História de alguns integrantes da guerrilha urbana que têm como missão salvar alguns companheiros presos. O plano baseia-se em distrair o quartel com duas bombas, dois dos integrantes (Luís e Mário) ficarão no carro e tentarão incitar uma perseguição, os três restantes, após alguns minutos, tentariam entrar no quartel e roubar um caminhão carregado com prisioneiros, armas e munições. Participam desta história: Pedro (o narrador e também atirador) Antônio (líder do "ataque") Luís (motorista do carro) Mário (especialista em explosivos) João (atirador) O comandante do quartel, Aristóteles, que tem um gancho na mão esquerda. Maria e Tiago, prisioneiros libertados. O texto em itálico representa uma indicação da cena para o desenhista. As linhas em vermelho representam uma sugestão de separação das páginas. O FIM indica o final do texto. Cena 1 chegada e preparativos Um opala vindo através de uma estrada, preto, com faróis apagados. Narrador em off: voando, armados até os dentes, para a boca do inferno. Voando... Mergulhando noite adentro, faróis apagados chamando menos atenção, e chamar atenção antes da hora não seria nada agradável. ___________________________________________________________ Antônio sentado no banco dos passageiros repassa o plano: Vamos repassar tudo uma última vez... Narrador em off: Antônio está sempre nervoso, o plano é simples, distraímos o quartel com uma bomba, o carro servirá de isca para uma perseguição, enquanto entramos e levamos o que pudermos entre armas e prisioneiros. _______________________________________________________________ Antônio: Pedro e João vêm comigo assim que a bomba explodir. Mário, assim que colocar a bomba, volte pra cá e dê cobertura ao Luís. Narrador em off: Quando veio a necessidade de um codinome, um nome santo veio bem a calhar, acho que os outros fizeram o mesmo. Esta noite provavelmente matarei alguém, é pra isso que fui escalado, mas não que eu goste. Quando isso vai acabar? ___________________________________________________________________ O carro para e todos descem. João está ajoelhado rezando. Os outros estão se preparando com armas e equipamentos. Antônio para Mário: então, você coloca a bomba no... Mário: eu sei, eu sei, uma no paiol de munições e outra no muro norte. ______________________________________________________________________
Cena 2 execução I bomba Mário está com uma sacola à tira colo pelo meio do mato quando se depara com uma patrulha e tem que se esconder no mato. Soldadinho 1: Essas rondas são uma merda, nunca acontece nada. Soldadinho 2:mas se eu pegasse um também, ia pedir pra morrer. __________________________________________________________________ Mário instala a bomba no muro e corre para o próximo alvo, chegando lá ele joga a bomba armada por cima do muro, só que na verdade ela cai no estacionamento do quartel. ___________________________________________________________________ As bombas explodem. (Uma bela explosão do muro e do paiol) ___________________________________________________________________ O comandante Aristóteles, e mais uns soldados se preparam nos jipes do estacionamento, onde sobraram apenas dois caminhões. O comandante está muito irritado e grita a toda hora. Comandante: Vamos pegar esses filhos da puta. Não façam prisioneiros! Ao mesmo tempo, no carro, Luís e Mário se preparam, dirigem próximo ao portão e efetuam disparos. Dois jipes com o comandante saem em perseguição aos dois. _____________________________________________________________________ Cena 3 execução II "invasão" A Os três guerrilheiros, Pedro, Antônio e João se preparam para invadir o quartel. Antônio: Guardem as armas, não temos chance, o quartel ainda está praticamente cheio! Pedro: Então precisamos de alguma alternativa. João: Eu tive uma idéia que talvez funcione... ______________________________________________________________________ Cena 4 execução III perseguição Os dois jipes passam a perseguir o opala. Seguem-se tiros e derrapagens. Mário usa um revólver magnun .38 enquanto que os perseguidores têm fuzis. Mário: Nosso poder de fogo é menor, o máximo que podemos fazer assim é atrasá-los. Mário: As balas estão no fim! Luís: Pega a pacificadora. Mário: Não é hora de brincar, porra. Luís: Rápido, embaixo do banco de trás, é uma metralhadora. _____________________________________________________________________ Mário pega a “pacificadora” que na verdade é uma metralhadora MG-42 da Segunda Guerra, modificada para ser usada sem o apoio no chão. Um cavalo de pau e Mário fica em perfeita posição para abrir o fogo, o poder da “pacificadora” é enorme. ____________________________________________________________________
Cena 5 execução IV "invasão" B Aparecem os três diante do portão, um deles sendo carregado pelos outros dois. Soldado: Alto! Antônio: Rápido! Acode! Soldado: Meu Deus, o que aconteceu? Antônio: Foram estes comunistas! Fizeram uma emboscada. João: Pegaram o comandante! Antônio: É uma invasão! Os russos estão invadindo o Brasil! Soldado 2: Eu sabia! Eu sabia! Vermelhos de merda. Antônio: Temos de levá-lo à enfermaria E os soldados correm para dentro do quartel. Os três entram sem maiores problemas. ______________________________________________________________________ Soldado 2: Ei vocês, o que pensam que estão fazendo? Os três fecham os olhos esperando um tiro. Soldado 2: A enfermaria é pra lá. O soldado olha para trás, vê os outros soldados se arrumando em formação de tropas para revidar a invasão. Soldado 2: Errr...Eu vou com vocês. Antes de ir, o soldado 2 se dirige a um outro soldado. Soldado 2: Não se esqueça dos prisioneiros, acabe com eles. _____________________________________________________________________ Cena 6 enfermaria Médico: Que fazem aqui? O que está acontecendo? Soldado 2 : É a invasão doutor, os comunistas chegaram! Antônio: Nos pegaram de surpresa. Soldado 2: Veja, acertaram nosso companheiro. Médico: Deixe-me ver... Onde? Não vejo nada. (...) Soldado 2: Espera, agora, aqui na luz, não me lembro de vocês... Os três amigos se entreolham. Hora de agir. Sacam os revólveres, atiram no soldado e amarram o médico. _____________________________________________________________________
Cena 7 prisioneiros, armas e munição A cena mostra vários prisioneiros em celas, todos maltrapilhos e machucados. Muitos deles agitados. Tiago: Esse barulho todo... Tem que ser eles... Maria: A ALN não iria nos abandonar. A porta se abre. Um soldado aparece na porta. Soldado: Eu vou acabar com vocês agora. Maria: (Gulp)... Uma sombra surge por trás do soldado e o golpeia. O soldado deixou cair as chaves das celas. __________________________________________________________________ Pedro: Vocês vão é embora daqui companheiros! Maria: Graças Pedro! Achei que tivessem pego você aquele dia no banco! Pedro: Eu consegui fugir, mas não esqueci de você. Maria: Torturaram-me Pedro, me humilharam. Pedro: Eu sei como eles são, mas conversaremos depois. Pedro: Vamos logo embora. Tiago: E como passar pelo quartel todo? Pedro: Tudo arranjado, vamos ao paiol. Pega aí. E uma arma é jogada para Tiago. ___________________________________________________________________ Tiago: Onde estão os outros? Ou só veio você? Pedro: João está no paiol e Antônio tinha alguns assuntos pessoais a tratar. Os três mais dois prisioneiros saem, lá fora pode se ver os soldados que nem se dão conta da fuga pois marcham para fora do quartel. _________________________________________________________________ Cena 8 Assuntos pessoais. A cena mostra Antônio entrando numa sala média, com uma mesa e algumas cadeiras, também com alguns cacetetes, fios e outros aparatos de tortura, como a “cadeira do dragão”. Flashback de Antônio com cenas de tortura. Antonio nu e de pé sobre dois baldes de tinta, uma tortura comum na época. Nesse caso, podem ser dois quadros mostrando duas torturas diferentes. Torturador: Onde está escondido o Lamarca? Torturador 2: Se você não contar, vai conhecer a cadeira do dragão! Nesse caso, podem ser dois quadros mostrando duas torturas diferentes. Volta ao presente. Antônio: Vocês são uns animais! E dizem que esse é o país do futuro... Num acesso de fúria Antônio quebra, derruba tudo, joga gasolina e ateia fogo. ___________________________________________________________________
Cena 9 fuga Uma vista aérea mostra o quartel: o estacionamento em chamas e a destruição no muro norte e ainda, tropas saindo em marcha pelo portão. Depois, todos estão prontos, carregando um caminhão que sobrou no estacionamento. Um soldado se aproxima do grupo. _____________________________________________________________________ Pedro para os outros: Deixem que eu falo. Soldado: Mas o que é isso Soldados? Pedro: São os prisioneiros senhor, recebemos ordens de transferi-los caso o ataque ocorra, e levar armas e munições para os soldados na frente. Soldado: Okay, mas você precisa de reforços com esses vagabundos aí. Ferreira! Ô Ferreira! Trás uns soldados aí! ______________________________________________________________________ Todos entram no caminhão acompanhados dos solados e os prisioneiros, os quais vão amarrados. O caminhão sai do quartel e pouco mais à frente os corpos dos soldados são jogados para fora. Logo depois se junta ao caminhão o opala preto, e a carga é transferida para duas rurais Willis. O caminhão é incendiado. ______________________________________________________________ Dentro da Rural. Pedro: O que aconteceu quando tentaram seqüestrar o embaixador sueco no hotel? Maria: Deu tudo errado, a marinha estava lá esperando, nos surpreenderam! Parecia que já sabiam, sussurrando, eu acho que tem alguém infiltrado na ALN. No opala. João: Ei Antônio, não esqueceu de deixar o manifesto por lá né? Antônio: Não, e ainda armei uma festa pra eles. __________________________________________________________________ Cena 10 epílogo Numa sala um tanto escura, do alto aparece o comandante com uma braço enfaixado e dois homens de capa preta e chapéu. Agente 1: Vocês brasileiros não conseguem proteger o próprio rabo! Comandante: Calma seu Smith, sem ofender também... Vocês sabem do que esses comunistas são capazes, olha aí, deixaram um manifesto: Nós da ALN... Viva a revolução... Filhos da puta... Agente 1: Mas também, vocês não aprovam logo o ato cinco! Comandante: Isso tem que ser devagar, pra não assustar a população. Agente 2: Vamos reportar tudo ao nossos superiores, levaremos isto. Pega o manifesto da mão do comandante _________________________________________________________________ Os dois homens se despedem e vão embora ao mesmo tempo que um soldado entra correndo pela porta e bate continência. Soldado: Senhor, a sala de torturas está destruída! Comandante: Maldição, agora eu estou ferrado. FIM ____________________________________________________________________