Falacia De Doha

  • May 2020
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FALÁCIA DE DOHA Por Diógenes Duarte sobral Presidente da OMACI

É preciso desmistificar a importância da abertura dos mercados aos produtos agrícolas brasileiros (e de todos os países em desenvolvimento) e tentarmos visualizar os verdadeiros interesses nesta abertura que apenas acontecerá em detrimento da abertura de nossos mercados aos produtos industrializados e as patentes dos desenvolvidos. No Brasil, hoje, 80% da população vive em áreas urbanas e os 20% restantes não necessariamente em áreas rurais, mas sim em pequenas cidades onde as principais atividades econômicas giram em torno da atividade agropecuária. Somente 3% da população (dados do IBGE de 2000) vivem efetivamente em zonas rurais e sobrevivem sistematicamente da atividade agropecuária. A humanidade nestes seus últimos 10 mil anos de existência consome apenas 8 grandes grupos de alimentos vegetais (cereais como trigo, milho, centeio e arroz que correspondem por mais de 65% do consumo diário de 70% da população mundial) e as proteínas animais provem de apenas 5 fontes principais (bovinos, aves, caprinos e ovinos, suínos e frutos do mar. Do Neolítico, com desenvolvimento da agricultura e domesticação de animais, muito pouco mudou em termos de opções de consumo alimentar humano, apenas desenvolvendo-se novas técnicas de como produzir mais e melhor estes poucos alimentos. O potencial de obtenção de alimentos não se limita a estes parcos representantes. Podemos obter o fornecimento de outras fontes ainda não exploradas e maximizar a obtenção das existentes com investimento em pesquisa agropecuária (o que a EMBRAPA tem feito tão eficientemente e sem alarde, apesar do pouco investimento, e que pode ser muito mais eficaz com maior apoio governamental). Daqui a alguns anos (ou décadas, séculos, milênios, que sejam) o mundo talvez não utilize carros movidos a combustíveis fósseis. Também é possível que não utilize telefones celulares, mas implantes de telecomunicação acoplados ao ouvido e a laringe; o computador será igualmente acoplado a nosso corpo e a tela será uma lente de contato especial que nos possibilitará ver o conteúdo das informações que desejamos enquanto conversamos ou jogamos tênis. Tudo isso é possível mas tenho uma certeza: Meu corpo precisará de energia e esta energia precisará vir de fontes orgânicas e minerais. Talvez o ato de comer passe a ser tão insignificante e insípido como encher o tanque do meu carro, hoje. Abrimos aquela lata de concentrado alimentar e ingerimos. Pronto. Fácil assim, apesar de que extremamente sem graça. Mas quem aqui quer achar graça de alguma coisa. Queremos dinheiro, Queremos poder. Queremos aplausos e desperdiçar nosso precioso tempo comendo é contra producente. Tudo isso que falei até agora é para podermos ver que basearmos nosso desenvolvimento no sucesso de nossa agricultura é como querer acompanhar a marcha do mundo em um carro de boi (entenderam a deixa) enquanto os países desenvolvidos o fazem em suas Mercedes, BMWs, Jaguares, Ferraris, Air Buses, etc. Devemos nos fechar aos produtos industrializados o máximo possível, deixando abertas apenas as portas aos bens de capitais necessários ao desenvolvimento de nossa base industrial (Máquinas e equipamentos para indústria e agricultura, equipamentos para estudos e pesquisas, itens de informática, equipamentos para infra estrutura, etc) Investiremos pesadamente em desenvolvimento de nossa indústria como o Japão e outras, hoje potências, fizeram acertadamente (copiando, em um primeiro momento, se preciso for).\u003cbr\u003eVejamos o caso extraordinário da EMBRAER que não se rendeu a este choro generalizado e partiu em busca da excelência que hoje reputa. Começou com a produção de peças para sua frota, passou pelo desenvolvimento de Joint Ventures e produção por licença de algumas aeronaves, desenvolveu um sucesso que é o Super Tucano, considerado o melhor treinador de futuros pilotos de caça e considerado um excelente avião de patrulha de fronteiras; partiu para uma parceria para produção de um jato militar (AMX) e Hoje desponta como uma das grandes na produção de jatos comerciais (e o tamanho deles está crescendo, assim como o faturamento da empresa).

Temos outros maravilhosos exemplos como os Lançadores de foguetes ASTRO da IMBEL, largamente utilizados nos conflitos do Oriente Médio nas décadas de 70 e 80. O Tanque OSÓRIO, notoriamente superior a todos os outros concorrentes em sua época (e moderno ainda hoje) e que só não foi o escolhido pela Arábia Saudita em sua concorrência Internacional, também na década de 80, por questões meramente políticas e não técnicas e operacionais. O espaço é curto e o tema extenso. Como síntese poderemos dizer que: Vamos empreender um esforço supra nacional para buscar o desenvolvimento industrial necessário. Temos energia abundante, recursos naturais. E quanto ao humano poderemos em um par de décadas resolver, com investimento maciço e sério em educação. Façamos isto e esperemos os “ricos” nos implorar pelo alimento que os faltará em breve. Temos de lutar incansavelmente pela maior transparência e dinamismo no comércio entre as nações, mas sem os grilhões e armadilhas deste sistema que nos aprisiona neste estágio de subdesenvolvimento. Junho de 2009

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