Jonatas Um Amigo Nas Necessidades

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UM HOMEM SEGUNDO O CORAÇÃO DE DEUS

Jônatas: Um Amigo na Necessidade 1 Samuel 17—23; 2 Samuel 1 David Roper mizade” é uma das palavras mais preciosas. Robert Louis Stevenson disse: “Um amigo é um presente… você dá de si mesmo”1. Mary Mitford escreveu: “Agradeço a Deus muito mais pelos amigos que tenho do que pelo pão de cada dia — porque a amizade é o pão do coração”. Cícero afirmou que tirar a amizade é como roubar o sol do mundo. O prático Livro de Provérbios tem muito a dizer sobre amizade: “Em todo tempo ama o amigo” (Provérbios 17:17). “Há amigo mais chegado do que um irmão” (Provérbios 18:24). “Não abandones o teu amigo” (Provérbios 27:10). Quando eu digo a palavra “amizade”, em quem você pensa? Talvez você pense em alguém que conhece há muito tempo, e do qual tem se mantido íntimo. Talvez quem lhe venha à mente seja alguém cuja bondade e preocupação foram um marco decisivo na sua vida. Talvez você pense num membro da família que se tornou muito mais do que um parente de sangue. Quando eu ouço a palavra “amigo”, penso primeiramente na minha esposa, Jo — minha melhor amiga na terra2. Depois, penso em meus pais, meu irmão e outros familiares. Depois, penso em cada amigo que ganhamos pelo mundo. Para mim, uma das alegrias do céu será ter todos os nossos amigos juntos, num só lugar e tempo, cercados pelo amor do maior Amigo de todos. Infelizmente, quando digo a palavra “amizade”, algumas pessoas não pensam em ninguém3. Se este for o seu caso, meu coração lamenta por você. Desejo que esta lição ajude cada estudante; em especial, desejo que, se você se sente despro-

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vido de amigos, algo de útil lhe seja dito neste sentido. Modifiquemos a pergunta. Quando eu digo as palavras “amizade e a Bíblia”, em quem você pensa? Talvez você pense em Jônatas e Davi. Quando estudamos com as crianças sobre amizade na Bíblia, inevitavelmente, a história escolhida para ilustrar o conceito é a amizade entre o filho do rei Saul e o jovem pastor de Belém. Nesta e na próxima lição, veremos Davi se tornando uma celebridade e, quase simultaneamente, um fugitivo procurado. Todavia, o nosso objetivo neste estudo é identificar uma linha de ouro que perpassa o texto: a história do amor de Jônatas por Davi. Aprenderemos sobre a natureza da verdadeira amizade. O COMPROMISSO DA AMIZADE (1 SAMUEL 17:55—18:3) O pano de fundo desta lição encontra-se nos quatro últimos versículos de 1 Samuel 17, quando é relatada a vitória de Davi sobre Golias. Quando Davi deixou Saul para confrontar o gigante, o rei perguntou ao comandante de suas forças: “De quem é filho este jovem, Abner?” (17:55). Após a vitória de Davi, Abner levou o jovem pastor à presença de Saul. Apresentando-se Davi com a cabeça de Golias na mão, perguntou-lhe o rei: “De quem és filho, jovem?” (17:58a) 4. Davi respondeu: “Filho de teu servo Jessé, belemita” (17:58b). Observe que Saul não perguntou quem era Davi, mas de quem ele era filho5. Provavelmente, Saul queria essa informação com o intuito de pedir permissão ao pai de Davi para

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levá-lo para sua própria casa. “Saul, naquele dia, o tomou e não lhe permitiu que tornasse para casa de seu pai” (18:2)6. Enquanto Saul estendia o convite para Davi morar no palácio, havia um jovem ao lado dele, escutando, cujo nome era Jônatas7. Era o filho mais velho de Saul e herdeiro do trono. Jônatas era o braço direito do rei, um líder militar valente que provara isso em muitas batalhas com as tribos hostis que cercavam Israel8. Ele tinha um lugar especial no coração dos israelitas9. Ao assistir a Davi enfrentar o gigante e depois apresentar-se ao seu pai na colina sobreposta ao vale, aconteceu alguma coisa com Jônatas — algo raro e belo. “Sucedeu que, acabando Davi de falar com Saul, a alma de Jônatas se ligou com a de Davi; e Jônatas o amou como à sua própria alma” (18:1). A palavra hebraica traduzida por “se ligou” significa literalmente “amarrar-se”, “prender-se”. Imediatamente, ocorreu uma ligação entre aquelas duas vidas, porém, mais do que isso, estabeleceu-se um vínculo. A NVI diz: “Jônatas… começou a sentir uma profunda amizade por Davi e veio a amá-lo como a si mesmo”. Assim nasceu uma das mais belas amizades que o mundo já conheceu. A relação entre Davi e Jônatas era pouco promissora. Em primeiro lugar, havia entre os dois uma diferença de idade de pelo menos vinte anos. Jônatas já era um guerreiro temporão quando Davi nasceu. Em segundo lugar, havia uma diferença entre os níveis sociais dos dois. Jônatas era o primeiro candidato a suceder o trono, enquanto Davi era filho de um pobre fazendeiro de Belém. Mas esses detalhes superficiais são irrelevantes quando se tem afinidade por alguém. Na sociedade de hoje, criamos excessivas diferenças sociais e etárias. Se procurarmos amigos só entre os que são da mesma idade que nós e parecidos conosco, quantos amigos maravilhosos poderemos estar perdendo! Observemos o compromisso firmado entre Jônatas e Davi: “Jônatas e Davi fizeram aliança; porque Jônatas o amava como à sua própria alma” (18:3). Uma aliança é um acordo10 entre duas partes. Essa aliança foi iniciativa de Jônatas, em parte porque foi ele quem sentiu afinidade por Davi e em parte porque seria inconveniente que Davi, sendo um subordinado, sugerisse isso11. A natureza da palavra, porém, indica que a amizade não era unilateral; Davi também amou

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Jônatas12. Em que consiste uma aliança? Alguns estudiosos já sugeriram que ela envolvia uma cerimônia elaborada com troca de bens, uma festa e o selo de sangue. (Talvez você tenha participado de alguma cerimônia infantil, em que alfinetamos os polegares e os pressionamos para nos tornarmos, assim, “irmãos de sangue”.) Todavia, o mais provável é que foi apenas a troca de votos13 (invocando o nome do Senhor14) de serem sempre amigos. Independentemente de como tenha sido realizada, a aliança envolvia compromisso. A verdadeira amizade sempre envolve compromisso, de forma declarada ou não — de serem amigos por todas as dificuldades. Além disso, na verdadeira amizade, esse compromisso é constantemente renovado. Ao acompanharmos a história de Davi e Jônatas, veremos o freqüente reforço dessa aliança que eles fizeram entre si: Assim, fez Jônatas aliança com a casa de Davi, dizendo: Vingue o SENHOR os inimigos de Davi. Jônatas fez jurar a Davi de novo, pelo amor que este lhe tinha, porque Jônatas o amava com todo o amor da sua alma (1 Samuel 20:16–17). Então, se levantou Jônatas, filho de Saul, e foi para Davi, a Horesa, e lhe fortaleceu a confiança em Deus… E ambos fizeram aliança perante o Senhor… (1 Samuel 23:16, 18).

Samuel Johnson disse: “Um homem deve fazer a manutenção de suas amizades constantemente”. Nunca pense que a amizade já está bem firmada. Uma amizade precisa ser revitalizada de tempos em tempos. Isto se aplica a dois colegas de negócio, a dois colegas de pescaria, ou a marido e mulher. Alguns anos atrás, uma propaganda de televisão persuadia cada marido a comprar para a esposa uma valiosa jóia com diamantes “para ela saber que ele se casaria com ela de novo”. O adorno de diamante não é uma coisa essencial em si, mas a confirmação do amor é. O ALTRUÍSMO DA AMIZADE (1 SAMUEL 18:4) Depois que fez a aliança com Davi, “despojouse Jônatas da capa que vestia e a deu a Davi, como também a armadura, inclusive a espada, o arco e o cinto” (18:4). Esse ritual era sem precedentes. Tanto a capa como a armadura faziam parte dos trajes reais de guerra. As armas também tinham um significado especial. A espada era uma dentre as poucas pertencentes ao exército israelita15. O arco era a marca registrada de

Jônatas16. Se essa cerimônia foi pública (como parece ter sido), sem dúvida Saul e os demais presentes ficaram admirados e perplexos. Por que Jônatas deu essas coisas a Davi? Talvez havia várias razões envolvidas. Provavelmente, Jônatas viu que Davi precisava de roupas e armas. Como Davi não recebeu permissão para voltar para a casa de seu pai (1 Samuel 18:2), ele só tinha a “roupa do corpo”17. Novamente, é possível que essa cerimônia fosse parte do selo da aliança feita entre Jônatas e Davi (1 Samuel 18:3)18. Todavia, eu penso que havia um significado maior nesses presentes. Voltemos à batalha com Golias. Observamos que, pela lógica, Saul era a pessoa que deveria lutar com Golias, mas ele não foi lutar porque teve medo. Quem seria, então, a próxima opção? Quem havia se destacado na guerra e era conhecido pela sua bravura e ousadia? Jônatas. Por que Jônatas não enfrentou o gigante? Será que ficou paralisado de medo, assim como seu pai e o restante dos soldados? Isso parece inconsistente com a natureza de Jônatas. Alguém sugeriu19 que Jônatas perdera o respeito de seu pai, não tinha esperança de substituí-lo no trono e que, de fato, perdera a esperança no futuro da nação de Israel; de modo que não estava paralisado de medo, mas de desespero. Entretanto, ver Davi apresentar-se no vale para enfrentar o filisteu reacendeu a esperança no coração de Jônatas. Quando ficou conhecendo melhor Davi, a esperança tornou-se uma certeza. Ali estava alguém digno do trono, alguém que poderia garantir o futuro de Israel! Se esta análise estiver correta, havia um significado simbólico nos presentes de Jônatas. Jônatas estava dizendo efetivamente: “Eu renuncio ao meu direito ao trono e me comprometo a apoiar a sua causa!” Com certeza, esta interpretação do ritual é consistente com os acontecimentos subseqüentes na relação entre Jônatas e Davi20. É difícil considerarmos o que isso teria custado para Jônatas. O altruísmo demonstrado nesse ato raramente se repete nas Escrituras ou na vida. O altruísmo é um ingrediente natural da amizade. Não pode haver amizade verdadeira sem o ato de dar. Mais tarde, Jônatas disse a Davi: “O que tu desejares eu te farei” (1 Samuel 20:4; grifo meu). Amigos de verdade são assim — e amigos de verdade não ficam contando quem fez mais pelo outro. O Senhor abençoou Jo e eu com muitos amigos desse tipo. Quase tudo

o que temos em casa é um presente direto ou indireto de um amigo — e tem uma história por trás. Podemos caminhar pela casa, olhando fotos, pinturas e outras coisas lindas; peças de mobília que nos comovem, trazendo recordações de amizades preciosas. O TESTE DA AMIZADE (1 SAMUEL 18:5—19:7) Cedo ou tarde, toda amizade é colocada à prova. As amizades que significam mais são aquelas que resistiram a tempestades. Não demorou muito para que a amizade de Jônatas e Davi fosse severamente testada. Quando Davi foi recebido pela primeira vez na casa de Saul, ele era a estrela da corte. Numa questão de dias, Davi passou de um desconhecido numa longínqua pastagem belemita para um dos homens mais conhecidos em toda a terra21. Mas a popularidade de Davi com o rei foi transitória. Certo dia, quando Saul e seu exército voltavam de uma vitória militar, as mulheres cantaram: “Saul feriu os seus milhares, porém Davi, os seus dez milhares” (18:7). Instantaneamente, o amor no coração22 de Saul dissipou-se e foi substituído por uma inveja patológica. A inveja de Saul logo evoluiu para um impulso assassino. Saul tramou uma série de conspirações com o propósito de matar Davi, mas o tiro saiu pela culatra. Em vez de destruir Davi, cada trama ajudou a tornar Davi ainda mais conhecido e respeitado23. Finalmente, Saul decidiu não mais agir sutilmente. Ele reuniu seus homens de elite — incluindo o filho Jônatas — e ordenou-lhes que matassem Davi (19:1). Imagine a surpresa e consternação no rosto de cada um! Davi era um herói nacional! Por um instante, coloque-se no lugar de Jônatas — dividido entre a lealdade ao pai e o amor por um amigo. Essa era a primeira de várias provas da amizade de Jônatas com Davi. Jônatas avisou Davi e orientou-o a esconderse (19:2, 3). Jônatas resolveu defender o amigo, no lugar do pai. Ao fazer isso, Jônatas estava entregando a vida nas mãos de Saul; nem mesmo o filho do rei estava isento da ira do rei24. Um verdadeiro amigo, porém, jamais deixa que o nome do amigo seja difamado sem agir em defesa dele — qualquer que seja o custo pessoal. Na manhã seguinte, quando Saul e Jônatas caminhavam juntos, Jônatas fez um apelo veemente:

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Então, Jônatas falou bem de Davi a Saul, seu pai, e lhe disse: Não peque o rei contra seu servo Davi, porque ele não pecou contra ti, e os seus feitos para contigo têm sido mui importantes25. Arriscando ele a vida, feriu os filisteus e efetuou o Senhor grande livramento a todo o Israel; tu mesmo o viste e te alegraste; por que, pois, pecarias contra sangue inocente, matando Davi sem causa?26 (19:4, 5).

Foi um momento doloroso: Jônatas estava suplicando com lágrimas nos olhos; o orgulhoso rei foi temporariamente levado a raciocinar. “Saul atendeu à voz de Jônatas e jurou: Tão certo como vive o Senhor, ele não morrerá” (19:6). Animado, Jônatas trouxe Davi de volta para o palácio (19:7). Temos um dito popular que afirma: “amigo na necessidade, amigo de verdade”. Quando eu era jovem, esse provérbio me confundia. Para mim, as palavras “amigo na necessidade” significavam “um amigo com uma necessidade”. Eu não conseguia entender por que um amigo necessitado era “um amigo de verdade”. Finalmente, ocorreu-me que a expressão “amigo na necessidade” referiase não à necessidade do meu amigo, mas à minha necessidade. Um amigo que fica comigo quando as coisas não estão bem para mim, quando nada tenho para lhe oferecer, é “um amigo de verdade”. Todos nós precisamos ter e ser esse tipo de amigo, e Jônatas era esse tipo de amigo. Davi precisava de alguém que o defendesse — e Jônatas fez isso. A FRANQUEZA DA AMIZADE (1 SAMUEL 19:8—20:42) Depois que Davi retornou ao palácio, não demorou muito para Saul quebrar o voto de não tentar matá-lo27 com uma lança (como tentara duas vezes antes). Assim que Davi viu a arma pontiaguda fincada na parede, entendeu a mensagem e fugiu no meio da noite. Primeiramente, Davi foi para sua própria casa28, depois até Samuel, que o ungira rei vários anos atrás. Certamente ninguém ousaria levantar a mão contra o velho profeta. Saul, porém, mandou assassinos ao encalço dele — três grupos — e, por fim, foi em pessoa. Deus interviu mandando Seu espírito sobre os mensageiros e Saul. Quando Davi fugiu novamente, Saul esparramouse no chão, murmurando palavras desconexas29. Enquanto Saul estava temporariamente incapacitado, Davi voltou a Gibeá para rever o amigo Jônatas. Talvez Jônatas pudesse servir de mediador entre ele e Saul. Davi abriu o coração para Jônatas: “Que fiz eu? Qual é a minha culpa? E

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qual é o meu pecado diante de teu pai, que procura tirar-me a vida?” (1 Samuel 20:1). Jônatas mal podia crer que Saul estava novamente tentando matar Davi (20:2). O pai lhe fizera um voto solene: “Tão certo como vive o Senhor, ele não morrerá” (19:6). Davi insistiu que era verdade: “Tão certo como vive o Senhor, e tu vives, Jônatas, apenas há um passo entre mim e a morte” (20:3). Davi tinha um plano em mente. O propósito básico do plano parece ter sido convencer Jônatas de que ele não estava acometido de complexo de perseguição. O relacionamento com Jônatas estava em primeiro lugar na sua mente (20:8)30. Disse Davi ao amigo: “Amanhã é a Festa da Lua Nova, em que sem falta deveria assentar-me com o rei para comer” (20:5). A Lei prescrevia um dia de descanso especial uma vez por mês31. Tudo indica que Saul utilizava essas ocasiões para realizar “reuniões de gabinete” com os líderes de seu governo: Jônatas, Abner e Davi32. Davi continuou: Se teu pai notar a minha ausência, dirás: Davi me pediu muito que o deixasse ir a toda pressa a Belém, sua cidade; porquanto se faz lá o sacrifício anual para toda a família33. Se disser assim: Está bem! Então, teu servo terá paz. Porém, se muito se indignar34, sabe que já o mal está, de fato, determinado por ele (20:6, 7).

Jônatas ficou fortemente comovido e fez este apelo a Davi: …O Senhor, Deus de Israel, seja testemunha. Amanhã ou depois de amanhã, a estas horas sondarei meu pai; se algo houver favorável a Davi, eu to mandarei dizer. Mas, se meu pai quiser fazer-te mal, faça com Jônatas o Senhor o que a este aprouver, se não to fizer saber eu e não te deixar ir embora, para que sigas em paz. E seja o Senhor contigo… (20:12, 13)35.

Tendo Saul empenhado todos os recursos do reino para matar Davi, somente o Senhor poderia salvá-lo. Jônatas, por sua vez, abriu o coração para Davi e revelou a fé e o temor guardados ali. Confiante de que o Senhor estaria com Davi e que Davi se tornaria o próximo rei, Jônatas perguntou: Se eu, então, ainda viver [quando você se tornar rei]36, porventura, não usarás para comigo da bondade do Senhor, para que não morra?37 Nem tampouco cortarás jamais da minha casa a tua bondade; nem ainda quando o Senhor desarraigar da terra todos os inimigos de Davi (20:14, 15).

De acordo com o registro bíblico, esse foi o único pedido que Jônatas fez a Davi. Davi concordou38 e os dois amigos renovaram os votos entre si (20:16, 17). Ainda restara um detalhe para Davi resolver. Como Jônatas conseguiria informá-lo a respeito das intenções de Saul, já que havia espias por toda parte? Jônatas fez uma sugestão: dali a três dias, Davi deveria se esconder no campo perto de um ponto bem conhecido. Jônatas iria ao local para treinar arco e flecha. A maneira como ele atirasse suas flechas, além das instruções que daria ao servo, indicariam se as notícias eram boas ou más. Quando ele e Davi partiram, Jônatas disse: “Eis que o Senhor está entre mim e ti, para sempre” (20:23). No dia seguinte, Saul, Jônatas e Abner sentaram-se à mesa do rei, “mas o lugar de Davi estava desocupado” (20:25). No primeiro dia, Saul pensou que Davi talvez estivesse cerimonialmente impuro39 para participar (levava um dia para uma pessoa se purificar das impurezas cerimoniais40). Quando, porém, Davi ausentouse também no segundo dia, Saul ficou desconfiado. Se havia alguém que saberia onde estava Davi, esse alguém era Jônatas. “Disse, pois, Saul a Jônatas, seu filho: Por que não veio a comer o filho de Jessé, nem ontem nem hoje?” (20:27). Jônatas disse a Saul o que Davi lhe mandou dizer, fazendo alguns acréscimos (20:28, 29). Saul ficou furiosíssimo. “Então, se acendeu a ira de Saul contra Jônatas” (20:30a) e gritou com ele: Filho de mulher perversa e rebelde41; não sei eu que elegeste o filho de Jessé42, para vergonha tua e para vergonha do recato de tua mãe43? Pois, enquanto o filho de Jessé viver sobre a terra, nem tu estarás seguro, nem seguro o teu reino; pelo que manda buscá-lo, agora, porque deve morrer (20:30b, 31).

A insinuação de Saul era que Davi era culpado de traição e digno de morte. Enfrentar um rei com fogo nos olhos e desejo assassino no coração não era a coisa mais inteligente que ele poderia fazer, mas Jônatas não permitiria que seu amigo fosse caluniado e disse: “Por que há de ele morrer? Que fez ele?” (20:32). Saul perdeu totalmente o controle. Por três vezes, ele tentara matar Davi com uma lança e, agora, arremessava a lança contra o próprio filho (20:33)! Jônatas sentou-se por um instante, tremendo de raiva, depois levantou-se e retirou-se depressa

da sala (20:34). Não queria que o pai tivesse outra oportunidade de matá-lo. Provavelmente, ele também temia o que poderia ser capaz de fazer contra o próprio pai. A falta de esperança tomou conta de Jônatas44. Toda sombra de dúvida foi eliminada de sua mente. Era como Davi dissera; Saul estava determinado a matá-lo. Na manhã seguinte, com o coração pesado, Jônatas partiu para encontrar-se com Davi conforme o combinado. Para que tudo parecesse normal, levou consigo um moço para carregar as armas e apanhar as flechas. Chegando ao local, atirou várias flechas, e mandou o moço ir buscálas, gritando: “Não está a flecha mais para lá de ti?” (20:37). Era esse o sinal combinado de que Saul estava decidido a matar Davi e de que este não tinha outra escolha, a não ser fugir. Enquanto puxava o arco vez após vez, os olhos de Jônatas examinavam a área em busca de algum sinal dos espias de Saul45. Finalmente convencido de que ninguém mais estava por perto, Jônatas disse ao servo que já havia praticado o suficiente e mandou-o de volta para a cidade (20:40). Assim que o servo sumiu de vista, Davi ergueu-se do esconderijo46, com o rosto entristecido. Ambos sabiam as implicações daquela mensagem, sem dizerem uma palavra. Ele não podia ficar e Jônatas não podia partir com ele. Saul estava errado, mas ainda era seu pai, e a lealdade exigia que ele ficasse ao lado do rei. A despedida47 dos dois amigos foi uma cena comovente, que se rompeu em prantos. O versículo 41 diz: “…e choraram juntos; Davi, porém, muito mais”. Alguém disse que “um amigo é uma pessoa com quem você ousa ser você mesmo”48. No capítulo 20, vimos Davi derramar o coração a Jônatas. Vimos Jônatas revelar com sinceridade seus temores e pedir uma garantia a Davi. Agora, vemos os dois chorando juntos — homens adultos, fortes, veteranos de muitas batalhas militares, derramando lágrimas. (“Homens de verdade” choram.) A franqueza é uma das belas virtudes de uma verdadeira amizade. Você pode ser honesto e franco com um amigo de verdade, que ele continuará o aceitando. Um verdadeiro amigo tem consciência das falhas que você comete e o ama assim mesmo. Finalmente, chegou a hora de Davi e Jônatas se separarem.

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Disse Jônatas a Davi: Vai-te em paz, porquanto juramos ambos em nome do Senhor, dizendo: O Senhor seja para sempre entre mim e ti e entre a minha descendência e a tua. Então, se levantou Davi e se foi; e Jônatas entrou na cidade (20:42).

Jônatas voltou para a cidade com o coração amargurado pelo problema de relacionamento não resolvido. Davi, temendo pela vida49, rumou para o deserto. A ESTABIBLIDADE DA AMIZADE (1 SAMUEL 21:1—23:16) Primeiramente, Davi fugiu para Nobe, onde ficava o tabernáculo. E prosseguiu fugindo para Gate, uma cidade filistéia. Os filisteus descobriram sua identidade e ele refugiou-se na caverna de Adulão, na Judá ocidental. Ali, ele se tornou líder de um bando de descontentes. Aonde quer que fosse, Saul o perseguia implacavelmente 50. Por fim, Davi e seus homens foram forçados a se esconder no “deserto de Zife, em Horesa” (23:15), a região inóspita das montanhas de Judá. Nesse lugar, ocorreu o último encontro de Davi e seu amigo51. “Então, se levantou Jônatas, filho de Saul, e foi para Davi, a Horesa” (23:16a). Reflita um pouco nisto. Saul estava procurando Davi por toda parte e não conseguia achá-lo. Jônatas, porém, levantou-se certa manhã e disse para si mesmo: “Não agüento isso. Tenho de ver Davi”. Então, fez as malas para uma pernoite e “foi para Davi, a Horesa”. Para mim, isto quer dizer que Jônatas tinha seu próprio sistema de espionagem e mantinha-se a par do que acontecia a Davi. Ele sabia onde Davi estava e foi até lá. Amizade é isso. Você pode estar separado de um amigo por quilômetros, mas ele continua nos seus pensamentos e preocupações. Vocês trocam cartões, cartas ou ligações telefônicas. Você se mantém informado e sabe o que está acontecendo na vida dele. Você se alegra quando ele está alegre; e chora quando ele chora (Romanos 12:15). Daí, quando já não agüenta ficar distante, encontra um meio de vê-lo, ainda que seja por pouco tempo. Não é exagero enfatizar o perigo que Jônatas correu ao fazer essa viagem. Saul já havia mostrado que não hesitaria matar qualquer um que ajudasse Davi52; mesmo que fosse seu próprio filho. Jônatas colocou em risco a própria vida para ver Davi. Ser amigo é isso. Jesus disse: “Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos” (João 15:13).

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O ÂNIMO DA AMIZADE (1 SAMUEL 23:16–18) Por que Jônatas foi até Davi? Para usufruir de sua companhia, tenho certeza — mas havia mais do que isso. Amigos são solidários com os amigos, e Jônatas sabia como Davi deveria estar desanimado tendo de viver dia após dia com o medo constante de ser preso e morto por Saul. Ele foi até Davi para animá-lo. “Então, se levantou Jônatas, filho de Saul, e foi para Davi, a Horesa, e lhe fortaleceu a confiança em Deus” (23:16). Na língua original, o hebraico, “fortalecer a confiança” é literalmente a expressão idiomática “fortalecer as mãos”53, que significa “apoiar, fortalecer, animar”. Jônatas “lhe fortaleceu a confiança [de Davi] em Deus” (grifo meu). Ele fortaleceu Davi quanto aos planos e providência de Deus. Partilhou com Davi sua confiança de que Deus lhe daria vitória e que as tentativas de seu pai estavam fadadas ao fracasso: “Não temas, porque a mão de Saul, meu pai, não te achará; porém tu reinarás sobre Israel, e eu serei contigo54 o segundo, o que também Saul, meu pai, bem sabe55” (23:17). Amigos assim são tão especiais! Você não gosta de estar cercado de pessoas que são otimistas, que o colocam para cima e animam?56 Amigos edificam uns aos outros. Se hoje estou abatido, meu amigo me coloca para cima. Amanhã meu amigo pode estar desanimado e é a minha vez de alegrá-lo. Ajuda mútua, é disso que consiste a amizade. Obviamente, acima de tudo, precisamos de amigos como Jônatas, que “nos fortalecem as mãos no Senhor” — que nos animam para sermos fiéis ao Senhor. Alguns amigos tornam mais fácil servir ao Senhor57 e outros, tornam mais difícil58. “As más companhias corrompem os bons costumes” (1 Coríntios 15:33; NVI). Escolha seus amigos com cuidado; eles podem ajudar a determinar onde você passará a eternidade. Dessa vez, a tristeza e as lágrimas de despedida são deixadas por conta da nossa imaginação. Jônatas e Davi renovaram a aliança; e depois “Davi ficou em Horesa, e Jônatas voltou para sua casa” (1 Samuel 23:18). Eles se separaram e nunca mais se viram de novo. A DOR DA AMIZADE (2 SAMUEL 1) Quando você se abre para alguém, torna-se vulnerável. Ao colocar o coração para fora, ele pode ser esmagado. A única alternativa, porém,

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seria trancar o coração num lugar empoeirado e sem ar, onde ele sufocaria até morrer. Um coração assim pode até não chegar a sentir dor, mas nem por isso conhecerá a felicidade. Partilhar a própria vida com outro; essa é a única maneira de se viver uma amizade. Vimos as lágrimas de Davi e Jônatas; vimos suas dolorosas despedidas. O final do capítulo da agridoce amizade de Jônatas e Davi compõe uma cena cheia de tristeza. Davi e seus homens ainda estavam se recuperando de uma batalha com os amalequitas, quando receberam a notícia de uma batalha desastrosa entre os israelitas e os filisteus. Temeroso, Davi perguntou ao portador da notícia: “Como foi lá isso?” (1:4a). As notícias do jovem foram uma facada no coração de Davi. “O povo fugiu da batalha, e muitos caíram e morreram, bem como Saul e Jônatas, seu filho” (1:4b). Davi não queria acreditar naquilo (1:5). Entretanto, que o homem relatava “deserto de Zife, emquando Horesa”soube (23:15), a região inóspita das que vira com os próprios olhos, teve certeza montanhas aquilo de Judá. de que seu amigo havia partido para sempre. Então, apanhou Davi as suas próprias vestes e as rasgou, e assim fizeram todos os homens que estavam com ele. Prantearam, choraram e jejuaram até à tarde por Saul, e por Jônatas, seu filho, e pelo povo do Senhor, e pela casa de Israel, porque tinham caído à espada (1:11, 12).

Davi escreveu um belo cântico em memória deles, registrado em 2 Samuel 1:19–27. O lamento menciona tanto Saul como Jônatas — mas o propósito principal de Davi revela-se no título: “Hino ao Arco” (1:18). O arco era a marca registrada de Jônatas, não de Saul. Muitos monumentos a amigos já foram erigidos em mármore e pedras. Nenhum, porém, pode superar o afetuoso tributo de Davi a Jônatas. No cântico, Davi celebrou as proezas militares de Jônatas e seu pai (1:22). Elogiou a fidelidade e lealdade de Jônatas ao pai (1:23). Acima de tudo, porém, Davi cantou sua perda: Como caíram os valentes no meio da peleja! Jônatas sobre os montes foi morto! Angustiado estou por ti, meu irmão Jônatas; tu eras amabilíssimo para comigo! Excepcional era o teu amor, ultrapassando o amor de mulheres59 . Como caíram os valentes…! (1:25–27).

Sim, quando você tem um amigo íntimo, está suscetível a dor. Observe, porém, que Davi não

lamentou sua amizade com Jônatas porque seu coração estava partido. Em vez disso, ele celebrou aquela amizade e guardou no coração a preciosa recordação dela. Torno a dizer: essa é a única maneira de se viver uma amizade. CONCLUSÃO Esta lição é um tributo à amizade, mas espero que para você tenha sido mais do que isso. Oro para que seja um desafio a todos nós. Anos atrás, ouvi a história de um pregador que foi, de carro, a uma região pobre da cidade para fazer uma visita. Ao sair da casa em que fizera a visita, viu um garotinho maltrapilho admirando seu carro novo. “Isto é que é carro, senhor!”, disse o menino. Concluindo que deveria dizer alguma coisa, o pregador explicou-se: “Eu jamais teria condições de comprar um carro desse, mas um amigo meu que vende carros me cedeu este para eu usá-lo no meu trabalho”. O pequeno indivíduo pensou naquilo por um instante e disse: “Quem me dera ser um amigo assim”. A primeira vez que ouvi essa história, esperava que o menino respondesse: “Quem me dera ter um amigo assim”. Fiquei comovido com as palavras: “Quem me dera ser um amigo assim”. Quando descrevi a verdadeira amizade com palavras como “compromisso”, “altruísmo”, “a capacidade de passar nos testes que surgem ao longo da vida”, “franqueza”, “estabilidade” e “ânimo”, pode ser que você pense: “Eu queria ter um amigo assim”. Se for este o caso, proponho que mude o pensamento para: “Eu queria ser um amigo assim”. No começo desta lição, expressei o desejo de que ela ajudasse todos que a lessem e, especialmente, aqueles que se julgam desprovidos de amigos. Deixe-me dizer-lhe duas coisas: em primeiro lugar, se você não tem amigos, procure um que precise de um amigo e que seja o tipo de amigo do qual temos falado. Ainda é verdade que “um homem que tem amigos deve mostrar-se amigo também”60. Em segundo lugar (e o mais importante), lembre-se de que todos nós podemos ter um Amigo que possui todas as qualidades descritas acima — Aquele que foi chamado de “amigo de publicanos e pecadores” (Mateus 11:19; Lucas 7:34), Aquele que chama Seus seguidores de “amigos” (Lucas 12:4; João 15:15). Ele já é seu amigo? Lembre-se de que Ele disse: “Vós sois meus amigos, se fazeis o que eu vos mando” (João 15:14; grifo meu). Inde-

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pendentemente de quantos outros amigos você tenha ou não tenha, é desse Amigo que você precisa! NOTAS SOBRE RECURSOS VISUAIS Um cartaz grande com a palavra “amizade”, exposto durante toda a lição seria eficaz. Querendo uma abordagem mais elaborada, pode-se fazer um cartaz em letras grandes:

DA AMIZADE Faça uma série de cartazes para inserir no espaço, indicando os pontos principais da lição: “O COMPROMISSO”, “O ALTRUÍSMO”, “A ESTABILIDADE”, “O ÂNIMO”, “A DOR”.  1 Exceto pelas referências bíblicas, as citações deste primeiro parágrafo são de Frank Crane, A Friend Like You (“Um Amigo como Você”). Heartland Samplers, Inc., 1991, calendário devocional. 2 Observe Cânticos de Salomão 5:16. 3 Um livro à venda no mercado norte-americano tem como título The Friendless American Male (“O Americano sem Amigos”). 4 Questiona-se por que Saul não sabia quem era Davi, se este tocava harpa para ele regularmente (cf. 1 Samuel 16:23; 17:15). Existem muitas explicações possíveis. Talvez fizesse tempo que Davi havia tocado para Saul — e a aparência de Davi pode ter mudado. (Mais tarde, é dito que ele tinha barba — 1 Samuel 21:13; talvez ele já estivesse usando barba.) Como Saul estava meio fora de si a maior parte do tempo, isso pode ter-lhe afetado a memória. Provavelmente, a melhor explicação é a que se encontra no desenvolvimento da lição: Saul não perguntou quem era Davi, mas quem era seu pai, pensando em levar o moço para o palácio. 5 Saul ouvira anteriormente alguém falar do pai de Davi (1 Samuel 16:18–22). Todavia, como quem tem problemas para se lembrar de nomes (especialmente, os que não uso todos os dias), posso entender como Saul se esqueceu do nome do jovem. 6 Pode ser a essa altura que Saul “mandou dizer a Jessé: Deixa estar Davi perante mim, pois me caiu em graça” (1 Samuel 16:22). 7 Jônatas quer dizer “Jeová deu”. 8 1 Samuel 13; 14. 9 1 Samuel 14:45. 10 Compare 1 Samuel 18:3 com 1 Samuel 20:16. 11 Observe que Davi continuou a referir-se a si mesmo como “servo” de Jônatas (1 Samuel 20:8). 12 1 Samuel 20:41; 2 Samuel 1:26; etc. 13 Veja 1 Samuel 20:16. 14 Veja 1 Samuel 20:23. Observe também que ela é chamada “aliança no Senhor” (1 Samuel 20:8; grifo meu). 15 Observe 1 Samuel 13:22 — embora se presuma que os israelitas conseguiram algumas espadas nas subseqüentes vitórias sobre os filisteus. Mais tarde, Davi e seus homens tinham pelo menos quatrocentas espadas (1 Samuel 25:13). 16 1 Samuel 20:20ss; 2 Samuel 1:17, 18, 22.

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17 Quanto a Jônatas, diríamos que ele “tirou a roupa do próprio corpo” para dar a Davi. 18 Jônatas deu seus pertences a Davi; Davi, que nada tinha para dar, deu-se a si mesmo. 19 James Burton Coffman, Commentary on First Samuel (“Comentário de 1 Samuel”). Abilene, Tex.: ACU Press, 1992, p. 215. 20 1 Samuel 23:17; etc. 21 1 Samuel 18:5, 16, 30. 22 1 Samuel 16:21. 23 1 Samuel 18:30. 24 Cf. 1 Samuel 14:44. 25 Tudo o que Davi fizera converteu-se em bem para Saul. 26 Havia um argumento não declarado, mas subentendido, na pergunta de Jônatas. Se Saul matasse Davi sem uma causa, isso causaria uma inquietação por todo o reino. Ninguém se consideraria a salvo. 27 Alguns questionam se Saul estava mesmo sendo sincero ao fazer o voto. 28 Veja a lição, “Como Sobreviver a Tempos Ruins”. 29 O texto diz que Saul “profetizou diante de Samuel” (1 Samuel 19:24). A palavra “profetizou” pode, todavia, ser usada num sentido negativo. A mesma palavra do original é usada em 1 Samuel 18:10 e traduzida por “agir como louco” na NTLH: “…ele começou a agir como louco dentro de casa”. Questiona-se também o que exatamente Saul fez enquanto ficou “despido” por vinte e quatro hortas em Naiote (19:24). 30 Um propósito secundário do plano era esclarecer em sua própria mente até que ponto ele estaria com Saul. Talvez essas tentativas contra sua vida fossem resultado da insanidade temporária de Saul e não representassem realmente as intenções racionais de Saul. Talvez ele pudesse se reconciliar novamente com o rei, assim como aconteceu na ocasião anterior em que Saul tentou matá-lo. (Como Saul esperava que Davi aparecesse para a festa de lua nova [1 Samuel 20:26, 27], parece que Saul planejou declará-lo “inocente por conta da insanidade temporária”.) 31 Números 28:11–15. 32 1 Samuel 20:25. 33 Ao estudarmos a vida de Davi, veremos mentira e outras desonestidades. Não devemos presumir que Deus aprova a mentira. Os escritores inspirados estavam registrando o que aconteceu, e não endossando tudo o que relatavam. 34 A NVI diz “se ele… ficar muito irado”. Com certeza, Saul agiu assim! 35 Jônatas disse: “E seja o Senhor contigo, como tem sido com meu pai” (grifo meu). Jônatas estava se referindo ao modo pelo qual Deus esteve com seu pai nos primórdios do seu reinado — antes de Saul ser rejeitado como rei. 36 Infelizmente, Jônatas não estava vivo quando Davi tornou-se rei. 37 Era de praxe o rei coroado matar todos os seus rivais em potencial, assim que subisse ao trono. 38 Jônatas incluiu sua “casa” no pedido. Davi lembrouse de seu juramento a Jônatas mais tarde, honrando o filho deste (2 Samuel 9:7) e poupando-o da morte (2 Samuel 21:7). 39 Estar impuro cerimonialmente desqualificava os israelitas para participarem de uma festa religiosa (Levítico 7:20, 21). 40 Levítico 15:16–23; Deuteronômio 23:10, 11. 41 “Filho de” é uma expressão idiomática hebraica que significa “tomar parte na natureza de”. Essa expressão significa literalmente “seu rebelde perverso”. Mas, era um insulto maior do que isso. Pode ser comparada com uma profanação de hoje equivalente a “filho de uma cachorra”, sendo um dos piores insultos.

42 A Septuaginta traz “você fez amizade com”. A NVI diz “você tem apoiado”. 43 Visto que o recato (ou “resguardo”) da mãe de Jônatas ocorreu quando este nasceu, a expressão pode significar: “sua mãe está envergonhada de ter lhe dado à luz”. Ou a expressão pode se referir ao fato de que as esposas do rei deposto se tornavam esposas do sucessor (veja 2 Samuel 12:18). 44 Primeiro Samuel 20:34 diz que Jônatas não conseguiu comer naquele dia. 45 Sem dúvida, se Jônatas constatasse qualquer evidência de que alguém o espionava, voltaria para a cidade com o servo, para não colocar Davi em perigo — e não teríamos o relato comovente da despedida. 46 Primeiro Samuel 20:41 observa que Davi “prostrouse rosto em terra três vezes”. Isso deve ter sido um gesto de respeito a Jônatas como filho do rei (veja 1 Samuel 24:8) ou por respeito a Deus (“Seja feita a vontade do Senhor”) — ou por ambas as razões. 47 Um beijo na face era a saudação costumeira naqueles dias, como ainda é em muitas partes do mundo. 48 Frank Crane, A Friend Like You (“Um Amigo como Você”). Heartland Samplers, Inc., 1991, calendário devocional. 49 Observe 1 Samuel 23:17; 27:1; etc. Uma série de passagens indicam que Davi fugiu porque temia morrer. As duas citadas são exemplos disso. 50 1 Samuel 23:14.

51 Como Jônatas não participou da perseguição a Davi, não há menção dele desde o final do capítulo 20 até esta cena, no capítulo 23. 52 Saul matara os sacerdotes de Nobe por terem ajudado Davi. 53 Veja a ERC. 54 A expressão “eu serei contigo” não é um pedido e, sim, uma promessa. Jônatas prometeu a Davi que ficaria satisfeito com o segundo lugar e continuaria o apoiando, mesmo assim. Infelizmente, ele não teve a oportunidade de cumprir essa promessa. 55 Veja 1 Samuel 24:16–20. 56 O pregador falou da força que recebemos dos outros em Eclesiastes 4:9–12. 57 Veja Atos 10:24. 58 Observe 2 Samuel 13:3. 59 Alguns, ansiando provar que Deus aprova a homossexualidade, tentam usar esta passagem para “provar” que Davi e Jônatas eram amantes homossexuais. Davi, porém, refere-se à natureza altruísta do amor de Jônatas, e não à natureza sexual desse amor. 60 Provérbios 18:24; ERC; veja também a NVI. Esta passagem traz dificuldades textuais. Muitas versões traduzem esse versículo de modo diferente. Eu o incluí como um provérbio de verdade, seja ele parte do texto ou da tradição.

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