Ensino Profissionalizante - Uma Alternativa

  • May 2020
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O Ensino Profissionalizante como alternativa ao ensino superior12 Vilmar da Silva2 [email protected] Resumo: O presente artigo procura discutir sobre a valorização do ensino profissionalizante frente às dificuldades que os jovens encontram atualmente para ingressarem no ensino superior, tanto público pela grande concorrência, quanto no privado por situações econômicas, ficando muitas vezes sem estudar e sem formação profissional o que traz dificuldades para firmarem-se no mercado de trabalho. Também apresenta o ensino profissionalizante como alternativa para este problema, ocupando espaços que hoje se encontram ociosos nas escolas públicas. Palavras-chave: Ensino profissionalizante, Dificuldades de acesso ao ensino superior, alternativas ao ensino superior.

AS DIFICULDADES DO INGRESSO NO ENSINO SUPERIOR No Brasil, é comum ter centenas de milhares de jovens e adultos enfrentando uma verdadeira maratona para ingressar no ensino superior, apenas na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Universidade Federal Tecnológica do Paraná (UTFPR) somam-se todos os anos aproximadamente 56.0003 candidatos disputando uma média de 7.800 vagas, o que fatalmente nos leva a indagar o que acontece com os cerca de 48.200 candidatos que não conseguem a tão sonhada vaga? Com certeza muitos ingressam em instituições privadas de ensino superior, mas, e o restante? Também quando falamos em educação de nível médio, é comum pensarmos numa educação voltada para o ingresso no ensino superior, pois essa cultura foi criada durante décadas. Essa ótica propedêutica já era percebida na década de trinta do século passado, como exemplificou Campos apud Wermelinger et al. (2007, p. 4): "O ensino secundário tem sido considerado entre nós como um simples instrumento de preparação dos candidatos ao ensino superior, desprezando-se, assim, a sua função eminentemente educativa." Essas dificuldades de ingresso no ensino superior nos remetem a números que no mínimo deveriam nos levar a reflexões, pois segundo Eliezer Pacheco, secretário de 2

1 Artigo desenvolvido para a disciplina de Metodologia Científica, ministrada pelo Prof. João Mansano Neto, no Curso de Formação de Professores – COFOP – UTFPR. 2 Bacharel em Administração, Especializado em Contabilidade e Finanças, aluno da 24ª Turma do Curso de Formação de Professores – COFOP – UTFPR. 3

Dados obtidos no dia 20/02/2009 nos web sites oficiais das instituições.

educação profissional e tecnológica do Ministério de Educação e da Cultura (MEC) em entrevista para a revista TIC Brasil Educação4 no dia 02/02/2009: “No Brasil, apenas 30% dos jovens alcançam o ensino superior” (TELECENTROS, 2009). Muitos jovens desistem de estudar nas Instituições públicas de ensino superior e/ou nas privadas por causa da concorrência acirrada ou porque economicamente não têm condições de seguir estudando em instituições privadas (mesmo com o Programa Universidade para Todos (PROUNI) ou o Financiamento Estudantil (FIES)) partindo para o mercado de trabalho sem uma formação cada vez mais exigida. A IMPORTÂNCIA DO ENSINO PROFISSIONALIZANTE NAS ESCOLAS PÚBLICAS Seria interessante que os jovens desde o ingresso no ensino médio fossem preparados para enfrentar o mercado de trabalho, e também para os que não alcançam o ensino superior logo após o término do ensino médio, a possibilidade de continuarem estudando e receberem uma formação mais adequada para esse mercado. Sucupira (1974, p.13) afirma que a cultura geral é necessária para servir de base à educação profissional pelos conhecimentos e qualidades intelectuais que desenvolve, enquanto a formação profissional e a própria profissão também servem como fatores educativos, por oferecerem elementos da personalidade humana, da cultura e socialização e aperfeiçoamento do indivíduo, ou seja, uma complementa a outra. Ainda em relação ao trabalho e a educação, Salgado (1997) diz que: a função da educação se torna mais importante na preparação da força de trabalho, uma vez que as habilidades requeridas do novo trabalhador são muito relacionadas com aquelas desenvolvidas na escola, isto é, responsabilidade, capacidade de abstração, de resolver problemas, de trabalhar com símbolos e compreensão de textos abstratos, entre outras.

Esse papel deveria ser desempenhado pelas escolas públicas de ensino médio, pois segundo dados do Censo Escolar 20075 (BRASIL, 2009) cerca de 89% do total de jovens matriculados no ensino médio naquele ano estavam em escolas públicas. 4

4 A revista TIC Brasil Educação é uma publicação eletrônica semanal através do portal http://www.odisseu.com.br/TicEducacao/Folder/index.html 5 O Censo escolar é uma pesquisa realizada todos os anos pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) junto aos estabelecimentos de ensino públicos e privados de todo o País.

A OCIOSIDADE DE ESPAÇOS NAS ESCOLAS PÚBLICAS ATUAIS Atualmente muitas escolas funcionam apenas no período diurno, ficando ociosas nos períodos noturnos, sem contar que muitas vezes mesmo nos períodos normais de funcionamento possuem espaços (salas) ociosos. Nesses casos para a abertura de vagas no ensino profissionalizante não seria necessário muito investimento em estrutura, apenas o necessário para adaptação dos espaços aos cursos ofertados. Alguns cursos como administração, contabilidade e secretariado entre outros não necessitam de uma estrutura diferente da que já está disponível para o ensino médio. O ENSINO PROFISSIONALIZANTE COMO ALTERNATIVA Dessa forma, tornasse evidente que se hoje não conseguimos oferecer o ensino superior para a grande maioria dos jovens e adultos e ainda existem muitos espaços ociosos nas escolas públicas, devemos pensar e agir na direção do ensino profissionalizante. Destacando o integrado e o subsequente, pois esses se apresentam como alternativa ao ensino superior e até mesmo como subsídio ao estudante que após entrar no mercado de trabalho terá maiores condições (econômicas e de motivação) para continuar os estudos. Investir no ensino profissionalizante não significa deixar de lado os investimentos no ensino superior, pois este é de grande importância tanto para o desenvolvimento do indivíduo quanto da sociedade. Na medida em que o ensino (de qualidade) avança também progride a sociedade. Más, também devemos ser realistas e ter consciência de que se no momento não temos capacidade de garantir o ensino superior para a grande maioria dos estudantes que fatalmente param no ensino médio, que pelo menos possamos dar condições de continuarem a estudar e se prepararem melhor para um mercado cada vez mais disputado.

REFERÊNCIAS

BRASIL. INEP. Educação básica – Censo Escolar de 2007. 2009. Disponível em: acesso em : 14 fev. 2009 Wermelinger, M.; Machado, M. H.; Filho, A. A. Ensaio: Avaliação e políticas públicas em educação. 2007. Disponível em: acesso em : 26 fev. 2009 TELECENTROS. Censo 2008 mostra avanço da Educação Profissional e Tecnológica. 2009. Disponível em: acesso em : 20 fev. 2009 SALGADO, M. U. C. O novo paradigma da organização do trabalho e a formação profissional na área da saúde. In: AMÂNCIO FILHO, A.; MOREIRA, M. C. G. B. (Org.). Saúde, trabalho e formação profissional. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1997. SUCUPIRA, N. Aspectos da organização e funcionamento da educação brasileira. Brasília, DF: MEC, 1974.

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