_____________________________________________________ AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE VILA VERDE-151774
ENTREVISTA A
LEON TOLSTOI
Vila Verde, Outubro de 2009
É com enorme prazer, meninas e meninos, que lhes apresento o autor de Babine, o Parvo, um dos maiores escritores de todos os tempos – Leon Tolstoi
(Entra Tolstoi) Entrevistadora - Sr. Tolstoi, nem imagina quanto orgulho sentimos por estar hoje aqui connosco. Poder entrevistar uma dos maiores figuras da literatura mundial é o sonho de qualquer biblioteca e nós vamos ter esse privilégio. De certeza que as bibliotecas de todo o mundo estão hoje a morrer de inveja de nós… Bem, mas o que nós queremos é conversar com o senhor… Tolstoi - Faça favor, pergunte o que quiser… Página 2 de 9
Entrevistadora – Comecemos, então, pelo princípio. Queremos saber quando e onde nasceu o senhor. Tolstoi - Nasci no século XIX, em 1828, na Rússia que era o maior país do mundo. Entrevistadora – Era e é o maior país do mundo em extensão que ocupa parte da Europa e da Ásia. Bem mas continuemos… pelo que me consta nasceu em berço de ouro… Tolstoi - É verdade, sim, nasci numa família nobre, a minha mãe era princesa e o meu pai era conde. Entrevistadora - Mas a sua infância não foi muito feliz… Tolstoi - Pois não, os meus pais morreram quando eu era pequeno e Página 3 de 9
fui criado por familiares preceptores muito exigentes.
e
Entrevistadora - E depois chegou a jovem e… Tolstoi - Dessa época não quero falar. Entrevistadora - Pois não porque se portou muito mal… Não estudava… Era só borga, só boémia, senhor Tolstoi… jogo, bebida, namoradas… Tolstoi – Mas arrependi-me muito. Entrevistadora – Nós sabemos que se arrependeu e que mudou completamente, mas não podemos deixar de reprovar a atitude irresponsável da sua juventude. Bem, mas depois dessa vida boémia começou a ter juízo e foi para o exército. Encantou-se com a vida Página 4 de 9
militar e começou a escrever e a publicar o que escrevia. Tolstoi – Pois sim, depois acabei por me desiludir. Chocado com tanta morte e destruição abandonei a vida militar e fui para a Europa. Entrevistadora – E voltou da Europa carregadinho de livros e ideias novas de paz, de amor, de fraternidade universal. Tolstoi – Sabe, a Rússia era um país de grandes desigualdades sociais, os camponeses e os operários viviam na miséria, os filhos dos pobres não iam para a escola … e ninguém fazia nada. Entrevistadora – E então o senhor logo que chegou da Europa, preocupado com o analfabetismo fundou sua propriedade rural, uma escola para os filhos dos camponeses Página 5 de 9
pobres. Bem dizia o senhor: Se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia… Tolstoi – Exactamente. Eu era o professor, arranjava os materiais… e não era muito severo com as crianças. Entrevistadora – E depois… Tolstoi – Depois casei, tive treze filhos e escrevi… Entrevistadora – E tornou-se um escritor muito bem sucedido. Escreveu os romances Guerra e Paz e Anna Karenina que se tornaram obras de referência na literatura universal. Sabe, Sr. Tolstoi, o senhor continua a ser considerado um dos maiores escritores de todos os tempos. Tolstoi – Pois, mas isso pouco me importa, eu tinha, nessa época, outras preocupações… Página 6 de 9
Entrevistadora – Nós bem sabemos e recordamos uma frase sua: Onde quer que haja violência, o povo estará privado de sua liberdade. O senhor queria e lutou por uma sociedade mais justa, tornou-se pacifista, um apóstolo da nãoviolência, sempre ao lado dos mais desfavorecidos e cuidou de espalhar as suas ideias por toda a Rússia. E isso trouxe-lhe problemas com a igreja ortodoxa e com o governo russo. O senhor não aceitava a autoridade nem de igreja nem do governo e… Tolstoi – A igreja excomungou-me… Entrevistadora – E só não foi preso pela polícia do czar porque era adorado pelo povo russo e admirado em todo o mundo… Mas parece que também teve problemas com a sua mulher… Tolstoi – Pois tive. Eu ganhava muito dinheiro, é verdade, mas dava-o aos Página 7 de 9
pobres. Sabe eu gostava de uma vida simples, para mim a felicidade era estar com a Natureza, ver a Natureza e conversar com ela. A minha mulher, a Sofia, não partilhava as minhas ideias, queria mordomias, queria ir viver para o fausto da corte imperial… Entrevistadora – E o senhor, um dia cansou-se… Tolstoi – Pois cansei e fugi de casa… Entrevistadora – Quantos anos tinham nessa altura Sr. Tolstoi? Tolstoi – Tinha 82… Entrevistadora – Pois já tinha idade para ter juízo… Mas continuemos… O senhor fugiu, apanhou o comboio e como vivia e queria viver como os mais pobres acomodou-se em 3ª classe. Resultado: a sua frágil saúde não resistiu ao frio e desconforto da carruagem em que viajava e poucos dias depois morreria de pneumonia. Página 8 de 9
Mas, meninas e meninos, aqueles que são grandes, como Leão Tolstoi, permanecem vivos para sempre na memória da humanidade e renascem de cada vez que os lemos e reflectimos nas ideias que nos legaram. Muito obrigada, senhor Tolstoi!
Texto adaptado pela docente Fátima Domingues, professora de Língua Portuguesa do 6.º D
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