se mudou, verificar em quê e a partir de quando ocorreu a mudança; analisar as ações educacionais e culturais do presente e suas conseqüências (impactos na cultura e meio ambiente) no futuro; elaborar um conjunto de propostas que possam mudar o quadro atual de modo a melhorar as perspectivas ou previsões para o futuro e produzir trabalhos bibliográficos que tornem conhecidos os saberes, a educação e a cultura do Povo Xavante. Acreditamos que este tema é o “calcanhar de Aquiles” de nossa sociedade, visto que o Povo Xavante, bem como as diversas etnias indígenas no Brasil, vive à margem do processo de construção, solidificação e divisão dos bens e riquezas produzidos. Isto é, os bens e riquezas não são compartilhados de forma eqüidistante nos diversos setores da sociedade. As questões ambientais são amplamente discutidas, colocando o índio como vilão de um enredo em que, pela lógica, seu papel deveria ser outro. O esquecido; o preguiçoso; aquele que não tem sua cultura e seu saber respeitados; o marginal. Estes são os papéis que índio tem desempenhado ao longo da história do Brasil. Isto porque herdamos conceitos europeus, que não vêm como corretos costumes diferentes daqueles que traziam consigo. Certo era (e é) aquilo que traziam como cultura, como visão de mundo e religião. Não somos capazes de perceber que eles são detentores de saberes diferentes dos nossos em relação à natureza. Bem como não entendemos o comportamento do índio em relação à higiene, saúde e produção de alimentos, por

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exemplo. Esta incompreensão tem produzido discussões acaloradas no seio da sociedade. Isto tem colocado o índio numa situação péssima, pois onde espera-se que possa haver tolerância em relação às diferenças, não há. Por outro lado e além das divergências existentes, há a escassez de materiais bibliográficos que façam frente à necessidade de leitura e pesquisa. O que há: artigos em revistas de educação e saúde, de modo mais amplo. Há alguns artigos publicados em revistas de cunho sociológico e antropológico. Mas também, não oferecem a segurança necessária para o desenvolvimento das atividades. Há também relatório de pesquisa da própria UNEMAT, desenvolvidas na Reserva Indígena Areões, área em que o Projeto atua. Além desses, podemos encontrar alguns trabalhos publicados pelos padres Salesianos que tradicionalmente, militam na catequese dos índios. Encontramos também, para fundamentar as atividades, algumas leis. De um lado, o Estatuto do Índio. De outro, as leis de proteção e exploração ambiental. Um encontra-se necessitando ser revisado. Outros, (no caso das leis ambientais), abrem espaços para que as áreas indígenas possam ser exploradas de modo desenfreado, pelo não-índio, através da exploração madeireira, garimpos, caça, pesca e extração de espécies vegetais para pesquisa, comércio e ornamentação. Assim, carece-se de maior produção bibliográfica que possa nos subsidiar, dando-nos o suporte para que possamos produzir nosso próprio material bibliográfico. O trabalho tem sido regulado pelo método de pesquisa etnográfica, o que envolve aspectos da pesquisa qualitativa com maior ênfase em relação à pesquisa quantitativa. Este aspecto das atividades não encontra ressonância em meio à maioria dos pesquisadores que atuam no campo da Biologia, uma vez que trabalham eminentemente com a pesquisa quantitativa, de forma cartesiana, pois estão atuando em pesquisas na área de Botânica, Zoologia, Ecologia, não se preocupando com o aspecto humano que deveria estar aí inserido. Esta postura quantitativa, a visão cartesiana e a ausência de compreensão sociológica e antropológica dificultam o andamento dos trabalhos. Os resultados, desse modo, não foram plenamente atingidos em função da visão cartesiana dos membros que atuam no projeto. As relações entre índios e nãoíndios, desta forma, não podem ser alteradas, se não há uma atitude de respeito às diferenças sociais e culturais. Assim, acreditamos que as mudanças ocorrerão, mas é preciso que respeitemos aquilo que histórica e tradicionalmente está estabelecido, principalmente se levarmos em conta que estamos lidando com membros de uma sociedade que ainda se encontra no seio do pensamento primitivo. A nossa pressa em atingir objetivos, mudanças de comportamento, reflete bem a nossa formação cartesiana e nossa cultura em contraponto com aqueles com quem lidamos. Assim, não podemos encontrar como os esperados na origem do projeto. As atividades propostas foram executadas, com algumas alterações na execução, tendo em vista a realidade vivida pelo povo Xavante, a ausência de recursos compatíveis, como bibliografia e outras de ordem material. Carecemos de enfatizar as ações, como já dito anteriormente, de modo a respeitar a realidade Xavante, como sua educação, cultura e hábitos cotidianos. Nesse contexto, não foi observado que os Xavante, de maio a agosto, vivem em função de sua cultura, suas festas, seus jogos. Neste período não adianta tentar implantar nenhuma ação educacional vinda de fora para dentro, mas incorporar-se às suas atividades e vive-las com eles. Outro fator que foi agravante, está relacionado às finanças. É preciso que o projeto conte com uma verba para transporte, como diária para o motorista e outras

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necessidades, tendo em vista que as aldeias situam-se na Reserva Areões, já no município de Água Boa. Precisa-se de um computador que possa fazer frente às necessidades do projeto, tendo em vista que coleta-se muitos dados que precisam ficar arquivados, o que não pode ser feito em qualquer computador. Além disso, os bolsistas Aislan da Silva Gomes e Amanda Lacerda Galler, um por problemas de saúde, outra por não se adequar à filosofia do projeto, afastaram-se do mesmo, o que dificultou mais ainda as atividades, ficando parte delas a ser executadas no segundo semestre de 2005.

Assim,

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Considerando que o Projeto Povo Xavante: Educação, Cultura e Meio Ambiente, desenvolvido por professores e alunos ligados ao Departamento de Biologia do Campus Universitário de Nova Xavantina, começou suas atividades no mês de Julho de 2004;

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Considerando que os objetivos do projeto visam proporcionar basicamente a interação entre as populações índias e não-índias;

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Considerando que se trata de um projeto de cunho biológico, sociológico, educacional, cultural, ambiental e que discute as questões no âmbito da saúde e alimentação;

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Considerando, assim, que por se tratar de um projeto de intervenção, que tende a alterar uma dada realidade, mudar comportamento;

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Considerando que ao nos propormos alterar uma realidade, mudar um dado comportamento;

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Considerando que os objetivos do projeto não foram plenamento atingidos, tendo em vista o confronto de realidade e outros motivos anteriormente expostos,

É que solicitamos continuidade para execução deste projeto para que possa-se concluí-lo naquilo que não foi possível executar. Desta forma, solicitamos PARECER FAVORÁVEL à continuidade do PROJETO POVO XAVANTE: EDUCAÇÃO, CULTURA E MEIO AMBIENTE.

Perillo José Sabino Nunes Coordenador

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