O sexo é uma necessidade corpórea. Mas é uma necessidade que não pode ser satisfeita senão de mútuo acordo com uma outra vontade de uma outra pessoa. É até difícil desejar sexualmente alguém no mesmo momento em que essa pessoa te despreza. Se você deseja sexualmente, a aceitação que o outro tem de você se torna fundamental inclusive para o seu prazer, e para o alívio da sua culpa. Porque se você deseja sexo, você não apenas deseja sexo mas deseja desejar sexo, e isso vem junto com a consciência de que você entrou num ciclo de morte. Você dificilmente pode sair desse ciclo, porque você não consegue imaginar nada melhor do que sexo, então você é incapaz de desprezar seu próprio desejo sexual por meio da pura imaginação. O desejo de outra pessoa por você não apenas é o suficiente para que você possa satisfazer o seu desejo, mas isso também constitui uma aprovação do outro para o seu vício. Porque o ser humano é “como deus”, a afirmação recebida do outro por meio do sexo é o tipo de aprovação que você precisa para entrar no vício, para fugir da realidade, sem se sentir isolado da comunidade, e sem se sentir mal por se rebaixar a esse estado. É comum que o homem fique viciado em sexo e encontre uma mulher que acaba apoiando o vício dele – ela queria dar o seu apoio para o homem, do mesmo modo como ela queria receber o apoio do homem, mas ela acaba prendendo ele no seu vício com o tipo de ajuda que lhe oferece.
Quando a mulher banaliza o seu sexo, seja por meio da exibição das suas formas, ou seja pela afetação de liberdade e independência, ela se torna automaticamente um motivo de tentação para o homem, mas principalmente para aqueles que estejam de algum modo pessoalmente envolvidos com ela. A tentação da imagem feminina numa propaganda, ou mesmo de uma bela mulher que passe na rua usando biquíni, é mais uma tentação ao olhar do que qualquer outra coisa, porque ela é só uma figura de mulher que passou. Diferente disso é a mulher que faz parte da minha vida, com quem eu tenho alguma relação pessoal, com quem eu tenho algum compromisso. Se um pai ama uma filha – e ele deve amá-la –, ele não quer vê-la como um objeto do seu desejo: mas ele não pode fazer muito para impedir que ela se comporte como se fosse o objeto de desejo de todo homem. Supondo-se que o pai seja bom, a filha desobediente se torna uma tentação constante para ele na medida em que ela passa a sugerir, através do seu comportamento na sociedade, que ela não só está totalmente disponível e aberta a uma relação sexual, como também é independente dos pais para poder ter esse tipo de relação quando quiser. A realidade é que essa mulher adolescente, ou mesmo jovem adulta, ainda depende dos pais, e isso significa que quem ela permite entrar na sua vida está entrando também na vida da sua família. A mulher que afeta independência, principalmente quando se arroga o direito de ter relações sexuais quando e com quem quiser, e sem que isso diga respeito à sua família, está não só banalizando o sexo como também desprezando a própria família e desonrando os pais. Se a filha se revolta contra a família, agindo como se não precisasse do consentimento dos pais para se envolver sexualmente com alguém, o ódio dela gera ressentimento no pai, e o ressentimento no pai gera excitação e desejo sexual pela filha. A mulher adolescente ou jovem só se envolve sexualmente com um homem sem ter nenhum compromisso quando ela se sente “separada” dos seus pais, e essa “emancipação” que ela experimenta não é outra coisa senão julgar os seus pais para ter alívio do seu ressentimento contra eles. É impossível que uma mulher que ame a sua família se envolva com algum homem
sem que ela necessite da aprovação dos pais para o seu namoro – e dificilmente os pais que amam a filha irão aprovar a filha ter relações sexuais antes do casamento. Porque ter relações sexuais fora do casamento é banalizar o sexo, e banalizar o sexo significa a mulher se transformar em objeto de tentação para o próprio pai, ou para o irmão, o amigo, e até mesmo para o próprio namorado. E tentar o outro é falta de amor ao próximo.