Segundo Khun, o que caracteriza a ciência normal? Ao ser instituído, o paradigma vai determinar o trabalho dos cientistas iniciando assim um período de ciência normal. Este, enquanto não é desenvolvido, é impreciso, deixando em aberto uma infinidade de questões. Deste modo, vai permitir uma larga investigação que, na tentativa de o tornar mais preciso, o vai pormenorizar e completar. Estas tentativas de evolução, vão caracterizar a ciência normal. Esta ciência pretende resolver os enigmas específicos e detalhados, não grandes problemas, baseando-se nas regras e leis do paradigma. Consiste então, em articular as teorias que o paradigma já inclui e extender o leque dos factos explicáveis por este, ao invéns de o criticar. Assim, não procura a invenção de novas teorias mas a observação de fenómenos com interesse para o paradigma vigente.
Segundo Khun, em que circunstâncias se instala uma crise na ciência? Os paradigmas proporcionam um exemplo ou modelo de investigação a partir do qual os cientistas desenvolvem as suas actividades. No entanto, por vezes, os cientistas deparam-se com um enigma, teórico ou experimental, que não conseguem resolver recorrendo ao paradigma, ou seja, deparam-se com uma anomalia. Esta, por vezes ignorada de modo a diminuir a sua importância, pode levar a uma crise. Assim, se uma anomalia resistir durante demasiado tempo às tentativas de solução ou se puser em causa a satisfação de qualquer necessidade social, será considerada séria, pondo em causa os princípios fundamentais do paradigma . Deste modo, favorecerá a emergência de uma crise, ou seja, provocará um período de insegurança evidente durante o qual a confiança no paradigma vigente será seriamente abalada. O que caracteriza o período da ciência extraordinária? Durante uma crise, período de insegurança onde há sérias anomalias que ameaçam a confiança num paradigma, vai-se instalar progressivamente um momento de ciência extraordinária. Esta é um factor indispensável ao aparecimento de uma revolução pois, é neste momento, que os fundamentos do paradigma vigente serão seriamente questionados, sendo levadas a debate na comunidade científica as anomalias que o puseram em causa. Estas disputas metafísicas e filosóficas em nada contribuirão para o desenvolvimento e manutenção deste. A crise acabará quando um paradigma rival sobreviver às anomalias do anterior e, consequentemente, conquistar a adesão da comunidade científica. No entanto, tal processo não irá acontecer rápida e facilmente, pois esta comunidade terá dificuldade em abandonar o paradigma no qual trabalhou anteriormente, podendo chegar a negar a existência de certas anomalias.