No sorriso podemos calcular sentimentos e desejos que uma máquina calculadora não pode. Na verdade, a máquina calculadora faz o que lhe mandam: soma, subtrai, multiplica, divide, resolve equações e retrata-as em gráficos fazendo uma análise gráfica ou interactiva, e tantas outras funções que lhe são desumanamente ordenadas. Era bastante impressionante se existisse efectivamente uma máquina capaz de elevar a soberania do sorriso a um nível situado na direcção da nascente. Mas não há, nem pode haver, nenhum instrumento capaz de traduzir e identificar o desejo e o sentimento de uma pessoa através do seu sorriso, esse indicador de alma que não se fiscaliza quando a felicidade parece fumegar pelos poros numerosos do corpo humano e que não parece querer sair quando o brotar dos lábios é mais difícil que caminhar na Serra do Marão com um frio de bufar. Quando sorrimos, podemos sorrir de ternura, ó, sorrir, sorrir sem gargalhada, deixar escapar um sorriso, sorrir de contente e comprazido, sorrir com zelo e veleidade, sorrir para demonstrar sentimentos de ironia, desprezo, incredulidade…, sorrir para exprimir agradecimento, sorrir para agradar, sorrir para brilhar, sorrir com vontade! Sorrir está, portanto, inserido em diversos contextos. Há quem diga que o riso é nojento, que a cara que fazemos quando nos rimos chega a ser ridícula, que o riso é a certeira prova da alma. No entanto, só há uma forma de sorrir. Não seria interessante só haver uma maneira de cozinhar, e dessa forma, germinarem apetitosos e desavindos pratos? Sorrir é a manifestação mais digna de menção que o ser humano pode ter. E é com todo o fulgor que afirmo: “Sorrir será o futuro dos nossos descendentes!” O dinheiro irá ser permutado pelo acto de sorrir! O valor representativo de qualquer quantia será depositado no acto mais espontâneo, fugaz, voluptuoso e airoso que o ser humano desempenha melhor que comer, dormir ou simplesmente coçar o nariz. E se assim for necessário… Que inventem uma máquina para dar biografia a esta manifestação, se faz favor.