Etanol De Celulose

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Programa de Pós-Graduação em Genética e Melhoramento de Plantas LGN 5799 - SEMINÁRIOS EM GENÉTICA E MELHORAMENTO DE PLANTAS

Aluno: Bruno Marco de Lima Orientador: Luis Eduardo Aranha Camargo

Departamento de Genética Avenida Pádua Dias, 11 - Caixa Postal 83, CEP: 13400-970 - Piracicaba - São Paulo - Brasil Telefone: (0xx19) 3429-4250 / 4125 / 4126 - Fax: (0xx19) 3433-6706 - http://www.genetica.esalq.usp.br/semina.php

Introdução Relembrando, o que é um combustível?

É tudo que é passível de entrar em combustão, liberando energia

Introdução O uso dos combustíveis em máquinas

Máquina à vapor: -Queima de combustível  Calor - Aquecimento da água  Vapor - Energia cinética

Motor de combustão interna -Queima de combustível  Explosão - Energia cinética

Introdução “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma” - Antoine-Laurent Lavoisier (1743-1794)

C6H12O6 + 6

→ 6 CO2 + 6 H2O + Energia

Combustível +

Planta armazena a glicose de em moléculas mais estáveis : - Dímeros (sacarose, maltose) - Polímeros (amido, lignina, hemiceluloses, celulose, pectina)

→ CO2 + H2O + Energia

A Celulose Por que utilizar a celulose?

Polímero mais abundante da superfície terrestre

 Componente de paredes celulares das plantas

 Formado por estruturas de carbono, assim como os combustíveis utilizados Nelson & Cox. Lehninger’s Principles of Biochemistry, 4 ed. 2004.

A Celulose Do que é formada a celulose???  Origem química baseada na glicose  Na ligação entre moléculas de glicose há perda de água (C6H10O5  anidroglicose)

Celulose = (C6H10O5)n

Taiz & Zeiger. Plant Physiology, 3 ed. 2002.

A Celulose Problema: como utilizar a energia acumulada na celulose? Características químico-físicas da celulose (em temperatura ambiente):

“Cellulose has a high tensile strength, equivalent to that of steel. steel. Cellulose is also insoluble, insoluble chemically stable, stable and relatively immune to chemical and enzymatic attack. attack These properties make cellulose an excellent structural material for building a strong cell wall.” Taiz & Zeiger

- Insolúvel em água - Insolúvel em solventes orgânicos neutros - Insolúvel em ácidos - Insolúvel em hidróxidos diluídos

Após hidrólise: - Recupera-se até 96% da quantidade teórica de glicose - Subprodutos: Celobiose (C12H22O11)e Celotriose (C18H32O16) Taiz & Zeiger. Plant Physiology, 3 ed. 2002.

Biocombustíveis Como extrair a energia armazenada nas plantas?  Simples queima; Processos complexos de bioconversão (termoquímicos e/ou enzimáticos)

Devem se adaptar a existente tecnologia de combustíveis, a base de petróleo (transportes)

Biocombustíveis O que pode ser considerado um biocombustível? É considerado um biocombustível qualquer combustível oriundo de material biológico, de origem não-fóssil - Plantas oleaginosas (soja, mamona, amendoim) - Plantas extrativas (cana-de-açúcar, milho) - Lixo orgânico - Resíduos culturais (palhas, bagaços) - Celulose (todas as plantas)

Combustíveis fósseis (petróleo e derivados, carvão mineral, gás natural)

Biocombustíveis

Os biocombustíveis podem ser usados tanto isoladamente, como adicionados aos combustíveis convencionais.  Etanol (cana-de-açúcar, milho)  Biodiesel (plantas oleaginosas)  Biogás (biomassa)

Rubin, E.M. Nature Reviews, vol. 454, n. 14. 2008.

Biocombustíveis

Preparo da Matéria-Prima (p.e. esmagamento)

KOH ou NaOH

Transesterificação

Álcool

Separação das fases

Produção do Biodiesel Adaptado de SEBRAE. Biodiesel, 2008.

Glicerina +Álcool

Ésteres + Álcool

9% Glicerina

86% Biodiesel

Biocombustíveis Cana-de-açúcar

Extração do caldo Leveduras

Bagaço

Fermentação

Retirada das leveduras

Destilação

Vinhaça

Etanol

Produção do Etanol

Biocombustíveis

Produção do Etanol Celulósico Sticklen, M.B. Nature Reviews Genetics, vol. 9, p. 433-443. 2008

Etanol Celulósico Etapas de produção Pré-tratamento Termoquímico: -Torna os polímeros de celulose mais acessíveis às enzimas e há liberação das hemiceluloses

Hidrólise da celulose: -Celulases  produção de açúcares simples

Fermentação: -Bactérias os Leveduras

Há algumas pesquisas em andamento que já combinam em um passo a hidrólise e fermentação (SSF)

Problemas enfrentados pelo Etanol Celulósico Degradação da biomassa e produção do etanol Problema do uso de enzimas para degradação: - Atuais tratamentos são dependentes de ácidos e aquecimento

Pode ser utilizada a mesma infra-estrutura para a produção do etanol atualmente, porém...

- Dificuldade em encontrar enzimas estáveis nessas condições - Poucos organismos candidatos (dificuldade de cultivo in vitro)

Otimização é essencial, diante do alto custo da sacarificação, já que as celulases são o maior impedimento para o uso desse tipo de biocombustível

Problema: grande diversidade de açucares produzidos Ex. hexoses são fermentáveis pela S. cerevisiae, porém pentoses não são...

Rubin, E.M. Nature Reviews, vol. 454, n. 14. 2008.

Etanol Celulósico

Produção de Matéria-Prima

Degradação da parede celular

Organismos fermentadores

Adaptado de Breaking the biological barriers to cellulosic ethanol: A joint research agenda. U.S. Department of Energy. 2006.

Etanol Celulósico

Matéria -Prima

Espécies em potencial

SOL

Parede Celular

Fermen tação

PERDAS DE ENERGIA Fora do espectro fotossinteticamente ativo

Condições para escolha da espécie

Refletido e transmitido Ineficiente Fotoquimicamente

Plantas C3 - Populus spp. - Eucalyptus spp.

Síntese de Carboidratos Fotorrespiração

Plantas C4 (em regiões mais quentes) - Panicum spp. - Miscanthus spp. - Cana-de-açúcar (que ainda possuí a sacarose)

Respiração

Biomassa 46kJ

Biomassa 60kJ

- Maximizar a biomassa total produzida ha/ano

Uso em terras pobres em fertilidade e capacidade hídrica, não competindo em terras para produção de alimentos.

- Manutenção da sustentabilidade, minimizando “inputs” - Maximizando a quantidade de combustível produzida por unidade de biomassa

Adaptado de Zhu et al. Current Opinion in Biotechnology, vol. 19, p. 153-159, 2008.

Espécies e Estádio de Melhoramento Miscanthus x giganteus Características: -Alta produção -Baixa necessidade de fertilizantes e baixa necessidade de pesticidas Produtividade: -Em média 25 ton/ha/ano (ms)  Europa - Há grande variabilidade na produção - Pode ser mantido por de 3 a 5 anos (reprodução vegetativa)

Poucos trabalhos de melhoramento da espécie (Europa e Illinois) - Triploidia (Miscanthus x giganteus) dificulta os trabalhos de melhoramento Lewandowski, I. et al. Biomass & Bio Energy, vol. 19, p. 209-227, 2000.

Matéria -Prima

Parede Celular

Produção Fermen de tação MatériaPrima

Espécies e Estádio de Melhoramento

Matéria -Prima

Parede Celular

Fermen tação

Saccharum spp. (Cana-de-açúcar) Inicio das hibridações em 1888 em Java e Barbados

-Resistência ao tombamento - Resistência a penetração de pragas

Objetivo principal dos programas de melhoramento: - Doenças - Produção de sacarose

Dados IBGE (Brasil): - Produtividade média: 79,5 ton/ha - Área colhida 2008: 8,2 milhões de ha

Cana-de-açúcar

Caldo 86 a 92%

Balanço energético da indústria

Fibra 8 a 14%

- ~ 11% Fibra = 71 710 000 ton de fibra/ano

Produção de açúcar e álcool Lavanholi, M.G.D.P. In: Cana de Açúcar, 2008.

Espécies e Estádio de Melhoramento Espécies florestais EUA: Populus spp. Brasil: Eucalyptus spp.

A produtividade média do eucalipto no Brasil chega a até 40 m³/ha/ano Em algumas regiões passa de 60 m³/ha/ano

Melhoramento iniciado no começo do século XX, o que gerou acréscimos consideráveis na produtividade. Momento marcante: Clonagem (1979) Problema: ciclo longo da cultura

Matéria -Prima

Parede Celular

Fermen tação

Conteúdo de Celulose

Matéria -Prima

Parede Celular

Fermen tação

Aumentando a biomassa das plantas Genômica funcional e estudos com mutantes: - Genes envolvidos na síntese de celulose e hemicelulose

Modelos da biossíntese de celulose são ainda apenas teóricos Exemplos práticos: - Mutantes de Giberelina: aumento de biomassa (Eriksson et al., 2000) - ADP-glucose pyrophosphorylase (AGP, amido em endosperma) expressa em níveis mais altos (através de promotores de endosperma) em arroz: aumento inesperado de 20% na biomassa total (Smidansky et al., 2003) Sticklen, M.B. Nature Reviews Genetics, vol. 9, p. 433-443. 2008

Conteúdo de Lignina

Matéria -Prima

Parede Celular

Fermen tação

Repressão da lignina Lignina também é um polímero, porém fenólico Dá rigidez a parede celular: Dificulta o contado das enzimas de hidrólise com o a celulose e hemicelulose

Gera a necessidade de um prétratamento termoquímico

Hu, W.J. et al. Nature Biotechnology, vol. 17, p. 808-812, 1999.

Conteúdo de Lignina

Matéria -Prima

Parede Celular

Fermen tação

Hu, W.J. et al. Nature Biotechnology, vol. 17, p. 808-812, 1999.

Conteúdo de Lignina

Matéria -Prima

Parede Celular

Fermen tação

Decrescendo a necessidade de pré-tratamento Vários trabalhos supressão de metabólitos da via da lignina resultaram em diminuição da quantidade de lignina  4CL: Populus spp.  CCR: Tabaco  CAD: Alfalfa e Populus spp.

(Hu et al., 1999) (Chabannes et al., 2001) (Baucher et al., 1999; Pilate et al., 2002)

Sticklen, M.B. Nature Reviews Genetics, vol. 9, p. 433-443. 2008

Degradação da Parede Celular Hidrólise enzimática: uma idéia nova?

Matéria -Prima

Parede Celular

Fermen tação

Degradação da Parede Celular

Matéria -Prima

Parede Celular

Fermen tação

Hidrólise da celulose Enzimas desconstrutoras de parede celular: - Celulases: são necessário três tipos (endoglucanase, exoglucanase e βglucosidase) - Hemicelulases: necessárias para que as celulases possam entrar em atividade - Ligninases

Sticklen, M.B. Nature Reviews Genetics, vol. 9, p. 433-443. 2008

Uso de Celulossomos: -Maquinário supramolecular extracelular - Sintetizado por alguns microorganismos anaeróbicos - Capaz de degradar a celulose cristalina e outros polissacarídeos da parede celular

Degradação da Parede Celular

Matéria -Prima

Parede Celular

As Celulossomas

Uma proteína “scaffolding” com várias enzimas (celulases) ligadas.

Doi, R.H.; Kosugi, A. Nature Reviews: Microbiology, vol. 2, p. 541-551. 2004.

Fermen tação

Degradação da Parede Celular

Matéria -Prima

Parede Celular

Fermen tação

As Celulossomas Interesse no estudo da expressão e regulação de genes dessas enzimas Em estudos de expressão, os genes eram expressos em abundancia quando as bactérias cresciam em meios feitos de polissacarídeos e baixa expressão em meios de monossacarídeos.

-Potencial de transformação de organismos não-degradadores de celulose em degradadores. - Construção e uso de designer celulossomas para fins específicos (miniscaffoldings).

CATABOLITE-REPRESSION-LIKE mechanism

Em Clostridium thermocellum foram identificadas 26 enzimas celulossômicas (polivalente) Doi, R.H.; Kosugi, A. Nature Reviews: Microbiology, vol. 2, p. 541-551. 2004.

Degradação da Parede Celular As Celulossomas

Recombinação in vitro ou “DNA shuffling” - Realiza a troca de domínios funcionais em proteínas, podendo gerar, e.g., enzimas degradadoras de celulose e tolerantes a altas temperaturas

Há ainda estudos de sinergia - Combinações de enzimas específicas podem resultar em atividade ainda maior de celulases

Doi, R.H.; Kosugi, A. Nature Reviews: Microbiology, vol. 2, p. 541-551. 2004.

Matéria -Prima

Parede Celular

Fermen tação

Organismos Fermentadores

Produção de MatériaPrima

Parede Celular

Fermen tação

Fermentação de pentoses Leveduras fermentadoras de Xilose -Pichia stipitis  levedura nativa com maior capacidade de fermentação de xiloses - Vive em endossimbiose com um besouro apodrecedor de madeira Sequenciamento de seu genoma forneceu informações a respeito dessa sua capacidade de fermentação

Já tentou-se manipular genes de P. stipitis em S. cerevisiae: Problema: Regulação com mecanismos diferentes

Há outros organismos etanol-produtores: - E. coli KO11 (mutante) - Zymomonas mobilis *Não resistem a altas [ ] de etanol Jeffries, T.W. et al. Nature Biotechnology, vol. 25, n. 03. 2007.

Organismos Fermentadores

Produção de MatériaPrima

Parede Celular

Fermen tação

Fermentação de pentoses Transformação de Saccharomyces cerevisiae com genes de Thermus thermophilus

Uso do gene xylA de Xilose Isomerase de T. thermophilus Thermus thermophilus

Vantagens: - Suporta altas temperaturas (85˚C)

Xilose Isomerase

- S. cerevisiae passa a fermentar todos os tipos de açucares oriundos da celulose e hemicelulose Xilose  Etanol Walfridsson, M. et al. Appl Env Microbiol, vol. 62, n. 12, p. 4648-4651, 1996.

Genômica e o Etanol Celulósico

Produção de MatériaPrima

Degradação da parede celular

Desenvolvi mento de fermentado res

Projetos genoma existentes Uma série de projetos genoma tem sido feitos focando organismos importantes no processo de produção do Etanol Celulósico

Importância dos projetos genoma: - Conhecimento de genes envolvidos na síntese de celulose e hemiceluloses - Alterações nas taxas e estruturas de várias macromoléculas formadoras da parede celular - Identificação de genes codificadores de enzimas degradadoras e organismos fermentadores mais eficientes e adaptados Rubin, E.M. Nature Reviews, vol. 454, n. 14. 2008.

Mercado do Etanol Produção mundial

Lynd et al. Nature Biotechnology, vol. 26, n. 2, p. 169-172. 2008.

Schubert, C. Nature Biotechnology, vol. 24, n. 7, p. 777-784. 2006

Custos e Rendimento Valores de produção

Petróleo Gasolina Gás Natural Carvão Eletricidade Óleo de Soja Culturas Celulósicas

(US$/quantidade) 314/m³ 0,44/L 0,212/m³ 20/ton 0,04/kWh 105/ton 50/ton

US$/GJ 8,7 13,7 7,9 0,9 11,1 13,8 3,0

Adaptado de Lynd et al. Nature Biotechnology, vol. 26, n. 2, p. 169-172. 2008.

Situação Mundial Plantas sendo construídas nos EUA Expectativa de produzir 500 milhões de litros de álcool por ano (Brasil prevê produzir na safra 2008/2009 24 bilhões de litros de etanol de sacarose)

Waltz, E. Nature Biotechnology, vol. 26, n.1, p. 8-9. 2008.

Service, R.F. Science, vol. 315, p. 1488-1491, 2007

Situação Mundial Plantas sendo construídas nos EUA

Service, R.F. Science, vol. 315, p. 1488-1491, 2007

Waltz, E. Nature Biotechnology, vol. 26, n.1, p. 8-9. 2008.

Biocombustível Contexto ambiental

Schubert, C. Nature Biotechnology, vol. 24, n. 7, p. 777-784. 2006

Conclusões Em que áreas atuar para ganhos de produção?

Polissacarídeos mais disponíveis Redução da Lignina Enzimas de digestão in planta

Produção de Matéria-Prima

Degradação da parede celular

Açúcares otimizados das plantas Redução de toxinas Redução dos custos de MP

Desenvolvimento de organismos fermentadores

Maiores produtividades de açúcar Menor custo de capital Menor custo de enzimas

Adaptado de Breaking the biological barriers to cellulosic ethanol: A joint research agenda. U.S. Department of Energy. 2006.

Etanol Celulósico

Kleiner, K. Nature Reports Climate Change, vol. 2, p. 9-11. 2008.

Obrigado pela atenção

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