Faculdade de Medicina do Porto Serviço de Fisiologia
A USC ULTA Ç Ã O C A R DÍACA
Estetoscópio de René Laennec
Fotografia do Estetoscópio de Laennec existente no Museu Massimiano Lemos da FMUP
O Estetoscópio (Etimologia: do gr. Stethos ( peito, coração) + skopein (observar, examinar, reflectir em);
Tubo
Olivas
Diafragma
Cabeça
Campânula
Estetoscópios especiais ªPediátrico ¬Esofágico ¬Electrónico
O Ciclo Cardíaco
S2 S1
Definição Clínica
Segundo Som
Primeiro Som
Áreas Auscultatórias 1. Foco Aórtico 2. Foco Pulmonar 3. Foco Tricúspide 4. Foco Mitral
Anatomia
Áreas Auscultatórias 1 2
3 4
1. Foco Aórtico 2. Foco Pulmonar 3. Foco Tricúspide 4. Foco Mitral
Anatomia
Rotina Auscultatória • Decúbito Dorsal Diafragma Foco Aórtico Foco Pulmonar Foco Tricúspide Foco Mitral Bordo esquerdo do esterno
Campânula Foco Tricúspide Foco Mitral
• Decúbito Lat Esq Campânula Foco Mitral
• Sentado, inclinado para diante, em Expiração forçada Diafragma Bordo esquerdo do esterno
Primeiro Som Cardíaco • Localização no Ciclo Cardíaco: – Início da Fase de Contracção Isovolumétrica
• Alta frequência • Audível em todos os Focos Auscultatórios • Componente Principal: – Vibrações do sistema cardio-hemático, aquando da oclusão da válvula mitral
• Correlação Clínica: – Oclusão das válvulas A-V
Primeiro Som Cardíaco Pressão Aórtica
Pressão (mmHg)
C D
B
E
A F
Pressão Ventricular
Volume (mL)
Primeiro Som Cardíaco • Intensidade dependente de: – – – –
Condições de transmissão através da parede torácica Posição das válvulas A-V no início da Sístole Estrutura das válvulas A-V Rapidez da subida de pressão no Ventrículo
Segundo Som Cardíaco • Localização no Ciclo Cardíaco: – Incisura dos traçados de Pressão da Artéria Aorta e da Artéria Pulmonar
• Origem: – Vibração do sistema Cardio-Hémico, aquando da oclusão das válvulas Aórtica e Pulmonar
• Correlação Clínica: – Oclusão da Válvula Aórtica e da Válvula Pulmonar
Segundo Som Cardíaco Pressão Aórtica
Pressão (mmHg)
C D
B
E
A F
Pressão Ventricular
Volume (mL)
Segundo Som Cardíaco – Componente Aórtico (A2): • Precede normalmente P2 (o tempo de Ejecção Ventricular Esquerda tem uma duração menor que o tempo de Ejecção do Ventrículo Direito) • Audível em todos os Focos Auscultatórios
– Componente Pulmonar (P2): • Sucede normalmente A2 • Audível predominantemente no Foco Pulmonar (irradia mal para os outros Focos Auscultatórios)
Segundo Som Cardíaco
• Intensidade dependente de: – Pressão Diastólica suportada pela Válvula Sigmoideia • A2 intensificado na Hipertensão Sistémica • P2 intensificado na Hipertensão Pulmonar
Desdobramento Fisiológico de S2
• Definição: – afastamento temporal dos 2 componentes (A2 e P2) durante a inspiração e aproximação durante a expiração
⇒ Foco Pulmonar
Desdobramento de S2 S1
A2
P2
S1
A2 P2
• Fisiológico S1
A2 P2
S1
A2 P2
• Exagerado S1
• Paradoxal
P2
A2
S1
P2
A2
Terceiro Som Cardíaco • Localização no Ciclo Cardíaco: – Som Diastólico: Proto-Diástole (no final da Fase de Enchimento Rápido)
• Génese: – Limitação intrínseca da expansão longitudinal do ventrículo no início da Diástole
• Baixa frequência ⇒ Campânula • Foco Tricúspide (Ventrículo Dto) e Foco Mitral (Ventrículo Esq) • Fraca irradiação
Terceiro Som Cardíaco Pressão Aórtica
Pressão (mmHg)
C D
B
E
A F
Pressão Ventricular
Volume (mL)
Terceiro Som Cardíaco • 3º Som Fisiológico: – Em crianças e em adultos jovens (até aos 40 anos) no Foco Mitral
• Circunstâncias Patológicas (Galope): – Insuficiência Miocárdica (pode ser o 1º Sinal detectável de Descompensação Cardíaca) – Estados Hipercinéticos – Insuficiência A-V
Terceiro Som Cardíaco Correlações Clínicas
S3 < 40 A no FM
(FT/FM)
(FM)
ICC direita ou esquerda Fisiológico
Regurgitação Mitral
Quarto Som Cardíaco • Localização no Ciclo Cardíaco: – Fase de Contracção Auricular:
• Génese: – Discrepância entre o Enchimento Ventricular e a capacidade do Ventrículo para acomodar esse Fluxo Sanguíneo
• Baixa frequência ⇒ Campânula • Fraca Irradiação
Quarto Som Cardíaco Pressão Aórtica
Pressão (mmHg)
C D
B
E
A F
Pressão Ventricular
Volume (mL)
Quarto Som Cardíaco • Indica: – Raro em indivíduos saudáveis (> 60 anos) – Diminuição da Complacência Ventricular Direita ou Esquerda – Doença Cardíaca Isquémica – Estados hipercinéticos – Insuficiência A-V
Quarto Som Cardíaco Correlações Clínicas
S4 Insuficiência A-V - Regurgitação Mitral
Doença cardíaca isquémica - Angina de peito - EAM transmural
Diminuição da complacência VE ou VD - Hipertensão grave - Estenose Aórtica / Pulmonar
Estalidos de Abertura • Abertura das válvulas A-V em Circunstâncias Patológicas (Estenose e Espessamento) – Causa mais frequente: Estenose Mitral Reumatismal
• Localização no Ciclo Cardíaco: Proto-Diástole • Frequência relativamente elevada ⇒ Diafragma • Intensidade Máxima: – entre o Foco Mitral e o Foco Tricúspide (com irradiação para os Focos da Base)
• Intensidade não variável com as Fases Respiratórias
Estalidos de Abertura Pressão Aórtica
Pressão (mmHg)
C D
B
E
A F
Pressão Ventricular
Volume (mL)
Estalidos de Abertura • Geralmente sucedido por um Rodado Mitral • Para a mesma Frequência Cardíaca, há uma relação quase directa entre a Gravidade da Estenose e a Precocidade do Estalido – Razão: maiores pressões auriculares
• Não há relação entre a Gravidade da Estenose e a Intensidade do Estalido – Intensidade proporcional à Mobilidade da válvula
Cliques Precoces ou de Ejecção • Localização no Ciclo Cardíaco: – Início da Fase de Ejecção Ventricular
• Vibrações provocadas pela abertura súbita de uma Válvula Sigmoideia e/ou distensão súbita do grande vaso respectivo (Artéria Pulmonar ou Artéria Aorta) • Coração Direito ou Coração Esquerdo • Intensidade proporcional à Mobilidade da válvula
Cliques Precoces ou de Ejecção Pressão Aórtica
Pressão (mmHg)
C D
B
E
A F
Pressão Ventricular
Volume (mL)
Cliques Precoces ou de Ejecção Clique de Ejecção Pulmonar - Estenose Pulmonar - Desaparece na Inspiração - Relação entre a Precocidade e a Gravidade
Clique de Ejecção Aórtica - Estenose Aórtica - Sem variação com a Respiração - Sem Relação entre a Precocidade e a Gravidade
Cliques Meso- e Tele-Sistólicos Pressão Aórtica
Pressão (mmHg)
C D
B
E
A F
Pressão Ventricular
Volume (mL)
Cliques Meso- e Tele-Sistólicos • Quase sempre Origem Mitral: – Audível electivamente no Foco Mitral – Causa mais frequente: • Prolapso da Válvula Mitral
• Síndrome do Clique ou Síndrome da Válvula Mitral em Pára-Quedas: – Clique Meso/Tele Sistólico precede um Sopro TeleSistólico Mitral
Atrito Pericárdico
1. Patognomónico de Pericardite 2. Génese 3. Componentes - Pré-Sistólico - Sistólico - Proto-Diastólico
4. Frequência 5. Intensidade
Sistólicos
Sons Cardíacos
S1 S2 Cliques
Atrito Pericárdico
Diastólicos
S3 S4 Estalidos
Sopros Generalidades • Génese • Caracterização de um sopro 1. Localização no ciclo cardíaco 2. Intensidade ( 6 Graus) 3. Localização da intensidade máxima 4. Irradiação 5. Frequência 6. Carácter 7. Variação com manobras provocatórias 8. Outros sons associados
Sopros Mesossistólicos de Ejecção • Início: – ∆t após o 1º Som Cardíaco - Fase de Contracção Isovolumétrica
• Fim: – Antes da oclusão da Válvula Sigmoideia - Quando a velocidade do fluxo se torna insignificante
• Intensidade: – Máxima quando a velocidade do fluxo é maior – Em Crescendo - Decrescendo
• Distinção em relação aos Sopros Holo-Sistólicos: – Não englobam S2
Sopros Mesossistólicos de Ejecção Pressão Aórtica
Pressão (mmHg)
C D
B
E
A F
Pressão Ventricular
Volume (mL)
Sopros Mesossistólicos de Ejecção
Esquerdos 1. Dilatação Raiz aórtica 2. Estenose ou anomalias congénitas a nível valvular, supra- ou subvalvular
Direitos 1. Dilatação A. Pulmonar 2. Estenose ou anomalias congénitas ao nível da V. pulmonar/ Infundibular
Sopros Inocentes - Sistólicos de ejecção - Sem anomalia estrutural ou funcional - Graus I a III - Três tipos: Sopro de Still Sopro da Câmara de ejecção do VD Sopro Supraclavicular
Sopros Holossistólicos de Regurgitação • Sopro de Regurgitação Mitral: – Intensidade Máxima no Foco Mitral – Irradiação para a Axila Esquerda – Não varia com as Fases da Respiração
• Sopro de Regurgitação Tricúspide: – Intensidade Máxima no Foco Tricúspide – Não irradia para a Axila Esquerda – Variação com as Fases da Respiração: • Maior Intensidade na Inspiração
Sopros Holossistólicos de Regurgitação Pressão Aórtica
Pressão (mmHg)
C D
B
E
A F
Pressão Ventricular
Volume (mL)
Sopros Holossistólicos de Regurgitação • Comunicação Inter-Ventricular: – Intensidade Máxima imediatamente lateral ao Bordo Esquerdo do Esterno nos 3º, 4º e 5º Espaços Inter-Costais – Não Irradia para a Axila Esquerda – Não varia com as Fases da Respiração – Por vezes com desdobramento acentuado de S2 com P2 intenso
Sopro Holossistólico Regurgitação Mitral
Comunicação I-V
IM: F. Mitral Irradiação: Axila esq. V. Resp: Não
IM: BEE (4º-6º EIC) Sem Irradiação V. Resp: Não
Regurgitação Tricúspide IM: F. Tricúspide Sem Irradiação V. Resp: Sim
Rodados • Sopros Diastólicos com origem nas Válvulas A-V • Génese: – Fluxo através de uma Válvula A-V estenosada – Fluxo exagerado através de uma Válvula A-V normal
• Início: – ∆t livre após o 2º Som Cardíaco - Abertura da Válvula A-V correspondente – Mais Intensos ou Exclusivos na: • Proto-Diástole • Pré-Sístole
• Baixa frequência ⇒ Campânula
Rodados Pressão Aórtica
Pressão (mmHg)
C D
B
E
A F
Pressão Ventricular
Volume (mL)
Rodado Mitral • Foco Mitral - Mais Intenso em Decúbito Lateral Esquerdo • Estenose Mitral: – Geralmente precedido por um estalido de abertura da Válvula Mitral – Duração traduz a gravidade da Estenose • Prolongado - Grave • Componente Proto-Diastólico e Pré-Sistólico isolados - Estenose Discreta
• Sopro de Austin Flint • Situações de Fluxo Exagerado - Rodado Funcional – e.g. Insuficiência Mitral
Rodado Tricúspide • • • •
Foco Tricúspide Aumento da Intensidade com a Inspiração Estenose Tricúspide Fluxo Exagerado: – Comunicação Inter-Auricular – Insuficiência Tricúspide Grave
Sopros Diastólicos de Regurgitação • Aórtico: – Início: • Imediatamente após A2 • Em decrescendo • Regurgitação Moderada - Duração longa (pode prolongar-se até ao S1 seguinte) • Regurgitação Aguda Grave ou Discreta - Duração curta
– Bordo Esquerdo do Esterno – Alta Frequência ⇒ Diafragma – Maior Intensidade - Doente sentado ou inclinado para diante e em Expiração sustentada
Sopros Diastólicos de Regurgitação Pressão Aórtica
Pressão (mmHg)
C D
B
E
A F
Pressão Ventricular
Volume (mL)
Sopros Diastólicos de Regurgitação • Pulmonar: – Localização: Bordo Esquerdo do Esterno – Frequência elevada ⇒ Diafragma – Na maioria dos casos é resultante da Hipertensão Pulmonar - Graham Steel – Lesão Valvular Orgânica • Frequência mais baixa • ∆t após P2
Sopro Contínuo S1
S2
S1
S2
• Definição • Causas: 1. Comunição entre a Aorta e A.Pulomonar 2. Shunt Arteriovenosos 3. Perturbações do fluxo arterial 4. Perturbações do fluxo venoso
Sistólicos
De Ejecção Estenose Aórtica
Estenose Pulmonar
Insuf. Mitral De Regurgitação Insuf. Tricúspide
Sopros De Ejecção Diastólicos
Estenose Mitral Estenose Tricúspide
Insuf. Aórtica De Regurgitação Insuf. Pulmonar
Métodos de Diferenciação
• Efeito da Respiração • Manobra de Valsalva • Posição de Cócoras • Inalação de Nitrito de Amilo
Métodos de Diferenciação • Efeito da Inspiração
Métodos de Diferenciação • Manobra de Valsalva
Métodos de Diferenciação • Posição de Cócoras
Métodos de Diferenciação • Inalação de Nitrito de Amilo
Auscultação Directa