Esclarecimento

  • November 2019
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Esclarecimento Caros Colegas Está por um fio a divisão da nossa classe. Cabe -nos a todos meditarmos sobre o assunto e tomarmos a decisões mais acertadas. Na minha opinião esta divisão deve-se sobretudo aos seguintes pontos: Os Professores estavam eufóric os com a concentração dos 100 mil professores em Lisboa, pensavam que conseguiriam reverter o ECD e tudo de mal que foi imposto por este Decreto-Lei. Ficaram decepcionados com o a cordo, pois queriam a revogação do ECD. Quem negoceia, não pode revelar tudo sob pena de revelar a estratégia ao adversário! A minha visão sobre o acordo é a seguinte: É obvio que todos nós queríamos ganhar tudo de uma vez, mas quando não se consegue obter todos os resultados pretendido s tem que se mudar de estratégia e fazer a s conquistas aos poucos. Sinceramente acho que o Governo teria de fazer algo para não ceder no essencial . Possivelmente a solução que o Governo encontraria era a substi tuição da Ministra da Educação. Com isso, pretendia calar os professores e era bem possível que acontecesse! Nesse sentido, os dirigentes de todos os sindicatos pertencentes à plataforma sindical concordaram em mudar as estratégias . Aceitaram uma proposta que trouxe alguns benefícios de imediato para os professores : a uniformização, quer da avaliação, quer da componente não lectiva, para todas as escolas. Mas o principal acordo conseguido foi o adiamento das negociações para o final deste ano lectivo, podendo, assim, provar que avaliação do ministério não só é impraticável , por ser excessivamente burocrática, como vai originar cansaço e extremas injustiças. Coloca os Professores Titulares com excessivo trabalho, com reuniões infindáveis e com horas disponíveis para avaliação dos pares nitidamente insuficientes. Outro aspecto muito importante é o fa cto das negociações agendadas para Junho e Julho serem muito perto do processo eleitoral, período mais vulnerável do Governo, onde uma ou mais manifestações com 100 mil professores podem obrigá -los a ceder. Pode não se concordar com a estratégia adoptada pelos sindicatos, mas temos todos de agir em consonância e, sobretudo, apoiá-los, pois são eles que nos representam neste nossas legítimas reivindicações.

Os movimentos cívicos de professores que surgiram da divergência da estratégia utilizada pelos sindicatos, têm todo o direito de existir. Mas se realmente estes movimentos pensam no bem dos professores, não podem quebrar a unidade existente, pois até aqui todas as organizações represe ntativas dos professores estão unidas. Durante muitos anos cada sindicato lutava para seu lado. Estes ultrapassaram as divergências e uniram-se para poderem lutar contra este ME. E surgem agora uns movimentos que ninguém sabe quem são , donde vêm e quais as suas reais intenções. Esta situação quebra a unidade.

Leiam com atenção estas partes de um posts: Ideia nasceu de um grupo de docentes isolados e ganhou dimensão na blogosfera … …Com esta manifestação, organizada pela Associação de Professores e Educadores em Defesa do Ensino (APEDE) e pelo Movimento Mobilização e Unidade de Professores , mas que partiu de um grupo de professores is olados, pretende-se alertar a opinião pública para a «gravidade do que se passa no sistema de ensino deste país» e manifestar as razões da revolta dos docentes. Confirmem o posts aqui http://mobilizacaoeunidadedosprofessores.blogspot.com/2008/10/professores marcam-manif-para-15-de.html Como sabem, a blogosfera é um meio óptimo para veicular informação, mas também a contra informação, já que as pessoas colocam os posts e comentário de uma forma anónima. Assim, posso muito bem supor que o grupo isolado de docentes seja constituído pelo s professores com pseudónimo de Italbino, Ambrosio e pela professora Gertrudes, que na realidade poderão ser os nossos mai ores representantes do ME. O Secretário de Estado da Educação Senhor Valter Lemos, o Secretário de Estado Adjunto e da Educação , Senhor Jorge Pedreira, e a Senhora Ministra da Educação. Isto é ficção, mas nada impede que se aproxime da verdade. Podem ter a certeza absoluta que há elementos do ME a colocarem posts ou comentários nesse s blogs. É também grave que estes movimentos tenham marcado uma manifestação numa altura em que os sindicatos não podiam anunciar as suas formas de lutas , já que tinham agendado uma reunião com a Sr. Ministra para o dia 14 de Outubro. D aí a plataforma sindical não poder anunciar formas de lutas, pois estaria a condicionar a reunião. Se houvesse insucesso na reunião, este não deveria ser originado por atitudes da plataf orma sindical. Assim, só após o dia 14 de Outubro, os sindicatos poderiam, publicamente, comunicar a suas formas de luta.

Um dos trabalhos que a FRENPROF desenvolveu neste período, foi um projecto de avaliação para ser discutido nas escolas. P retendemos que este projecto de avaliação seja produzido pelos professores: concebêmo-lo e cabe aos docentes analisá-lo e sugerir alterações, de forma a que a sua avaliação seja protagonizada dentro destes parâmetros. Este documento vai ser muito importante para a s negociações entre o ME e a plataforma sindical no final do ano lectivo, pois temos um a proposta pensada pelos professores para contrapor à proposta do ME, que é uma aberração burocrática. Porque razão os sindicatos depois do dia 14 anunciaram uma manifestação Nacional? Porque Srª Ministra que nos dar mais uma facada à nossa classe: a proposta do regime de concursos é inaceitável!

Vou dar alguns exemplos: 1- Os professores do 1º ciclo e educadores vão ficar efectivos nos quadros de Agrupamentos e não em escolas. Ora, quem é que irá colocar os professores nas escolas do Agrupamento? Claro, o “todo -poderoso” Director! Assim, o mais antigo pode ser obrigado a leccionar na escola mais longe do Agrupamento, e é de salientar que algumas escolas distam muitos quilómetros uma s das outras. 2-Mas se os professores do 2º,3º ciclos e Secundários pensam que isto não é nada com eles, estão enganados. Senão, reparem: há dias fui abordado por um professor que se queixava que tinha sido colocado em horário zero e fora obrigado a concor rer a outras escolas, sendo ele o único professor do quadro de escola e havendo dois professores do QZP nessa escola. O Presidente do Executivo atribuiu os dois horários disponíveis aos dois QZP. Se isto é possível actualmente com a cobertura do ME, imagin e-se quando entrarem os novos e todos poderosos Directores. Como aos olhos deste ME um bom Director é aquele que poupa mais dinheiro , é bem provável que os mais antigos, porque ganham mais, sejam colocados em horários zero e obrigados a concorrer para bem longe, que é outro dos malefícios da proposta deste regime de concurso. Quero realçar que, ao passarem todos os professores para o Quadro de Agrupamento ou Quadro de Escolas Não Agrupadas (mas que um dia, não muito distante serão agrupadas), se não forem bem definidas as vagas, muitos horários zeros vão existir, estes serão obrigados a concorrer para longe. Ora, muitos professores que já correram o país no inicio das suas carreiras, agora encontram -se numa situação estável. No entanto, podem voltar a andar com a “mala às costas”. Se não estivermos atentos mais uma barbaridade vai cair sobre nós, se queremos impedir temos que demonstrar no dia 8 ao ME que também estamos em desacordo com este diploma que querem aprovar.

E porquê no dia 8 de Novembro? Estão em curso as negociações dos concursos, estas terminam a 31 de Outubro, a negociação suplementar esgota -se a 7 de Novembro, no dia 8 teremos esta grande acção em Lisboa; e depois a reunião no ME, ao abrigo da negociação suplementar, decorrerá na semana de 10 a 14 de Novembro. Neste sentido, a plataforma sindical teve que responder imediatamente a proposta do ME A manifestação em Lisboa no dia 8 de Novembro tem de ser mais uma vez uma grandiosa demonstração do nosso descontentamento das políticas deste governo .

Como se apercebe dia 15 é um pouco relevante para esta negociação. No entanto, cada um é livre de se manifestar também nesse dia. Os movimentos cívicos têm toda a lógica de existir , mas quando entram no processo reivindicativo, este só pode ser de forma consertada com os movimentos sindicais. Fora disso podem a por em causa todo o processo negocial.

Fico muito triste quando oiço ou leio que os sindicalistas em vez de defender os professores estão a defender os interesses deles. Essas men tiras surgiram em e-mails que, depois de tantas vezes repetidas , passaram a ser verdade para a maioria dos professores. Não podem estar mais longe da verdade! Os professores mais prejudicados no concurso para professores Titulares foram aqueles que se encontravam destac ados, ou já tinham estado destacados em sindicatos. Aos primeiros , foi-lhes vedado o acesso ao concurso por não estarem a leccionar; os segundos, não reuniam pontos suficientes que lhes permitissem concorrer em igualdade de circunstâncias com outros colega s. No meu caso eu sou um dirigente há muito pouco tempo, tenho uma redução de 5h lectivas e 1 não lectiva, mas na realidade dou muitas mais horas ao sindicato do que as 6h de redução, porque há muito a fazer , sem contar com as reuniões ( muitas delas são ao sábado). Não recebo nem um centavo por este trabalho. Não estou arrep endido de ter aceitado o convite. Quando aceitei avisaram-me que o trabalho era muito e as contrapartidas eram “nenhumas”. Mas, mesmo assim, aceitei porque estou convencido que posso ajudar a nossa classe a superar estas dificuldades . No entanto, os sacrifícios são muitos e custa muito ouvir ou ler que nos vendemos , que somos uns traidores e que estamos a prepara “negociatas” com a Ministra. Apesar de tudo a experiência é espantosa e a ca maradagem é melhor ainda.

Termino este esclarecimento dizendo que deveremos todos concentrar-nos no dia 8 em Lisboa e manifestar a nossa indignação ! Devemos estar unidos e com os sindicatos, apesar das divergências. O que está em causa já não é só o mode lo de avaliação. Algo muito grave começa a assumir contornos: a alteração da lei dos concursos! Esta alteração, a verificar-se, irá destruir toda a estabilidade familiar da classe docente. Uma amiga minha, em conversa informal, caracterizava muito bem aqui lo que nos poderá acontecer, com uma pequena parábola:

“Sabes, decidi tirar um curso via ensino. Fiz um estágio. No final disseram -me: - Estás apta a dar aulas. Podes correr o país! E eu corri o país… Um dia, passados alguns anos, “chamaram -me” e disseram-me: - Olha! Vais ficar aqui (neste QZP). Podes ter filhos. E eu pensei… pensei… e decidi ter filhos! Agora, “chamam-me” outra vez e dizem -me: - Tens de começar tudo de novo!”

Esta exposição não representa a posição de nenhum sindicato. Trata -se de uma postura e opinião pessoal.

Jorge Silva

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